“Amor de Mãe” não marca só um retorno de Cacá Ottoni à Globo, após mais de seis anos fora da emissora. É também um reencontro com Jéssica Ellen, com quem trabalhou em seu papel mais marcante na tevê, a sonhadora Morgana de “Malhação: Intensa como a Vida”, entre 2012 e 2013. Agora, as duas voltam a atuar em um cenário escolar, mas em posições opostas. Cacá é Joana na trama de Manuela Dias, uma mãe solteira que é aluna de Camila, papel de Jéssica na história. “Fiquei muito feliz com essa oportunidade. Tive algumas professoras que, assim como a Camilla, me ajudaram a ter uma percepção melhor da sociedade, para que pudéssemos pensar, juntas, o que podíamos fazer para transformá-la”, enaltece a carioca de 28 anos.
Formada em Artes Cênicas pela Unirio, Cacá reconhece que foram os temas abordados na novela das 21h da Globo que mais a instigaram a voltar ao ar. Para ela, além de discutir assuntos extremamente atuais, o texto faz isso com profundidade, mas sem que o discurso se sobreponha às histórias. “Questões políticas, sociais, a preocupação ambiental, a indignação perante o abandono do setor público e tantas outras temáticas abordadas ali atravessam a vida dessas personas, assim como acontece na nossa realidade. Mas o fio condutor nunca deixa de ser as pessoas”, valoriza.
Cacá Ottoni volta à Globo, depois de seis anos afastadaNa trama, Joana é uma jovem aluna do Colégio Estadual Luiz Gama. “Ela se intimida diante do pai, da diretora, de figuras que exercem algum tipo de poder sobre ela”, descreve Cacá. No começo, a garota andava um tanto desacreditada sobre qualquer possibilidade de mudança em relação ao próprio futuro. Porém, a proximidade com Camila a motivou de uma forma inesperada. E despertou em Joana algo que ela não tinha notado. “Joana percebeu suas aptidões. Como, por exemplo, sua facilidade com tecnologias. Daí veio a ideia de criar o projeto de aplicativo para auxiliar uma amiga que não tem com quem deixar o filho para estudar”, comenta, empolgada.
Um dos motivos para Joana não ter encontrado outro caminho antes foi seu próprio histórico de vida. Ela trabalha no bar do pai e, com isso, durante muito tempo deixou de enxergar novas possibilidades de sonhos para si. No fundo, a rotina da moça mais parecia uma espécie de condenação. “Esse pai, além de tentar definir o futuro da filha, sonha baixo. Provavelmente, pensa que ela não precisa estudar porque vai herdar o bar, se casar com alguém por ali e ter uma vida semelhante à dele”, analisa Cacá.
Para interpretar uma personagem à primeira vista tão complexa, a atriz assistiu a alguns documentários produzidos por secundaristas de colégios estaduais. “Me interesso pelos movimentos estudantis, tenho absoluta certeza de que só a educação pode salvar o planeta”, defende. A preocupação em garantir uma interpretação crível parece também ter relação com a forma como a atriz lida com seu próprio ofício. “Sou autocrítica do tipo destrutiva. Me incomodo com vírgulas minhas em cena. Mas já aprendi a lidar com a minha imagem de uma outra forma”, garante.

Helio Mandetta e Maria Olga Mandetta
Thai de Melo


