Após dois anos de crescimento significativo, a arrecadação do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) ficou praticamente estagnada nos últimos 12 meses em Campo Grande, confirmando o desaquecimento do setor imobiliário na Capital.
Dados publicados no diogrande na última sexta-feira ( 24) mostram que entre maio do ano passado e abril de 2024 os cofres municipais receberam R$ 107,17 milhões com o ITBI, o que é apenas 0,4% acima dos R$ 106,73 milhões de igual período do ano anterior. Contabilizando a inflação, de quase 4%, na prática a arrecadação recuou nos últimos 12 meses.
E A esta estagnação ocorre depois de dois anos com resultado positivo. De maio de 2021 a abril de 2022 o aumento havia sido da ordem de 16%, passando de R$ 84,37 milhões para R$ 97,92 milhões. No período seguinte a alta foi de 9%, saltando de R$ 97,92 milhões para R$ 106,73 milhões.
CENÁRIO ESTADUAL
E o cenário dos primeiros meses de 2024 indica que o setor continua em ritmo mais lento que nos anos anteriores em Mato Grosso do Sul.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança.
Isso significa queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2023.
Em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações chegou a quase R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.
Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,6 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024. Ou seja, R$ 48,47 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.
Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.
Dentre os principais explicações para a queda dos financiamentos no Estado, a principal é a alta taxa de juros. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.
Além disso, teve a queda no preço de alguns dos principais motores da economia estadual, como a soja, milho e a arroba do boi. E, se não bastasse a queda nos preços, as altas temperaturas e a estiagem derrubaram a produtividade da última safra, gerando perda da ordem de R$ 11 bilhões aos setor produtivo, segundo estimativas da Famasul.
BALANÇO ANUAL
Como já publicado pelo Correio do Estado, segundo dados da Abecip, no ano passado, Mato Grosso do Sul registrou queda de 34,71% na quantidade de imóveis financiados. Em 2023, foram 5.944 moradias financiadas, enquanto em 2022 haviam sido 9.104.
Em relação aos valores, a diferença foi um pouco menor, de 29,94%, tendo em vista que no ano passado foram R$ 1,826 bilhão de recursos disponibilizados, contra R$ 2,606 bilhões em 2022. Ou seja, R$ 780 milhões a menos foram liberados para o setor imobiliário no ano passado.