Economia

POSTOS DE TRABALHO

Indústria é o segundo setor que mais gera empregos no Estado

Entre janeiro e novembro deste ano, MS teve um saldo positivo de 26.776 postos formais

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Com a chegada de novos empreendimentos e megafábricas a Mato Grosso do Sul, a indústria tem se destacado na geração de empregos. Dados do do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontam que o setor foi o segundo que mais gerou empregos no Estado entre janeiro e novembro deste ano.

Em 11 meses, Mato Grosso do Sul registrou saldo positivo de 26.776 empregos com carteira assinada, resultado de 388.856 admissões e 362.080 demissões.

O setor de serviços lidera, com 13.485 vagas ou 50,36% do total, seguido por indústria, com 8.039 postos formais ou 30% do saldo, comércio, com saldo positivo de 4.991 empregos, e agropecuária, com 3.747 carteiras assinadas. O único saldo negativo foi da construção civil, com 3.485 demissões a mais que contratações.

Conforme já adiantado pelo Correio do Estado na edição do dia 4 de novembro, Mato Grosso do Sul superou o título de “celeiro do agro”, ao aumentar a produção de industrializados, e tem se consolidado como o Vale da Celulose, pelo aumento considerável na produção da fibra de eucalipto e por abrigar a maior fábrica de celulose do mundo. 

Para além da produção de celulose, o Estado também desponta com novos investimentos em soja e milho processados e aumento da capacidade de armazenagem. A Suzano, em Ribas do Rio Pardo, por exemplo, começou a operar em julho deste ano e já garante, sozinha, 3 mil empregos formais no Estado. 

O doutor em Administração Leandro Tortosa destaca que a geração de emprego é o principal fator da industrialização.

“Com a expansão dos investimentos, mais empregos são criados, beneficiando a economia local”, frisa.

A industrialização da produção local é o foco do governo estadual, e agregar valor aos produtos sul-mato-grossenses tem sido o principal caminho apontado para o desenvolvimento econômico de MS. 

A renomada economista Zeina Latif disse, em entrevista ao Correio do Estado, que, para que a economia de Mato Grosso do Sul deslanche de vez, é necessário que haja um maior investimento na indústria e na comercialização dos produtos industrializados.

“O efeito multiplicador na economia é forte porque a indústria tem um peso muito importante. Então, por exemplo, parte do setor de serviços vem atrás porque é justamente de provedores de serviços para a indústria”, considera.

MENSAL

Em novembro, Mato Grosso do Sul registrou o primeiro saldo negativo do ano, com 179 demissões a mais que admissões. Foram 30.494 contratações e 30.673 demissões no mês passado, resultado que sinaliza uma redução de postos de trabalho em comparação ao mês de outubro.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o que vemos hoje no mercado de trabalho formal é uma estabilidade. 

“O resultado de novembro foi motivado pela agropecuária, que é um setor altamente dependente dos ciclos de plantio e colheita, que são sazonais. As culturas de verão estão em fase final de plantio, com as vagas já ocupadas e, portanto, é natural que não sejam criados novos postos de trabalho”.

A maioria dos setores de atividade econômica teve um desempenho positivo em novembro. O destaque ficou com o setor de comércio (680), seguido por serviços (537), indústria (155), construção (-746) e, por fim, agropecuária (-805). 

A queda no saldo de empregos na construção, na avaliação de Verruck, também demonstra a sazonalidade do setor, marcada pelo término de projetos e o intervalo até o início de novas obras. 

“Em toda a Região Centro-Oeste o cenário foi parecido, em função das características da economia da região. Em MS, tivemos a conclusão da Suzano e a finalização de outras grandes obras, portanto, isso interferiu nas vagas da construção”, explica o titular da Semadesc.

DESOCUPAÇÃO

Autoridades de Mato Grosso do Sul fazem questão de destacar que o Estado tem a terceira menor taxa de desocupação do Brasil, apenas 3,8% da população economicamente ativa, o que significa pleno emprego.

Mesmo assim, 1,4 milhão de pessoas estão inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), conforme dados relativos a novembro divulgados nesta sexta-feira pelo governo federal.

Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos ao último Censo, divulgado em meados no ano passado, mostram que o Estado tinha 2.757.013 habitantes. Então, se 1,4 milhão de pessoas estão inscritas no CadÚnico, isso significa que mais da metade dos moradores dizem estar vivendo em situação de pobreza ou ter baixa renda, o que está acima da média nacional.

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Economia

Com mais uma megafábrica de celulose, MS vira "hub para o mundo", diz Alckmin

Vice-presidente lançou pedra fundamental da Arauco em Inocência e destacou que maiores indústrias estão instaladas no Estado

09/04/2025 15h01

Geraldo Alckmin participou do lançamento da fábrica de celulose da Arauco em MS

Geraldo Alckmin participou do lançamento da fábrica de celulose da Arauco em MS Foto: Saul Schramm / Secom MS

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O vice-pesidente da República, Geraldo Alckmin, disse que as grandes indústrias instaladas em Mato Grosso do Sul transformam o Estado em "um grande hub para o mundo". A afirmação foi feita durante lançamento da pedra fundamental da megafábrica de celulose da Arauco, em Inocência, nesta quarta-feira (9).

"É o maior projeto do mundo de celulose em uma única etapa, R$ 25 bilhões de investimentos”, ressaltou o vice-presidente.

“A indústria da exportação da celulose cresceu, de 2023 para 2024, 24%. É importante na pauta da exportação brasileira e no saldo da balança comercial, agrega valor, gera emprego, está na vanguarda da inovação, certamente uma das indústrias mais modernas do mundo. Mato Grosso do Sul é um grande hub para o mundo, as maiores indústrias estão hoje aqui instaladas”, disse Alckmin.

“Nós estivemos com o presidente Lula, a ministra Simone [Tebet], o governador Eduardo [Riedel], há poucas semanas em Ribas do Rio Pardo e agora aqui em Inocência. Destacar a Arauco, um dos maiores investimentos do mundo aqui em Mato Grosso do Sul, isso mostra confiança no Brasil”, acrescentou.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou o potencial industrial do Estado, especialmente no chamado "vale da celulose", com quatro grande fábricas do segmento, sendo duas da Suzano em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo; a Eldorado, também em Três Lagoas, além da Bracell, que solicitou estudos de viabilidade para construir unidades no Estado e da Arauco, lançada hoje.

"É Mato Grosso do Sul ajudando o Brasil naquilo que o presidente Geraldo Alckmin deixou muito claro aqui, ajudando no desenvolvimento. Uma coisa importante quando a gente fala em exportação, em balança comercial, superavitária, nós estamos falando em trazer mais dólares e, quando a gente traz mais dólares, isso fortalece a nossa moeda", disse a ministra.

"Como tudo que a gente compra tem componente com moeda estrangeira, trazer mais dólar para o Brasil através da exportação, por exemplo, da celulose, significa, inclusive, lá na ponta, diminuir a inflação, dos produtos e a inflação dos alimentos, essa é a importância deste momento", explicou Simone.

Ela destacou ainda a Rota Bioceânica, que irá trazer investidores de outros países, além de diminuir a distância dos produtos do Estado exportados para o mercado asiático.

Já o governador Eduardo Riedel ressaltou que é um desafio a mão de obra qualificada, mas que as indústrias têm gerado milhares de emprego e que é importante investir na qualificação para preencher essas vagas.

"Mato Grosso do Sul está em pleno emprego e a gente está atraindo pessoas de outros estados num movimento de crescimento muito grande. Então nós temos realmente que trabalhar na qualificação, na capacitação, na educação, para proporcionar a toda uma geração acesso às oportunidades que estão colocadas", disse o governador.

Arauco

A fábrica de celulose da Arauco será instalada em Inocência. A obra integra o projeto Sucuriú, que investe 4,6 bilhões de dólares no país. O investimento inclui a construção de uma planta com capacidade de produção de 3,5 milhões de toneladas de fibra curta de celulose ao ano.

A etapa de terraplanagem começou em 2024 e a previsão de entrada em operação é no final de 2027.

Durante as obras, a Arauco vai oferecer capacitação e gerar mais de 14 mil oportunidades de trabalho. Depois, a expectativa é que o Projeto Sucuriú empregará cerca de 6 mil pessoas nas unidades florestal, fábrica e operações de logística.

Para ter matéria-prima, cerca de 400 mil hectares de eucaliptos já foram ou serão plantados no entorno. 

Além de celulose, a previsão é de que o Projeto Sucuriú, que ficará às margens do rio como mesmo nome, produza eletricidade em larga escala e em um ciclo fechado (completo), com capacidade de geração superior a 400 megawatts (MW) e aproximadamente 200 MW destinados à demanda de consumo interno.

O excedente, suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes, será fornecido ao sistema de comercialização de energia elétrica nacional.

Antes mesmo de iniciar as obras da primeira etapa a direção da Arauco já fala em dobrar a capacidade de produção em uma segunda fase. 

No país desde 2002, a Arauco atua nos segmentos Florestal e de Madeiras e conta com cinco unidades industriais brasileiras. A unidade de Inocência será a primeira fábrica de celulose branqueada.

Risco sanitário

Às vésperas de "churrasco em Paris", ação na Justiça expõe gado clandestino em MS

Fazenda no Pantanal pode ter até 1,6 mil animais sem documentação; no fim do mês, Estado recebe status de área livre da aftosa

09/04/2025 08h00

Gado clandestino na Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia; animais não estão registrados na IagroGado clandestino na Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia; animais não estão registrados na IagroGado clandestino na Fazenda Clarão da

Gado clandestino na Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia; animais não estão registrados na IagroGado clandestino na Fazenda Clarão da Lua, no Pantanal da Nhecolândia; animais não estão registrados na IagroGado clandestino na Fazenda Clarão da Divulgação

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A poucos dias do “churrasco em Paris” prometido por autoridades de Mato Grosso do Sul, como o governador Eduardo Riedel (PSDB) e o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, no dia em que o Estado receber o status de área livre da febre aftosa sem vacinação, a disputa por uma fazenda no Pantanal da Nhecolândia – distante 230 quilômetros de Corumbá – expõe um possível descontrole sanitário em MS: até 1,6 mil bovinos que estão na Fazenda Clarão da Lua simplesmente não existem para a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro).

O rebanho sem nenhum controle, como a vacinação contra doenças como raiva e brucelose e mesmo a aftosa – que era exigida até dois anos atrás –, estava na Fazenda Clarão da Lua, que é alvo de uma disputa judicial por sua titularidade, envolvendo o atual arrendatário, Amerco Rezende de Oliveira, o atual proprietário, Rodrigo Ricardo Ceni, e o antigo proprietário, Marcos Garcia Azuaga.

Em meio às disputas pela fazenda, Rodrigo Ricardo Ceni conseguiu o cumprimento de um mandado de reintegração de posse contra Amerco Rezende. A fazenda, que era de Marcos Garcia, foi comprada por Rodrigo e, quatro dias depois, revendida a Marcos. O inadimplemento dos contratos de compra e venda foi o que causou a enxurrada de ações judiciais pela posse e propriedade da fazenda.

O problema surgiu antes do cumprimento do atual mandado de reintegração de posse, determinado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), que ordena que Ceni devolva a posse da fazenda a Amerco Rezende. Quando tomou posse da propriedade, no dia 20 de março, o oficial de Justiça que esteve no local teve contato com dois capatazes, e cada um informou um número diferente de bovinos na fazenda de 3 mil hectares. O primeiro disse que havia 800 rezes no local, já o outro falou em 1,6 mil. Não houve contagem, e o mandado de reintegração de posse também não determinava tal feito.

Agora, Ceni tenta adiar a devolução da posse porque, ao consultar a Iagro, não encontrou nenhum animal registrado na fazenda objeto da disputa. O temor de Ceni, além do financeiro, de ter de arcar com responsabilidades sobre os bovinos que estão na área, é também sanitário: não há nenhum controle sobre os bovinos clandestinos.

Nos bastidores, há peões da região que acreditam que os animais que estão na Fazenda Clarão da Lua tenham vindo da Bolívia.

Guilherme Bumlai, o presidente da Acrissul, que disse que estaria no “churrasco em Paris” com Eduardo Riedel, advoga para Amerco Rezende, que mantinha os supostos bois clandestinos, nas ações.

A disputa está em pleno vigor. A expectativa é de que os técnicos da Iagro vão ao local, acompanhados de oficiais de Justiça, na segunda quinzena deste mês. Também é na segunda quinzena deste mês que uma comitiva de Mato Grosso do Sul vai a Paris, à sede da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), para receber o certificado de área livre de aftosa sem vacinação.

Mais mercados

O certificado de área livre da febre aftosa sem vacinação pode ajudar Mato Grosso do Sul. O certificado nas mãos das autoridades sanitárias abrirá muitos mercados para o Estado, em meio às restrições impostas pelo governo do republicano Donald Trump, nos Estados Unidos.

Em entrevista ao Correio do Estado na semana passada, o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que Mato Grosso do Sul não tem outro mercado para alocar o volume comprado pelos Estados Unidos, que é o segundo maior destino das exportações locais, só atrás da China.

Em 2024, por exemplo, os norte-americanos importaram quase US$ 700 milhões de carne sul-mato-grossense, o que, com as tarifas em vigor, geraria um custo adicional de US$ 70 milhões para acessar aquele mercado.

Conforme Verruck, o reconhecimento de área livre de aftosa sem vacinação mitiga parte dos impactos das tarifas norte-americanas. “Ele [o reconhecimento de área livre de aftosa sem vacinação] minimiza [o impacto], no sentido de nós podermos deslocar nossa produção para novos mercados”, explica.

“Ele [o reconhecimento] vai se posicionar como alternativa de entrada em novos mercados daqueles produtos que nós não conseguimos mais colocar nos Estados Unidos”.

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