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COP28: um olhar entre as cortinas de fumaça

Há algo mais importante do que o fato em si de países desenvolvidos colocarem a mão no bolso

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Chegamos à metade da COP28 com alguns avanços, mas há muita coisa ainda pela frente. O que se pode trazer de mais relevante até o momento, sem dúvidas, é a consolidação do fundo de perdas e danos. Já são mais de 500 milhões de dólares alocados. Pouco ainda, mas um passo importante. Mas e o resto? Tem cortina de fumaça no ar?

Primeiro, vamos falar um pouco sobre o significado do fundo. Há algo mais importante do que o fato em si de países desenvolvidos colocarem a mão no bolso.

De certa forma, quando admitem que os países mais pobres devem ser compensados por suas perdas e danos, causados pelas mudanças do clima, assumem uma responsabilidade histórica.

Os países mais ricos tiveram seu crescimento econômico lastreado fortemente nas emissões de gases de efeito estufa. Eles são os responsáveis pelo acumulado desses gases na atmosfera, desde a Revolução Industrial.

Se as mudanças climáticas estão acontecendo agora e colocando em risco populações vulneráveis em países mais pobres, nada mais justo do que os recursos para lidar com essas perdas e danos venham dos países que mais se beneficiaram com suas emissões históricas.

Passado esse primeiro momento de euforia, é importante um olhar para os objetivos principais das COPs.

Essa é a COP do balanço global das emissões (Global Stocktake). É o momento de avaliar o progresso alcançado na mitigação do aquecimento global desde o Acordo de Paris. As discussões tiveram início na primeira semana e vão continuar na próxima. As expectativas não são boas.

Especialistas entendem que estamos longe da trajetória necessária para seja mantido o aumento de temperatura de 1,5ºC até o fim do século. Com o ritmo das emissões atuais, estamos beirando atingir 2,6ºC nesse período.

A discussão do balanço global deve oficializar a necessidade de mais esforços de todos os países para que possamos atingir a meta do Acordo de Paris, algo que parece ser um consenso nos corredores da COP.

Falando no “sentimento” ao circular pelos corredores, minha impressão é de que cada vez mais distanciamos do eixo central do que realmente precisa ser feito. Há uma proliferação de temas que tomam tempo e parecem jogar uma cortina de fumaça no que efetivamente interessa. Nada mudou desde os anos noventa!

Continuamos precisando visceralmente da redução significativa da queima de combustíveis fósseis para ter algum sucesso no combate às mudanças do clima. Carvão mineral, gás, petróleo e seus derivados continuam sendo responsáveis por praticamente três quartos das emissões globais.

Proporções muito próximas das que se viam nos primeiros relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) da década de 90! A diferença é que, em termos absolutos, continuamos aumentando o ritmo das emissões. 

A cortina de fumaça das chaminés das termoelétricas coloca o desmatamento como o grande vilão do clima. E, realmente, ninguém em sã consciência pode achar normal o ritmo de desmatamento de florestas tropicais e savanas florestadas.

Perdas de biodiversidade e efeitos nos regimes hidrológicos são razões suficientes para que se faça de tudo para preservar as florestas. Mas a mudança no uso do solo não é o grande vilão!

A queima nas termoelétricas e nos motores dos carros, aviões e navios são muito (mas muito mesmo) mais relevantes. Sendo mais direto: podemos parar todo o desmatamento no mundo que continuaremos tendo emissões suficientes para um aquecimento bem acima do 1,5ºC do Acordo de Paris.  

Só que a coisa vai além! Há uma forte pressão sobre as emissões da agropecuária, chegando ao cúmulo de se pensar que a redução de consumo de carne teria algum efeito significativo nas mudanças do clima.

Uma grande ilusão que turva o olhar da opinião pública e pode, perigosamente, desencadear políticas públicas que colocam em risco a segurança alimentar de milhões de pessoas pelo mundo! Beira a irresponsabilidade!

De novo, ninguém aqui está falando que uma agropecuária mais eficiente seja descartável. Claro que não. O que gostaria de enfatizar é que não adianta absolutamente nada fazer uma COP com 70% de comida vegana circulando nos corredores, mas com praticamente 100% dos holofotes e condicionadores de ar tocados a combustíveis fósseis.

Entendo que, para falarmos em termos de ações significativas, a grande questão continua sendo a transição energética! Tem de ser acelerada. Não adianta reduzir o desmatamento e abrir mão da produção de alimentos para a restauração ambiental se, na outra ponta, investirmos no aumento da produção e consumo de combustíveis fósseis!

O Brasil chegou ao início da COP com toda a chancela para voltar ao protagonismo nas discussões climáticas globais.

Não somente pelos resultados surpreendentes de redução no desmatamento e nos números invejáveis no aumento de eficiência dos sistemas agrícolas sustentáveis, atendendo a agenda já esfumaçada de prioridades.

Mas sobretudo com uma matriz energética limpa! O maior e mais bem-sucedido programa de bicombustíveis do mundo, com o etanol, cogeração de energia elétrica e o grande potencial de liderar a corrida pela economia do hidrogênio verde! Um real exemplo de transição energética em larga escala! 

Bem, mas o Brasil conseguiu terminar a primeira semana da COP levando para casa o honroso prêmio de “Fóssil do Dia”, concedido por uma organização não governamental aos países que tomam iniciativas que vão na contramão do combate à crise climática.

Infelizmente, a adesão à OPEP+ ofuscou todos os avanços reais que o Brasil trouxe para a COP e sobretudo o seu potencial protagonismo na liderança da transição energética para uma economia realmente descarbonizada. Uma pena! Parece que o Brasil preferiu engrossar as cortinas de fumaça das termoelétricas do deserto.

Cláudio Humberto

"O método é velho, conhecido e covarde"

Cabo Gilberto Silva (PL-PB) ao suspeitar de uso político da Polícia Federal

21/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Gastos suspeitos são tão antigos quanto o ‘cotão’

Políticos viram intrigados a operação policial desta sexta (19) expondo os deputados Sóstenes Cavalcante, líder do PL, e Carlos Jordy, ambos do RJ, sobre gastos suspeitos com a “cota parlamentar”. É que isso ocorre desde a criação malandra do “cotão”, a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar, que varia de R$36 mil a R$52 mil mensais por deputado ou senador, dependendo do Estado, para despesas como aluguel de carros, jatinhos, escritórios e até lanchas, passagens, motéis, jantares etc.

 

Mão no seu bolso

De 2015 a 2025, segundo dados oficiais, o Congresso desembolsou R$2,8 bilhões em ressarcimentos sem transparência e fiscalização.

 

Como ricaços

Em 2023, deputados torraram R$916 mil em jatinhos, com Sidney Leite (PSD-AM) gastando, somente ele, R$157,7 mil.

 

Corrida de fundo

Pedro Aihara (PRD-MG) usou R$23 mil do dinheiro dos impostos em refeições de luxo em sete Estados e no Japão, entre 2023 e 2024.

 

Novidade é a PF

O TCU já investigou 18 de uma vez, como Benedita da Silva (PT-RJ), Silas Câmara (Rep-AM), Romário (PL-RJ) etc. Mas sem PF na porta.

 

Com saída de Wagner, PT perde sua melhor figura

Jaques Wagner (PT-BA) perdeu a liderança do governo no Senado por ser raridade entre lulistas raivosos, gente primária que não está ali para fazer política, mas para ajudar Lula (PT) a cumprir o que jurou em vídeo viralizado de 2021: “Eu vim para me vingar”. Wagner, ao contrário, bom político, apenas trava as brigas necessárias. Apoiou Davi Alcolumbre na questão da Dosimetria para emplacar projetos de interesse do governo, até porque seria inútil resistir, como demonstrou o placar de 48x25 votos.

 

Gabinete do ódio

O “acordo” enfureceu Gleisi Hoffman, figura que ama odiar a tudo e a todos, e que ficou enciumada com a desenvoltura do petista da Bahia.

 

Rivais só nas ideias

Wagner sempre irritou o PT. A turma espumava de ódio contra ACM, mas ele e Luiz Eduardo, filho do velho babalaô, cultivavam relação cordial.

 

Civilidade política

Ao descobrirem que nasceram no mesmo dia, durante anos Wagner e Luiz Eduardo almoçaram juntos naquele dia, até que a morte os separou.

 

Lulinha lá

Último requerimento protocolado na CPMI que investiga a gatunagem no INSS, na sexta, dia do suspiro final de algum trabalho no Congresso, pede a convocação de Lulinha. É assinado pelo relator Alfredo Gaspar.

 

É só olhar

A Polícia Federal gastou recurso público para constatar o que é sabido até no mundo mineral. O laudo confirmou o que os médicos de Jair Bolsonaro já diziam, o ex-presidente precisa mesmo passar por cirurgia.

 

Tesourada

Dois programas que Lula pretendia usar para pedir votos terão cortes no orçamento de 2026: Auxílio Gás, que ficou R$300 milhões menor; e o Pé-de-Meia, que encolheu outros R$436 milhões.

 

Liberou
Rui Costa (Casa Civil) vai ter que explicar à Câmara a contratação extra de 400 cabines em navio de cruzeiro para a COP30. O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) quer detalhes, como preços e serviços agregados.

 

BC fez bem

Devaneio do ministro do TCU, Jhonatan de Jesus, de questionar o Banco Central sobre a liquidação do Banco Master, não ecoa entre bancões. A Febraban correu para se manifestar e diz ter “plena confiança” no BC.

 

Eve Air Mobility

O carro voador da Embraer fez seu primeiro voo na sexta (19). O plano da empresa é fazer as primeiras entregas e entrar em serviço em 2027. Já são quase 3 mil pedidos potenciais na fila.

 

Mala pronta

Cassado e morando nos Estados Unidos, o ex-deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) terá que devolver o apartamento funcional, em Brasília. Tem até o dia 17 de janeiro para fazer a entrega.

 

Menos pior

O Senado conseguiu melhorar a avaliação positiva, ao menos na última pesquisa Genial/Quaest. O índice subiu de 18% para 22%, portanto, acima da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais.

 

Pensando bem...

...“legado” da COP30 é a fatura que ficou.

 

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

O engenheiro Fruet

O saudoso deputado Maurício Fruet (PMDB-PR) sempre pregava peças nos amigos e até em desconhecidos. Certa vez, em um vôo Brasília-Curitiba, percebeu que dois gaúchos ao lado tinham medo de avião. Disse-lhes que era “engenheiro aeronáutico” e que, como eles, seguia para Porto Alegre. Começou a se divertir: “Estou ouvindo um barulhinho na turbina, não deve ser nada...” Levantou-se dizendo que iria falar com o piloto, mas foi ao banheiro. Voltou: “O piloto não ficou nada preocupado com o barulho na turbina. Sou engenheiro-aeronáutico, mas não sou louco. Vou descer em Curitiba.” Os dois só não fizeram o mesmo porque, já prontos para desembarcar na capital paranaense, Fruet confessou a brincadeira.

CLAÚDIO HUMBERTO

"Perdem no Congresso, recorrem ao STF"

Senador Sérgio Moro (União-PR) sobre o governo judicializar mais uma derrota no voto

20/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Com Lulinha, PF deve chegar ao núcleo do governo

A oposição não tem dúvidas de que a recente fase da Operação Sem Desconto, que enrolou Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha – filho do presidente Lula; Roberta Luchsinger, amiga de Lulinha; e Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder de Lula no Senado; coloca de vez as investigações no cerne do governo petista. “Fica evidente que as investigações se aproximam do núcleo duro do governo. Esse roteiro não é novidade”, afirma o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS).

Tem que explicar

Os citados entraram na mira da CPMI que apura a ladroagem no INSS, o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), pediu a convocação.

Batom na cueca

Mensagens com referência a Lulinha “são provas de que o filho de Lula está implicado neste escândalo”, conclui Marcel van Hatten (Novo-SC).

Pega geral

Zucco (PL-RS) também cobra que a CPMI avance sobre Weverton, Lulinha e cia. Capitão Alden (PL-BA) vai no mesmo sentido.

Questão familiar

“Vai chegar no núcleo mais íntimo do presidente”, diz Rodrigo da Zaeli (PL-MT) e cita o filho e nora de Lula. Mas alerta para blindagem no STF.

Ministro do TCU chama atenção com ataque ao BC

O ministro TCU Jhonatan de Jesus gosta de fortes emoções. Após o constrangimento da apreensão, pela Polícia Federal, em maio, da BMW da esposa com o filho de Antonio Camilo Antunes, o Careca do INSS, despertando suspeitas sobre essa ligação, o ministro voltou a atrair atenções acusando o Banco Central de promover liquidação “precipitada” do Banco Master, de Daniel Vorcaro, preso pela PF, ficando sujeito a acusação de desrespeitar a autonomia e deveres regulatórios do BC.

Banco quebrado

O ministro do TCU ainda fixou prazo de 72 horas para o presidente do BC dar explicações já feitas: havia uma “grave crise de liquidez”, mané.

Sistema sob riscos

O BC também, justificou a liquidação do Master, em novembro, apontando riscos ao sistema financeiro nacional.

Estranho, é

Jhonatan desconfia de processo “acelerado indevidamente”, sem análise de propostas de recuperação defendidas pelos controladores...

PT sumiu

Foi protocolado requerimento para prorrogar a CPMI que investiga a roubalheira no INSS. Foram 175 assinaturas de deputados e mais 29 de senadores. Detalhe: parlamentares petistas não assinaram o pedido.

Conversa fiada

Em Brasília, as pessoas não dão mesmo o braço a torcer. Demitido do Ministério do Turismo, Celso Sabino garante a quem pergunta que a saída da pasta já estaria combinada com Lula. Ninguém acreditou.

Motta, o fraco

No PL, não querem ver Hugo Motta (Rep-PB) nem pintado a ouro. Reclamam da frouxidão do presidente da Câmara quando o STF e a Polícia Federal têm parlamentares da oposição como alvos.

Cadê Raoni?

Sempre chamado quando Lula quer faturar factóide usando bandeira indígena, Cacique Raoni não foi chamado para discursar no palco principal da COP30. O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) percebeu a ausência e cobrou explicações de Sônia Guajajara (Povos Indígenas).

Vapt-vupt

Em menos de uma semana, os deputados estaduais de Pernambuco criaram e aprovaram escala 4x3 e indenização anual de até R$ 176 mil para servidores de alto escalão por folgas não tiradas.

Amigo oculto

Quem paga a conta ainda não sabe o valor da fatura, mas o fim de ano de servidores da Assembleia Legislativa do Maranhão, fechada ao clubinho, contou com ao menos três bandas com shows ao vivo.

Nosso dinheiro

O BNDES vai injetar mais R$10 milhões no programa Cataforte. A grana será destinada a cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis, de quem Lula não vai se constranger na hora de pedir votos.

A propósito

O anúncio do caminhão de dinheiro do Cataforte foi feito em evento que foi bancado com dinheiro da Caixa Econômica Federal, Sebrae e da ABDI. Palanque patrocinado com dinheiro do pagador de impostos.

Pensando bem...

...do jeito que está, convocação na CPMI do INSS vai acabar virando reunião familiar.

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Um Jobim desafinado

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) estava no Conselho de Ética espiando uma tevê que transmitia o julgamento do Supremo Tribunal Federal, no qual José Dirceu acabaria condenado. Mas não resistiu ao ver o presidente do STF, ministro Nelson Jobim, fazendo questão de votar favoravelmente o ex-chefe da Casa Civil: “É o único Jobim que sai do tom...”

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