Economia

LOGÍSTICA

Relicitação e leilão de ferrovias devem ser concluídos neste ano

Obras para revitalizar a Malha Oeste e a construção da Nova Ferroeste ficarão para a próxima gestão

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A logística de Mato Grosso do Sul é o maior gargalo enfrentado pelo Estado, de acordo com o setor produtivo. Entre as principais tratativas para melhorar o escoamento da produção estão a reativação da ferrovia Malha Oeste e a construção dos ramais da Nova Ferroeste.  

Apesar do andamento dos trâmites, a relicitação de uma e a licitação da outra devem ser concluídas neste ano. Já as obras ainda não tem data para começar.  

Ao Correio do Estado, o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, afirmou que a Malha Oeste deve ser relicitada até outubro.

“Será relicitada ainda neste ano. Se ela [licitação] der deserta, a legislação permite que a gente vá para o regime de autorização. A princípio não há nenhum impedimento, até porque temos uma pressão de demanda. A Suzano solicitou autorização de um trecho, se sair a Malha Oeste ela não fará o trilho. A Eldorado a mesma coisa”.  

“No minério tivemos a recente aquisição da J&F da mineração Vale. Da mesma forma, eles já nos procuraram e disseram que precisam do trem. Então, existe uma pressão de demanda hoje. Nesse momento, a posição é que provavelmente em setembro ou outubro teremos a relicitação da Malha Oeste”, afirma.

A Malha Oeste, antiga Noroeste do Brasil, tem 1.923 km de extensão, ligando Corumbá a Mairinque (SP) e Campo Grande a Ponta Porã. Entre as principais cargas que seriam escoadas com a reativação da linha estão grãos, minério e celulose.  

A demanda é de, pelo menos, 74 milhões de toneladas para serem transportadas, segundo o governo do Estado.  

As autorizações a que o secretário se refere foram requeridas (e algumas já autorizadas) por causa do novo marco legal das ferrovias, sancionado em dezembro do ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro.  

Os ramais ligam: Ribas do Rio Pardo a Inocência, na Ferronorte (Suzano); Três Lagoas a Panorama (SP), na Malha Paulista (MRS Logística); um contorna a cidade de Três Lagoas (Suzano); e dois deles ligam Três Lagoas a Aparecida do Taboado (também na Ferronorte) e foram solicitados pela Suzano e a Eldorado.  

Verruck ainda explica que a fase de estudos foi finalizada no mês passado, mas a retomada da linha ainda passará por audiência pública e pelo fim da relicitação.

“O Consórcio Nos Trilhos de Novo tinha a tarefa de avaliar o Capex [nível de investimento necessário], qual o modelo de trilho e de licitação. Até o fim de junho, vamos fazer uma audiência pública para mostrar o custo para fazer essa remodelação da Malha Oeste”.  

“Uma das conclusões que nós tiramos é que vamos ter que alongar. Hoje, uma concessão é de 30 anos, e ela não se viabiliza em 30 anos. Já entramos com o pedido para uma concessão de 45 anos”, afirma.

FERROESTE

Já o projeto da Nova Ferroeste vai unir por trilhos Paraná e Mato Grosso do Sul, dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro, e se transformar no segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, perdendo em capacidade apenas para a Malha Paulista.  

O desenho do traçado vai de Maracaju (MS) até o Porto de Paranaguá (PR), com ramais até Foz do Iguaçu e Chapecó (SC). Serão 1,3 mil km de trilhos, e a nova ferrovia vai passar por 49 cidades – oito em Mato Grosso do Sul e 41 no Paraná.

No caso da licitação da Nova Ferroeste, o processo está na fase de audiências públicas. Até o fim do ano, a previsão é de colocar a nova ferrovia em leilão na Bolsa de Valores (B3).

“A questão ferroviária sempre se colocou como prioridade dentro do governo [de MS]. Essa Nova Ferroeste traz essa linha, e o objetivo de tudo isso é dar competitividade ao projeto, que deve ser finalizado agora. A intenção é de que ainda no segundo semestre a gente possa colocar para leilão na B3 para que busque os investidores interessados”, avalia o secretário.

O custo total da obra é estimado em R$ 29,4 bilhões. O vencedor do leilão poderá executar a obra e explorar o trecho por 70 anos.

Na semana passada, a primeira audiência pública foi realizada em Dourados. De acordo com o coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, é de fundamental importância a sociedade contribuir com o processo de licenciamento.  

“Esse projeto de infraestrutura vai influenciar a vida de milhões de brasileiros nas próximas décadas”, diz.

Apesar da previsão para a conclusão das tratativas para os dois trechos ferroviários, as obras não tem data ainda para começar. “Nós não teremos obras em nenhum dos casos este ano”, finaliza Verruck.

Rota Bioceânica será debatida em fórum  

O primeiro Fórum Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico será realizado entre hoje e amanhã na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), para discutir as questões logísticas do Estado, do País e de países vizinhos.

Na programação do evento será apresentada a proposta de integração do sistema ferroviário bioceânico.  

Conforme adiantou o Correio do Estado na edição de 11 de março, com custos bem diferentes para serem operacionalizadas, as rotas bioceânicas rodoviária e ferroviária serão o foco de discussão de autoridades brasileiras, bolivianas, argentinas e chilenas em Campo Grande.  

A via por trilhos para conectar os quatro países, nos bastidores, tem sido apontada como a forma mais viável para operacionalização no curto prazo, com menor investimento.  

Conforme levantamento das autoridades que participarão do seminário internacional, o custo estimado atual para que haja conexão direta via trem por Corumbá até os portos de Antofagasta e Iquique (ambos no Chile) envolve investimento de US$ 30 milhões.  

Há a necessidade de construção de duas pontes em território argentino para fazer a ligação entre Yacuiba (Bolívia) e Jujuy (Argentina).

Todo o restante do trajeto, passando por Bolívia principalmente, está em operação atualmente e com capacidade de carga que pode absorver novas demandas.

Já a rota bioceânica rodoviária passa por uma fase diferente de estruturação. A ponte a ser construída no Rio Paraguai, na região de Porto Murtinho e Carmelo Peralta, vai envolver investimento de US$ 83 milhões.  

Além disso, há a pavimentação de estradas no lado paraguaio. A ponte de 680 metros de extensão, com mais de 100 metros de altura e viadutos de 150 metros em ambas as cabeceiras, com pilares a cada 30 metros antes do vão, teve sua pedra fundamental lançada em dezembro de 2021. A previsão para ficar pronta é 2023.

O trecho no Paraguai que depende de pavimentação é a rodovia Chaco Paraguaio, que vai de Carmelo Peralta a Lomo Plata, um total de 275 km de distância, mas faltam 28 km de obra.

O ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores João Carlos Parkinson de Castro ressalta a relevância da Rota Bioceânica para as exportações brasileiras, destacadamente para a região Centro-Oeste.  

“O objetivo é encurtar as distâncias, otimizando as exportações do Centro-Oeste brasileiro a mercados como Ásia, Oceania, Estados Unidos e Chile”, disse.

O fórum é organizado pelo Ministério das Relações Exteriores e realizado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, em conjunto com o governo do Estado, a Frente Parlamentar Internacional do Corredor Bioceânico e a Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul). (SB)

BRASIL

Inflação de alimentos deve voltar ao positivo, com estiagem e queimadas

Cenário contrasta com os últimos dois anos, quando a inflação de alimentos consumidos em casa fechou setembro com deflação

15/09/2024 20h00

 última alta registrada para a abertura do nono mês do ano foi em 2021 (1,19%)

última alta registrada para a abertura do nono mês do ano foi em 2021 (1,19%) Marcelo Victor/Correio do Estado

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Clima seco e queimadas em boa parte do País devem prejudicar a produção de itens como carne bovina, cana-de-açúcar e frutas; e levar a inflação da alimentação no domicílio, medida pelo IPCA, para o terreno positivo já no mês de setembro, após quedas em julho e agosto, projetam economistas consultados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

Esse cenário contrasta com os últimos dois anos, quando a inflação de alimentos consumidos em casa fechou setembro com deflação (de 1,02% em 2023 e de 0,86% em 2022).

Cabe apontar que a última alta registrada para a abertura do nono mês do ano foi em 2021 (1,19%), mas em um contexto de disparada dos preços como reflexo da pandemia.

A pressão na oferta de alguns alimentos devido ao clima seco se soma aos impactos da mudança de bandeira tarifária na energia elétrica, que já levou o mercado a revisar para cima as projeções para a inflação do mês.

Economista da LCA Consultores e especialista em inflação, Fabio Romão projeta alta de 0,17% para a alimentação no domicílio no IPCA de setembro.

Ainda que modesta, Romão destaca que essa variação contrasta com o recuo de 1,10% esperado para a abertura no IPCA de agosto, que será divulgado nesta terça-feira, e também com o padrão sazonal da alimentação no domicílio para os meses de setembro.

"A mediana da variação da alimentação no domicílio nos meses de setembro dos últimos dez anos [de 2014 a 2023] é de queda de 0,33%. A taxa esperada para setembro agora não é alta, mas é muito diferente da mediana", acrescenta Romão, que atrela o cenário aos impactos do clima seco e a falta de chuvas das últimas semanas.

Entre os principais vetores de pressão para esta leitura, o economista enumera as frutas, derivados do leite, café, bebidas não alcoólicas e feijão.

A produção da cana-de-açúcar, acrescenta Romão, também tende a ser prejudicada com o clima seco e as queimadas, especialmente no Estado de São Paulo, mas o impacto no IPCA deve ficar mais para frente. "Pensando no timing da safra, deve ter impacto no começo de 2025", estima.

Romão espera que a alimentação no domicílio encerre o ano de 2024 com alta de 5,6%, após um recuo de 0,52% no acumulado de 2023.

A projeção chegou a rodar na casa de 4,5% e foi sendo ajustada, à medida que os impactos do clima seco deste ano eram incorporados ao cenário, observa o economista.

A pressão nos alimentos, acrescenta, também contribuiu para a revisão altista na projeção da LCA para o IPCA como um todo deste ano, que era de 4,2% há dois meses e hoje está em 4,4%.

Seca

A Warren Investimentos também tem em seu cenário-base o retorno da alimentação no domicílio para o nível positivo na passagem do IPCA de agosto para o de setembro (-0,95% para 0,05%).

A estrategista de inflação da casa, Andréa Ângelo, cita que o clima seco tende a prejudicar a oferta de alguns itens in natura, mas, para ela, o principal problema causado pela falta de chuvas deve aparecer no preço da carne bovina.

"Tivemos um primeiro semestre com um 'super abate' de bovinos e, agora, por causa da seca, as pastagens estão muito ruins. O boi demora mais para engordar, então a oferta de animais para abate diminui", detalha a economista.

Em relação aos problemas com a cana-de-açúcar, Ângelo aponta que as queimadas em algumas regiões produtoras fizeram com que a produção tivesse de ser direcionada mais para o etanol do que para o açúcar, interferindo na quantidade ofertada de cada item.

"Então deve haver um repique [no preço] do açúcar, mas queda no preço do etanol. No curto prazo, para o IPCA como um todo, isso não é ruim", salienta Ângelo.

Na balança

Assim, dada a pressão adicional sobre o preço da carne bovina e a manutenção da variação de alguns itens in natura ainda em nível elevado por conta da estiagem, a Warren adicionou, por ora, um impacto altista de 0,07 ponto porcentual à estimativa da casa para o IPCA de 2024, que hoje é de 4,5%, no teto da meta para este ano. Para a alimentação no domicílio, a projeção é de alta de 5,94% em 2024.

Já o economista da Quantitas João Fernandes avalia que o efeito das queimadas e da atual estiagem sobre a inflação de alimentos ainda é incerto.

Por ora, pontua, itens como café e açúcar já sentem impactos mais expressivos nos preços, mas, assim como Ângelo, Fernandes chama a atenção para os efeitos sobre a cotação do boi gordo com vencimento em outubro de 2024, que já subiu cerca de 6% desde o início de agosto.

"A cotação [do boi gordo] tem andado também, mas é um pouco difícil isolar o quanto é efeito das queimadas e o quanto é efeito do ciclo de abate de fêmeas", analisa Fernandes. "Ali reside um risco importante a se monitorar", diz.

Para ele, caso o risco se concretize, a maior parte do impacto no IPCA de setembro deve ser absorvida pela carne bovina. "Tem um peso muito grande", afirma.

O economista prevê que a alimentação no domicílio deverá avançar a 0,44% em setembro, após queda de 1,51% em julho e perspectiva de recuo também para agosto. A projeção da Quantitas é de alta de 5% para a inflação da alimentação no domicílio neste ano.

Para o IPCA como um todo, Fernandes estima alta de 4,2% em 2024. Apesar da recente pressão nos alimentos já incorporada ao cenário, ele cita que há perspectiva de um impacto baixista vindo do etanol, justamente pelo aumento da moagem da cana, devido às secas.

Há, porém, um risco de alta para esse item a partir do primeiro trimestre de 2025, ressalta.

 

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REPASSE DE ROYALTIES

Arrecadação com mineração em MS cresce 95% em 8 meses

Extração de ferro e manganês no interior do Estado foram responsáveis por "engordar" a Cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) embolsada pelo Estado na divisão de recursos

15/09/2024 15h34

Mesmo com produção constante, exportação de mineração caiu em MS mas empresas seguem em busca de mão de obra.

Mesmo com produção constante, exportação de mineração caiu em MS mas empresas seguem em busca de mão de obra. Reprodução/LHG

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Valores referentes à chamada cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) de MS - ou seja, quanto o Estado arrecada com a mineração - mostram um crescimento de 95% do quanto Mato Grosso do Sul embolsou com a atividade em oito meses.

Em números absolutos, em janeiro de 2024 - diante da distribuição nacional referente a dezembro, dos R$ 487.785.640,59 aos estados e municípios produtores minerais -, a cota de mato Grosso do Sul foi pouco mais de meio milhão (R$ 514.183,01). 

Já os números divulgados na última semana, pela Agência Nacional de Mineração (ANM), mostram que a exploração mineral rendeu R$ 1.007.079,70 em royalties  à Mato Grosso do Sul no mês de agosto, valor a ser embolsado agora em setembro. 

Porém, apesar do desempenho, o ranking da distribuição da CFEM por Estados permanece intacto, onde Mato Grosso do Sul segue ocupando a sétima colocação, atrás de: 

  • Minas Gerais
  • Pará
  • Goiás
  • Bahia
  • Mato Grosso
  • São Paulo

Diferenças

Quanto à arrecadação, em agosto, a exploração mineral rendeu R$ 43.126.678,74 à Minas Gerais, que ocupa a primeira colocação do ranking, com a diferença de R$ 1.922.650,74 para o Pará, que vem logo na segunda colocação. 

Da segunda para terceira colocação já há um "abismo" de diferença entre os valores de mais de R$ 41 milhões em royalties recebidos pelo Pará e os R$ 2.527.878,52 de cota-parte de Goiás, valores mais próximos da realidade sul-mato-grossense. 

Raio-x da mineração

Ainda na virada para 2024, o Governo do Estado já via com bons olhos e a sétima colocação do CFEM no Brasil, graças principalmente ao desempenho crescente da extração de ferro e manganês. 

Desde janeiro, inclusive, a empresa do Grupo J&F (LHG Mining) - antiga MCR (Mineração Corumbaense Reunida), que possui duas minas em operação no interior do Estado -, aparece com bom desempenho, sendo a primeira em arrecadação à época, frisa o Governo do Estado de MS. 

O setor apresenta franco crescimento e inclusive busca mão de obra, já que a empresa até mesmo abriu 100 vagas no início da semana, para interessados em morar e trabalhar em Corumbá, das quais restavam apenas 20 passado o intervalo de quatro dias. 

Em Mato Grosso do Sul, principalmente a Cidade Branca é quem puxa os bons resultados do Estado, sendo o primeiro sul-mato-grossense a aparecer no ranking detalhado dos valores distribuídos. 

Enquanto as dezoito primeiras colocações nessa listagem ficam por conta de municípios dos dois principais Estados exploradores da atividade (Pará e Minas Gerais), Corumbá - segundo a cota-parte de agosto/setembro - embolsando R$ 3.266.984,13 em royalties. 

Entretanto, como bem abordou recentemente o Correio do Estado, a exportação de minério caiu mesmo com a produção constante, segundo dados da Carta de Conjuntura do Setor Externo, elaborada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

Isso porque, enquanto  4,5 milhões de toneladas de minério de ferro foram enviadas ao mercado externo no ano passado, os dados de 2024 apontam para 3,008 milhões de toneladas (US$ 204 milhões) de janeiro a agosto. 

 

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