As propostas econômicas das candidatas à Prefeitura de Campo Grande misturam inovação e tradição, visando enfrentar os desafios fiscais que a cidade tem enfrentado nos últimos anos. Com foco no crescimento econômico, ambas buscam soluções para reequilibrar as finanças municipais e promover a expansão de indústrias, comércio local e novas tecnologias.
Em um momento crucial para o futuro da capital sul-mato-grossense, as sugestões que constam no plano de governo das candidatas Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União Brasil) para o cenário econômico apresentam uma combinação de similaridades e diferenças que refletem suas visões de desenvolvimento para a cidade. No dia 27, as duas se enfrentam no segundo turno da eleição municipal de Campo Grande.
Enquanto Rose Modesto traz uma abordagem mais concentrada em expansão industrial e capacitação, Adriane Lopes apresenta um plano que integra sustentabilidade, turismo e inclusão social de forma mais robusta. Ambos os modelos visam o crescimento e o desenvolvimento, porém, tendo cada um as suas particularidades.
Ao comparar algumas das principais diretrizes das candidatas, é possível verificar que as duas refletem aspectos que podem contribuir para enfrentar os desafios fiscais e econômicos de Campo Grande. Contudo, também apresentam diferenças significativas.
A candidata Rose Modesto propõe a atração de novas indústrias, um plano que pode ampliar a base de arrecadação. No entanto, o mestre em Economia Eugênio Pavão salienta que essa estratégia deve ser acompanhada de uma gestão eficiente, garantindo que os recursos sejam alocados em setores produtivos.
A ampliação do Programa de Incentivos para o Desenvolvimento Econômico e Social de Campo Grande (Prodes) e a desburocratização são medidas que podem facilitar a instalação de novas empresas, contribuindo para o aumento da arrecadação.
Além disso, a ênfase na capacitação profissional pode gerar mão de obra qualificada. “Mas também se faz necessário realizar uma análise prévia para identificar os setores que realmente precisam desse reforço, evitando gastos desnecessários”, enfatiza Pavão.
Por sua vez, Adriane Lopes propõe transformar Campo Grande em um epicentro logístico por meio da Rota Bioceânica, uma estratégia que pode potencializar a arrecadação e atrair investimentos. “A construção de um planejamento sustentável que considere o impacto econômico é vital”, avalia o doutor em Economia Michel Constantino.
Adriane também enfatiza a necessidade de um plano de desenvolvimento sustentável, o que pode garantir a alocação eficiente de recursos e promover um crescimento econômico equilibrado a longo prazo.
CONSONÂNCIA
Adriane Lopes e Rose Modesto apresentam algumas propostas consonantes para Campo Grande. Ambas enfatizam a importância de atrair novos investimentos. Outro ponto em comum é a revisão e a ampliação dos programas de incentivo fiscal.
Enquanto Rose deseja democratizar e expandir o Prodes, Adriane planeja um modelo que considere práticas sustentáveis e inovação.
Além disso, as duas candidatas reconhecem a necessidade de capacitação da população local. Rose planeja implantar programas de treinamento e qualificação, assim como Adriane, que sugere parcerias com instituições para desenvolver mão de obra especializada.
Adicionalmente, ambas as propostas incluem medidas para desburocratizar a abertura de negócios e a implementação de incentivos, facilitando a vida dos empreendedores. Por fim, tanto Rose quanto Adriane se comprometem a melhorar a infraestrutura dos polos industriais e a promover a logística de transporte, incluindo o terminal intermodal de cargas.
DESAFIOS
Considerando o atual panorama econômico de Campo Grande, Constantino avalia que a Capital tem passado por um desajuste fiscal nos últimos anos. “Os desafios, realmente, da próxima gestão estão aí. Tivemos nos últimos anos, principalmente nessa gestão com o prefeito inicial, realmente gastos que não foram planejados”, comenta.
O doutor em Economia pontua ainda que a capital sul-mato-grossense tem uma ótima arrecadação, no entanto, precisa alocar melhor esses recursos. “A estratégia é essa, é voltar a melhorar a gestão de qual tipo de recurso que a gente quer e para onde que a gente quer ir”, afirma.
Constantino avalia ainda que a nova gestão ou a continuidade da gestão vai ter que repensar a situação. “Realmente, toda a questão da arrecadação está sendo alocada em alguns segmentos que não dão retorno para a prefeitura”, conclui.
Pavão corrobora ao destacar que o maior obstáculo para fazer as engrenagens da gestão trabalharem em harmonia está no equilíbrio dos gastos. Assim, colocar lei de responsabilidade fiscal nos trilhos e cortar na própria carne deve ser uma das alternativas.
Para Pavão, cortes de excedente de contratados/comissionados é uma das formas para o ajuste fiscal. “Em outras administrações, era feito o ajuste tributário, como a reforma encampada pelo prefeito Puccinelli, que acabou com a isenção de IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] para imóveis de até 80 m², que trouxe grande ganho econômico, à época, para a prefeitura. Atualmente, esse tipo de ajuste não trará ‘dinheiro bom’, pois significa apertar o ‘torniquete tributário’”, exemplifica Pavão.
Dessa maneira, Pavão destaca que o sucesso das propostas apresentadas nos planos de governo dependerá da habilidade de negociação com a Câmara.
(Colaborou Súzan Benites)