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INQUÉRITO Após escândalo, MPE investiga até obra em cemitério de Sidrolândia Por meio do Diário Oficial, o Ministério Público Estadual (MPE) abriu três inquéritos no município para apurar fraude; prefeita envolvida em escândalo de corrupção não conseguiu reeleição 23 OUT 2024 • POR Felipe Machado • 10h30
Ministério Público abre três inquéritos para investigar possível fraude em obras de Sidrolândia   Foto: Divulgação

O Ministério Público Estadual (MPE), por meio do seu Diário Oficial desta quarta-feira (23), publicou a instauração de três inquéritos para investigar possíveis irregularidades em obras de Sidrolândia, município que teve escândalo de corrupção no primeiro semestre do ano, do qual envolveu até a atual prefeita Vanda Camilo (PP).

Segundo documento publicado pelo órgão fiscalizador, o primeiro inquérito foi aberto para “apurar possível irregularidade relacionada à licitação tomada de preço 05/2022 (restauração funcional do pavimento nas ruas Ponta Porã e Mato Grosso)”.

Já o próximo, foi instaurado pelo mesmo motivo, mas em outro local e obra, descrita como “cobertura do saguão e fechamento do pátio da escola municipal Darci Ribeiro”. Já a última que consta no ofício é relacionada à “licitação Convite 034/2022 (obra de pavimentação com piso sextavado do corredor central do cemitério)”.

Não são comuns aberturas de inquéritos para investigar obras neste tipo, mas o escândalo político em Sidrolândia no primeiro semestre do ano pode ter influenciado para o MPE prestar mais atenção em serviços públicos ou terceirizados prestados na cidade.

Operação Tromper: 1ª fase

Em maio do ano passado, foi deflagrada a Operação Tromper, que teve como alvo grupo criminoso que participava de esquema de corrupção e fraudes em licitações, com busca e apreensão em casas de servidores municipais de Sidrolândia. Ao todo, 16 mandatos foram cumpridos na ação, com apoio Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Ainda segundo apurou a investigação, o esquema de corrupção funcionava, pelo menos, desde 2017, e era destinado à obtenção de vantagens ilícitas. Essas vantagens vinham por meio da prática de crimes de peculato, falsidade ideológica, fraude às licitações, associação criminosa e sonegação fiscal. 

Após a divulgação da Operação contra os servidores, a atual prefeita, Vanda Vamilo, publicou uma nota dizendo que estava acompanhando o desdobramento da operação e que seu dever é "zelar pela integridade", "transparência e legalidade de todas as ações realizadas em sua gestão.

Operação Tromper: 2ª fase

Em julho do ano passado, no segundo desdobramento da Operação, o MPE cumpriu quatro mandados de prisão e cinco de busca e apreensão, realizada por meio da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público de Sidrolândia, do Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECOC) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO).

Foram detidos dois empresários e dois servidores municipais. Um dos servidores é Tiago Basso da Silva, ex-chefe do setor de execução e fiscalização de contratos do município, e outro o comissionado César Bertoldo, que atua na área de licitação da prefeitura. 

Os empresários investigados foram Uevertom da Silva Macedo, candidato do Partido Social Democrático (PSD) na última eleição, e Roberto da Conceição Valençuela, dono da R&C Comércio e Serviços.

Operação Tromper: 3ª fase

Quase um ano depois da primeira fase, em abril deste ano, os agentes do GECOC e do GAECO cumpriram oito mandados de prisão - sendo um dos alvos o vereador Claudinho Serra (PSDB), genro da atual prefeita de Sidrolândia - e 28 de busca e apreensão, em 3ª fase de operação que apura corrupção envolvendo o executivo municipal de Sidrolândia durante a manhã desta quarta-feira (03).

Ao Correio do Estado, fontes repassaram que ao menos sete policiais compareceram à residência do vereador Claudinho Serra, que fica localizada residencial de luxo Damha III em Campo Grande. Também, o Ministério Público apontou que os contratos identificados e objetos da investigação alcançavam o montante aproximado de R$ 15.000.000,00.

Ainda em outubro deste ano, Claudinho continua como vereador na Câmara Municipal de Campo Grande, do qual não comparece desde abril, e utiliza constantes atestados médicos de 30 dias para se afastar do cargo após a polêmica.

No último dia 12, seu último atestado venceu e, agora, o tucano soma oito faltas não justificadas e pode ter seu mandato cassado. Neste momento, o vereador responde em liberdade, mas sob uso de tornozeleira eletrônica.

Sem reeleição

Vanda Vamilo, sogra de Claudinho Serra, não conseguiu garantir mais quatro anos no poder do executivo municipal de Sidrolândia. No último dia 6, nas eleições, ela ficou com apenas 38,20% (10.045 votos) e foi superada pelo rival Rodrigo Basso (PL), que teve 61,29% (16.118). Em 2021, Vanda foi eleita prefeita da cidade com 52,4% dos votos válidos, superando o tucano Enelvo Felini.

*Colaborou Alanis Netto e Glaucea Vaccari.

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