Após mais de dois séculos desaparecidos, os bugios-ruivos (Alouatta guariba) voltaram a habitar Florianópolis. O feito, considerado um marco ambiental, foi resultado de um projeto de reintrodução iniciado em março de 2024, conduzido pelo Instituto Fauna Brasil em parceria com o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres de Santa Catarina (Cetras/SC).
A espécie estava ausente da Ilha de Santa Catarina há cerca de 260 anos, devido à caça e à destruição de seu habitat natural. A iniciativa teve como principal objetivo restaurar as interações ecológicas da região, gravemente afetadas pela perda de fauna ao longo dos séculos.
Antes da soltura, os animais passaram por um rigoroso processo de readaptação e foram vacinados contra a febre amarela, doença que representa uma das maiores ameaças aos primatas brasileiros. Estudos apontam que a ilha tem capacidade para abrigar até 1.452 indivíduos, tornando-se um local propício para o repovoamento.

Impacto ambiental e conservação da biodiversidade
Os bugios-ruivos desempenham papel essencial na dispersão de sementes e na regeneração da vegetação, funções vitais para o equilíbrio da Mata Atlântica. Com seu retorno, espera-se que o ecossistema local recupere parte de sua dinâmica natural, fortalecendo o ciclo de renovação das florestas.
Além dos primatas, a região abriga mais de 120 espécies de aves, como o tucano-de-bico-preto, o que reforça o potencial de Florianópolis como área estratégica para a conservação da fauna silvestre.
A presença dos bugios também tem estimulado a criação de programas de educação ambiental e o crescimento do turismo ecológico. Atividades como o “Vem Passarinhar” e o birdwatching (observação de aves) vêm ganhando espaço entre moradores e visitantes, aproximando a população da importância da preservação.





