O Aquífero Guarani atua em função da manutenção de ecossistemas e biodiversidade local, sendo crucial para a segurança hídrica da América do Sul. Apesar de ser um dos maiores reservatórios subterrâneos de água do continente, as chuvas não estão sendo suficientes para repor o volume da reserva, o que liga o sinal de alerta de pesquisadores.
Um estudo encabeçado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) conclui que a reposição de água no reservatório não tem ocorrido da forma esperada. Abrangendo parte de sete estados brasileiros e outros três países (Paraguai, Uruguai e Argentina), o aquífero está secando gradativamente. Por consequência da seca histórica, problemas como queimadas e diminuição dos níveis dos rios refletem nas camadas subterrâneas.

“Nós não estamos recompondo porque não está chovendo nada, e o que acaba acontecendo é que você acaba usando a água para os mais diversos fins. A água se movimenta a uma taxa de centímetros por ano. Precisamos saber quando podemos utilizar água superficial e quando devemos recorrer à água subterrânea, de forma que respeite a capacidade do aquífero e atenda às demandas”, diz o professor Didier Gastmans.
De acordo com o estudo preliminar, a consumação da água do Aquífero Guarani é maior do que sua reposição, com perspectiva de diminuição do nível, em algumas áreas, de 120 metros em 70 anos. O descenso é motivado, principalmente, pela falta de chuvas e aumento da temperatura global, que provoca uma evaporação mais rápida da água das chuvas, prejudicando a infiltração no solo.
Qual a importância do Aquífero Guarani?
Além de contribuir com a biodiversidade mundial, tem como característica a presença de grande disponibilidade hídrica mediante a entrada de água no solo. Ele é importante também na redução de impactos da ação humana, como poluição. Por se tratar de uma reserva subterrânea de água doce, é importante para o abastecimento de cerca de 90 milhões de pessoas no Brasil.
Em resumo, o Aquífero Guarani está localizado na região centro-leste da América do Sul e ocupa área de 1,2 milhão de km², estendendo-se pelo Brasil (840 mil km²), Paraguai (58,5 mil km²), Uruguai (58,5 mil km²) e Argentina (255 mil km²). Para se ter uma noção da imponência territorial, o reservatório é maior que a área somada da França, Espanha e Inglaterra.
A sua riqueza em termos de água doce propicia o abastecimento humano e dinamiza as atividades produtivas, sendo fundamental para a continuidade do crescimento econômico. Porém, com a escassez de chuvas e a exploração desenfreada desse recurso hídrico, a tendência é que seu volume siga despencando ao longo dos anos.





