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Gastronomia

Saiba um pouco da história e o melhor modo de fazer uma iguaria peruana, o ceviche

Iguaria feita com pescados crus marinados em limão e cebola roxa, é a preferida do recém-eleito papa Leão XIV; receita tem até data nacional no Peru, onde o atual sumo pontífice viveu por muitos anos

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Embora seja norte-americano, Robert Francis Prevost, o papa Leão XIV, que foi eleito no dia 8, é um religioso de alma latina. O sumo pontífice cumpriu grande parte de sua missão religiosa no Peru, tendo, inclusive, conquistado, em 2015, a nacionalidade peruana. Quando à mesa, ele também não deixa de manifestar que sua primeira opção é o item mais cobiçado nos cardápios do país banhado pelo Pacífico, que, além de fazer fronteira com o Brasil, tem divisas com a Bolívia, o Chile, a Colômbia e o Equador. 

Feito à base de peixe ou frutos do mar crus, que são marinados com suco de limão e levam cebola roxa, o ceviche passa longe da dieta tradicional dos EUA, terra do hambúrguer e dos donuts, e se tornou o favorito de Leão XIV após viver no Peru por décadas, onde chegou a atuar como bispo. É uma iguaria fácil de se fazer. “Ele adorava cabra, pato com arroz e ceviche. Esses eram seus pratos favoritos”, revela Edison Farfan, atual bispo de Chiclayo, região onde a comunidade católica foi comandada pelo papa. 

Há diferentes receitas de ceviche e com ingredientes diversos, mas, geralmente, o prato é feito com pescado cortado em cubos (pode ser salmão ou tilápia), limão, pimenta, cebola roxa e cheiro-verde. Ao se acrescentar sal, a mistura fica uma delícia e bem refrescante. Palavra de papa. O ceviche peruano, garantem os especialistas, vai além de um prato de peixe cru marinado em suco de limão, pois combina a frescura do mar e o ardor revigorante da pimenta peruana (ají) com a acidez cítrica.

Com uma história que se estende por séculos, o ceviche evoluiu ao longo do tempo, fundindo influências indígenas, africanas e espanholas. Segundo a pesquisadora Viviane Bigio, o nome do prato tem variações – cebiche, cerviche ou seviche – e, apesar de ser um prato nacional do Peru, sua origem se espalha por outros países da América Latina. É no Peru, no entanto, que ele tem até um dia especial para ser comemorado, o dia 28 de junho, véspera do Dia de São Pedro, fazendo parte do patrimônio cultural peruano.

“Somente em Lima existem mais de 2.000 restaurantes especializados, chamados de cevicherias. Atualmente está começando a ficar bem famoso e conhecido mundialmente”, atesta Viviane. “Tem registro deste prato há mais de 4.000 anos, já na era pré-colombiana. O povo mochica, do litoral norte do Peru, e os incas faziam algo similar usando chicha, bebida fermentada do milho. Ao longo do tempo foram acrescentando ají, muito picante, hoje imprescindível no prato”, afirma.

A pesquisadora diz que o limão só veio a ser usado a partir do século 16, com a chegada dos espanhóis. O nome ceviche parece ter origem do termo árabe sibesh, e seriam as cozinheiras mouras que teriam levado este costume a Portugal e Espanha, que, por sua vez, trouxeram-no para suas colônias. Outras civilizações pré-colombianas que habitavam a costa, como os chimúes também já utilizavam técnicas de marinada com suco cítrico para conservar o peixe. 

ESPANHÓIS

A chegada dos espanhóis ao Peru no século 16 introduziu novos ingredientes na dieta peruana, como cebola e limão. Esses elementos foram gradualmente incorporados à preparação do ceviche. Com o passar dos anos, o ceviche adotou variações regionais no Peru, com cada região costeira desenvolvendo sua própria versão, utilizando ingredientes locais e receitas transmitidas de geração em geração.

RECONHECIMENTO

Durante a época colonial, a presença de escravos africanos na costa peruana também deixou sua marca na gastronomia local, contribuindo com técnicas de marinada e sabores únicos para o preparo do ceviche. Ao longo do século 20, o ceviche peruano ganhou reconhecimento nacional e internacional como um dos pratos mais emblemáticos do país.

Sua frescura, sabor e versatilidade o transformaram em um símbolo da identidade culinária do país. Em 2004, o governo do Peru instituiu o dia 28 de junho como o Dia Nacional do Ceviche, em reconhecimento à sua importância cultural na sociedade peruana. No preparo, a corvina, o linguado ou a garoupa são ótimas opções. Mas não há do que se reclamar do ceviche feito com a tilápia produzida em Mato Grosso do Sul. Agora, ao trabalho e bom apetite.

Ceviche peruano

Ingredientes

  • 500 g de peixe fresco cortado em cubos pequenos;
  • De 8 a 10 limões espremidos (aproximadamente 1 xícara (chá) de suco de limão);
  • 1 cebola roxa grande cortada em rodelas finas;
  • 1 pimenta sem sementes e picada finamente (pimentão amarelo é uma opção);
  • 2 dentes de alho picados finamente;
  • 1 raminho de coentro fresco picado, incluindo os talos;
  • Sal a gosto;
  • Pimenta-preta a gosto;
  • 1 batata-doce cozida e fatiada (opcional, para enfeitar);
  • Milho cozido e grãos de milho (opcional, para acompanhar);
  • Folhas de alface (opcional, para servir).

Modo de Preparo

Comece cortando o peixe em cubos pequenos, colocando-os em uma tigela grande, assegurando que estejam limpos e sem espinhos.

Esprema os limões para obter cerca de uma xícara (chá) de suco de limão fresco. Esse suco será a base da marinada do ceviche.

Despeje o suco de limão sobre o peixe na tigela, certificando-se de que o peixe esteja completamente submerso no suco de limão. Isso é fundamental para cozinhar o peixe durante o processo de marinada.
Adicione a cebola roxa, o pimentão ou pimenta picada, o alho e o coentro picado à tigela com o peixe e o suco de limão.

Tempere com sal e pimenta a gosto.

Se desejar, decore com fatias de batata-doce laranja e acompanhe com milho cozido e folhas de alface.

Desfrute do seu delicioso ceviche peruano!

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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