Sem Ednaldo no topo, Petrallás assina manifesto a favor de “revolução no futebol brasileiro”
Apenas oito federações estaduais não assinaram documento, que defende novos rumos a partir de eleição que poderá ser convocada pelo vice-presidente da entidade, Fernando Sarney
No fim da tarde desta quinta-feira (15), o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro afastou Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e, horas depois da decisão, Estevão Petrallás, chefe do futebol sul-mato-grossense, e outros 18 presidentes de federações estaduais assinaram manifesto que defende uma “revolução no futebol brasileiro”.
No início da semana, antes de ser afastado, Ednaldo chegou a see reunir com os dirigentes que chefiam o futebol de cada estado, a fim de repassar a situação política da entidade e conseguir “apoio”, mas o encontro acabou sem respaldo das federações.
Essa insatisfação foi refletida no manifesto publicado após decisão do TJ-RJ, dos quais apenas oito não assinaram o documento, sendo eles os presidentes das federações de São Paulo, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Amapá e Mato Grosso.
Ainda, a Justiça do Rio determinou Fernando Sarney como interventor imediato, sob justificativa de ser o vice-presidente mais velho da entidade, que disse que quer convocar novas eleições o mais rápido possível.
"Informo que já assinei o termo de posse e que a nova eleição para o cargo de presidente da CBF - Quadriênio 2025-2029 será convocada o mais rápido possível. As datas, os procedimentos e demais informações do processo eleitoral serão divulgados com a máxima brevidade", disse Sarney.
Segundo apuração do Estadão, o candidato “favorito” para assumir o cargo é Samir Xaud, dirigente de Roraima. Ele foi eleito, em janeiro deste ano, para substituir o pai, Zeca Xaud, no comando da Federação Roraimense de Futebol (FRF), a partir de 2027, em mandato com duração até 2030. Porém, caso assuma a presidência da CBF, não comandará o futebol local.
Importante ressaltar que, há menos de dois meses, Ednaldo foi reeleito com unanimidade entre federações e clubes, inclusive, obviamente, com o voto de Estevão Petrallás, que chegou a dispensar encontro com o Ronaldo Fenômeno, interessado em concorrer, por acreditar fielmente nas ideias de Ednaldo para o presente e futuro do futebol brasileiro.
"Este é um momento histórico para o futebol brasileiro. O apoio à reeleição de Ednaldo não é apenas um voto, é uma afirmação da continuidade de um trabalho que tem sido fundamental para o fortalecimento do nosso esporte. O Ednaldo representa não só a CBF, mas o futuro do futebol nacional, com mais inclusão, mais respeito e mais oportunidades", disse Petrallás após declarar apoio à Ednaldo.
Confira o que diz o manifesto assinado por 19 presidentes de federações (incluindo Estavão Petrallás, da FFMS):
"MANIFESTO PELA ESTABILIDADE, RENOVAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO. 15 DE MAIO DE 2025.
O futebol brasileiro vive um momento decisivo. É urgente enfrentar desafios estruturais que há anos limitam o potencial do nosso futebol. Precisamos de um calendário equilibrado, arbitragem profissionalizada, gramados de qualidade, segurança nos estádios e competições fortalecidas.
Para que isso aconteça, é fundamental garantir estabilidade institucional à CBF. Precisamos virar a atual página de judicialização e instabilidade que há mais de uma década compromete o bom funcionamento da entidade e o avanço do futebol brasileiro. É também momento de resgatar a autonomia interna da CBF, hoje sufocada por uma estrutura excessivamente centralizada e desconectada das instâncias que compõem o ecossistema do futebol nacional.
Além da estabilidade, o cenário exige uma renovação de ideias, de práticas e de lideranças, bem como a profissionalização definitiva das estruturas de gestão. A CBF precisa ser exemplo de governança, eficiência e transparência — e também precisa voltar a ser a casa de todos que constroem o futebol brasileiro, com um ambiente saudável, inspirador e descentralizado, em que cada um possa contribuir ativamente para a melhoria do esporte que constitui verdadeiro patrimônio nacional.
Unidos com esse propósito, assumimos o compromisso de construir uma candidatura à Presidência e Vice-Presidências da CBF comprometida com um novo ciclo para o futebol brasileiro: mais democrático, mais integrado e mais aberto à participação de todos. Queremos uma CBF forte, querida por dentro, admirada por fora — e novamente amada por todos que fazem do futebol a alma do nosso país."
Abandono após aumento salarial
Vale lembrar que a "separação ideológica" entre Estevão Petrallás e Ednaldo Rodrigues acontece pouco tempo depois da Revista Piauí expor que a CBF determinou aumento de 330% na remuneração mensal de todos os presidentes de federações estaduais. Em suma, os vencimentos saltaram de R$ 50 mil para R$ 215 mil, além de direito a 16º salário.
Com isso, o novo salário do chefão do futebol sul-mato-grossense chega a superar o de desembargadores do estado, que, em alguns meses, podem alcançar a casa dos R$ 200 mil. Além disso, o valor é quase cinco vezes maior do que a premiação monetária prometida ao campeão estadual deste ano, que foi de R$ 50 mil.
No dia 08 de abril, Petrallás venceu de forma oficial a disputa pela presidência da FFMS, após uma série de prorrogações na duração do seu mandato como interino. Ele levou a melhor diante de André Baird, presidente do Costa Rica Esporte Clube, por um placar apertado de 48 a 39, com grande responsabilidade dos clubes amadores, que depositaram 18 votos em Estevão.


