O presidente da República, Jair Bolsonaro, reafirmou, ontem pela manhã, o compromisso do País com a construção de duas pontes entre Brasil e Paraguai, entre elas a que ligará Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta. A declaração foi feita durante a solenidade de posse do novo diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, no Edifício de Produção da usina hidrelétrica, em Foz do Iguaçu (PR). A cerimônia contou com a presença do presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, entre outras autoridades dos dois países.
“A segunda ponte sobre o Rio Paraná e a sobre o Rio Paraguai são de fundamental importância para os nossos povos. Contem com o apoio de nosso governo para concretizar este objetivo”, anunciou Bolsonaro, ao lado do novo diretor-geral brasileiro. Foi a primeira vez em que o novo governo brasileiro endossou publicamente as tratativas iniciadas no ano passado para a construção das duas pontes.
Bolsonaro e o presidente paraguaio se encontrarão novamente no dia 12 de março, em Brasília. “Vamos tratar de temas relevantes, nas questões políticas, econômicas, comerciais e de cooperação”, afirmou Benítez. “Seguramente, vamos avançar em nosso projeto de integração física com a construção de duas pontes”, concluiu o presidente paraguaio.
A assinatura da declaração presidencial que autorizava a construção das duas pontes foi feita em dezembro do ano passado, também na usina de Itaipu, pelo então presidente brasileiro, Michel Temer, e pelo presidente paraguaio, Mario Benítez. As pontes serão construídas sobre o Rio Paraná, ligando Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco (PY), e sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (PY). O financiamento será feito pela Itaipu Binacional, com autorização da Advocacia-Geral da União (AGU).
ANDAMENTO
A ponte que vai ligar Foz a Presidente Franco já foi licitada e a obra contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), em 2014. O projeto, no entanto, não teve continuidade e agora será retomado com recursos de Itaipu. A obra tem custo previsto de R$ 302,5 milhões (considerando estrutura e desapropriações), além de R$ 104 milhões para a construção de uma perimetral no lado brasileiro.
A ponte será do tipo estaiada, com duas torres de sustentação de 120 metros de altura. O projeto prevê pista simples, com acostamento e calçada. A extensão é de 760 metros, com vão livre de 470 metros. A estimativa é de que as obras sejam concluídas em até três anos.
Já a perimetral terá 15 quilômetros e vai ligar a BR-277 à aduana da Argentina e à nova ponte. O valor de R$ 104 milhões contempla os custos do projeto, desapropriações, construção de quatro viadutos e duas aduanas (uma na cabeceira da nova ponte e outra na fronteira com a Argentina). A obra já foi licitada pelo Dnit, mas o resultado ainda não foi homologado.
O acordo entre os dois países define que a margem paraguaia de Itaipu vai arcar com os custos de construção da ponte em Mato Grosso do Sul e a margem brasileira entrará com recursos para a ponte em Foz do Iguaçu. A expectativa é de que a ponte no Rio Paraguai tenha as mesmas características e os mesmos custos das obras que serão realizadas no Rio Paraná.
A ponte ligando Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, a Carmelo Peralta, no Paraguai, só deverá deslanchar mesmo em 2020. A informação foi repassada no mês passado, com exclusividade ao Correio do Estado, pelo conselheiro da Itaipu Binacional, Carlos Marun. De acordo com Marun, os procedimentos para a construção da ponte de MS devem ser iniciados somente a partir do primeiro semestre do ano que vem.
O governo de Mato Grosso do Sul projeta incremento de cerca de R$ 200 milhões (US$ 50 milhões) no primeiro ano de funcionamento da ponte, que faz parte da chamada Rota Bioceânica e tem previsão de conclusão em 2021.