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Aumento do custo de vida e do consumo impacta em inflação de Campo Grande

Índice de 0,73% foi puxado por alta no preço da gasolina e reajuste da energia elétrica em julho

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O custo de vida ficou mais caro para o bolso do campo-grandense no mês de julho. 

Com aumentos nos preços da gasolina, da energia elétrica e de alimentos como a carne bovina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,73% em Campo Grande, 0,50 ponto porcentual (p.p.) acima da variação observada em junho, de 0,23%. 

O índice da Capital foi o segundo maior, atrás apenas de Rio Branco (0,75%).

A inflação oficial de julho, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é bem distinta da taxa registrada no mesmo mês de 2019, quando houve deflação de 0,01%. 

No acumulado dos sete primeiros meses, o indicador acumula alta de 1,07%.  

Segundo a economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, de uma forma geral, há um aumento da demanda, porque as pessoas estão mais em casa em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). 

“No quesito oferta, temos um impacto principalmente na parte de alimentação, porque estamos em um período de entressafra e, naturalmente, alguns produtos já têm essa elevação de preços. Por outro lado, temos o próprio hábito do consumidor: nós tivemos alterações de hábitos, inclusive voltadas para alguns segmentos específicos. Com mais gente ficando em casa, há essa tendência a comprar mais do supermercado. A frequência e o volume de compras são maiores. Então, realmente temos esse reflexo dos hábitos dos consumidores”, explicou.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito apresentaram alta em julho. O maior impacto (0,35 p.p.) veio dos transportes (1,72%). 

Em seguida, veio o grupo habitação (1,21%), que acelerou em relação ao resultado de junho (0,04%) e contribuiu com 0,18 p.p. 

O grupo alimentação e bebidas apresentou alta de 0,13%. Já o grupo despesas pessoais foi o único que apresentou queda, mas próximo de sua estabilidade, com -0,01%.

CUSTO DE VIDA

Despesas diárias aumentaram o custo de vida do campo-grandense em julho. Assim como em junho, a gasolina teve o maior impacto positivo no índice do mês passado (2,83%). 

Conforme pesquisa do Correio do Estado, entre junho e julho, o combustível ficou R$ 0,35 mais caro. Em junho, o litro da gasolina era comercializado, em média, a R$ 3,88, enquanto na última semana de julho a média foi de R$ 4,23.  

O reajuste da tarifa da energia elétrica também contribuiu para a inflação do índice. Em Campo Grande, houve um reajuste de 6,9% na concessionária de energia, que refletiu em uma alta no item energia elétrica de 3,12%.  

O gás de botijão também teve impacto de 0,78%. Em julho, o valor do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) sofreu reajuste de 5%. 

Conforme os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Campo Grande registrou preço médio de R$ 70,76, na última semana de julho, alta de 5,14%. Na semana anterior, a média na Capital era de R$ 67,30.  

Outro grupo com destaque para as altas do mês foi o de alimentos e bebidas. A alimentação para consumo no domicílio apresentou alta de 0,13%. O maior impacto veio das carnes, cujos preços subiram 3,71%. Outros alimentos importantes na cesta das famílias, como o leite longa vida (3,05%), o arroz (2,78%) e as frutas (0,95%), também registraram alta.  

A economista ressalta que a intenção de consumo também aumentou. 

“Tivemos uma intenção de consumo maior para alguns segmentos específicos e com grupos distintos de consumidores. A priorização é de produtos essenciais, mas, com o tempo, a gente percebeu que outro grupo de consumidores começou a demandar outros segmentos. Justamente por causa do distanciamento social, o entretenimento em casa, até mesmo decoração, instrumentos musicais, tivemos essa demanda mais diferenciada. Sem dúvida nenhuma, os itens considerados prioritários, como os relacionados à alimentação, foram os que mais aumentaram a intenção de consumo”, considerou.  

ALTAS E BAIXA

Outros grupos que registram alta nos preços foram os artigos de residência, com variação positiva de 0,94%, em função da alta do item TV, som e informática (0,94%), com papel preponderante dos subitens televisor (4,4%) e computador pessoal (4,97%). 

O grupo vestuário subiu 1,32%, puxado pelo aumento em camisa/camiseta masculina (1,01%), calça comprida feminina (1,81%) e sapato feminino (3,41%).  

Também com impacto positivo sobre o índice, o grupo saúde e cuidados pessoais registrou alta de 0,51%, influenciado pelo aumento no item produtos farmacêuticos (1,53%). 

O grupo educação apresentou variação de 0,2% em julho. O resultado foi influenciado pela variação positiva dos subitens livro não didático (2,25%), autoescola (1,83%) e atividades físicas (1,29%).  

E ainda entre as altas, o grupo comunicação apresentou variação mensal de 0,05%. Fruto direto do resultado obtido pelo subitem aparelho telefônico, que apresentou aumento de 0,26%.

O único grupo que manteve queda, porém próximo da estabilidade, foi o de despesas pessoais. Na capital sul-mato-grossense, após desaceleração em junho (-0,21%), o grupo apresentou resultado de -0,01% em julho.  

No subgrupo serviços pessoais, os destaques foram os subitens depilação (0,59%) manicure (0,41%) e sobrancelha (0,33%). No lado das quedas, o destaque foi para o subitem empregado doméstico (-0,52%). 

IMPOSTO-RENDA

Senado aprova isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 2.824

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano, medida válida para empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e demais contribuintes, e outros 35 milhões de cidadãos

17/04/2024 20h00

A exemplo do que fez no ano passado, Lula reajustou a faixa de isenção do IR, ampliando o número de contribuintes que deixarão de pagar o tributo Marcos Oliveira / Agência Senado

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O Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o projeto de lei que isenta de Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos, R$ 2.824 mensais. O texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A medida adotada pelo governo vem para evitar que pessoas que estavam isentas de IRPF passem a recolher pela primeira faixa da tabela por causa do último reajuste do salário mínimo —que subiu para R$ 1.412 em 1º de janeiro.

A exemplo do que fez no ano passado, Lula reajustou a faixa de isenção do IR, ampliando o número de contribuintes que deixarão de pagar o tributo. Salários, aposentadorias e pensões de dois salários mínimos ficarão isentos.

O reajuste é de R$ 6,97% na faixa inicial, subindo de R$ 2.112 para R$ 2.559,20. O governo concedeu um desconto extra de R$ 564,80 para chegar à isenção ao R$ 2.824.

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano, medida válida para empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e demais contribuintes, e outros 35 milhões de cidadãos pagarão menos IR por causa da progressividade da tabela.

O texto foi enviado ao Congresso em fevereiro como MP (medida provisória), mas acabou avançando via projeto de lei diante da resistência da Câmara com a tramitação de MPs, que exigem uma comissão formada por deputados e senadores.


O projeto de lei foi apresentado pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e relatado no Senado pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).

Durante a votação, senadores de oposição lembraram a promessa de Lula de isentar de IR quem ganha até R$ 5.000 por mês e tentaram ampliar a isenção de dois para três salários mínimos, o equivalente a R$ 4.236,00.

A proposta, no entanto, acabou derrotada durante a votação.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que, antes de Lula, a tabela do Imposto de Renda não era corrigida desde 2015 —no governo Dilma Rousseff (PT).

"Não é não querer dar. É, infelizmente, tem que dar sem provocar um impacto negativo, que seria eventualmente o não controle das contas públicas. Nós já estamos com um problema que não é nosso, é das guerras lá fora. Sobe petróleo, sobe dólar. Daqui a pouco vão querer subir juros."

Em seu parecer, o líder do governo Lula no Congresso disse também que o debate sobre a isenção será "mais bem aprofundado" durante a tramitação da reforma do Imposto de Renda —que o governo pretende enviar ao Congresso até o fim do ano.


Em janeiro, Lula reforçou o compromisso de campanha em entrevista a uma rádio na Bahia: "Eu tenho um compromisso de chegar até o fim do meu mandato isentando todo mundo que ganhar até R$ 5.000. Nesse país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda e quem vive de salário paga Imposto de Renda".

Segundo o governo federal, a redução de receitas prevista com a medida neste ano é de R$ 3,03 bilhões. O valor passa para R$ 3,53 bilhões no próximo ano e para R$ 3,77 bilhões em 2026.

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Economia

BC não intervém no câmbio quando mercado precifica risco de investir no Brasil, diz Campos Neto

Declaração foi dada após dólar ter tido cinco sessões consecutivas de fortes altas

17/04/2024 14h00

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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O Banco Central não faz intervenções no mercado de câmbio quando os agentes econômicos precificam o risco de investir no Brasil, afirmou Roberto Campos Neto, presidente da autoridade monetária, nesta quarta-feira (17).

A declaração foi dada em uma reunião com investidores, organizada pela XP, em Washington, nos Estados Unidos, um dia depois de o dólar ter encerrado a sessão de terça (16) cotado a R$ 5,268, operando em seu maior valor desde março de 2023.
Após cinco sessões consecutivas de fortes altas, a moeda americana operava em queda na manhã desta quarta, devolvendo parte dos ganhos.

Segundo Campos Neto, essa função é usada em casos de disfunção no mercado de câmbio, lacuna de liquidez ou episódios marcados por má interpretação dos investidores.
"Não reagimos ao fato de as pessoas estarem precificando nosso prêmio de risco. Reagir a isso é muito perigoso porque há muitas maneiras diferentes de fazer hedge [instrumento de proteção] do prêmio de risco no Brasil", disse.

O presidente do Banco Central atribuiu a maior parte do estresse do mercado financeiro à piora do cenário externo e outra parcela à questão fiscal doméstica.

No cenário global, o principal fator de atenção está relacionado à perspectiva de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) reduza os juros apenas no segundo semestre devido à resiliência da economia americana. Houve ainda o acirramento dos conflitos no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel e um eventual impacto sobre o preço do petróleo.

Na política doméstica, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs uma revisão na trajetória das contas públicas, reduzindo a velocidade do ajuste fiscal. Para 2025, a meta fiscal passa a ser zero, não mais um superávit 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto), conforme o PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) do próximo ano.

"Há muito tempo dizemos que é muito importante perseverar com as metas. Novamente, não há relação mecânica [entre a questão fiscal e a política de juros]. [...] Mas a evidência que temos do que aconteceu nos últimos dias nos diz que o mercado ficou mais preocupado com a parte fiscal", disse.

"Isso pode mudar as expectativas sobre qual será o equilíbrio fiscal no futuro e isso terá um efeito no prêmio de risco. Isso também torna o trabalho [do BC], em termos de política monetária, mais difícil e mais custoso. A reação do mercado implica que parte da revisão recente vem da parte fiscal, mas uma parte muito maior vem do [ambiente] externo", complementou.

Campos Neto voltou a afirmar que as âncoras fiscal e monetária estão muito relacionadas e que, com a mudança em um dos lados, a autoridade monetária precisa entender agora como isso influenciará a sua função de reação.
"Sempre defendemos o fato de que eles deveriam se ater à meta e fazer o que fosse necessário para alcançá-la. Entendemos que houve a necessidade de mudança. A ideia não é comentar tanto sobre fiscal, mas tentar ver como isso vai influenciar nossas funções de reação através das várias medidas que são importantes para nós", disse.

"O importante para nós é como essas variáveis [decorrentes da questão fiscal e do cenário externo] influenciam nosso quadro e se achamos que isso é temporário ou se há uma mudança mais estrutural na qual precisamos prestar atenção", acrescentou.

Diante de uma nova turbulência no cenário econômico, Campos Neto relembrou uma conversa que teve com seu antecessor, Ilan Goldfajn, quando assumiu o comando da autarquia.

"Ele me disse que nunca há um momento calmo no Banco Central. Acho que estava certo. Quando olho para trás naqueles anos em que começamos, tivemos crise na Argentina, depois Brumadinho [rompimento da barragem]. Acho que não tivemos um período de três meses sem qualquer tipo de crise", afirmou.

O presidente do BC disse também que a autoridade monetária fará o que for necessário para levar as expectativas de inflação em direção às metas definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

A partir deste ano, o alvo é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

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