Considerado por muitos empresários como o “Rei da Soja”, Olacir de Morais faleceu deixando uma dívida superior a US$ 1 bilhão (o equivalente a R$ 5,5 bilhões na cotação atual). No entanto, seu legado incontestável revolucionou o agronegócio, principalmente com mais de 300 mil hectares de produção agrícola em território nacional.
Para ampliar ainda mais seus vencimentos, o empresário adquiriu aviões, usinas e ferrovias, fatores essenciais para transformar o Centro-Oeste brasileiro em potência mundial da soja. No auge de seus trabalhos, chegou a comandar 40 empresas, 11 pistas de pouso, frota de aeronaves e mais de 25 mil funcionários.

O que parecia se encaminhar para um caminho longevo e repleto de triunfos acabou entrando em declínio constante, evidenciado pelo colapso corporativo. Seu império começou a decair quando o projeto da construção da FerroNorte saiu do papel. Embora tenha sido criada para escoar a produção agrícola do Centro-Oeste, os cálculos não foram exatos.
A princípio, Olacir chegou a investir 200 milhões de dólares de recursos próprios, acreditando que teria o apoio necessário do Estado para concluir a obra. O governo de São Paulo havia prometido entregar, em dois anos, uma ponte ferroviária que ligaria a FerroNorte à malha nacional. A questão é que a obra demorou sete anos para ser concluída.
Nesse ínterim, os trens não rodaram, a produção não escoou e a receita nunca chegou. Por consequência do não cumprimento do acordo, o “Rei da Soja” deparou-se com os custos de manutenção e o crescimento dos salários e financiamentos. O cenário catastrófico até ganhou uma sobrevida momentânea, com a venda de fazendas, aviões, usinas e até um banco que Olacir havia fundado.
Apesar dos esforços, o acúmulo de dívidas explodiu, gerando um dos piores descensos da história do agronegócio do Brasil. De mãos atadas, o empresário viu seu maior símbolo de prestígio, a Fazenda Itamarati, ser vendida ao Incra para assentar famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
A que se deve a queda do império do “Rei da Soja”?
Visionário, Olacir de Morais sempre andou nos eixos para colocar seu nome na história do agronegócio brasileiro. De certa forma, conseguiu atingir seu maior objetivo, mas especialistas defendem que o colapso não ocorreu por má gestão ou incompetência. Pelo contrário, seu olhar inovador não foi capaz de conseguir detectar os riscos de confiar excessivamente em cronogramas estatais e promessas políticas.
No final das contas, Morais não teve a reputação descredibilizada por falta capaz de detectar os riscos invisíveis de depender do que não podia controlar. Como se não bastasse o choque de perder forças no cenário nacional, Olacir recebeu a promessa de se tornar “rei do minério” na Bolívia, o que não aconteceu. Por fim, veio a falecer aos 84 anos, em 16 de junho de 2015, na cidade de São Paulo.





