Campo Grande recebe amanhã e quinta-feira, no Teatro Glauce Rocha, a estreia da ópera “Um Homem Amarelo”, uma viagem cantada por parte da história brasileira. As duas sessões começam às 20h.
A entrada é gratuita.
Contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul (FIC-MS), o espetáculo convida a uma jornada ao passado, percorrendo a Semana de Arte Moderna (1922) e a Independência do Brasil (1822). No ano passado, essas duas datas celebraram efemérides, respectivamente, de 100 e 200 anos.
Portanto, “Um Homem Amarelo” visa homenageá-las em seu enredo, unindo fatos reais e ficção.
Com boa dose de humor e contando com a participação ativa do público, por meio de placas indicativas, a ópera revive esses dois momentos históricos nacionais e estimula reflexões. Vai ter pisão no pé de Villa-Lobos, dor estomacal de Dom Pedro I (isso realmente aconteceu), criação de máquina do tempo, receita de caipirinha por Oswald de Andrade e até heroínas que, com muita fé e tinta, libertarão o Brasil Colônia do domínio português.
No fim, há a confirmação de que, pela música – especialmente por meio do nosso Hino Nacional –, é possível “apaziguar desavenças e unir o povo”.
ÓPERA DE MS
Uma criação de Cyro Delvizio, violonista e compositor campo-grandense que assina a obra, a estreia de “Um Homem Amarelo” será ainda mais especial por acontecer justo na Cidade Morena. Para o músico, poder realizar um evento cultural do tipo em MS, com sete cantores no palco, além de contar com a execução de orquestra, é de uma grande felicidade.
‘Um Homem Amarelo’ é resultado de dois anos de trabalho. Foram seis meses escrevendo o enredo e quase um ano e meio compondo. Junto a isso, houve o trabalho intenso de uma equipe muito esforçada e talentosa. Não haveria lugar melhor do que minha cidade natal para concretizar esse sonho. As dificuldades de se fazer uma ópera no Brasil são imensas, e Mato Grosso do Sul faz muito bem em marcar seu lugar no circuito operístico nacional e em democratizar uma arte acessível a todos os públicos”, afirma o compositor.
“Essa ópera é uma mescla de influências que passeiam pela música contemporânea, impressionista, modinha, valsa, baião, bossa-nova e música marcial e que, por vezes, soam até com trejeitos de polca paraguaia, bem ao gosto do sul-mato-grossense. A música também vai mudando conforme vamos viajando no tempo e de acordo com o clima de cada cena”, revela Cyro Delvizio.
Mesmo se tratando de uma ópera, gênero tradicionalmente relacionando a um formato clássico, considerado “rígido”, “Um Homem Amarelo” quebra esses habituais paradigmas, resultando em um enredo e linguagem musical bastante acessíveis a todas as faixas etárias. Cantado inteiramente em português, o público presente também poderá acompanhar o espetáculo por meio de legendas, que serão exibidas simultaneamente às performances
no palco.
Outro recurso tecnológico usado na ópera “Um Homem Amarelo” são as projeções, que transformam o ambiente e exibem diferentes pinturas representativas para a trama, praticamente uma exposição dentro de um teatro, em uma experiência imersiva, além de
musical.
“Assim como o enredo moderniza a ópera, misturando-a com o gênero de ficção científica que vemos no cinema, a videocenografia, assinada pelas talentosas campo-grandenses Natacha IK e Sol Ztt, toma grande proveito da tecnologia atual. Dessa forma, o vídeo é usado como meio de expressão artística impactante”, diz Cyro Delvizio.
“Cada viagem no tempo causa um efeito imagético intenso, e nos sentiremos viajando junto aos personagens. Posso confirmar que a soma de canto, orquestra, vídeo, cenografia, teatro e figurinos se conectará mais efetivamente aos ouvintes e dispensará qualquer familiaridade com ópera ou com música erudita”, adianta o músico.
PONTE RIO-MS
Além da música tocada pela orquestra, as duas sessões de “Um Homem Amarelo” no Teatro Glauce Rocha serão interpretadas por sete cantores líricos, todos com experiente bagagem no erudito. Três deles são, inclusive, integrantes do coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, os quais foram gentilmente cedidos para participação na estreia da obra.
Mas há também instrumentistas e cantores locais, como o campo-grandense Santiago Villalba, barítono que vem tendo grande expressão no meio artístico nacional. Sendo assim, a ideia de “Um Homem Amarelo” é também valorizar a integração e o aprendizado mútuo com relação ao intercâmbio entre cantores, orquestra e público.
“Tenho esse sentimento de responsabilidade com a cultura, principalmente para MS, e todos poderão sentir isso no espetáculo. Afinal, a ópera foi escrita por um outro campo-grandense. Sem falar da emoção de apresentar para os meus conterrâneos, amigos e parentes que não me assistem há anos ou que nunca me viram em cena desde que me mudei de Campo Grande”, descreve Santiago Villalba.
FICHA TÉCNICA
A ópera “Um Homem Amarelo” é um projeto contemplado pelo FIC/MS de 2022, do Governo do Estado, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), por meio do Movimento Concerto. Uma idealização, composição e direção musical de Cyro Delvizio, com direção cênica de Brunna Napoleão e regência de Rodrigo Faleiros.
Os cantores da ópera são Guilherme Gonnçalves (tenor), Manuelai Camargo (soprano dramático), João Campelo (tenor), Gilson Bender (baixo-barítono) Flávio Lauria (baixo-barítono), Clarice Prieto (mezzosoprano) e Santiago Villalba (baixo-barítono).
“Um Homem Amarelo” também conta com produção-executiva de Jardel Tartari, com assistência de Patrícia Martins. Figurinos por Dani Lima, com assistência de Malu Guimarães. Videocenário por Natacha IK e Sol Ztt, com consultoria de Marieta Spada. Visagismo por Fellipe Estevão e iluminação por Eduardo Escrivano.
Estreia da ópera “Um Homem Amarelo”, em três atos
Amanhã e quinta-feira, às 20h, no Teatro Glauce Rocha (R. UFMS, s/n, Bairro Universitário). Ingressos são gratuitos, a serem retirados na bilheteria do teatro ou por meio da plataforma Sympla.
Classificação indicativa é livre. Haverá uma pausa de 10 minutos entre o 2º e o 3º ato. Libreto disponível on-line em linktr.ee/operahomemamarelo.
Mais informações no Facebook/Instagram pelo @operahomemamarelo.


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