Economia

Entrevista

"A divisão foi positiva para os dois estados, ambos avançaram bastante nesses anos"

Governador diz que no Centro-Oeste está a grande produção e que sua gestão deixará um legado positivo

CRISTINA MEDEIROS, DA REDAÇÃO

11/10/2015 - 17h39
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Nesta data em que Mato Grosso do Sul comemora 38 anos da divisão do Estado, o governador Reinaldo Azambuja, há 10 meses no cargo, faz uma análise  positiva do fato. Nesta entrevista concedida ao jornal Correio do Estado, ele também faz um balanço de sua gestão, falando não só dos problemas que enfrenta e sabe que ainda enfrentará, mas apontando as soluções que foram encontradas para promover o equilíbrio nas mais diferentes áreas. Ele fala sobre arrecadação, terceirização, obras, orçamento, entre outros temas. 

CORREIO PERGUNTA – Neste 11 de outubro, Mato Grosso do Sul comemora 38 anos da divisão com Mato Grosso. De que forma o senhor acha que o Estado se firmou no cenário nacional e o que a sua gestão pretende deixar de legado para o Estado?

REINALDO AZAMBUJA – Vejo que a divisão foi importante para os dois estados. Se nós pegarmos o que era Mato Grosso antes da divisão e pós, vemos um crescimento muito importante, tanto em Mato Grosso do Sul quanto no Mato Grosso. Entendo que o grande legado foi poder, territorialmente, dar dois estados, dois espaços para que os estados pudessem alcançar o desenvolvimento pleno. Nós vemos hoje que aqui no Centro-Oeste está a grande produção, e estes dois estados ocuparam isso. Mato Grosso do Sul é o quinto produtor nacional e Mato Grosso é o primeiro. Então, veja como isso foi importante. Tenho certeza de que o grande legado que nós temos agora em MS é organizar as estruturas do governo frente aos desafios que virão pela frente. Melhorar nossa logística para melhorar nossa competitividade, melhorar as estruturas governamentais para uma boa entrega à população de serviços públicos de qualidade, continuar atraindo investimentos para agregar valor à matéria-prima aqui construída. Entendo que a divisão foi positiva para os dois estados, ambos avançaram bastante nesses anos da divisão.

A crise brasileira está alterando o sono dos governadores no que se refere à arrecadação. Por conta disso, MS já viu aumentarem o ICMS de produtos supérfluos e novas regras para o IPVA e para o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD). Quais novas medidas estão na manga para que a arrecadação aumente?

REINALDO AZAMBUJA – Nós tivemos, no início do governo, uma diminuição do tamanho do Estado: diminuímos três secretarias, cortamos mais de 2 mil cargos em comissão, diminuímos praticamente todo o nosso custeio diminuindo contratos e cancelando alguns para manter o equilíbrio. Como a economia nacional desacelerou, principalmente neste ano, impôs aos governos estaduais buscar, para equilíbrio financeiro, aumento de alguns tributos. Cada estado fez a sua equação. Nós, aqui, optamos por aquilo que entendemos impactar menos para toda a população: supérfluos (que são as bebidas, fumo, cosméticos e perfumes), avançamos um pouquinho no IPVA – todos os estados cobram IPVA de carros com mais de 15 anos, só MS não cobrava. Ampliamos, então, para 20 anos. Estamos remodelando a tabela de ITCD, que é uma proposta comum de todos os estados, para igualar e manter o equilíbrio. Só que MS fez uma das maiores desonerações em julho, abrindo mão do ICMS do diesel em 5 pontos porcentuais, e isso dá uma perda anual de R$ 250 milhões para os cofres públicos do Estado. E todo este pacote tributário que mandamos para a Assembleia comporia, para o ano de 2016, R$ 178 milhões. Então, a desoneração que nós fizemos ainda é maior do que todo este aumento de supérfluo, do ITCD e do IPVA, para mantermos o equilíbrio. E por que disso? Nós temos data-base, precisamos remunerar os nossos funcionários. Nós temos uma demanda crescente na área de segurança pública, não basta colocar os policiais, nós temos de equipá-los. Para isso, fizemos esta equação.

Mas há algo mais que o senhor pretende fazer nesta linha?

REINALDO AZAMBUJA – Eu acredito que nós vamos parar por aqui, analisando o cenário nacional, qual será a tendência da economia brasileira. Se ela melhorar, a gente pode até abrir mão de alguns destes tributos para o ano de 2016. Como nós temos a questão da anualidade, você tem de aprovar no ano de 2015 para estas alíquotas valerem em 2016. Mas isso é para buscar o equilíbrio e para o Estado manter realmente a sua obrigação de entrega para a população. O que é que eu vejo? Ainda é maior a desoneração que nós fizemos do que os tributos que entrarão nos cofres no ano que vem.

Digamos que, emergencialmente, o senhor necessite tomar providência para esta arrecadação aumentar. Onde é que incidiria?

REINALDO AZAMBUJA – A previsão de deficit para o ano que vem será de R$ 450 milhões, nós estamos falando aqui de um pacote tributário que dará R$ 178 milhões. De onde viria esta diferença? Principalmente de nossas equipes, uma fiscalização melhor, mais eficiente, do comércio eletrônico, pois foi aprovada uma PEC que começará a valer em 2016, no porcentual de 40% das mercadorias tributadas no destino. Então, 40% de tudo o que for comércio eletrônico, a partir de janeiro, tributa para MS – antigamente, ficava no Estado de origem. Isso será gradativo até 2019. E outro ponto importante, nós precisamos continuar na  eficiência das despesas. Melhoramos aí o perfil das compras governamentais; comprando melhor, você tem uma economia. Acho que isso é o suficiente para termos o equilíbrio financeiro no ano de 2016. Salvo se a economia brasileira, realmente, mergulhar ainda mais baixo. Se assim for, os ajustes que podem ser feitos é conter despesas para manter as obrigações do Estado. 

Ultimamente, vemos em sua administração a terceirização de vários setores, como aluguel de viaturas para a polícia, parte dos serviços da Sanesul e em fase de aprovação a de hospitais. O senhor não acha que estas medidas vão de encontro a uma gestão bem planejada, equilibrada? Não revela que o governo não tem capacidade para gerir?

REINALDO AZAMBUJA – Não, eu acho que é o contrário. Hoje, temos de buscar nas PPPs a eficiência do setor privado, complementando com o setor público para melhores entregas à população. Eu não entendo como privatização de serviço. A questão da locação de viaturas é para fazer uma experiência de custo. Nós iniciaremos pelo Choque, mas o governo também está fazendo uma grande compra de equipamentos, coletes, armas, munições, algemas e novas viaturas, que ficarão. No âmbito da saúde, as organizações sociais são sucesso em modelo de gestão. Nós vamos começar em Dourados, locamos um hospital que funcionará como referência em cirurgias; Hospital Regional de Ponta Porã, para que possamos ir gradativamente conciliando a gestão pública com a iniciativa privada. E na área de saneamento, não é privatização como algumas pessoas estão dizendo, nem terceirização. Trata-se de um aporte de capital para a empresa Sanesul, ela continua sendo 100% estatal, só que terá um aporte de capital para, num prazo de 8 a 10 anos, poder universalizar o esgotamento no Estado. Quem é o detentor do serviço, da contratação, da execução é a empresa estatal. Não é privatização nem concessão, é um aporte de recursos por meio de uma parceria. Se fossemos no ritmo em que o Estado está hoje de investimentos com recursos próprios, levaríamos de 40 a 45 anos para universalizar saneamento. Nós faremos isso com este método em 8 a 10 anos. 

O senhor completa 10 meses de gestão e já não pode mais contar com tantos repasses federais, que dariam fôlego para obras importantes. Como o governo está administrando a situação para fazer com que MS não deixe de evoluir?

REINALDO AZAMBUJA – O grande esforço que estamos fazendo para melhorar a capacidade de investimento do governo, primeiro, é buscar estas parcerias, as PPPs. Na área de rodovias, investimentos de melhorar logística, estamos buscando refinanciamento das dívidas do Estado, nós devemos para a União, é uma agiotagem oficial. O governo emprestou R$ 1,8 bilhão em 1998; pagou R$ 6,8 bilhões até 2014 e deve R$ 7,8 bilhões ainda. Então, vejam que isso é o maior juro que os governos estaduais pagam. Nós vamos tentar melhorar o perfil desta dívida com o Banco Mundial em empréstimos com juros entre 3,5% a 4,5% ao ano, alongando o perfil desta dívida entre 15 a 20 anos para ter uma capacidade de investimento com fluxo para investir nestas obras prioritárias. Acho que, hoje, contar com recurso orçamentário do governo federal é muito difícil, o governo só vem diminuindo os repasses. Nós temos obras paradas por falta de repasse, estradas paradas, presídios parados por falta de repasse, escolas paradas porque o repasse de convênios firmados, assinados, apenas o governo do Estado depositou sua contrapartida. Eu acho que o grande desafio para o nosso governo é melhorar o perfil do financiamento da dívida, abrir uma capacidade de investimentos para estes empreendimentos, infraestrutura, portos, aeroportos, rodovias, para melhorar a logística do Estado e poder avançar nestes desafios que teremos pelos próximos anos. 

O senhor diria que o “pacote de bondades” deixado pelo governo anterior freou sua gestão a ponto de ainda estarem colocando ordem na casa?

REINALDO AZAMBUJA – Eu digo que ele prejudicou muito o andamento, principalmente pela inconsequência dos atos realizados. Você aprovar uma lei em 2013 que aumenta o salário dos professores no porcentual de 25% a cada ano, a partir de 2015, mostra irresponsabilidade. Se fosse fácil cumprir, o governo anterior teria feito isso em 2014. Mostra, realmente, que isso era um pacote político para tentar engessar o futuro governo. Você fazer todos os planos de cargos e carreira que não fez em 8 anos, e colocar o início em dezembro de 2014, último mês de mandato, mostra também que foi para engessar o futuro governo. E você reajustar todos os poderes, coisa que não fez em seu mandato, e colocar a partir de janeiro de 2015, mostra o mesmo. Mas eu acho que quem governa não tem de olhar para trás. Herdamos tudo isso, uma herança difícil, praticamente tirou toda a capacidade de investimento do Estado. E se hoje nós temos um custeio aquém de nossas necessidades – falta de combustível, de estrutura para a polícia, melhoria nos hospitais, infraestrutura nas cidades e nas rodovias –, é muito pelo impacto financeiro. Isso impactou praticamente mais de R$ 50 milhões/mês a partir de janeiro de 2015. Esta despesa não existia. É como se você começasse o governo tendo R$ 50 milhões a mais de despesa, que começou junto de seu governo. Foi realmente herdado um “pacote de irresponsabilidades”.  Mas eu não tenho dúvida de que teremos o equilíbrio com este pacote fiscal, com a melhoria das receitas, com a diminuição das despesas e a melhoria da eficiência do setor público. Nós estamos implantando alguns programas de gestão que vão dar resposta a médio e longo prazo, mas serão respostas importantes para melhorar a eficiência do governo na prestação de serviço.

A insegurança política municipal de Campo Grande se arrasta, com muitas implicações. De que forma tudo isso reflete no âmbito estadual? Quem perde?

REINALDO AZAMBUJA – Acho que quem perde é a população. Quando você tem uma insegurança jurídica de “quem é o prefeito?”, aí você pactua com uma gestão com alguns investimentos em áreas cruciais, como a saúde. Nós pactuamos com Campo Grande vários investimentos para diversos hospitais públicos e privados para aumentar a prestação de serviço aqui na Capital e vimos muito disso voltando à estaca zero. Mudou a gestão, mudaram os compromissos. Isso tudo é muito ruim. Eu acho que precisa reinar a paz, e se há algum culpado, que este pague pelos seus erros. Acho que a população hoje não aceita nem do lado das prefeituras, do governo estadual nem do federal ser intransigente na gestão. Gestão é importante nos dias de crise, você não governa sem ter o equilíbrio, cumprir com as obrigações com os fornecedores, com o pessoal – o servidor que trabalha precisa receber em dia, até para fazer o seu próprio planejamento financeiro – e principalmente construir um escopo de investimento. Nós estamos investindo em Campo Grande agora, começamos pela Euler de Azevedo, duplicamos com investimentos de mais R$ 15 milhões, melhorando a infraestrutura urbana. Estamos investindo em alguns hospitais – vamos concluir o Hospital de Câncer, uma obra parada há muitos anos, o Hospital do Trauma também, que hoje é um elefante branco, com uma obra que se arrasta há 21 anos. Temos um desenho de ampliação de serviço no Pênfigo, por meio do serviço de especialidade em ortopedia; na Maternidade Cândido Mariano, serviço de ampliação de serviço neonatal; no Hospital São Julião, ampliação de leitos com dinheiro do governo para atender mais pessoas da Capital. Isso é uma parceria, o governo do Estado coloca a sua parte, o município a dele e o federal também. Não tenho dúvida de que vamos avançar em Campo Grande. O que a gente espera? Que possa reinar um momento de paz na questão política, para que estes avanços ocorram com rapidez em benefício da população.  

SALDO POSITIVO

Exportação de carne dispara em MS mesmo sob tarifaço

Entre julho e novembro deste ano, o Estado exportou 165,4 mil toneladas, alta de 13%

20/12/2025 08h40

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países Gerson Oliveira/Correio do Estado

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As exportações de carne bovina seguem em ritmo de crescimento no fim deste ano. Em Mato Grosso do Sul, entre os meses de julho e novembro, o Estado embarcou 165,4 mil toneladas de carne, volume 13% maior que o de todo o primeiro semestre, quando foram embarcadas 145,9 mil toneladas.

Os dados divulgados pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) apontam que o volume também é 18% superior ao resultado do segundo semestre de 2024, quando foram contabilizadas 140,4 mil toneladas destinadas à exportação.

Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), em relação ao volume financeiro movimentado, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países.

São US$ 516 milhões a mais que o US$ 1,2 bilhão comercializado nos 12 meses do ano passado.

As vendas de carne bovina aumentaram mesmo com o tarifaço da gestão de Donald Trump, que começou a valer em abril com taxa de 10% e que foi reajustado em mais 40% em agosto. As tarifas foram retiradas em 21 de novembro, e o resultado poderá ter reflexo apenas neste mês.

Em relação ao volume financeiro, as exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros paísesEstado registrou aumento das vendas ao mercado internacional - Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

A tendência de aumento e resiliência ainda deve permanecer, conforme avaliação da consultora de economia da Famasul, Eliamar Oliveira.

“Mesmo que dezembro tradicionalmente registre leve desaceleração em relação a novembro, a projeção aponta para um fechamento forte, com expectativa de superar 90 mil toneladas no quarto trimestre, repetindo o desempenho do trimestre anterior, que alcançou 94,6 mil toneladas. Esse comportamento confirma a consistência da demanda internacional pela carne produzida no Estado e reforça a importância da pecuária sul-mato-grossense nas exportações do agro brasileiro”, expressa.

Eliamar pontua que a intensificação do confinamento reflete o avanço de sistemas produtivos mais eficientes. São técnicas que reduzem o ciclo de engorda e permitem maior regularidade no abastecimento da indústria, de acordo com a consultora.

“Entre julho e novembro, o abate total em MS cresceu 6%, em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o abate de animais jovens, entre 13 e 24 meses, aumentou 7%, evidenciando o efeito direto dessas tecnologias na previsibilidade da oferta, especialmente no segundo semestre”, contextualiza.

“O uso ampliado de instrumentos de gestão de risco, como travas de preços, contribui para mitigar a volatilidade do mercado, garantir maior segurança sobre a rentabilidade e dar equilíbrio financeiro ao produtor, mesmo em cenários de custos elevados”, completa Eliamar.

MERCADO INTERNO

O relatório Agro Mensal do Itaú BBA aponta que, mesmo com as exportações aquecidas em outubro, o forte crescimento dos abates ampliou a disponibilidade interna de carne, acima do normal para a época.

Ainda assim, o boi gordo apresentou reação no início de outubro e avançou cerca de 5,6% até meados de novembro, movimento acompanhado por uma valorização ainda maior da carcaça casada, que subiu 7,9% no período.

Guilherme Bumlai, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), comenta que, neste fim de ano, o grande fator que tem impedido uma queda nos preços da arroba é justamente o aumento das exportações.

“Se não fosse esse desempenho mais forte no mercado internacional, a pressão seria nitidamente de baixa, porque o ritmo de abates segue elevado e o mercado interno não tem mostrado força suficiente para absorver toda essa oferta. As exportações, portanto, têm cumprido um papel essencial de sustentação da estabilidade atual”, detalha.

Bumlai ainda afirma que houve uma expectativa não realizada de valorização da arroba. “Por outro lado, é verdade que muitos produtores esperavam uma arroba mais valorizada para este fim de ano, algo que não se concretizou. O mercado está firme, porém, sem espaço para altas expressivas enquanto o consumo doméstico não reagir”, observa.

Eliamar corrobora que o desempenho robusto das exportações, ao mesmo tempo em que a produção apresentou crescimento moderado, acarretou menor disponibilidade interna de carne bovina ao longo do ano.

“Como resultado, a oferta doméstica permaneceu mais ajustada, o que se refletiu em valorização dos preços no mercado interno. No atacado paulista, o preço médio dos cortes bovinos ficou cerca de 26% acima do observado no mesmo período do ano anterior”.

FUTURO

Para 2026, os especialistas concordam que o cenário tem forte tendência positiva. O Itaú BBA fala em uma entrada no fim do ano com fundamentos sólidos: oferta elevada, exportações robustas e um mercado interno que, embora pressionado, deve operar com maior equilíbrio com o avanço das chuvas e a melhora das pastagens.

“Com a esperada redução gradual da oferta, fruto da virada do ciclo pecuário, e se houver melhora no consumo interno, aí, sim, teremos condições mais claras para uma recuperação de preços. A combinação de exportações fortes e mercado doméstico mais aquecido deve permitir um início de ano melhor para o produtor. Hoje, estamos em um momento de sustentação, em 2026, podemos entrar em um momento de valorização”, considera Bumlai.

A consultora da Famasul ainda ressalta que a expectativa para o mercado no encerramento deste ano é de manutenção do bom ritmo de exportações, o que ajuda a absorver parte da oferta. 

“No início de 2026, a combinação de pastagens mais estruturadas, oferta gradualmente mais ajustada e demanda externa consistente cria condições para um cenário de preços mais firmes. A tendência é de transição para um período de maior sustentação da arroba, acompanhando o início de um ciclo de oferta mais curta e um ambiente internacional ainda favorável à carne bovina brasileira”, conclui Eliamar.

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sem gratificação natalina

Em crise, Santa Casa parcela 13º salário de servidores em três vezes

Décimo terceiro será pago em janeiro, fevereiro e março de 2026

20/12/2025 08h25

Hospital Santa Casa de Campo Grande é o maior, mais importante e principal hospital de MS

Hospital Santa Casa de Campo Grande é o maior, mais importante e principal hospital de MS Gerson Oliveira

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Hospital Santa Casa deixou de pagar o 13º salário integral dos servidores em dezembro. A partir disso, prometeu realizar o pagamento em três parcelas: janeiro, fevereiro e março, o que gerou revolta entre os funcionários.

De acordo com a lei, o 13º salário pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro.

Anteriormente, o Governo de Mato Grosso do Sul aportava a 13ª parcela da contratualização a todos os hospitais filantrópicos do Estado.

Mas, conforme repassado pela assessoria de imprensa do hospital, informou que neste ano não haverá o repasse integral em dezembro, mas sim parcelado em três vezes nos primeiros meses de 2026.

Confira a nota divulgada pela Santa Casa:

"A Santa Casa informa que em anos anteriores o Governo do Estado aportava a 13ª parcela da contratualização a todos os hospitais filantrópicos de MS. Neste ano informou que não haverá o repasse e o Secretario de Saúde, Dr. Mauricio Simões, informou à Federação das Filantrópicas (FHEBESUL) que fará o repasse em três parcelas nos meses de janeiro, fevereiro e março. A Santa Casa transmitiu a informação aos sindicatos e seguirá buscando outros meios para solucionar a questão, mas até o momento sem precisão".

O Correio do Estado entrou em contato com a assessoria de imprensa do governo de MS para saber o porquê o pagamento não pode ser feito em parcela única, mas, até o fechamento desta reportagem, não foi respondido. O espaço segue aberto para resposta.

Os funcionários estão revoltados, inclusive alguns cogitam entrar em greve, como os enfermeiros.

CRISE FINANCEIRA

A Santa Casa está em crise financeira há anos. Conforme noticiado pelo Correio do Estado, a Santa Casa gasta por mês R$ 1 milhão a mais do que recebe.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre governo federal, Prefeitura de Campo Grande e governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Porém, o hospital alega que o valor não seria suficiente para suportar a demanda atual da unidade de saúde, além de não sofrer reajuste desde 2023.

Sem a solução com o poder público, a instituição foi à Justiça pedir que, caso a renovação fosse feita, o repasse mensal precisaria ser corrigido para R$ 45,9 milhões (R$ 550,8 milhões por ano), além da recomposição retroativa referente aos últimos dois anos sem aumento.

Segundo documento que o Correio do Estado obteve com exclusividade, o hospital tinha um teto de R$ 46.907.889,12 para ser gasto em 2024 com internações de alta complexidade – serviços e procedimentos que exigem alta tecnologia, alto custo e infraestrutura especializada.

Porém, a entidade ultrapassou em cerca de R$ 2,5 milhões deste montante, o que resultou em um gasto operacional de R$ 49.484.607,38.

No balanço mês a mês, apenas em setembro a Santa Casa conseguiu operar as internações de alta complexidade dentro do teto, com R$ 3.825.922,38, menos de R$ 100 mil abaixo do limite mensal (R$ 3.908.990,76).

Por outro lado, outubro, segundo as informações do hospital, foi o pior mês, com gasto que chegou a R$ 4,6 milhões. Na média mensal, a instituição operou R$ 214,7 mil a mais do que o estipulado pelo teto.

De acordo com relatório anual divulgado pelo hospital em março deste ano, 2024 fechou com prejuízo de R$ 98,3 milhões, bem distinto do apresentado em 2023, quando fechou com superavit de R$ 27,5 milhões.

Ao longo dos anos, o deficit acumulado da Santa Casa soma R$ 514,8 milhões. Outro fator que ajuda a explicar a conta fechando no vermelho são os constantes empréstimos que a instituição faz.

No mesmo relatório é possível constatar que o hospital ainda teria que pagar R$ 256.916.856,00 por causa de empréstimos e financiamentos, desses R$ 16.141.304,00 em circulantes (12 meses, considerado curto prazo no mundo financeiro) e R$ 240.775.552,00 em não circulantes (longo prazo).

Em relação ao repasse financeiro, 56% (R$ 18,3 milhões) é de responsabilidade do Governo Federal. Os outros 44% são oriundos do Estado (R$ 9 milhões) e do Município (R$ 5,2 milhões).

13º SALÁRIO

Todos os trabalhadores com carteira assinada têm direito ao 13º salário, incluindo os que trabalham em regime de tempo parcial ou intermitente.

O cálculo do 13º salário é feito com base no salário bruto do trabalhador. Para calcular, você divide o salário bruto por 12 e multiplica pelo número de meses trabalhados no ano.

No 13º salário, são feitos descontos de INSS e IRRF. O valor dos descontos depende do salário bruto e da faixa de renda do trabalhador.

O 13º salário pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro. 

Em 2025, como o dia 30 caiu num domingo, o prazo final para depósito foi antecipado para a sexta-feira, 28 de novembro.

A segunda parcela deve ser quitada até o dia 20 de dezembro. Em 2025, o prazo final para o depósito é 19 de dezembro, sexta-feira.

Veja quem tem direito ao 13º:

  • Trabalhadores com carteira assinada (CLT)
  • Trabalhadores domésticos
  • Aposentados e pensionistas do INSS (em 2025, as parcelas para este grupo foram antecipadas para os meses de abril e maio)
  • Trabalhadores afastados por auxílio-doença ou licença-maternidade (recebem valor proporcional)

A empresta/órgão/instituição que deixa de pagar o décimo terceiro dentro do prazo comete uma infração trabalhista e fica sujeita a diversas penalidades, como:

  • Multas Administrativas: A empresa pode ser autuada pelo Ministério do Trabalho, com multa aproximada de R$ 170,25 por empregado prejudicado. O valor pode dobrar em caso de reincidência.
  • Correção e Juros: O pagamento em atraso deve ser feito com correção monetária e juros, conforme previsto na Súmula 381 do TST.

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