O setor sucroenergético de Mato Grosso do Sul projeta uma produção 11% maior na próxima safra. A previsão é da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul).
A informação foi divulgada na abertura da Expocana, no município de Nova Alvorada do Sul, cidade distante 120 km de Campo Grande, um dos maiores polos produtores de cana-de-açúcar do Brasil.

Na safra atual, que termina neste mês, Mato Grosso do Sul produziu 4,2 bilhões de litros de etanol. Para o próximo ciclo, que começa no dia 1º de abril, a expectativa é de que a produção de etanol atinja 4,7 bilhões de litros.
“O setor está em um momento importante de expansão, com novos investimentos e com a ampliação do portfólio de produtos”, enfatiza o presidente da Biosul, Amaury Pekelman.
Segundo ele, “a Expocanas é um espaço estratégico para reforçarmos parcerias e mostrarmos ao Brasil que Mato Grosso do Sul está na vanguarda da bioenergia, gerando desenvolvimento econômico e sustentável”.
De acordo com Pekelman, alguns fatores foram importantes para a volumosa produção de etanol neste ano no Estado. Entre eles está a complementaridade do etanol de milho, que trouxe um salto tecnológico e estratégico para a produção do biocombustível.
Outro aspecto importante foi a resiliência do setor, o qual, mesmo com a redução na moagem de cana em função de eventos climáticos adversos, manteve sua capacidade produtiva e gerou resultados importantes.
No ciclo que se encerra, houve uma redução de apenas 5,1% na quantidade de cana processada – foram 48,5 milhões de toneladas.
Apesar disso, a produção de etanol na safra 2024/2025 foi 10% maior que a anterior, em virtude do etanol de milho, que deu um impulso na produção sul-mato-grossense e que já atinge uma participação de 37% no total de produção do combustível.
A produção de açúcar foi de 2 milhões de toneladas, mantendo-se praticamente estável em relação ao ano anterior, com um aumento de 0,1%.
A Expocana, realizada pela Associação Sul-Mato-Grossense dos Fornecedores de Cana (Sulcanas), com apoio da Biosul, já faz parte do calendário oficial de eventos do Estado.
Em um formato de feira multisetorial, o evento é o ponto de encontro de fornecedores de cana-de-açúcar e de outras matérias-primas como o milho, a soja e o sorgo, usinas de bioenergia, empresas de insumos e máquinas agrícolas, laboratórios, centros pesquisas de variedades de cana, consultorias ambientais e entidades do setor produtivo, além de atrair visitantes de diversas localidades do País.
BIOMETANO
A abertura da Expocana também foi marcada por lançamentos. O grupo Atvos, que produz etanol e açúcar em três municípios de Mato Grosso do Sul, recebeu a licença de instalação de sua primeira unidade de biometano a partir da vinhaça – um investimento de R$ 350 milhões.
“Dentro do nosso programa [de tornar] Mato Grosso do Sul um estado carbono neutro, temos uma linha estratégia de descarbonização de frota, fomentando a implementação de projetos de geração de biometano”, comentou o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.
“No setor sucroenergético, a Adecoagro já segue nessa linha e agora a Atvos já vai construir a sua usina de biometano”, afirmou.
Além de substituir o diesel, o biometano também pode ser utilizado para uso industrial, substituindo o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o óleo combustível, e até mesmo em usinas termelétricas.
“Isso demonstra o potencial de avanço desse combustível fundamental no processo de transição energética. Trata-se de uma rota tecnológica de descarbonização de frota e também da produção, por meio da energia elétrica a partir do biometano”, acrescentou Verruck.