Economia

LEGISLAÇÃO

Projeto que desobriga a silvicultura de licenciamento pode fomentar setor em MS

Quatro de cinco municípios com as maiores áreas de florestas de eucalipto plantadas no País estão em Mato Grosso do Sul

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Com uma área de floresta plantada que totaliza 1,3 milhão de hectares, Mato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros que mais cresce na silvicultura (cultivo de árvores) nos últimos anos. Em segundo lugar no ranking nacional, a atividade pode ganhar novo gás com a aprovação do projeto de lei que desobriga a necessidade de licenciamento ambiental.


O Projeto de Lei (PL) nº 1366/2022, do Senado, que exclui a silvicultura do rol de atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais, foi aprovado pela Câmara dos Deputados no início do mês passado e enviada à sanção presidencial.


Se aprovada, a lei permitirá que a atividade de plantio de florestas para extração de celulose, como pinus e eucalipto, não precise de licenciamento ambiental, excluindo também o pagamento da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TFCA). A mudança ocorre na lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981). 


O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) avalia a proposta da exclusão da silvicultura da lista de atividades poluidoras como um avanço positivo para a economia em MS. 
“Trata-se de uma atividade que, quando feita de forma adequada e com responsabilidade, contribui para o reflorestamento e para a redução de emissões de gases em nossa atmosfera”, frisa.


O economista pontua que o ato proposto também beneficia o setor no sentido de reduzir a burocracia, o que permitirá o desenvolvimento mais perene e acelerado do setor produtivo. 


“Com maior segurança econômica e jurídica para os envolvidos, a mudança vai atrair mais investimentos, beneficiando, assim, toda a economia das regiões onde atua”, analisa Melo.


De encontro aos benefícios que a aprovação do projeto pode resultar para o Estado, como o auxílio no objetivo de tornar Mato Grosso do Sul neutro na emissão de carbono, o governador Eduardo Riedel (PSDB) se posicionou a favor da medida, por meio de um ofício encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


“É muito importante que essa ação seja levada adiante pela função que a atividade florestal cumpre não só em MS, mas no Brasil inteiro”, reiterou Riedel, destacando que somente no Estado são mais de 30 mil empregos gerados pelo segmento.


Já a Reflore Mato Grosso do Sul, entidade que representa os produtores e consumidores de florestas plantadas no Estado, sublinha a relevância da silvicultura para a economia nacional. O setor, segundo a organização, é fundamental não apenas para a geração de empregos e renda, mas para as exportações do País.


Estudos da Embrapa Floresta corroboram a importância do manejo florestal adequado. A instituição afirma que plantações florestais comerciais bem manejadas mantêm perdas de solo dentro dos limites aceitáveis, comparáveis às da mata nativa, oferecendo ainda excelente cobertura ao solo. 

OUTRO LADO


Para ambientalistas e organizações ligadas ao meio ambiente, o projeto é inconstitucional e tem potencial de causar riscos ao meio ambiente. Ainda, a mudança é contrária ao interesse público, o que reforça a importância do licenciamento ambiental como medida preventiva essencial para o desenvolvimento sustentável do País.


Posicionados contra o projeto de lei, a Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), o Instituto Socioambiental (ISA), o Observatório do Clima e a WWF Brasil enviaram um ofício ao presidente Lula pedindo que ele vete o projeto de lei de forma integral.


“A silvicultura, especialmente em larga escala, tem um potencial poluidor significativo que não pode ser ignorado. Permitir que essa atividade ocorra sem o devido licenciamento ambiental é um convite à ampliação da degradação ambiental e à extinção de espécies”, alertou presidente da Abrampa, Alexandre Gaio.


O principal argumento das organizações seria que o projeto permite dispensar o licenciamento ambiental prévio para atividades da silvicultura. Em um dos documentos enviados ao presidente, as organizações citam decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que apontam para necessidade do licenciamento prévio para atividades que possam causar degradação ambiental.


“São múltiplas as decisões do STF afirmando a inconstitucionalidade de se dispensar a silvicultura de licenciamento ambiental, por se tratar de atividade potencialmente causadora de degradação ambiental”, disse Mauricio Guetta, consultor jurídico do ISA, em nota à imprensa.


De acordo com as entidades ambientalistas, o projeto aumenta a vulnerabilidade das espécies nativas, facilitando a propagação de espécies exóticas invasoras, contamina os corpos d’água pela utilização intensiva de agrotóxicos e fertilizantes e reduz a biodiversidade, por conta da conversão de áreas naturais em monoculturas florestais, além de promover conflitos pelo uso da terra e dos recursos hídricos.

EUCALIPTO


A plantação de grandes extensões de eucalipto tem aspectos que podem ser considerados positivos, como captação de carbono, porém, afeta outros aspectos do meio ambiente, pois as árvores consomem grande quantidade de água e não abrigam diversidade de fauna.


Potência no segmento florestal, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) sobre produção da extração vegetal e da silvicultura, quatro dos cinco municípios brasileiros com as maiores áreas de florestas plantadas estão localizados no Estado. São destaques Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, que apresentaram 264,2 mil hectares e 251,3 mil hectares, respectivamente, de áreas de florestas plantadas. 


Também situados na região leste, Brasilândia e Água Clara completam a lista dos principais produtores. Selvíria também se destaca, ocupando a sétima posição nacional em área de floresta plantada.


Em relação aos valores dessas produções, a pesquisa ainda revela que cinco municípios de Mato Grosso do Sul figuram entre os 15 principais do País na silvicultura. Três Lagoas é o maior, situando-se em sexto lugar no ranking nacional, seguido por Ribas do Rio Pardo e Brasilândia, em oitavo e nono lugares, respectivamente. Selvíria (11ª) e Água Clara (13ª) também marcaram presença no top 15 em 2022.

Saiba

Licença ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas
pelo empreendedor.

Economia

Campo Grande sai na frente e tem a gasolina mais barata de MS

Os dados foram coletados em 53 postos de combustíveis da capital e do interior

20/11/2024 12h30

Campo Grande sai na frente e tem a gasolina mais barata de MS

Campo Grande sai na frente e tem a gasolina mais barata de MS Gerson Oliveira

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O combustível, um produto essencial no dia a dia de muitos cidadãos, pode impactar significativamente o orçamento mensal de um motorista devido às variações de preço. Um levantamento realizado pelo Procon de Mato Grosso do Sul revelou diferenças de 22,98% a 32,25% nos valores médios da gasolina comum e do etanol comum entre as diversas regiões do Estado.

Segundo o Procon/MS , a pesquisa revelou que a maior variação nos preços de combustíveis foi registrada na gasolina comum para pagamentos em dinheiro. Em Campo Grande, o litro custava R$ 5,74, enquanto em Corumbá o valor chegava a R$ 7,05.  

Para pagamentos no cartão de crédito, Campo Grande também apresentou o preço mais baixo, R$ 5,74, enquanto o valor mais alto foi encontrado em Jardim, a R$6,45. Já na modalidade débito, os preços variaram de R$5,74, novamente na Capital, até R$6,45 em Jardim.

No caso do etanol comum pago no dinheiro, a diferença nas bombas pode chegar a 32,35%, variando entre R$3,75 e R$4,96 nos municípios de Campo Grande e Corumbá, respectivamente. No caso dos cartões de débito, as médias são de R$3,75 e R$3,87
no crédito.

Em relação ao diesel S10 comum, as variações foram de R$5,97 e R$7,42, apresentando 24,40%. A aditiva, pode chegar a R$5,89 a R$7,42.

Os dados foram coletados em 53 postos de combustíveis na capital e no interior, como Coxim, Ponta Porã, Três Lagoas, Jardim, Aquidauana e Corumbá.

Confira a tabela de variação e preço completa, abaixo: 

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Tratativas

Gás natural argentino é fundamental para o pleno funcionamento da UFN3

Há a necessidade de aumentar a oferta do gás no País; o transporte via Gasbol é a melhor opção para MS

20/11/2024 09h30

MARCELO VICTOR

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Com o avanço das tratativas para a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3), outra preocupação é o aumento da oferta do gás natural, matéria-prima da fábrica de fertilizantes. O acordo firmado entre os governos do Brasil e da Argentina para viabilizar a importação do combustível argentino ao País pode ser fundamental para consolidar a produção dos nitrogenados em Mato Grosso do Sul. 

Conforme adiantou o Correio do Estado na edição de ontem, uma das possibilidades é que o gás natural da região de Vaca Muerta, na Argentina, chegue ao Brasil por meio do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), via Corumbá.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a ampliação da oferta do combustível é essencial para o funcionamento da indústria em Três Lagoas. 

“Temos que aumentar a oferta de gás para atender a UFN3, que serão 2,5 milhões de metros cúbicos diários necessários daqui a dois anos. Claramente tem um grande cenário a ser discutido, e Mato Grosso Sul tem que estar olhando isso de uma maneira muito próxima, de tal forma a ampliar a oferta de gás.

E no curto prazo, o que está mais disponível e com preço mais competitivo é o gás natural argentino. Estamos com o olhar bastante atento, procurando fazer as articulações nacionais e internacionais para que a gente tenha aumento da oferta de gás pelo Gasbol”, explica Verruck ao Correio do Estado.

Algumas rotas estão em estudo para o envio de gás da Argentina ao Brasil. A primeira delas envolve a reversão do fluxo do Gasbol, transportando o gás da Argentina para a Bolívia e, de lá, para o Brasil. 
A segunda opção seria a construção de um gasoduto atravessando o Chaco paraguaio, cuja viabilidade ainda precisa ser estudada. A terceira rota prevê a conexão direta dos gasodutos argentinos com a cidade de Uruguaiana (RS). Outra alternativa seria uma passagem pelo Uruguai. 

Como noticiado pelo Correio do Estado em maio deste ano, o Paraguai avança nas tratativas para uma via alternativa, para construir um novo gasoduto, que conecte os três países – Argentina, Paraguai e Brasil –, e a construção dessa via beneficiaria MS também.

Por fim, também é considerada a possibilidade de transformar o produto em gás natural liquefeito (GNL) para exportação via navios, embora essa opção aumente os custos.

Para Mato Grosso do Sul, a melhor opção seria a reversão do fluxo e o transporte via Gasbol, uma vez que a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o gás natural ocorre na entrada em Corumbá.

“Achamos que é uma boa opção, dado que o Gasbol está ocioso. Ele tem capacidade para 30 milhões de metros cúbicos [diários] e tem passado entre 13 e 15 milhões de m³/dia, quer dizer, uma ociosidade de 50%. E no curto prazo, o que nós consideramos a mais importante para Mato Grosso do Sul seria a reversão do gasoduto. Como a Bolívia não tem sinalizado a ampliação da oferta nem novos investimentos, esse seria o cenário de curto prazo mais adequado, porque teríamos uma oferta de gás mais barato, aumento da arrecadação de ICMS, devido ao aumento do volume, e seria uma excelente opção para atender a UFN3”, avalia Verruck. 

O governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou ontem, durante agenda pública, que pretende trabalhar para que o produto chegue ao País por Mato Grosso do Sul: “Nossa gestão é que essa entrada de gás seja por Mato Grosso do Sul. Nós teríamos muitos ganhos se entrasse por aqui e vamos trabalhar para isso”.

ACORDO

O acordo foi assinado pelos ministros Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Luis Caputo, da Economia da Argentina, durante um evento paralelo à cúpula do G20, no Rio de Janeiro (RJ).

A iniciativa prevê a utilização do gás proveniente de Vaca Muerta, uma das maiores reservas argentinas, para ampliar a oferta e reduzir os custos no mercado brasileiro. 

A operação deve começar já neste ano, com a importação de 2 milhões de m³/dia. O volume será ampliado gradualmente, alcançando 10 milhões de m³ diários em três anos e chegando a 30 milhões de m³/dia até 2030, o equivalente a quase um terço do consumo diário atual no Brasil.

Segundo analistas ouvidos pelo Correio do Estado, isso pode fortalecer a competitividade industrial do Estado, gerando ativos como emprego e renda, além de auxiliar na transição energética.

“Ter um novo país para comprar o gás é importantíssimo, uma vez que a balança comercial do Estado tem quase 90% de importação de gás. Como é um produto internacional, para se trazer, há um custo. Contudo, [ele é] necessário, uma vez que MS necessita desse gás para energia, para empresas. Ou seja, é importantíssimo”, pontua o doutor em Economia Michel Constantino.

O doutor em Administração Leandro Tortosa corrobora que uma das questões mais importantes é a atração de empreendimentos e a segurança energética: “Se a gente tiver energia com uma matriz mais diversificada, com mais opções, como seria nesse caso, e com uma redução de custos, mais investimentos podem ser atraídos para Mato Grosso do Sul”.

FÁBRICA

Como publicado pelo Correio do Estado no mês passado, a aprovação da retomada da obra ocorreu oficialmente em 26 de outubro, data em que o Conselho de Administração da Petrobras aprovou o retorno das obras da UFN3. A empresa já provisionou R$ 3,5 bilhões e agora vai a mercado em busca de um parceiro.

A expectativa é de que, na fase de construção, a obra deverá empregar 8 mil pessoas, enquanto na fase de operação serão 600 trabalhadores, entre empregados da Petrobras e terceirizados.

O cronograma de obras da empresa tem como prioridade inicial a busca de parceiros no mercado até o primeiro semestre do ano que vem. Os R$ 3,5 bilhões aprovados pela Petrobras significam o provisionamento do valor para que a estatal vá a mercado em busca de contratar parceiros para a conclusão da obra.

A planta de fertilizantes, paralisada em 2014 com 80% das obras concluídas, já conta com R$ 3,9 bilhões investidos no empreendimento.

Inicialmente, o plano era de que as obras fossem finalizadas até 2026, antes do fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB). Porém, considerando que o período de construção deverá ser de 12 a 18 meses, o prazo já começa a ficar apertado. 

A unidade será capaz de transformar os 2,5 milhões de m³ de gás natural em 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia por dia.

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