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PRIMAVERA: Estação das flores inspira artistas de todas as áreas

PRIMAVERA: Estação das flores inspira artistas de todas as áreas

CASSIA MODENA

29/09/2016 - 17h00
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Ela, que é quase uma unanimidade, teve início na semana passada, mais precisamente no dia 22 de setembro – a primavera. Estação que faz renascer e reflorescer as paisagens do Cerrado, sobretudo as florais, e gesta frutos dos mais doces do ano. Nos centros urbanos, eleva a temperatura e dá ar de graça às copas das árvores das ruas e praças; e, mesmo entre prédios e carros, é impossível não notar sua chegada. O apelo da estação ao colorido e ao florescimento nas cidades é inspiração para as pessoas. A cada ano, um novo motivo emprestado da primavera é destaque na moda, nas artes plásticas, na fotografia, nos casamentos e na literatura.

Ela inspirou e inspira, por exemplo, as psicólogas e amigas Lúcia Lemes e Bibiana Vargas, que abriram neste ano uma loja, em Campo Grande, para vender camisas e quimonos totalmente inspirados na alegria e no clima primaveris. As flores e os personagens são os principais temas das estampas das peças, que são unissex e vestem de crianças a adultos. A exclusividade das roupas é a marca da empresa. Elas são produzidas a partir de criações de ilustradores e artistas plásticos.

O tecido utilizado é leve e também confortável, ideal para o clima da primavera – além disso, não amassa. O tema floral é o mais presente nas roupas e, às vezes, vem associado a personagens como sereias e animais. A originalidade e a alegria dão o realce. Segundo Bibiana, o lançamento da primeira coleção aconteceu em agosto. 

Ela adianta que a próxima coleção será lançada no mês que vem e trará novamente os temas da primavera. “As estampas florais e os temas da natureza continuarão presentes na coleção, e pretendemos, ainda, homenagear artistas regionais com estampas alegres também”, afirma.

NA NATUREZA

Para os noivos que optam por realizar cerimônia de casamento durante o dia, ao ar livre, a primavera também é uma estação favorável e inspiradora. O clima mais ameno em relação ao verão e inverno e o aproveitamento das paisagens de chácaras e estâncias como plano de fundo para o evento são atrativos para os casais. 

A empresária Cristiane Neto trabalha há 10 anos no ramo e atende casais em todo o Estado. É proprietária da Flor de Noiva e aceita encomendas de buquês, cintos de flores para vestidos, coroas de flores, flor de lapela e outros acessórios, todos em tecido, que podem ser utilizados nas cerimônias e na festas. 

É claro, as flores decoram casamentos o ano todo, mas Cristina, pela experiência, sabe que nos meses em que a primavera permanece as flores habituais ganham características especiais. Ela conta que, nesse período, as noivas preferem o buquê com flores maiores e mais coloridas, gostam de orquídeas e arriscam combinar tons como azul e roxo, além de procurarem por uma composição mais assimétrica. 

As produções variam conforme a inspiração dos casais e da equipe que vai cuidar do casamento. Apesar de a época ser de florada, a empresária descarta os arranjos naturais e produz os acessórios em tecido, para eternizá-los. “Principalmente o buquê, que as noivas costumam guardar depois e até emoldurar. As flores reais da primavera são a inspiração, levo até mais de uma semana para confeccionar e tento ser fiel aos detalhes”, explica.

Nesta estação, impossível não notar o florescimento de ipês. Eles geralmente ganham cores de junho a setembro.  Na Capital, estão espalhados diferentes gêneros da espécie, e, em setembro, é comum se deparar com os que florescem em tons claros de rosa. Não é raro encontrar alguém parado na calçada, fotografando-os. 

Inspirado na beleza da espécie, o fotógrafo André Patroni está fazendo mais do que isso: está fotografando e mapeando essas árvores em Campo Grande. Ele começou a fotografar em junho e, até o momento, fez o total de 65 registros. O trabalho, batizado de Rota dos Ipês, continua neste mês e só termina quando eles voltarem a ser árvores secas. 

A ideia do fotógrafo é vincular ao mapa da cidade a imagem e a localização exata dos ipês, bem como as informações sobre dia e horário em que a fotografia foi tirada. Ele começou o projeto no começo deste ano, com a intenção de facilitar o acesso ao local em que as árvores estão plantadas, e, aos poucos, percebeu que a iniciativa possuía outras funções e significados. 

Para André, o trabalho também serve para retratar o tempo da natureza e a mudança de estações no meio urbano. “A natureza é condicionada pelo tempo, cada cor da flor de ipê aparece em uma diferente época do ano, é como se a natureza desse o seguinte recado em meio a isso tudo: cada coisa tem seu tempo”.  A ideia de André já inspirou outras pessoas. 

Uma artista entrou recentemente em contato com ele e pediu autorização para pintar um quadro a partir de uma das fotos do mapeamento, e o fotógrafo topou. No ano que vem, André pretende realizar uma exposição com o material reunido.

CRIAÇÃO

Os ipês e as flores da primavera também são referências do artista plástico Apres Gomes, que é baiano, mas se considera  um verdadeiro campo-grandense. Ele já pintou diversos quadros com esses temas e, no próximo mês, alguns deles vão fazer parte de um leilão virtual. 

Para Apres, as árvores floridas desta época do ano são “condensadoras da paisagem urbana” e despertam nas pessoas sensações que só a natureza proporciona. Em seu trabalho, costuma explorar as cores quentes, os detalhes das flores e das copas das árvores e outros elementos da natureza.

E no campo da palavra não poderia faltar referência à primavera. Na literatura, a obra do escritor regional Geraldo Ramón Pereira é repleta de particularidades dessa estação do ano. 

Um exemplo é o romance “O Caroço da Manga”, publicado em 2012, que já no título faz referência a um fruto da primavera e do verão. Ele narra a história de um estudante de Medicina que se apaixona por uma professora, e o enredo se passa nas paisagens de São Paulo e Minas Gerais. 

A obra é quase autobiográfica, segundo o autor. Geraldo é também poeta e a flor aparece como objeto de contemplação nos versos. Ele se desculpa pela insistência em sempre compará-la à mulher, mas não consegue evitar a repetição. 

“Para mim, a mulher é a humanização da flor. Essa comparação é comum, é simples, mas é tão expressiva, a gente não cansa de repetir”.

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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