Política

ULTIMA RATIO

Esquema de venda de sentenças teve início na Operação Lama Asfáltica

A cautelar inominada criminal do STJ tem interceptação de ligação entre conselheiro do TCE-MS e empresário João Amorim

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A cautelar inominada criminal nº 136-DF, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cujo relator é o ministro Francisco Falcão, deixou claro que o esquema de venda de sentenças do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), desbaratado ontem pela Polícia Federal (PF) com a Operação Ultima Ratio, teve início durante a Operação Lama Asfáltica, deflagrada em 2016 contra organização criminosa que desviou R$ 26 milhões dos cofres públicos do Estado na gestão do ex-governador André Puccinelli (MDB).

Conforme o quarto capítulo da representação feita pela PF, que consta na cautelar inominada criminal obtida pelo Correio do Estado, o procedimento está vinculado ao Inquérito nº 1.192-DF, instaurado a partir de desmembramento da Operação Lama Asfáltica, com a identificação, em encontro fortuito de provas, de ligações telefônicas mantidas, em 2014, entre o então advogado Ary Raghiant Neto, que atualmente é desembargador do TJMS, e o empresário João Amorim, da CG Solurb Soluções Ambientais, indicando possível negociação de decisões judiciais no âmbito da 5ª Câmara Cível do TJMS, composta, à época, pelos desembargadores Vladimir Abreu da Silva, Luiz Tadeu Barbosa Silva e Julio Roberto Siqueira Cardoso.

Nessa ligação, Ary Raghiant alega que tratou com o desembargador Vladimir Abreu e antecipa, com precisão, o possível resultado de julgamento do processo de interesse do empresário, bem como outros desdobramentos do processo. 

O quarto capítulo destaca, ainda, ligação telefônica mantida entre o conselheiro Osmar Domingues Jeronymo, do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), então secretário estadual da Casa Civil do governo André Puccinelli, e o empresário João Amorim, interceptadas também no curso da Operação Lama Asfáltica, quando ambos versam sobre decisão relacionada ao afastamento do então prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), proferida pelo desembargador Vladimir Abreu. 

O conselheiro do TCE-MS e o empresário mencionam a decisão proferida pelo desembargador, no plantão judiciário, que revogou, no mesmo dia, uma determinação do juízo de primeira instância, para o retorno do prefeito cassado Alcides Bernal ao cargo. 

No curso da conversa, Osmar Jeronymo menciona que “quase foi cara, cê num tem noção do que esses caras fizeram. Se eu falar pra você as oferendas, cê num tem noção, é um trem de maluco, sorte que a gente tem, assim, passado, compromisso, entendeu? Não é de um dia só, cê entendeu?”. 

Já o empresário João Amorim responde com “uhum”, enquanto o conselheiro prossegue dizendo que “conversas antigas, bons whiskeys tomados, cê entendeu?”. Mais uma vez João Amorim apenas responde “uhum”, demonstrando a existência de uma relação antiga do conselheiro do TCE-MS.

Já na quinta, na sexta e na sétima parte do Ofício nº 70/2024, a PF apresenta uma síntese dos elementos informativos constituídos no curso das investigações consubstanciadas no Inquérito nº 1.483-DF, que também decorre do compartilhamento de provas da fase seis da Operação Lama Asfáltica pela 3ª Vara Federal de Campo Grande, em razão da existência de indícios da possível prática do crime de corrupção por parte do desembargador Júlio Roberto Siqueira Cardoso, da 5ª Câmara Cível do TJMS, e do juiz Paulo Afonso de Oliveira, da 2ª Vara Cível da Comarca de Campo Grande, no julgamento de uma ação de execução, de um embargo à execução e de um agravo interno.

As decisões resultaram no pagamento indevido de mais de R$ 5 milhões à advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva, com indícios de participação do advogado Fábio Castro Leandro, filho do desembargador Paschoal Carmello Leandro.

Ainda com relação ao advogado Fábio Castro Leandro, a autoridade policial relata situação suspeita identificada no curso da Operação Lama Asfáltica, envolvendo possíveis tratativas sobre a admissão de recurso especial no âmbito de ação de improbidade administrativa no período em que o referido magistrado atuava na vice-presidência do TJMS.

Saiba

A Operação Ultima Ratio investiga possíveis crimes de corrupção em vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no TJMS. Foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão.

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Disputa acirrada

Candidato da prefeita vai para o "tudo ou nada" contra tucano pela presidência da Câmara

Com apoio de Adriane Lopes, Beto Avelar (PP) já tem apoio do Avante contra Papy (PSDB), que uniu PL, PT e grupo de Carlão (PSB)

19/12/2024 21h06

Beto Avelar deve bater chapa contra Papy em disputa pela presidência da Câmara

Beto Avelar deve bater chapa contra Papy em disputa pela presidência da Câmara TRE-MS

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O cenário pode mudar até a manhã do próximo dia 1º de janeiro, quando será escolhido o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande para o biênio 2025-2026, mas, a julgar pela reunião ocorrida na noite de quinta-feira (19) de dezembro, a prefeita Adriane Lopes (PP) está disposta a bancar o atual líder de seu governo no Legislativo e vereador reeleito, Beto Avelar (PP), para a presidência.

Na semana passada, a impressão na Câmara era de que a disputa tinha se arrefecido e estava se formando um consenso em torno da candidatura do vereador Papy (PSDB) para a presidência da casa.

Os números ajudam a explicar este quase consenso: Papy teria, no momento, o apoio de 23 dos 29 vereadores e, do outro lado, estão os quatro vereadores do PP e mais dois vereadores do Avante, partido umbilicalmente ligado ao entorno político de Adriane Lopes e do deputado estadual Lídio Lopes, marido dela.

A candidatura de Beto Avelar foi selada em reunião ocorrida na sede do PP, e dela participaram os seis vereadores que estão com Beto Avelar.

O Correio do Estado apurou que a reunião foi convocada e articulada pelo marido de Adriane, Lídio Lopes, e que a prefeita teria sido clara em seu recado: o candidato dela é Beto Avelar. Um dos temas centrais do encontro foi a tentativa de viabilizar mais votos, uma vez que o outro lado está fortalecido.

Apesar da articulação do marido de Adriane, oficialmente, ela disse que seu aval foi dado para que os vereadores do PP viabilizassem suas candidaturas. “Não determinei um embate”, afirmou, via assessoria de imprensa.

E quem está do outro lado?

Do outro lado, apoiando Papy, está nada menos que o atual presidente da Câmara, Carlão (PSB). O vereador, que no próximo dia 31 deixará a presidência da casa após quatro anos no comando, é um dos grandes atores na articulação para que Papy seja o presidente.

Na formação sendo articulada, Carlão será o primeiro secretário. Políticos fortes no Estado, que não exercem mandato de vereador, mas que têm uma grande influência no cenário político de Mato Grosso do Sul, como o ex-governador Reinaldo Azambuja, presidente do diretório regional do PSDB, e seu correligionário, o governador Eduardo Riedel, também estão com Papy.

“Olha, faz 20 dias que o Beto (Avelar) tá com essa válvula aí. Desde quando o Riverton (PP) e o Delei Pinheiro (PP) disseram que não são mais candidatos”, disse Carlão ao Correio do Estado. “Agora, vamos ver se eles conseguem montar a chapa. Eles têm dois do Avante. Eles podem (concorrer), o problema é que o Papy já tem um grupo forte, mas nada é impossível”, complementou Carlão.

Puxadinho?

Carlão também disse que o grupo de Papy tem o compromisso de dar a Adriane Lopes a governabilidade necessária e que ele será aliado no que for necessário para ajudar a cidade, mas lembrou que o Legislativo tem sua força.

“Tem que ser independente, viu? Legislativo não pode ser puxadinho da casa da prefeita, não pode ser anexo do gabinete dela, mas tem que ser parceiro dela nas coisas boas para a cidade. Presidente da Câmara não pode ter barganha não”, asseverou Carlão.

No grupo de Papy há uma grande diversidade de partidos e uma convergência difícil de ver em tempos de polarização. Além dos cinco vereadores de seu partido, o PSDB — maior bancada da Câmara — também estão presentes os três vereadores do PL e os três vereadores do PT, por exemplo. O ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT), que lançou Adriane Lopes na política ao colocá-la como sua vice-prefeita nas duas vezes em que administrou Campo Grande, também está no grupo de Papy, que ainda teria os vereadores do União Brasil, Republicanos, MDB e Podemos.

Papy disse ao Correio do Estado que sua candidatura é plural e contempla vários partidos, e que a de Beto Avelar é um “interesse político individual”. “Seria melhor uma chapa de consenso, mas, se não for possível, vamos para o embate”, disse Papy.

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Política

PEC de corte de gastos é aprovada em dois turnos na Câmara

Matéria será encaminhada para análise do Senado

19/12/2024 20h00

Foto: Lula Marques / Agência Brasil

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Cerca de duas horas e meia após a votação em primeiro turno, os deputados federais aprovaram nesta quinta-feira (19) a proposta de emenda à Constituição (PEC) do pacote de corte de gastos obrigatórios do governo. Mais cedo, a proposta havia sido aprovada em primeiro turno. 

O placar do segundo turno foi de 348 votos favoráveis e 146 contrários. No primeiro turno, foram 354 votos a favor, 154 contra e duas abstenções. A matéria será encaminhada para análise do Senado. 

Por ser uma proposta de mudança na Constituição, a proposta do governo tinha que ser aprovada em dois turnos pela Câmara. O texto precisava de 308 votos, três quintos dos 513 deputados, para passar.

A discussão em segundo turno começou após o plenário rejeitar dois destaques. Um destaque do PSOL buscava retirar as mudanças no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Outro destaque, relativo ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) foi rejeitado por unanimidade porque o tema será discutido em projeto de lei.

A PEC traz mudanças no abono salarial e no Fundeb, além de prorrogar a Desvinculação das Receitas da União (DRU). A proposta também abre caminho para a votação do projeto que limita os supersalários do funcionalismo público.

Para evitar a derrota da PEC, o governo concordou com que o relator do texto na Câmara, Moses Rodrigues (União Brasil-CE) enfraquecesse as verbas que podem ficar fora do teto de supersalários de R$ 44 mil.

O texto original previa que uma lei complementar tratasse as verbas autorizadas a ficar fora do teto. Agora, o tema será regulamentado por meio de uma lei ordinária, que exige maioria simples.

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