A empresa Refrigerantes Minas Gerais Ltda (Remil) decidiu recalcular a rota em 2000, quando entrou em um acordo para vender suas ações à Coca-Cola Femsa por US$ 364,1 milhões (cerca de R$ 1,9 bilhão na cotação atual). Como resultado da parceria firmada, o refrigerante ‘Guarapan’, um dos mais populares da empresa brasileira, passou a pertencer à companhia mexicana.
Criado em Minas Gerais e comercializado apenas na região, a lata do Guarapan era produzida em São Paulo, mostrando seu objetivo de oferecer um produto de alta qualidade. Todo um esforço para criar uma marca de renome e popularizá-la por todo o estado deixou de fazer sentido, ao passo que o acordo garantiu ainda que a Femsa tomasse conta de 30% do sistema de engarrafamento de produtos Coca-Cola no Brasil.

Mesmo com tamanho prestígio em um dos maiores estados do Brasil, a empresa não deixou de enfrentar dificuldades financeiras, o que culminou na interrupção momentânea da produção do refrigerante. Nesse momento, a solução foi vender suas ações. Nas embalagens do produto, o slogan ‘orgulho de ser mineiro’ gerou questionamentos, já que vinha sendo comercializada em Jundiaí, no interior de São Paulo.
“Temporariamente, para aumento de produtividade, as embalagens em lata de 220ml de Guarapan estão sendo envasadas em Jundiaí (SP). A bebida em garrafas PET de 2 litros continua sendo produzida em Itabirito (MG). Guarapan é uma bebida regional criada em Minas Gerais na década de 1940. É vendida apenas no estado e é muito reconhecida pelos mineiros”, disse o gerente de categorias da Coca-Cola FEMSA Brasil, Luciane Chimenti.
Mesmo com a venda para a Coca-Cola, o refrigerante segue presente no dia a dia dos mineiros. De acordo com a empresa, o Guarapan é comercializado apenas em Minas Gerais, com foco em Belo Horizonte e na região metropolitana. Para se ter uma noção de sua popularidade, é a quinta marca de refrigerante em volume de vendas no estado.
Início da história antes da venda para a Coca-Cola
A história do Guarapan se diferencia das demais por ter surgido de forma despretensiosa, sem que houvesse sequer a autorização da Remil. Um técnico da linha de produção da fábrica antiga da Refrigerantes Minas Gerais (hoje SPAL), em Belo Horizonte, teria combinado a mistura-base do Guaraná Taí com maçãs e outros componentes na década de 1940.
Ainda que tenha sido descoberto por seu supervisor, recebeu valores elevados para patentear a receita empregada na criação da bebida. Desde 2000, o refrigerante foi comprado pela Coca-Cola, que manteve o sistema de produção. De lá para cá, o produto busca se conectar aos mais de 20 milhões de mineiros, divididos em 853 municípios.





