Brasil

SEGURO DEFESO

Mais de 130 mil licenças de pescadores são suspensas por fraudes

Solicitação irregulares de auxílio cancela documentos do RGP e Mato Grosso do Sul está entre os estados investigados com um documento suspenso

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O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), divulgou recentemente a suspensão de mais de 130 mil licenças inscritas no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP). A suspeita que motivou a suspensão era de fraude. 

Essa investigação já estava em processo desde o começo de setembro, quando o Governo Federal por meio do MPA e da Controladoria-Geral da União (CGU), pediu que a Polícia Federal investigasse a concessão do Seguro Defeso do Pescador Artesanal em diversos municípios brasileiros.

Na listagem das Unidades Federativas, a contagem de pescadores com a licença cancelada foi divulgada no dia primeiro deste mês. Em Mato Grosso do Sul, apenas um nome é citado, de um pescador residente no município de Miranda.

Ainda divulgado pela CGU e MPA, a motivação da investigação foram dois indícios de fraude, o primeiro de que algumas pessoas estariam coagindo pescadores artesanais legítimos, a entregarem parte do seu benefício, chamados de atravessadores.

Outro indício era que, fora essa coação, os atravessadores estariam ensinando para pessoas que não são pescadores artesanais, como solicitar o auxílio e conseguir de maneira irregular. E então, esse dinheiro seria repartido entre o “falso pescador” e o atravessador.

SEGURO DEFESO

Na Piracema – época de reprodução de peixes nativos, como Dourado, Tambaqui, Pintado entre outros que passam a nadar rio acima, contra a correnteza  – a pesca é proibida pelo período defeso, mesmo para aqueles que sobrevivem do comércio dela.

O Governo Federal, desde 1991, fornece aos pescadores artesanais legítimos, ou seja, aqueles que utilizam de métodos tradicionais e dependem da pesca, como fonte de trabalho principal e sobrevivência, o benefício de um salário mínimo durante os meses em que o fenômeno ocorre.

Após a descoberta de fraudes no Seguro Defeso, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), para fortalecer os mecanismos antifraudes, passará a fazer verificação presencial.

Entre os requisitos para habilitar, terá uma etapa de validação com requerimento digital, atualmente é realizado remotamente, por meio do aplicativo e da central de atendimento telefônico do INSS.

Inicialmente, o plano é que o MTE desloque equipes para atuar nos estados do Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará e Piauí. Esses estados concentram juntos 75% de todos os pescadores artesanais registrados no Brasil.

Luiz Marinho, ministro do MTE, aponta o compromisso do governo em garantir um processo ágil e transparente no auxílio aos pescadores e pescadoras que vivem de seu trabalho. “As equipes vão atuar com o propósito de assegurar os direitos dos pescadores artesanais que, de fato, atuam de forma exclusiva e ininterrupta”.

A previsão é que inicie agora em outubro, esse novo formato de solicitação, época em que o aumento dos pedidos de Seguro Defeso aumentam. Com critérios mais rigorosos na concessão, o MTE, passa a averiguar as seguintes documentações e informações:

> Notas fiscais de venda de pescado e comprovantes de contribuição previdenciária;
> Relatórios mensais que comprovem a atividade como pescador artesanal;
> Registro biométrico obrigatório na Carteira de Identidade Nacional (CIN);
> Acompanhamento do local da atividade de pesca por meio da coleta de dados geolocalizados dos pescadores; e
> Confirmação do endereço de residência do pescador e verificação da compatibilidade entre o município de residência e os territórios abrangidos pelo defeso.

MPA

Em nota, o Ministério da Pesca e de Aquicultura, divulgou a suspensão dos 130 mil documentos, respaldados pela Portaria MPA nº 127, de 2023 e reforçou o compromisso com aqueles que vivem da pesca.

“As suspensões levam em consideração, para análise, atualizações cadastrais, a veracidade dos documentos apresentados, a consistência das informações declaradas e a conformidade com as normas vigentes”.

“Desde 2023, o MPA vem atuando em parceria com órgãos de controle, como a Controladoria-Geral da União, e em cooperação com a Polícia Federal nas ações de investigação criminal. As apurações continuam, com rigor, transparência e impessoalidade, para garantir os direitos reais de todos aqueles que realmente vivem da pesca”.

No estado sul-mato-grossense, o governo de MS aprovou o projeto de lei de proibição da captura, embarque, transporte, comercialização, processamento e industrialização do peixe Dourado, em todos os rios do território de Mato Grosso do Sul.

Pesca proibida desde 2019, pela lei Lei 5.231, foi prorrogada já uma vez em 2024 e novamente este ano, ao fim do prazo dos estudos técnicos científicos e econômicos em 28 de fevereiro. Sua prorrogação vale até 31 de março de 2026, podendo ser estendida por mais um ano, até 2027.

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SUPERSALÁRIOS

Penduricalho favorito do Judiciário fura teto e gera até R$ 1 bilhão

Juízes ou promotores têm direito a dias de folga quando acumulam trabalho ou substituem um colega. Mas, em vez de folgarem, são indenizados

25/12/2025 07h48

No início de dezembro, o Tribunal de Justiça do Paraná aprovou o pagamento de quase R$ 1 bilhão retroativos

No início de dezembro, o Tribunal de Justiça do Paraná aprovou o pagamento de quase R$ 1 bilhão retroativos

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A licença compensatória se tornou, ao longo dos anos, o penduricalho favorito do Poder Judiciário e Ministério Público. A popularidade do benefício que fura o teto do funcionalismo público é tanta que se estendeu ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Senado. Há registros de tribunais que já gastaram mais de R$ 1 bilhão com o pagamento do benefício.

A licença funciona da seguinte forma: juízes ou membros do MP têm direito a dias de folga quando acumulam trabalho ou substituem um colega. Mas, como há trabalho demais e poucas pessoas disponíveis para trabalhar, eles afirmam que não podem tirar essas folgas.

A solução encontrada pelas cúpulas dos tribunais é autorizar a venda desses dias de descanso, o que rende cifras milionárias a alguns magistrados, especialmente quando são autorizados valores retroativos.

Como a licença é considerada “verba indenizatória”, o dinheiro cai limpo na conta, sem Imposto de Renda, sem Previdência e acima do teto de R$ 46 mil. Se fosse verba remuneratória, ou seja salário normal, teria limite constitucional e pagaria imposto

No início de dezembro, o Tribunal de Justiça do Paraná aprovou o pagamento de quase R$ 1 bilhão retroativos desta licença, sob o argumento de que o benefício não foi pago desde 2015, quando foi aprovada uma lei federal para regulamentar uma gratificação semelhante.

A origem da licença compensatória remonta ao ano de 2015, quando foram aprovadas duas leis federais que instituíram um benefício com outro nome: a gratificação por exercício cumulativo de jurisdição a integrantes da Justiça Federal e da Justiça do Trabalho. Essa gratificação é uma espécie de “irmã” da licença compensatória, porque as duas partem da mesma ideia, mas funcionam de maneiras completamente diferentes.

A principal diferença entre os dois benefícios é que a lei que instituiu a gratificação definiu limites para os pagamentos do benefício, mas os órgãos de controle do Judiciário e do Ministério Público passaram a flexibilizar essas regras por meio de atos administrativos.

Enquanto a gratificação não pode ultrapassar mensalmente 1/3 do salário do juiz que trabalhe 30 dias em caráter excepcional e tem natureza remuneratória, o que significa que ele está limitado ao teto do funcionalismo, a licença compensatória vai na contramão porque é considerado um benefício indenizatório.

E existe ainda a artimanha da retroatividade, quando os tribunais e órgãos do MP avaliam que o benefício deixou de ser pago por algum motivo, em um determinado período, e autorizam o pagamento do valor correspondente a esses anos devidos com direito a reajuste pela inflação. 

Em alguns casos, é tudo pago de uma vez, o que gera um extra na casa dos milhões na conta de quem já faz parte da elite do serviço público e, na somatória de todos os membros, se aproxima de R$ 1 bilhão.

mato grosso

'OAB Que se dane', diz juíza que expulsou advogados de sessão

Magistrada alegou que advogados estariam filmando os jurados durante um tribunal do júri, o que é proibido pela legislação

25/12/2025 07h22

Em vído que viralizou nas redes sociais, a juíza Mônica Cataria Perri Siqueira desafia os advogados no tribunal do júri

Em vído que viralizou nas redes sociais, a juíza Mônica Cataria Perri Siqueira desafia os advogados no tribunal do júri

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A juíza Mônica Cataria Perri Siqueira, da 1.ª Vara Criminal de Cuiabá, afirmou "que se dane a OAB" durante um julgamento no Tribunal do Júri, após uma reclamação da defesa, e determinou que a Polícia Militar retirasse do plenário advogados da Comissão de Prerrogativas da OAB de Mato Grosso. O episódio ocorreu no dia 15, durante o julgamento de um policial civil acusado de matar um PM.

Em nota, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso informou que os advogados estavam gravando os jurados, prática vedada por resolução do Conselho Nacional de Justiça. No vídeo que viralizou nas redes sociais, a magistrada desafia os advogados. "Pode até chamar o presidente da OAB", disse, após o advogado pedir que ela reconsiderasse a retirada dos representantes da entidade.

Na sequência, a magistrada afirma: "Que se dane, vocês estão aí só levantando a OAB. Mantenha o respeito. Isso é um absurdo que está acontecendo aqui. Pode retirar os três", ela ordenou. "Manda prender então, Excelência. Manda prender os advogados. Manda prender! Eu entrego a minha liberdade a vossa excelência. Manda me prender! Eu entrego a minha liberdade pela defesa do acusado. Vossa excelência está passando de todos os limites", reagiu um dos advogados.

A discussão ocorreu no julgamento pelo Tribunal do Júri de Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, investigador da Polícia Civil acusado de matar a tiros o policial militar Thiago de Souza Ruiz em abril de 2023. No dia seguinte ao tumulto no Tribunal do Júri, advogados de Mato Grosso, acompanhados da presidente da seccional, Gisela Cardoso, compareceram ao Fórum de Cuiabá para acompanhar o julgamento. Segundo relatos, o grupo foi impedido de entrar no prédio pela equipe de segurança, por ordem da juíza

A entrada dos advogados só foi liberada após Gisela acionar a presidência do Tribunal de Justiça do Estado. A presidente afirmou que, diante dos fatos, a OAB de Mato Grosso "dialogou com a magistrada, requerendo sobretudo respeito e cordialidade"

O advogado Cláudio Dalledone, que atuava no júri e afirmou ter sido um dos ofendidos, declarou que houve violação de prerrogativas e "demonstração célere de força, do velho ditado 'mexeu com um, mexeu com todos'".

Na terça-feira, 23, o julgamento foi retomado, mas a juíza dissolveu o Conselho de Sentença sob a suspeita de que os jurados podem ter sido influenciados pela discussão. A formação de um novo conselho ficou para 12 de maio de 2026.

Reações

A Associação Mato-grossense de Magistrados saiu em defesa da juíza, afirmando que "as declarações foram descontextualizadas". "A magistrada teria advertido os advogados de defesa de que deveriam manter o respeito ao decoro processual e à solenidade do júri, antes de acionar a OAB", anotou a associação.

O procurador nacional de Defesa das Prerrogativas da OAB, Alex Sarkis, publicou um vídeo afirmando que o episódio é "grave, inaceitável e afronta diretamente a Constituição, o devido processo legal e a advocacia".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 

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