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Conciliação no STF pode destravar investimento bilionário no vale da celulose

Audiência tentará um acordo sobre o controle da fábrica de celulose Eldorado. Se honver, investimento de R$ 25 bilhões em Três Lagoas poderá sair do papel

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Além de negar liminar para que a  Paper Excellence pudesse assumir o controle total da fábrica de celulose Eldorado, de Três Lagoas, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o dia 18 de novembro uma audiência de conciliação para tentar colocar fim a uma disputa bilionária pelo controle da fábrica intalada na região lesta de Mato Grosso do Sul.

E, se houver acordo, finalmente poderá sair do papel a promessa de investimento de R$ 25 milhões para dobrar a capacidade de produção da fábrica, que atualmente produz 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano. 

A promessa de implantação de uma segunda linha de produção se arrasta há cerca de quatro anos e em abril de 2024 o empresário Wesley Batista reafirmou que o grupo J&F espera somente o fim da disputa para desengavetar o projeto da segunda linha de produção. 

Em janeiro deste ano já ocorreu outra tentativa de conciliação no STF, mas os asiáticos que controlam a Paper se recusaram a desfazer o negócio amigavelmente e receber o estorno de quase R$ 3,8 bilhões que pagaram pelas ações. 

Agora, porém, a situação pode ser diferente, pois a Paper está prevendo a construção de uma fábrica de celulose própria em Minas Gerais e para isso precisará de recursos. 

Parte deste dinheiro ela já está retirando da própria Eldorado. No último dia 4, um tribunal arbitral determinou a divisão de 25% dos lucros do ano passado que estavam sendo depositados em uma conta de investimentos controlada pelos irmãos Batista. 

Por conta desta decisão, nesta semana a empresa indonésia receberá em torno de R$ 280 milhões. E, conforme alegação dos advogados dos irmãos Batista, estes recursos serão destinados à viabilização do projeto de Minas Gerais. 

A decisão do ministro marcando a audiência de conciliação foi tomada no domingo e divulgada pela assessoria do STF nesta segunda-feira (14). Um acordo, caso seja firmado, colocaria fim a uma disputa que começou ainda em 2017, quando a empresa indonésia comprou 49,41% das ações.

O negócio, de R$ 15 bilhões previa que Paper Excellence compraria todas as ações da Eldorado. Isso ocorreu antes de o setor passar por uma onda de investimentos que provocaram uma “explosão” da capacidade de produção de celulose do país.

O negócio acabou não sendo concluído e foi judicializado, com um tribunal arbitral reconhecendo "irregularidade da conduta da J&F" e determinando a transferência das ações da Eldorado para a Paper Excellence. A J&F então recorreu dessa decisão arbitral na Justiça de São Paulo.

A decisão de Nunes Marques é sobre uma ação popular apresentada na Justiça Federal de Santa Catarina pelo ex-prefeito de Chapecó Luciano José Buligon, que alega que o negócio põe em risco a soberania nacional uma vez que a Paper Excellence é de propriedade estrangeira, que não pode ser proprietária de grandes volumes de terras no Brasil.

Após resolver pendências da empresa com fundos de pensão, estatais e fazer parte do pagamento pela compra, a companhia estrangeira ficou com 49,41% das ações. Tinha um ano para liberar as garantias dadas pelos Batista em dívidas da Eldorado e ficar com os 50,59% restantes.

Aí começou a briga. A J&F alega que a rival não cumpriu o combinado e perdeu o prazo para liberar as garantias. Para a Paper, a holding não colaborou com as negociações (quebrando regra do contrato) e deliberadamente trabalhou para atrapalhar a concretização do negócio. 

Na arbitragem, estabelecida para dirimir as dúvidas, a Paper venceu por 3 a 0. A J&F entrou com ação pedindo a anulação do expediente porque considerou o processo viciado. 

Alega ter sido vítima de espionagem industrial e que um dos árbitros (que também renunciou ao processo) não havia declarado ter dividido escritório com um dos advogados da empresa indonésia.

Má-fé

Ao anunciar sua decisão no último domingo, o Ministro Nunes Marque indicou que a Paper está usando de “má-fé processual”. É que a empresa asiárita protocolou duas reclamações simultâneas contra o mesmo ato e, minutos depois da redistribuição dos recursos para Nunes Marques, a empresa pediu pela desistência de ambos, conforme informações do jornal O Globo.

Inicialmente, a relatoria do caso na Corte fora distribuída por sorteio para Edson Fachin. No entanto, cinco dias depois, ele declarou-se impedido, e as reclamações foram redistribuídas a Nunes Marques.

“Destaco, nesse contexto, que aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”. Embora a desistência das ações seja facultada aos litigantes, não pode servir de escudo para a prática de atos configuradores de má-fé processual”, escreveu o magistrado.

Para justificar a sua decisão, o ministro citou até os horários em que houve a redistribuição (14h48 e 15h10) e, cerca de 40 minutos depois, os pedidos de desistência (15h54 e 15h56):

“A par dos fatos narrados nas manifestações das partes interessadas, ocorridos na origem, na situação concreta não se verifica motivo para a cisão das causas de pedir, exceto como parte de uma estratégia que visava à distribuição dos feitos a relatores distintos, de modo a permitir escolha de relatoria que lhe parecesse mais conveniente”, destacou Nunes Marques.
 

receita municipal

Arrecadação do ISS dispara e 1ª vez supera o IPTU em Campo Grande

Imposto sobre serviços cresceu 16,4% em doze meses. Enquanto isso, a receita com IPTU teve alta de apenas 1,4%. É a primeira vez que o IPTU fica em segundo lugar

26/11/2024 11h45

Historicamente o IPTU foi a principal fonte de receita própria dos cofres da prefeitura de Campo Grande

Historicamente o IPTU foi a principal fonte de receita própria dos cofres da prefeitura de Campo Grande

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O faturamento da prefeitura de Campo Grande com o Imposto Sobre Serviços, o ISS, cresceu 16,4% nos últimos doze meses, chegou a R$ 662 milhões e pela primeira vez se tornou o imposto mais importante dos cofres municipais, superando IPTU e ICMS, que tradicionalmente foram os “sustentáculos” dos cofres municipais. 

Mas, o fato de o ISS chegar ao primeiro lugar não se deve exclusivamente ao arrocho fiscal do setor de serviços. O mau desempenho dos outros dois tributos ajuda a explicar este guinada que vem ocorrendo ao longo dos últimos anos.

O IPTU, por exemplo, teve aumento de apenas 1,57% nos 12 meses que acabaram em outubro. O montante, conforme publicação do diário oficial da prefeitura de Campo Grande desta terça-feira (26), passou de R$ 614,3 milhões para R$ 624 milhões. No período, a inflação foi de 4,77%. 

No caso do ICMS, a situação é parecida. O aumento é de apenas 2,4%, índice que repõe apenas a metade da inflação. Nos 12 meses encerrados em outubro do ano passado o Governo do Estado havia repassado R$ 502,4 milhões. Agora, os repasses somam R$ 514,6 milhões. 

Para efeito de comparação, de 2020 para cá, o faturamento com o ISS em Campo Grande saltou de R$ 359,5 milhões para R$ 662 milhões, o que representa alta de 84,1%. No mesmo período, o IPTU teve aumento de 14% e o ICMS, de apenas 13,4%. No período, a inflação subiu 27%. 

Uma das explicações para a perda da importância do IPTU nos cofres municipais foi o congelamento do imposto no final de 2021, às vésperas da candidatura do então prefeito Marquinhos Trad ao Governo Estadual. Na época, a legislação permitia reajuste de 10%. 

A perda de importância do ICMS também tem explicação política, já que os critérios para divisão do bolo são definidos pela Assembleia Legislativa, que sempre atende às sugestões do Governo do Estado.

Em 2012, por exemplo, Campo Grande recebia 25,34% da parcela do ICMS que cabe aos  municípios (25% do total). Em 2024, este percentual é de apenas 11,91%, o que é menos da metade daquilo que recebia então.

Isso representa perda da ordem de R$ 35 milhões mensais. Se a cidade continuasse recebendo aquele percentual, o repasse mensal seria da ordem de R$ 86 milhões os oito primeiros meses de 2024, ante os R$ 52 milhões médios que está recebendo. 

O repasse per capito de ICMS para a população de Três Lagoas, que recebe a segunda maior fatia do bolo, são 360% mais altos que os destinados aos moradores da Capital. 

No caso de Corumbá, a diferença é ainda maior, chegando a 400%. No caso de Dourados, a diferença a maior com relação aos campo-grandenses é bem menor se comparado com Três Lagoas e Corumbá, mas ainda assim é de 67%.

EXPLOSÃO DO ISS

Uma das explicações para o aumento na arrecadação com ISS é a contratação de cerca de 60 auditores fiscais desde 2021. Porém, boa parcela deste aumento acaba indo para bancar os salários destes servidores. Por ano, sem computar impostos, custam em torno de R$ 50 milhões, o que consome boa parte daquilo que os cofrres públicos estão arrecadando a mais.  

Economia

Carrefour pede desculpas por declarações sobre carnes brasileiras e reforça compromisso com o país

Apesar da retratação, o pedido de desculpas divulgado pelo Mapa não aparece no comunicado oficial do Carrefour publicado em seu site

26/11/2024 10h50

Reprodução Internet

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou, na manhã desta terça-feira (26), uma carta assinada por Alexandre Bompard, diretor-presidente do Grupo Carrefour, contendo um pedido de desculpas pelas declarações feitas anteriormente pela empresa na França, que geraram repercussão negativa no Brasil.

“Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas”, afirmou Bompard no documento enviado ao ministro Carlos Fávaro.

Apesar da retratação, o pedido de desculpas divulgado pelo Mapa não aparece no comunicado oficial do Carrefour publicado em seu site. Na nota disponível ao público, a empresa se limita a apresentar “esclarecimentos”, sem admitir formalmente qualquer pedido de desculpas ou retratação.

O texto reconhece que as declarações anteriores podem ter sido “recebidas como questionamento de nossa parceria com a produção agropecuária brasileira ou como uma crítica a ela”.

Na carta ao ministro da Agricultura, Bompard enfatiza o compromisso do Carrefour com os mercados locais e destaca que, na França, a rede é o maior parceiro da agricultura francesa, adquirindo quase toda a carne necessária para suas operações no país.

Ele atribui a decisão do Carrefour França de priorizar a compra de produtos locais à intenção de apoiar agricultores franceses, que enfrentam uma grave crise.

“A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais”, justificou.

Bompard também reafirmou a parceria da empresa com o Brasil, mencionando que o Carrefour Brasil compra quase toda a carne que necessita de produtores brasileiros e que seguirá assim.

Ele ainda destacou que, sob sua presidência, o Grupo Carrefour Brasil dobrou tanto o volume de investimentos no país quanto as compras da agricultura brasileira.

O episódio ganhou repercussão após Bompard, em postagem nas redes sociais, criticar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, afirmando que ele poderia trazer “risco de a produção de carne que não cumpre com seus requisitos e padrões se espalhar pelo mercado francês”. A declaração foi entendida como um ataque à segurança sanitária das carnes do Mercosul, incluindo as brasileiras.

Ao divulgar a carta de desculpas, o Mapa reforçou que o Brasil possui um sistema rigoroso de defesa agropecuária, que posiciona o país como o principal exportador de carne de aves e bovina do mundo.

“Reiteramos os elevados padrões de qualidade, sanidade e sustentabilidade da produção agropecuária brasileira”, informou a pasta.

O Mapa também destacou o trabalho do setor agropecuário brasileiro, que já alcança consumidores em mais de 160 países. Nos últimos dois anos, 281 novos mercados foram abertos para os produtos agropecuários do Brasil, resultado das boas relações diplomáticas promovidas pelo governo.

“O Mapa trabalha sempre no intuito de esclarecer os fatos para não permitir que declarações equivocadas coloquem em dúvida um trabalho de defesa agropecuária de alto nível e uma produção de alta qualidade, comprometida com uma das legislações ambientais mais rigorosas do planeta”, declarou o Ministério.

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