Economia

MATO GROSSO DO SUL

Alta do dólar eleva preços ao consumidor, mas pode beneficiar o produtor rural

Moeda norte-americana chegou a atingir o nível histórico de R$ 6,20 na tarde de ontem, mas recuou e fechou a R$ 6,09

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O dólar comercial fechou cotado a R$ 6,0961 ontem, alta de 0,04% em relação ao recorde nominal do dia anterior de R$ 6,0934. Na máxima do dia, a moeda norte-americana chegou a bater R$ 6,2073, mas recuou após interferência do Banco Central (BC). 

Especialistas ouvidos pelo Correio do Estado explicam que a alta da moeda interfere positiva e negativamente na economia de Mato Grosso do Sul. Enquanto consumidores enfrentam aumento nos preços de diversos produtos, o cenário é mais favorável para parte do setor rural, que encontra no mercado externo uma oportunidade de ganhos.

A alta do dólar influencia diretamente o preço de produtos importados e daqueles com insumos cotados na moeda norte-americana (as commodities). Bens como eletroeletrônicos, combustíveis, medicamentos e alimentos sofrem reajustes, tornando-se mais caros para o consumidor final.

Fonte: Valor Econômico
Fonte: Valor Econômico

O mestre em Economia Lucas Mikael explica que a cotação em tendência de alta pressiona alguns produtos que dependem do mercado externo. 

“No setor de alimentos, o dólar alto pressiona os preços de produtos que dependem do mercado externo ou de insumos dolarizados, como carnes, óleo de soja e derivados do trigo, resultando em aumento da inflação para o consumidor. A tendência é de que os preços continuem subindo, especialmente se a moeda americana se mantiver em patamares elevados, como sugerem algumas projeções”.

De acordo com o mestre em Economia Eugênio Pavão, há um estímulo à inflação de alimentos, que já estão em alta, como carne, trigo e café, entre outros. 

“O consumidor tem na alta do dólar um estímulo à alta da inflação, com muitos produtos vindos de empresas oligopolistas e com preços internacionais. O trigo, cuja produção nacional fica em 60%, tem de se importar da Argentina quase todos os grãos necessários para atender à demanda interna. O período de alta da moeda internacional afeta os preços das massas. [Também tem influência] no caso de remédios com princípio ativo estrangeiro, vacinas importadas, etc.”, explica.

Economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) Staney Barbosa Melo avalia que a alta do dólar é um problema que precisa ser encarado de diferentes perspectivas. 

“Para a economia de MS como um todo, é péssimo, pois, ainda que tenhamos uma pauta majoritariamente exportadora, tende a encarecer a aquisição de insumos importantes para a nossa produção, além de reduzir o poder de compra dos consumidores locais, que já é baixo”.

COMMODITIES

Pavão ainda frisa que a economia de Mato Grosso do Sul tem na balança comercial uma parcela significativa de seus lucros com venda de commodities. Na cotação do mercado futuro desta terça-feira, gado, milho e café fecharam em alta, enquanto a soja registrou queda. 

“Com o dólar em alta, nós temos uma situação ambígua, já que, para produzir, muitos insumos são importados, impactando os custos da produção agrícola. Por outro lado, os produtos cotados em dólar têm ganhos significativos”, analisa o economista.

Dados da Bolsa brasileira (B3) apontam que a saca de milho com vencimento para janeiro foi cotada a R$ 74,60, com valorização de 0,81%, os contratos para março de 2025 foram a R$ 73,70, com alta de 0,79%, e a saca para maio foi negociada a R$ 73,03, com elevação de 0,72%.

A arroba do boi gordo negociada no mercado futuro também registrou variação positiva. Os contratos de janeiro apontaram alta de 1,64%, com a arroba cotada a R$ 319,15; os contratos para fevereiro do próximo ano tiveram elevação de 0,97%, indo a R$ 319,05; para março, a arroba chegou a R$ 319,90 (alta de 1,07%); e para maio, a valorização foi de 1,11%, chegando a R$ 318,50. 

“Desta forma, podemos dizer que, se o câmbio não voltar a patamares mais racionais, a tendência é de que os setores exportadores de celulose, grãos, carne e mineração serão os mais beneficiados”, finaliza Pavão.

Mikael corrobora que os principais impactados serão os segmentos do agronegócio e da agroindústria.

“No agronegócio, a valorização da moeda americana pode ser positiva, já que torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, favorecendo exportações de soja, carnes e outros produtos agrícolas”, explica o economista. 

“No entanto, há um aumento expressivo nos custos de produção, uma vez que muitos insumos, como fertilizantes e defensivos, são importados e precificados em dólar. Além disso, o encarecimento das matérias-primas importadas afeta a indústria, que enfrenta maiores custos de produção e menor margem de lucro. Mesmo com o cenário desafiador, o saldo pode ser positivo para o agronegócio sul-mato-grossense, caso o setor consiga equilibrar os ganhos das exportações com o aumento dos custos de produção”, conclui Mikael.

OUTRO VIÉS

Por outro lado, o economista do SRCG acredita que no curto prazo o impacto pode ser positivo para o agro, visto que a desvalorização do real tende a baratear os produtos para o exterior, “aumentando a demanda global por nossos produtos e estimulando os preços de nossos bens exportáveis”, contextualiza Melo. 

Ele ainda frisa que a importação dos insumos é feita em dólar, então, no médio e longo prazo, o dólar mais caro tende a tornar mais caros os custos de produção. 

“Dessa forma, ganhos e perdas de curto prazo dependem diretamente da particularidade de cada produtor. Contudo, no médio e longo prazo essa vantagem momentânea desaparece, pois o que o produtor recebeu a mais, em termos relativos, terá de pagar na forma de insumos. Olhando o problema de outra ótica, a da concorrência, nem toda alta do dólar se traduz em alta de preços para nossa pauta exportadora. Isso porque nossos concorrentes tendem a reduzir seus preços para não perderem mercado para nossos produtos”, finaliza Melo.

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CARTEIRA ASSINADA

Em MS, 8,9 mil celetistas já contraíram novo empréstimo consignado

Entre os dias 21 de março e 3 de abril, pouco mais de R$ 60 milhões foram liberados para trabalhadores com carteira assinada de MS

07/04/2025 10h17

Quando do anúncio do programa, promessa foi de taxa de juros atrativos, mas ainda assim de 2,5% a 3% ao mês

Quando do anúncio do programa, promessa foi de taxa de juros atrativos, mas ainda assim de 2,5% a 3% ao mês

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Desde o dia 21 de março até a última quinta-feira (3), um total 8.923 trabalhadores com carteira assinada de Mato Grosso do Sul assinaram 8.952 contratos de empréstimo consignado do Crédito do Trabalhador, disponível por meio da Carteira de Trabalho Digital.

Com taxas de juros mais baixas que os empréstimos tradicionais, entre 2,5% e 3%,  o total liberado ultrapassa os R$ 60,2 milhões, com valor médio por empréstimo de R$ 6.726,81. Em média, conforme informações do Governo Federal, os empréstimos foram contraídos em 18 parcelas de R$ 371,11.

Desde o começo do programa, R$ 3,3 bilhões já foram concedidos em empréstimos consignados aos trabalhadores com carteira assinada nas 27 unidades da Federação.

No total, 532.743 contratos foram firmados, com um valor médio de R$ 6.209,65 por trabalhador. As parcelas médias ficaram em R$ 350,46, com prazo médio de 18 meses. Atualmente, o Brasil conta com mais de 47 milhões de trabalhadores assalariados com carteira assinada.

Para o ministro Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), este consignado inaugura um novo horizonte e uma nova cultura em torno dos empréstimos bancários.

“O Crédito do Trabalhador traz uma nova cultura de crédito e a cada dia tem se consolidado com sucesso, com novos bancos entrando, oferecendo taxas mais baixas e reduzindo dívidas dos trabalhadores”, comemora Luiz Marinho. 

A pasta alerta que os trabalhadores precisam ter calma e esperar pelas 24 horas para receber todas as propostas e, com isso, optar pela mais vantajosa.

 A Medida Provisória que criou o Crédito do Trabalhador foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 12 de março, em solenidade em Brasília.

Na ocasião, o presidente enfatizou que a intenção não é endividar brasileiros mas, sim, gerar oportunidades, tirar os mais vulneráveis dos juros caros, promover inclusão produtiva e gerar qualidade de vida.

A região Sudeste é a que mais negociou contratos por meio do Crédito do Trabalhador até agora, com 234.863 empréstimos fechados por 234.130 trabalhadores, num volume de crédito de R$ 1,44 bilhão. Em seguida aparecem Nordeste (111.081 empréstimos), Sul (88.174 empréstimos), Centro-Oeste (49.303) e Norte (49.170).

Para obter o crédito, as instituições financeiras consideram fatores como tempo de trabalho, salário e as garantias oferecidas pelo trabalhador na solicitação do empréstimo.

O trabalhador pode utilizar até 10% do saldo do FGTS ou 100% da multa rescisória como garantia, mas também tem a opção de não oferecer nenhuma garantia. 

Com base nesses critérios, os bancos avaliam o risco e definem a liberação do crédito. Além disso, o valor das parcelas não pode ultrapassar 35% da renda mensal do trabalhador.

 Se o trabalhador decidir cancelar o empréstimo, terá um prazo de sete dias corridos, a partir do recebimento do crédito, para devolver o valor integral à instituição financeira. 

Além disso, a partir de 25 de abril, será possível transferir um empréstimo com juros mais altos para outro com taxas mais baixas. Caso tenha contratado o Crédito do Trabalhador e posteriormente encontre uma oferta mais vantajosa em outra instituição, poderá migrar para a nova condição.

O empréstimo está disponível exclusivamente na Carteira de Trabalho Digital. A partir de 25 de abril, todas as instituições financeiras poderão oferecer essa linha de crédito por meio de suas plataformas digitais. 

A modalidade atende empregados domésticos, trabalhadores rurais e funcionários de microempreendedores individuais (MEI), desde que não possuam outro empréstimo consignado vinculado ao mesmo vínculo empregatício.

(Com assessoria)

Desempenho

Energisa MS compensa mais de 240 mil clientes por queda de energia em 2024

Clientes da área da Energisa MS ficaram, em média, 10,24 horas sem energia no ano passado, uma melhoria em relação a 2023

07/04/2025 08h30

Desempenho da Energisa MS não está nem entre os melhores do Brasil nem entre os piores

Desempenho da Energisa MS não está nem entre os melhores do Brasil nem entre os piores Gerson Oliveira / Correio do Estado

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A Energisa MS teve de compensar em R$ 18,587 milhões 242.202 clientes no ano passado por interrupção no fornecimento de energia elétrica, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O valor representa cerca de 3% do lucro da empresa, que foi de R$ 603,5 milhões no ano passado.

Essas interrupções fizeram com que a concessionária registrasse o 15º pior desempenho no ranking do Desempenho Global de Continuidade (DGC), divulgado neste mês pela autarquia, que analisou 31 concessionárias no País com mais de 400 mil clientes.

Esse levantamento apontou que a qualidade dos serviços de distribuição de energia elétrica no ano passado melhorou em comparação a 2023, conforme indicam os indicadores DEC (tempo que, em média, cada unidade consumidora ficou sem energia elétrica) e FEC (média do número de interrupções ocorridas) apurados pela Aneel.

Os consumidores ficaram 10,24 horas, em média, sem energia no ano passado, o que representa uma redução de 1,7% em relação a 2023, quando foi registrado uma média de 10,42 horas. A frequência das interrupções se manteve em trajetória decrescente, reduzindo de 5,15 interrupções em 2023 para 4,89 interrupções, em média, por consumidor em 2024, o que significa uma melhora de 5% no período.

De acordo com a autarquia, os indicadores apurados vêm mantendo trajetória de queda, assim como os limites estabelecidos pela Aneel.

O DGC apontou que 242.202 consumidores da Energisa MS – que atende 1,1 milhão de consumidores em 74 municípios – foram compensados em R$ 18,587 milhões no ano passado por descumprimento desses parâmetros. Foram ressarcidos: 49.052 clientes residenciais rurais, com R$ 7,791 milhões; 192.214 urbanos, com R$ 6,330 milhões; 522 consumidores de média tensão do campo, com R$ 3,165 milhões; e 414 clientes urbanos de média tensão, que receberam créditos de R$ 1,299 milhão.

Esse ressarcimento representa 3% do lucro obtido pela Energisa MS, que foi de R$ 603,5 milhões, conforme balanço contábil divulgado no mês passado. O valor é bem abaixo dos R$ 513 milhões contabilizados em 2024 para o pagamento de juros e despesas decorrentes das variações cambiais.

A Aneel afirmou que o valor de compensações pagas aos consumidores aumentou no ano passado, resultado do trabalho de regulação da agência, que aperfeiçoou as regras de compensação para direcionar maiores valores aos consumidores com piores níveis de continuidade.

Os valores de compensação aos consumidores em todo o País subiram de R$ 1,080 bilhão em 2023 para R$ 1,122 bilhão em 2024. A quantidade de compensações também aumentou, de 22,3 para 27,3 milhões. No caso da Energisa MS, o valor compensado em 2023 foi maior, mesmo com o número de beneficiários menor. Foram devolvidos R$ 22,150 milhões para 237.919 consumidores.

Ranking

Essas falhas no DEC e no FEC fizeram com que a concessionária que atende 74 municípios ocupasse a 15ª posição no ranking nacional elaborado pela Aneel, com DGC de 0,74 (quanto maior o indicador, pior é o serviço oferecido).

A distribuidora melhor avaliada é a Companhia Jaguari de Energia (CPFL Santa Cruz, SP), com índice de 0,58, seguida pela Energisa Paraíba – Distribuidora de Energia S.A. (EPB, PB) e pela Energisa Rondônia – Distribuidora de Energia S.A. (ERO, RO), empatadas em segundo lugar.

A distribuidora que mais avançou no ranking no ano passado foi a Neoenergia Brasília (DF), com ganho de nove posições em relação a 2023, seguida pela CPFL Paulista (SP), que subiu sete posições, e pela Neoenergia Elektro (SP), com melhora de três posições.

As concessionárias que mais regrediram no ranking foram a Enel RJ (RJ), a Enel CE (CE) e a RGE (RS), todas com recuo de seis posições em comparação a 2023.

Desempenho da Energisa MS não está nem entre os melhores do Brasil nem entre os piores

A Aneel avaliou todas as concessionárias do País no período de janeiro a dezembro de 2024, divididas em dois grupos: concessionárias de grande porte, com número de unidades consumidoras maior que 400 mil, e concessionárias de menor porte, com número de unidades consumidoras menor ou igual a 400 mil.

O ranking é elaborado com base no DGC, formado a partir da comparação dos valores apurados de DEC e FEC das concessionárias em relação aos limites estabelecidos pela Aneel para esses indicadores. A classificação é um instrumento que incentiva as concessionárias a buscarem a melhoria contínua da qualidade do serviço, sendo publicada anualmente pela agência desde 2012.

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