Colunistas

Giba Um

"Errei, mas de forma alguma me arrependo.

Se fossem as mesmas circunstâncias, não deixaria de repetir o gesto. Espero ter lavado alma de milhões de pessoas", de José Luiz Datena, sobre a cadeirada em Pablo Marçal.

Continue lendo...

Depois de dois anos como participante de uma bancada do programa dominical de Luciano Huck, Dona Dea Lúcia, 77 anos será promovida a apresentadora da Globo. A mãe de Paulo Gustavo terá a oportunidade de brilhar sozinha. Se não der certo, isso já é uma outra história. 

Mais: Ela apresentará o especial Falas da Vida, que deverá celebrar efemérides de destaque. A primeira irá ao ar em 8 de outubro e será em comemoração ao Dia Internacional das Pessoas Idosas. Detalhe: Dona Déa Lúcia já está resmungando contra as regalias que ela não tem em seu camarim (coletivo). 

Valorizando as mulheres

Na quinta-feira (12) a marca francesa L'Oréal Paris promoveu  um evento para dar o pontapé em uma campanha para reforçar seu foco na valorização da mulher brasileira e a importância da sororidade no contexto de empoderamento. Foi o maior evento institucional promovido pela marca desde que desembarcou no Brasil. Realizado na Pinacoteca Contemporânea de São Paulo, reuniu grandes nomes da representatividade, que contou até com a cantora e modelo francesa Yseult e com show de Liniker,  cantora e compositora  que é reconhecida por sua representatividade não só na música, mas também pela luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAPN+. Sob o tema “Porque você vale muito”, a marca enalteceu a beleza de cada mulher e reforçou que todas são protagonistas de suas próprias histórias. Numa noite que teve como grande anfitriã Tais Araújo e Larissa Manoela (embaixadora de L’Oréal Paris desde 2020) teve também  e fez menções honrosa ex-ginasta, campeã mundial e comentarista Daiane dos Santos, a modelo e influenciadora Maju de Araújo e a cientista física Márcia Cristina Barbosa,  três mulheres de destaque em seus campos de atuação, que inspiram e lutam pela inclusão de mulheres nesses setores. Entre outras convidadas também estavam a jornalista Ana Paula Padrão, a atriz e cantora Zezé Mota, a  cantora e apresentadora Larissa Luz e outras tantas.

“Supercana” quer dinheiro de fora

O projeto mirabolante da “supercana” de Eike Batista será levado à frente – se for – basicamente com capital estrangeiro. A promessa de Eike é de uma produtividade de álcool muito maior do que a cana de açúcar (“dá para fazer um mega Proálcool) e de um bagaço capaz de substituir “100% do plástico do mundo”. A questão é que Eike acha que seu crédito é muito maior lá fora. E nem poderia ser de outra forma: todos os grandes bancos perderam dinheiro com as aventuras do empresário no petróleo. O Itaú ocupou a liderança entre os maiores ludibriados e sofreu uma surra financeira. Uma parcela da disposição de assumir o risco OGX deveu-se entre a amizade entre Eike e Cândido Bracher Botelho, o “Candinho”, já na posição de comando a casa bancária dos Setúbal e Vilella. A amizade desmoronou.  Por enquanto, Eike rega dois terrenos ao mesmo tempo: a recuperação de sua imagem (não é fácil) e a venda do projeto. A divulgação vem sendo feita nas redes e muita gente, incluindo velhos amigos, dá risada. Seus filhos Thor e Olin estão com o pai e colaboram com palpites, o que não quer dizer muita coisa. O pai repete sempre o mesmo discurso (Eike é um bom vendedor). Mais: ele fez uma sociedade com Mário Garnero, 87 anos, que também não tem dinheiro, mas está sempre de terno e gravata, o que ajuda na imagem, não muito mais que isso.

Nova profissão 1

O ex-presidente da Câmara e ex-deputado Eduardo Cunha, mais perfeita inspiração do atual nº 1 da Casa, Arthur Lira, está conversando por vários cantos sobre a possibilidade de criação do Partido dos Evangélicos. O ex-deputado acha que o crescimento do neopentecostalismo na política brasileira é inexorável. Do ponto de vista ideológico, os religiosos estão cimentados na extrema direita. No entendimento de Cunha, não são um ativo vitalício de Bolsonaro. O Capitão pode perder seu rebanho se ele se fragmentar e encontrar seus próprios representantes políticos – sem intermediários.

120  looks

Sem muito alarde o reality-show A Fazenda 16 estreou na segunda-feira (16). O reality que tem como intuito juntar pessoas famosas, neste ano, com algumas exceções resgatou ‘pseudo-famosos’ que participaram de outros programas de convivência. Adriane Galisteu que está no comando da atração desde 2021 (antes foi comandado por  Brito Junior de 2009-2014, Roberto Justus, 2015-2017 e Marcos Mion, 2018-2020) disse que sai de casa para apresentar o programa como se fosse sempre uma novidade. “Eu saio de casa sempre como se fosse minha primeira vez! Amo estar à frente de um programa que sempre fui fã! Que delícia começar tudo de novo de novo. Mais: Galisteu que quer arrasar no looks diz que terá uma referência no streetwear (esportes), mas que a maioria dos 120 looks que pretende usar  terá pegada urbana e cool além da alfaiaria incluindo itens “improváveis no universo country”.

Nova profissão 2

No passado,  Eduardo Cunha tentou montar um título de capitalização para os religiosos em sociedade com Arthur Falk, o Papa Tudo. E acha que somente a fé fará frente ao poder das redes sociais. Para ele, duas forças combinadas ceifariam um partido imbatível. No século passado, o conservador filósofo católico Jackson de Figueiredo defendeu um partido católico, provocando grande discussão política. Hoje, não chega a ser uma proposta desprezível.

Olho na mineração

De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, há no Brasil cerca de 14 mil concessões de lavra em vigor. Desse total, em quase 30% das reservas, não há qualquer atividade de extração. Os projetos suspensos estão paralisados, em média, há 12 anos. Ou seja, simplesmente, as mineradoras estão sentadas sob a permissão. Por essa razão, o Ministério de Minas e Energia, há quem se refira ao projeto de revisão do marco legal da energia como uma espécie de “reforma agrária da mineração”. O objetivo é “democratizar” a atividade mineral. Este ano, durante inauguração de fábrica de fertilizante da Eurochen (MG), o ministro Alexandre Silveira criticou a “conduta irresponsável” das grandes mineradoras. Elas mantêm número elevado de permissões sem investir na área, apenas para impedir que os outros o façam.

Pérola

“Errei, mas de forma alguma me arrependo. Se fossem as mesmas circunstâncias, não deixaria de repetir o gesto. Espero ter lavado alma de milhões de pessoas”,   

de José Luiz Datena, sobre a cadeirada em Pablo Marçal.

No ataque

Bloqueado nas redes sociais e multado em R$ 50 milhões o senador Marcos do Val (Pode-ES) lamenta que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco se “deixe humilhar” pelo Supremo Tribunal Federal, que, literalmente, o ignora. Do Val até consegue ser gentil com Pacheco, mas admite sua incapacidade de agir em defesa da instituição e dos senadores. Pacheco pediu o desbloqueio que atinge Marcos do Val, mas Moraes não reconheceu “competência” no presidente do Senado no caso. Para justificar sua omissão, Pacheco diz que é amigo de Alexandre de Moraes há 20 anos. Os irônicos gozam: “Com um amigo desses, não precisa de mais nada”.

Dois chefes

Os próprios executivos da Americanas estão se perguntando quem é o nº 1 da companhia. Especialmente depois do anúncio da chegada de Fernando Dias Soares, que assumiu o cargo de COO – Chief Operating Officer. Soares é um homem de confiança de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Boa parte de sua trajetória profissional se deu na AmBev, onde presidiu a divisão de bebidas não alcóolicas e comandou unidades de negócio do grupo no México, Colômbia e Peru, agora, Soares aterrissou na Americanas com status de quase CEO – Chief Executive Officer, poucos centímetros abaixo de Leonardo Coelho, formalmente o ocupante do cargo.

Não é bem assim

As redes sociais estão repletas de anúncios, dentro de noticiário do Serasa (especialmente sobre o programa “Serasa Limpa Nome”), afirmando que “Acordo Itaú com até 94% de desconto”, o que não acontece para quem procura alguma agência da instituição. Amigo desta coluna, mais que idoso e querendo usar a Lei do Superendividamento, procurou uma agência do Itaú querendo suspender seu cheque especial que atingirá 15 mil e dividir em parcelas de longo prazo. Nas agências, a lei é diferente do que espalha o Serasa. É possível dividir no máximo em 48 vezes, com juros de 5,2%, o que transforma a dívida em R$ 42 mil com parcelas de R$ 1,2 mil mensais. Aí, o endividado recorre à Ouvidoria: alguém grava o que o idoso falou, promete uma resposta em cinco dias – e desaparece. 

Reais motivos

A saída de Boninho da Rede Globo não foi por causa dele estar disposto a “enfrentar novos desafios”. Foi uma demissão planejada como já aconteceu com outros grandes nomes da emissora, o que não está no texto quase romântico que lhe dedicou o novo poderoso Amauri Soares, que fez questão de dizer que Boninho “não estava sendo demitido”. A ideia era tirar Boninho de todas suas áreas: ele passaria a ser uma espécie de participante de alguns programas, como aconteceu no último BBB. Como trabalharia menos, seu salário encolheria 70%. Era isso – ou isso. Boninho preferiu deixar a emissora. 

Nada de novo

O argumento usado por Amauri Soares para tirar Boninho de sua atual e quase histórica posição, preocupado pelo fracasso de algumas de suas mais recentes produções e reduzir a folha salarial da emissora já foi usado nos casos de Jô Soares e Fausto Silva, para Jô propuseram levar seu programa ao ar no máximo duas vezes por semana. Ele não topou e ainda ficou um ano sem fazer nada. com Faustão, quase o mesmo: a ideia era que seu programa dominical passasse para as quintas-feiras à noite. O animador preferiu a Band, onde durou um ano. 

MISTURA FINA

Deputados e senadores já participaram das últimas sessões presenciais de trabalho, antes das eleições municipais. Pautas importantes para o governo Lula terão de esperar pelo menos mais um mês. Entre outras, regulamentação da reforma tributária, nomeação de Gabriel Galípolo para o Banco Central, Impeachment de Alexandre de Moraes e anistia aos presos de 8 de janeiro, só para começo de conversa. À propósito: segundo o pessoal da oposição, 35 senadores já afirmaram que são a favor do impeachment de Moraes.

Deputados e senadores têm seus luxos devidamente sustentados pelos brasileiros: entre outros, aviões, viagens, combustível e alimentação. A fatura do cotão parlamentar, como é chamada a “verba indenizatória” superou os R$ 166, 6 milhões neste ano. Eles usam a verba para ressarcir quaisquer despesas. Deputados recebem R$ 36,6 mil e R$ 51,4 mil por mês. Senadores, de R$ 21 mil a R$ 44 mil, segundo o Estado de origem. Os salários são de R$ 44 mil mensais e em 2025 passará para R$ 46,3 mil.

São remotas as chances do ministro André Mendonça (STF), relator do caso de “pegar leve” com o ex-ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, envolvido em escândalo de assédio sexual em quem a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) figura entre as vítimas. Caberá a Mendonça decidir pela abertura de processo contra Almeida, agora também sob suspeita de estar por trás das ameaças do sociólogo Leonardo Pinho, seu antigo auxiliar a testemunha-chave das denúncias de assédio sexual.
 
O Ministério da Educação não abriu a boca, mas o TCU denunciou a deputada Macaé Evaristo (PT), futura ministra dos Direitos Humanos, pelo rombo de R$ 177,3 milhões do FNDE, destinados à merenda escolar. O dinheiro evaporou, sumiu no governo Dilma Rousseff. Se condenada, Macaé terá de devolver a dinheirama e ficará proibida de exercer cargo público por oito anos. Se Lula não demiti-la agora, será obrigado a fazer depois.

In - Cinema: Meu Amigo Pinguim

Out - Cinema: Meu Casulo de Drywall

Assine o Correio do Estado

Cláudio Humberto

"Ora, se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros"

Ministro Carlos Fávaro (Agricultura) sugere que o Carrefour não venda carnes no Brasil

24/11/2024 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

Continue Lendo...

Oposição não vê chance de arquivamento da anistia

Tirando alguns gatos pingados do PT, poucos na Câmara acreditam que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), dê ouvidos aos apelos de Gleisi Hoffmann (PT-PR) para arquivar o projeto anistia os presos pelo 8 de janeiro de 2023. O pedido é visto como oportunista e sem chance real de prosperar. “A base do governo Lula quer fazer terrorismo porque sabe que o projeto tem voto pela aprovação”, declarou à coluna Evair de Melo (PP-ES). “Na hora que entrar na casa, com certeza terá aprovação”. 

Sem credibilidade

Evair garante que o indiciamento de Jair Bolsonaro não muda o humor na Casa. Vê o processo “cheio de vícios constitucionais e de origem”.

Homem de palavra

Lira é conhecido como “cumpridor de acordos” e o projeto da anistia está na mesa de apoio a Hugo Motta (Rep-PB) como sucessor do alagoano.

É prioridade

Deputados alinhados a Bolsonaro têm o projeto da anistia no topo das prioridades e deixaram isso bem claro a Lira ao fechar com Hugo Motta.

Chance nula

A oposição duvida que Lira vá se indispor com a base bolsonarista e abrir mão da vitória por W.O apenas para atender ao pedido do PT.

Proibição de bets e não de loterias ainda intriga

Nem mesmo a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), das “empresas operadoras de jogos e loterias legais”, comenta a proibição da turma do Bolsa Família apostar nas “bets” e não nas loterias da Caixa, que passou o rodo em R$23,4 bilhões em 2023 e sequer sabe quanto disso vem dos bolsos dos beneficiários do programa. Procurada, a ANJL não respondeu a questionamentos. Caso da Caixa, que nem possui estudo dando números aos bilhões do Bolsa Família em suas loterias.

Ninguém fala

O governo Lula também não explica se tem planos para proibir que beneficiários do programa federal apostem nas loterias da Caixa.

Caixa preta

Nem o Banco Central, autor do estudo que apontou bilhões dos bolsistas apostados num mês nas bets, tem estudo semelhante sobre loterias.

Mínimo incongruente

Especialistas na regulamentação de jogos apontam incongruências na decisão do STF e do governo Lula de proibir beneficiários de apostarem.

Malddad e o Fundeb

Findada mais uma semana, nada de Fernando Haddad (Fazenda) aparecer com o corte de gastos. A coluna soube que o ministro “Malddad” ainda não fechou a tesourada que vai dar no Fundeb.

Me engana que eu gosto

Entre os tais “37 acordos fechados pelo governo Lula” com a enorme comitiva chinesa que viajou a Brasília, 24 são “memorandos de entendimento”, sem detalhes, nem valores, meras cartas de intenção.

Número atualizado

O pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes acumulou 1,56 milhão de assinaturas na plataforma Change.org até a última sexta-feira (22).

Manobra

Ministério de Minas e Energia deve ajudar o governo Lula a fechar 2024 sem estourar a meta da inflação. O MME pediu distribuição do bônus de R$1,3 bilhão da Itaipu, isso deve reduzir o preço da tarifa em dezembro.

Ignorante irresponsável

Para Lucas Redecker (PSDB-RS), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, é irresponsável, coisa de quem ignora o mercado, o boicote do Carrefour da França à carne produzida no Mercosul.

Corte só teórico

O plano corte de gastos públicos prometido pelo governo Lula foi adiado novamente pelo ministro Fernando “Malddad”. Ficou para a próxima terça-feira (26), mas ninguém acredita. Nem no Ministério da Fazenda.

Internet devagar

Assinado o “memorando de entendimento” (que não é contrato) entre os governos da China e do Brasil, esta semana, a suposta rival de Elon Musk talvez ofereça acesso à internet daqui a dois anos em diante.

História muito recente

Há nove anos, o então PMDB (atual MDB) desembarcava em massa do governo Dilma, após o pedido de impeachment contra a presidente petista ser aceito pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Pergunta no precedente

Se decretarem a prisão do ex-presidente, ele pode antes se esconder no sindicato do ABC?

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Pistolão no PT

O então ministro do Planejamento, Guilherme Dias, surpreendia assessores pela paciência e simplicidade no relacionamento com o cidadão comum. Certa vez recebeu carta desaforada de um servidor, simpatizante do PT, e não só a respondeu, surpreendendo o missivista, como resolveu o problema relatado. Em outra carta, dessa vez amável, o servidor federal agradeceu as providências e avisou: “Vou pedir ao Lula para manter o senhor no ministério.” Assim o ministro ganhou o seu primeiro “pistolão” no PT. 
 

ARTIGOS

Valorizar o agro é valorizar o Brasil

23/11/2024 07h45

Arquivo

Continue Lendo...

Não é de hoje que venho criticando a falta de reconhecimento do agro do Brasil como protagonista na mitigação de desafios globais, como a mudança climática, a transição energética e a segurança alimentar.

O recente imbróglio envolvendo a Danone e os produtores de soja brasileiros nos alerta sobre quão frágil 
e equivocada está a imagem do agronegócio brasileiro fora da sua bolha. E motivos para esse protagonismo não faltam.

Recentemente, li uma entrevista do ex-ministro Roberto Rodrigues, a quem tenho uma admiração imensa, que exprime exatamente o que penso. Nele me inspirei e selecionei alguns dados para analisar neste texto.

Não é uma questão de narrativa, é fato. Desde os anos 1990 até hoje, a área cultivada com grãos no Brasil aumentou 111%, enquanto a produção cresceu expressivamente (445%).

Nesse processo, poupamos cerca de 115 milhões de hectares e conseguimos produzir duas safras por ano – em algumas regiões até três. Cultivamos em uma área de 62 milhões de hectares que, considerando as duas safras, equivale a aproximadamente 80 milhões de hectares.

Na área florestal, preservamos 6,5 milhões de hectares de mata nativa, fora outros 10 milhões 
de hectares de florestas plantadas, em grande parte destinadas a atividades como produção de lenha, papel e celulose.

Na contabilidade para o ranking de descarbonização, não leva-se em conta as nossas captações de CO2, só contabilizam as nossas emissões. Não somos vilões, somos um exemplo de sustentabilidade e preservação ambiental para o mundo. Sei que temos ainda como melhorar, pois o aquecimento global e as mudanças climáticas são uma realidade, e estamos trabalhando para isso.

Outro aspecto relevante e que comprova o que estou argumentando é a matriz energética brasileira, que é 48% renovável, em comparação aos 15% do mundo. Isso significa que a nossa participação de energia renovável é três vezes maior que a média global.

Embora essa informação seja amplamente conhecida, poucos sabem que aproximadamente 25% da matriz energética brasileira vem diretamente da agricultura. Ou seja, a contribuição da agricultura para a matriz energética do País é porcentualmente maior do que toda a participação das fontes renováveis no mundo.

O combustível fóssil, principalmente diesel e gasolina, são os grandes vilões nessa busca por descarbonização, porém, mesmo assim, a produção de petróleo continua aumentando no mundo. 

E quem acha que os carros elétricos são a solução para esse problema está engando, pois temos que levar em consideração qual energia está sendo utilizada para recarregar as baterias. São de fontes renováveis ou não? Se a resposta for não, o problema não foi resolvido. Sem contar os problemas que evolvem o descarte dessas baterias, que é motivo para outro artigo.

Outro mito que tem que ser derrubado é a confusão em relação ao desmatamento. O desmatamento ilegal deve ser combatido urgentemente. Ele só atrapalha e é crime. Embora seja difícil ter dimensão exata desse problema, é evidente que práticas como desmatamento ilegal, incêndios criminosos, invasão de terras e mineração irregular precisam ser interrompidas imediatamente.

Mas o que não dá para aceitar é que, principalmente no âmbito internacional, essas práticas são associadas ao produtor rural. É um equívoco, uma distorção da realidade, mas de tanto falar acaba se tornando verdade dentro de alguns nichos que não conhecem de fato o trabalho do agro brasileiro. Muitos consumidores globais têm dificuldade até em localizar o País ou entender a complexidade da Amazônia.

Não dá para misturar o desmatamento ilegal com o legal. Vamos ser honestos, não existe nada no Brasil que não foi feito em terra desmatada. 

Se fôssemos punir o desmatamento legal também, todas as cidades brasileiras teriam que ser erradicadas, as terras produtivas com diversas culturas também. Por esse motivo, a implementação do Código Florestal, a mais rigorosa legislação ambiental existente no mundo, foi essencial para combater o desmatamento ilegal e fortalecer a imagem sustentável do agro brasileiro no mercado externo, mas ainda está em passos lentos.

Um esforço conjunto dos governos federal e estadual é necessário para validar o Cadastro Ambiental Rural e coibir práticas ilegais, enfatizando que os estados de SP e MT estão mais avançados nesse quesito. Cabe ao governo federal intensificar a fiscalização, fazer valer de vez o Código Florestal em todas as regiões e promover a regularização fundiária em vários assentamentos de famílias que continuam sobrevivendo de forma irregular, abrindo espaço para oportunistas agirem.

Em 2000, o agro brasileiro exportou US$ 20 bilhões. Em 2023, esse valor saltou para US$ 166 bilhões. Já neste ano devemos superar essa marca. Ao fazer isso, naturalmente ocupamos espaços que antes pertenciam a outros mercados, o que desagrada concorrentes que ficaram de fora.

Eles, por sua vez, tentam barrar nosso avanço com desinformação e diversas ações, como legislações contra o desmatamento aprovadas na Europa – uma clara medida defensiva. Portanto, precisamos intensificar nossos esforços para eliminar qualquer obstáculo que possa gerar desconfiança sobre a nossa agricultura e afetar a confiança dos compradores.

O Brasil está bem-posicionado com tecnologia e terra disponíveis para aumentar a produção de alimentos em 30% nos próximos 10 anos. A lição de casa da porteira para dentro estamos fazendo muito bem.

Dela para fora, vejo muita gente empenhada, mas falta um pouco de visão estratégica, principalmente na parte de comunicação e diplomacia. Os acordos comerciais com grandes consumidores precisam ser melhor amarrados.

O governo federal tem que se mostrar de fato parceiro do agro, que é fundamental para o País, se aproximar dos agricultores e investir em uma campanha de comunicação estratégica para valorizar o setor.

Passou da hora de descermos do palanque, esquecermos a politização partidária e acabarmos de vez com essa polarização que só vem fazendo estragos no agro e nos mais diversos setores da economia e da vida.

Isso não constrói. E pelo bem da soberania nacional, quem tem que ceder é o mais forte – e o mais forte é o governo. Afinal, valorizar o agro, em sua essência, é valorizar o Brasil.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).