Economia

Investimento bilionário

Calote em megafábrica de celulose se repete em MS, agora em obra da Arauco

Quarteirizada da Arauco cobra mais de R$ 600 mil em serviço de alimentação, em Inocência; caso lembra os de Ribas do Rio Pardo

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Os calotes na construção de uma megafábrica de celulose em Mato Grosso do Sul, que também ocorreram em vários contratos para a execução da planta da Suzano em Ribas do Rio Pardo, começaram a surgir no canteiro de obras da fábrica da Arauco, que está sendo levantada na cidade de Inocência, distante 332 quilômetros de Campo Grande.

As duas megafábricas de celulose, as maiores do planeta, orçadas em aproximadamente US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões), também ostentam números vultosos quando se trata do calote reclamado por empresas quarteirizadas.

No caso mais recente, em Inocência, empresa que fornece alimentação coletiva, a Dom Chef, executa na Justiça a FPM, que arrendou sua estrutura para fornecer milhares de refeições diárias – café, almoço e jantar – aos trabalhadores da Arauco e de terceirizadas que atuam no canteiro de obras do Projeto Sucuriú.

A Dom Chef apontou um calote da FPM no valor de R$ 663 mil e recorreu à Justiça para receber esses valores, em ação na qual figuram como partes o Consórcio MLC Aterpa, que executa a obra, e a própria multinacional chilena Arauco, apontada como devedora solidária, por ser a principal beneficiária dos serviços prestados no canteiro.

A FPM, segundo documentos e notas fiscais apresentados pela Dom Chef, faturou, entre agosto de 2024 e junho deste ano, R$ 23,5 milhões com a venda de refeições aos trabalhadores no canteiro de obras do Projeto Sucuriú, a megafábrica de celulose da Arauco.

O contrato entre as duas empresas, supervisionado pelo Consórcio MLC Aterpa e cujo beneficiário é a Arauco, estabelece que a Dom Chef ficaria com 5% do total faturado pela FPM com a venda de refeições.

A alegação da Dom Chef é de que o valor devido pela FPM no período é de R$ 1,17 milhão, mas que somente R$ 546 mil foram pagos, restando ainda R$ 663 mil em aberto.

A empresa FPM, originária de Maceió (AL), mas que constituiu sede em Mato Grosso do Sul para fornecer as refeições, segundo acusa a Dom Chef, está inadimplente no contrato desde janeiro deste ano.

O canteiro de obras, contudo, continua em funcionamento, e as notas fiscais referentes às refeições oferecidas, não apenas aos funcionários da Arauco, mas também a todas as empresas terceirizadas que atuam no local, continuam sendo emitidas.

O processo de exibição de documentos, que a Dom Chef usa para ter acesso às notas fiscais e pedir sua parte no contrato conforme o valor faturado, tramita em segredo de Justiça. A execução, porém, é pública. 

A FPM não se manifestou no processo de execução e não foi encontrada. 

A Arauco, procurada, enviou a seguinte nota: “A Arauco não comenta processos em segredo de Justiça e informa que todos os pagamentos a fornecedores e terceirizados são realizados rigorosamente em dia, conforme os contratos vigentes”.

A megafábrica

A planta processadora de celulose da Arauco em Inocência, quando pronta – até o fim de 2027 –, terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose de fibra curta por ano e será a maior processadora de celulose em linha única do mundo. Os investimentos previstos somam
US$ 4,6 bilhões.

No auge da obra, a Arauco deve empregar 14 mil pessoas no canteiro de obras. Quando concluída, vai empregar 6 mil trabalhadores na operação.

Desde o lançamento do projeto, em 2023, a Arauco tem afirmado que busca evitar que a enxurrada de calotes registrada a aproximadamente 70 km dali, em Ribas do Rio Pardo, na construção da megafábrica da Suzano – o Projeto Cerrado, já em operação –, se repita.

A disputa entre as empresas da área de alimentação que atuam no Projeto Sucuriú acende o alerta para a execução dos contratos no canteiro de obras em Inocência.

Outros calotes

Em 2024, foram registrados diversos calotes na construção da megafábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, que já está em operação e pode processar até 2,9 milhões de toneladas de celulose por ano. 

O valor das dívidas apontadas por quarteirizadas que não tiveram seus contratos honrados no canteiro de obras desse projeto ultrapassa R$ 10 milhões. A maioria dos processos ainda tramita na Justiça de Ribas do Rio Pardo, tendo a Suzano – beneficiária dos serviços, mas não diretamente envolvida nos contratos – sido apontada como devedora solidária.

A VBX Transportes, empresa de locação e gerenciamento de máquinas terceirizada da Suzano, não pagou mais de uma dezena de fornecedores, de postos e distribuidoras de combustíveis a donos de caminhões e patrolas. Também houve processos em que outra terceirizada da Suzano, a Enesa S.A., foi apontada como inadimplente por uma quarteirizada, a GD Fabricação e Montagem de Equipamentos Industriais Ltda.

Na época, no caso específico desta da VBX, a Suzano quitou as dívidas trabalhistas dos funcionários da empresa e de terceirizadas que atuaram no canteiro para mitigar os efeitos do calote.
 

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Jucems

MS registra a primeira queda do ano na abertura de novas empresas

Mesmo assim, o número registrado até o mês de novembro já é maior que o total do ano passado

08/12/2025 14h15

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresas

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresas FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Pela primeira vez no ano, no mês de novembro Mato Grosso do Sul registrou queda no número de empresas abertas. 

De acordo com a Junta Comercial do Estado (Jucems), foram registrados 917 novos empreendimentos, enquanto no mês de outubro, foram 1.131, o décimo mês em alta de registros. 

Mesmo com a queda no décimo primeiro mês, o número de empresas abertas em Mato Grosso do Sul até agora já é maior que o do ano passado inteiro. 

São 12.296 até novembro de 2025, enquanto em 2024, foram 11.164 no total. 

O setor de Serviços continua sendo o que mais acumula registros de novas empresas, sendo 691 em novembro.

No mês de novembro, MS registrou a primeira queda no número de novas empresasEscreva a legenda aqui

Esse setor é o que mais movimenta a economia estadual e nacional devido a sua vasta gama de setores. São exemplos de empresas do ramo as que prestam atendimentos e oferecem produtos, como escritórios, empresas, escolas, restaurantes, agências, serviços de banho e tosa entre outras.

Em seguida, o Comércio registrou 193 e a Indústria, 33. 

No acumulado do ano, o setor de Serviços também lidera o ranking, com 9.242 no total, seguido do Comércio, com 2.611 e da Indústria, com 433 novos registros. 

Na distribuição regional, Campo Grande é a responsável pelo maior número de novos registros, com 442, representando 48% do número total no Estado.

Em seguida, vêm os municípios de Dourados (102), Três Lagoas (38), Ponta Porã (33), Maracaju (25), Nova Andradina (18), Chapadão do Sul e Naviraí (17), Corumbá (14), Sidrolândia (13), Ribas do Rio Pardo (11), Inocência (10), Aparecida do Taboado (9), Paranaíba e Ivinhema (8). 

Empresas negativadas

Mesmo em um ano de crescente abertura de novos negócios em Mato Grosso do Sul e em todo o País, o número de empresas inadimplentes também alcançou grandes números

Segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, o Brasil acumula 8,4 milhões de empresas com dívidas. 

Na região Centro-Oeste, no mês de setembro, foram contabilizadas 729.275 empresas negativadas. Destas, 115.831 são de Mato Grosso do Sul, 4.616 a mais que o levantamento do mês de agosto, que era, até então, o maior já registrado. 

Esse número representa 31,17 das empresas ativas registradas no Estado. 

São ainda 917.472 dívidas negativadas, resultando em um montante de quase R$ 2 bilhões em contas atrasadas no Estado. 

Mesmo assim, MS teve o menor número registrado da região Centro-Oeste. Goiás é o líder do ranking por região, com 265.076 negócios com contas em atraso, seguido pelo Distrito Federal, com 190.160 empresas e Mato Grosso, com 158.208. 

Na região Centro-Oeste, no mês de setembro, foram contabilizadas 729.275 empresas negativadas. Destas, 115.831 são de Mato Grosso do Sul, 4.616 a mais que o levantamento do mês de agosto, que era, até então, o maior já registrado. 

São ainda 917.472 dívidas negativadas, resultando em um montante de quase R$ 2 bilhões em contas atrasadas no Estado. 

Mesmo assim, MS teve o menor número registrado da região Centro-Oeste. Goiás é o líder do ranking por região, com 265.076 negócios com contas em atraso, seguido pelo Distrito Federal, com 190.160 empresas e Mato Grosso, com 158.208. 

BALANÇO

Na contramão do País, MS vê triplicar a adesão de produtores ao seguro rural

O total de apólices de seguro também está maior neste ano, indica Ministério da Agricultura

08/12/2025 08h00

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro Gerson Oliveira

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Mato Grosso do Sul registrou 79.613 apólices de seguro rural neste ano, conforme dados do Atlas do Seguro Rural do Ministério da Agricultura (Mapa). A quantidade representa um aumento de 3,7% em relação ao ano passado, quando foram registradas 76.802 apólices. Já o número de produtores que aderiram ao seguro triplicou, saindo de 3.560 em 2024 para 12.027 neste ano, alta de 237%. 

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) explica que eventos climáticos extremos influenciaram diretamente a busca pelo seguro. “Esse impacto é hoje um dos principais motores de crescimento do setor.

Secas prolongadas, excesso de chuvas, geadas e ondas de calor têm se tornado mais frequentes e intensas, aumentando a percepção de risco entre os produtores”, avalia o analista de economia da Famasul, Jean Américo.

As lavouras de soja e milho lideram as contratações de seguro

Os dados ainda apontam que o número de produtores caiu mais do que a metade em todo o Brasil. O número de produtores que contrataram algum seguro rural neste ano foi de 35.230, o que representa uma redução de 59% no comparativo com os 85.580 do ano anterior.

A retração na quantidade de produtores tem explicação, conforme os especialistas da área. Luciano Lemos, corretor de seguros, enumera dois fatores que puxam essa queda, a diversificação de culturas por produtor e a dificuldade de acesso ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) entre pequenos.

“Hoje é normal uma área ter três culturas dentro do Plano Safra e quando o produtor já é familiarizado com o seguro rural, ele faz a contratação. E isto é possível com produtores maiores e assim explica o outro lado. Produtores menores não têm estrutura para mais culturas em sua área e assim a contratação do seguro é menor ou não chega a ter acesso pelo PSR, pois o recurso é muito pequeno para a demanda. Com isso, acaba tendo uma concentração de apólices em um número menor de produtores”, explica.

Nesse contexto, o comportamento dos produtores também mudou. Américo observa que o perfil de quem busca o seguro rural está mais diversificado.

“De forma geral, o perfil do produtor que busca seguro rural realmente mudou nos últimos anos. No passado, era mais comum entre grandes produtores, no entanto, hoje também é buscado por pequenos e médios [produtores]. Isso se deve ao aumento dos riscos climáticos, à maior necessidade de proteger a renda, ao acesso ampliado ao crédito e à maior divulgação do seguro por cooperativas, assistência técnica e instituições financeiras. Assim, o seguro passou a ser uma ferramenta usada por produtores de diversos portes”, afirma.

Ainda assim, o analista destaca que barreiras continuam limitando o alcance do seguro. “A baixa adesão ao seguro rural ocorre principalmente pelo custo considerado elevado, pela desconfiança quanto ao pagamento de indenizações, pela burocracia envolvida na contratação e em alguns casos pela falta de informação dos produtores”, pontua.

“Além disso, a oferta limitada de produtos, a baixa percepção de risco e a instabilidade orçamentária do PSR reduzem ainda mais o interesse do produtor rural em contratar o seguro. A combinação desses fatores explica por que muitos produtores ainda não acessam o seguro rural”, analisa.

PRODUÇÃO

O economista Daniel Frainer, por sua vez, contextualiza o cenário econômico que cerca o setor. Para ele, o ambiente financeiro geral permanece estável, mas com mudanças na postura dos bancos.

“O cenário econômico, em essência, manteve-se estável. A principal alteração reside na abordagem das instituições financeiras. Observa-se uma menor disposição em conceder alienação fiduciária, privilegiando, em vez disso, o refinanciamento de dívidas sem garantias”, acrescenta.

“No setor agrícola, o panorama é favorável. O País se aproxima de uma safra recorde. A desvalorização do dólar impulsiona a viabilidade de diversas produções, dado que a maioria dos insumos é importada. Consequentemente, a rentabilidade dos negócios rurais tende a aumentar”, elenca.

A pecuária, no entanto, vive situação oposta. “Em contraste, a pecuária de corte enfrenta dificuldades. A recuperação judicial de alguns frigoríficos e a inadimplência geraram um cenário adverso para os produtores. A tendência é de retração do setor, já observada nos últimos 10 anos, com a redução do rebanho. Embora o rebanho total não tenha diminuído em virtude da expansão em outras regiões, como o estado de Goiás, a perspectiva é de encolhimento do setor no estado em questão”, complementa.

Ainda de acordo com Frainer, em relação à lavoura, a expectativa é de expansão e aumento da viabilidade dos negócios, impulsionada pelo cenário internacional positivo, como a recente liberação das exportações para os Estados Unidos.

“A cotação do dólar, abaixo de R$ 5,30, facilita a aquisição de insumos. Espera-se que o próximo ano se inicie sem as instabilidades observadas recentemente, indicando um cenário mais promissor”, acrescenta. 

Lemos acrescenta que tendências setoriais definem o que é mais seguro e devem continuar orientando o mercado. “A soja e o milho são as culturas com maior demanda de seguro, pois são as maiores áreas plantadas, e devem continuar puxando as demandas de seguro agrícola nos próximos anos”.

Já para o analista da Famasul, esse crescimento também leva à modernização dos processos. “Esse movimento se reflete em maior demanda por apólices, expansão da oferta de produtos e maior participação das seguradoras nas regiões mais vulneráveis”, descreve Américo.

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