O dia de Finados, lembrado neste domingo (02) é dedicado à lembrança de pessoas que já faleceram e fazem falta no dia a dia na vida de tanta gente. Assim, a data leva muitos à visitas de cemitérios para prestar homenagens a entes queridos, decorando os túmulos com flores e velas.
Consequentemente, a data aumenta a procura por esses itens durante o período. Quem já saiu para comprar antecipadamente, já percebeu a variação de preço entre os produtos.
Uma pesquisa divulgada pela Superintendência de Orientação e Defesa do Consumidor (Procon) nesta sexta-feira (31) avaliou 10 estabelecimentos distintos da Capital. Os dados mostraram que a diferença de preços dos vasos de flores entre os comércios chegam a 194,12% em Campo Grande.
O levantamento abrangeu 59 produtos mais procurados nesta época do ano, como as velas e flores. A maior oscilação entre as velas foi entre a vela palito nº6, com o preço médio de R$9,99. O menor preço encontrado foi R$7,19 e o maior, R$12,49.
Com relação às flores, foram analisadas os crisântemos e a kalanchoe. O preço do crisântemo varia entre R$7,90 a R$35, causando uma variação de até 194,12%. Entre as kalanchoes, o preço mínimo encontrado foi de R$19,90 e o máximo, R$45, uma variação de até 80,72%.
Preparação para a data
Nos cemitérios de Campo Grande, a preparação para a data já começou, tanto entre os visitantes como entre os comerciantes.
No cemitério Santo Antônio, no centro da cidade, a dona Lourdes de Oliveira, de 64 anos, já reservou seu espaço na calçada para a venda de suas flores. Ela e o marido chegaram na quarta-feira (29) e só vão embora depois do movimento do dia 02.
Ela contou ao Correio do Estado que está no mesmo ponto de venda há mais de 30 anos e notou que o movimento no dia de Finados tem diminuído.
“A gente espera vender o quanto for possível. A cada ano, a venda tem diminuído. O povo parece que está mais cansado, o cemitério também ‘tá’ muito mal cuidado. O pessoal até vem, mas não tem mais aquele ânimo para comprar como antigamente”, relatou.
Ela vende flores artificiais e essa é a principal fonte de renda da família. Além do cemitério, ela passa o ano rodando por feiras e fornecendo os produtos para lojas. Entre os produtos, se destacam as flores realistas de plástico, produtos que ela compra de terceirizados; e as flores de E.V.A, produzidas por ela mesma.
“Às vezes, têm encomendas para Vicentina, Terenos. Além das flores, a gente fabrica os vasos de gesso e de madeira. A expectativa é boa para esse ano”, ressalta.
Lourdes é a única que vende flores artificiais na área. Os preços dos produtos variam de R$5 a R$45, sendo as orquídeas gigantes as mais caras.
Lourdes e o marido vendem as flores há mais de 30 anos / Foto: Gerson Oliveira/Correio do EstadoA partir de amanhã (01), mais vendedores devem se juntar a ela com a venda de flores naturais no cemitério e em outras regiões.
É o caso da Edimary Lucia Lopes, de 45 anos, que chegou hoje de manhã no Cemitério Santo Amaro para expor suas flores. Ela começou a vender na data em 2020 e também percebeu que o movimento está um pouco menor.
“O dia de Finados dá movimento, não tem jeito. As pessoas sempre vêm prestar homenagens. Em 2023, teve muita gente. Já em 2024, o movimento caiu, provavelmente por causa da chuva. Vamos ver como vai ser nesse ano”, explicou à reportagem.
O produto mais procurado, segundo ela, é o crisântemo, a flor tradicional do feriado. Ela simboliza tristeza, luto e a eternidade. Em algumas culturas, representa a vitória da vida sobre a morte.
“Os meus vasos têm fita, plástico e são diferentes tamanhos. O mais barato é R$10 e o mais caro chega a R$50, que são os vasos grandes. O crisântemo ainda é o mais procurado, junto com a kalanchoe”.
Preços de flores naturais varia entre R$10 e R$50 / Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado
Os preparos também continuam entre os visitantes. A engenheira civil Gisele Marques Figueiredo, de 56 anos, passou o dia de hoje arrumando o jazigo da família. Este é o primeiro ano que ela passa sem a mãe, que faleceu no último dia 26 de agosto, aos 83 anos.
“O jazigo é do meu avô, que está enterrado há quase 60 anos. Minha mãe cuidava todos os anos, até quando ela podia vir, quando estava na cadeira de rodas. Eu tirava fotos, mandava pra ela, ela dizia como ela queria”, contou emocionada.
Ela relatou que a família tem o costume de ir todos os anos. Mesmo em poucas pessoas, eles se reúnem e cumprem todas as tradições, entre rezas, visitas a outros parentes enterrados e o acendimento de velas.
“Nossa família é pequena, minha mãe é filha única e minha filha também é única. Mas nós sempre arrumamos tudo antes. Arrumamos hoje o jardim, trouxe as flores que encomendei antes, já deixei tudo arrumado e no domingo, fazemos o nosso rito de todo ano”, disse.
Ela contou que o valor das flores não variou tanto entre os anos, embora tenha aumentado um pouco.
“Como eu compro antecipado, eu não sinto tanta variação. Talvez amanhã esteja mais caro, sim. Mas eu compro no mesmo lugar, tanto pra parte de dentro como para o jardim, então eu sempre estou preparada para o preço”.
Gisele contou que o jazigo foi construído pelo avô, que era construtor, e fez a construção da própria capela. No entanto, assim como outros túmulos do cemitério, sofre com o vandalismo.
“Tinha escrito o nome dele, da família, mas no ano passado, estavam faltando letras e mandamos fazer de novo. Estamos arrumando e continuamos mantendo, mas é triste a gente vir visitar e, às vezes, estar estragado. Mas a gente continua mantendo a limpeza, tiramos os matos, colocamos pedrinhas, enceramos. Se não tiver nenhum vandalismo, só precisamos conservar”, ela disse.
Preços de flores naturais varia entre R$10 e R$50 / Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado


