O bloquinho de anotação, o cesto, a caixinha de bijouteria, o caderno, o porta-retratos... são mais que simples objetos. São uma mistura de consciência ecológica, paciência, superação e aprendizados. As mãos que os criam em nada se assemelham às mãos industriais, regidas pelo ritmo acelerado do relógio da produção. Seguindo o compasso da natureza, essas mãos transformam bananeira, casca de cebola, casca de alho, sisal, espada-de-são-jorge, capim, hibisco, erva-mate, urucum, entre outras plantas, em diversos tipos de papéis e pigmentos, dos quais nascem vários produtos.
A singularidade não está apenas no processo produtivo e nos produtos, mas também nos produtores – são pessoas com deficiência, assistidas pelo Instituto Pestalozzi de Campo Grande. As matérias primas e os objetos são feitos a quatro, seis, oito mãos ou quantas forem necessárias – além dos alunos, participam familiares e professores da entidade. Eles formam o Grupo Fibra. Isso porque usam fibras de vegetais para confeccionarem os papéis, usados na produção dos objetos. Mas a força semântica de “fibra” extrapola essa explicação – o nome também remete à superação, presente no artesanato da vida de pessoas especiais.
A professora de Artes Ludimila Giocomini Priule, uma das integrantes do projeto, informa que o processo produtivo chega a durar dois dias. A produção tem início com a extração das fibras dos vegetais. Passa-se, em seguida, à maceração, que consiste em deixar as fibras na água para limpa-las. Depois de secas, são cortadas.
Leia mais no Correio do Estado


