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Cartão Vermelho Gaeco recomenda que sobrinho de Cezário permaneça na cadeia Ministério Público aponta que Valdir Alves Pereira participava de todas as reuniões da suposta organização criminosa e recebia mesada de R$ 2 mil reais do tio 31 MAI 2024 • POR Alanis Netto • 18h15

Os Promotores do Ministério Público de Mato Grosso do Sul recomendaram que o juiz negue o pedido de revogação de prisão preventiva de Valdir Alves Pereira, o sobrinho de Francisco Cezário, que também foi preso durante a Operação Cartão Vermelho, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), que investiga o desvio de mais de R$ 6 milhões da Federação de Futebol de MS (FFMS), entre os anos de 2018 e 2023.

Segundo o MPMS, há evidências de que Valdir participou de todas as reuniões do suposto grupo criminoso em setembro de 2022, realizadas na casa de Cezário, conforme cita o documento:

"O trabalho de campo revelou a existência de uma série de reuniões na residência de Francisco Cezário de Oliveira na segunda quinzena de setembro de 2022, onde compareceram, entre outros, os irmãos Aparecido Alves Pereira e Francisco Carlos Pereira, que estavam presentes na sede da FFMS no dia 25 de outubro de 2022, quando Umberto Alves Pereira (que é irmão deles) chegou com a pasta preta contendo dinheiro, a reforçar o envolvimento de todos no esquema de desvio de valores (...) Também esteve em todas as reuniões na residência de "Cezário", realizadas nos dias 20, 21 e 22 de setembro de 2022, Valdir Alves Pereira".

Além disso, também foi evidenciado nas investigações que Valdir recebeu R$ 53,7 mil da Federação entre 2018 e 2022.

"Não só. Valdir Alves Pereira também era destinatário de dinheiro da Federação de Futebol, recebendo da entidade em sua conta corrente, entre os anos de 2018 e 2022, R$ 53.710,00 (cinquenta e três mil, setecentos e dez reais)", diz texto.

Durante interrogatório, Valdir revelou ainda que recebia um "auxílio" informal no valor de R$ 2 mil da FFMS, a mando de seu tio, Cezário, mas não justificou a razão para o pagamento, alegando apenas que fazia serviços gerais na sede da entidade.

Devido as evidências apresentadas pelo Gaeco e citadas acima, os promotores alegam que "há inegável gravidade concreta das ações delituosas", que são de responsabilidade dos integrantes da suposta organização, e por isso "se faz necessária a manutenção da prisão preventiva do requerente".

O texto diz ainda que a liberdade da Valdir representa "risco à ordem pública, uma vez que o esquema montado para obtenção de vantagens indevidas, em níveis surpreendentes, transformou a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, que é destinatária de muito dinheiro público, em uma espécie balcão de negócios, impondo-se a prisão preventiva para debelá-lo, sob pena de deterioração progressiva do quadro criminoso".

Por fim, os promotores defendem que a prisão também é importante para garantir que as investigações sejam concluídas e encerradas sem intercorrências.

Operação Cartão Vermelho

Na manhã de 21 de maio, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, passou sete horas na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul em ação para deflagrar a Operação Cartão Vermelho, que tinha como alvo não apenas o presidente da FFMS, Francisco Cezário, mas também demais integrantes de uma suposta organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro.

Segundo o balanço, divulgado pelo Gaeco, as investigações tiveram início há 20 meses, e constataram que foi instalada na Federação uma organização criminosa que desviava valores recebidos do Governo do Estado (via convênio, subvenção ou termo de fomento) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A quantia desviada era utilizada para benefício dos envolvidos no grupo, e não chegava a ser investido no futebol estadual.

"Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul FFMS, em valores não superiores a R$ 5.000,00, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema", diz nota do Gaeco.

Usando desse mecanismo, os integrantes da organização realizaram mais de 1.200 saques, que somados ultrapassaram o valor de R$ 3 milhões.

A investigação também aponta que os suspeitos também possuíam um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.

"Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul", explicou o Gaeco.

De setembro de 2018 a fevereiro de 2023, foram desviados da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul mais de R$ 6 milhões.

A operação batizada como "Cartão Vermelho" cumpriu 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Somente nesta manhã, foram apreendidos mais de 800 mil reais.

Saiba: O nome da operação, Cartão Vermelho, é autoexplicativo e faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.

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