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Giba Um

"Espero que meu sucessor não seja julgado pela camisa que usou ao votar",

de Roberto Campos Neto, que deixa a presidência do BC em dezembro, lembrando ter sido criticado por votar com camisa da seleção, símbolo da campanha de Bolsonaro.

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A primeira fase da reforma tributária, sobre o consumo, já são favas contadas. Mais complexa, a segunda etapa, focada na renda, virá a seguir. Mas, aos olhos de lúcidos analistas e mesmo de figuras da equipe econômica, ainda falta um grande projeto reestruturante do país: a reforma orçamentária ou um novo pacto federativo.

Mais: para muitos, é a mãe de todas as reformas, fundamental para a organização fiscal do Estado brasileiro. A iniciativa traz riscos políticos, de implementação e governança. Lula terá a missão de cumprir e a super missão de costurar amplo acordão envolvendo Congresso, estados e municípios – e claro, o próprio empresariado.

Gente como a gente

A atriz Nathália Dill, 38 anos, considerada uma das celebridades mais bonita, e retornando as novelas como Vênus em Família é tudo depois de cinco anos de lacuna e uma filha de 3 anos  (Eva), brinca, que a pausa foi uma mistura de fatores: “Foi uma parada muito natural, do que estava estabelecido. Não consigo botar na balança o mercado, a pandemia ou a maternidade. Foi tudo junto para mim. Eu estava vivendo minha licença, meu puerpério. Então, quando me senti apta a voltar, voltei, fazendo teatro. Quando as coisas foram voltando à normalidade, eu fui junto”. Garante que é uma mãe superprotetora e brinca que é superparanoica, mas que apesar das dificuldades,  ama tudo na maternidade e que o momento que se sentiu mais sexy foi na gravidez. E fez uma confissão que poucas pessoas sabiam: que ela tem acne. “Eu tenho muita acne. Sempre tive. Uso maquiagem mais para trabalhar. Fora isso, gosto de deixar a pele respirar. Há uns meses, fui correndo à dermatologista, porque senti um misto de alergia com acne no rosto. Não era nem tanto pelo estético, mas pela saúde”. E no final brinca: “Tenho a impressão de que eu vou chegar à menopausa com espinhas”.

Novo BNDES faz até propaganda

Durante anos, se alguém dizia que o então BNDES estivesse dando lucro, estava tudo errado. O banco do fomento, desde os idos de seu criador, Roberto Campos (avô), tinha sido pensado para fomentar. Uma gota de lucro queria dizer descumprimento de sua função. Durante o governo Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes (Economia) chutou o balde e transformou o banco em um acessório de transferência de renda para o Tesouro. Fomentar virou detalhe. Agora, no governo Lula, o BNDES voltou a dar lucro. Seu presidente, Aloizio Mercadante, entusiasmado, declarou que vai repassar mais de R$ 15 bilhões ao Tesouro para colaborar com a Fazenda no esforço do equilíbrio das contas públicas. Paulo Guedes acha que “fez melhor que eles”. E emenda: “Transferi centenas de bilhões que poderiam ser dedicados a empréstimos para o setor real da economia”.

Muita propaganda

Sem entregar nada de importante sob o comando de Aloizio Mercadante, o BNDES multiplicou – quem diria – em cinco vezes seus gastos de propaganda até agora em 2024. Só neste ano, foram queimados R$ 34 milhões em publicidade em veículos governistas e redes sociais. Representam cinco vezes mais os gastos de R$ 6,2 milhões entre janeiro e julho de 2023 para vender não se sabe o que. Emissoras, sites e jornalões recebem os maiores valores, mas o Google e Facebook também são beneficiados. E tem para os estrangeiros: Financial Times ao The Economist, fora “mídia exterior” em cartazes, outdoors e outros em aeroportos e até pontos de ônibus. Em 2023, gastou R$ 38,8 milhões em publicidade.

Vida discreta

Aos poucos a modelo Gisele Bündchen, vai voltando a publicidade, após um pequeno intervalo, para escrever seu livro com suas receitas favoritas e fáceis de fazer e também por conta de seu divórcio. Gisele apesar da pausa continua sendo a 2ª modelo mais bem paga do mundo, em 2023 recebeu cerca de US$ 40 milhões. Entre tantas publicidades está na nova campanha da  relojoaria IWC Schaffhausen, do qual é embaixadora. Nesta campanha ela posa com o icônico relógio Portugieser que tem suas raízes na década de 1930. Discreta em sua vida pessoal falou pela primeira vez abertamente sobre seu namoro com o modelo, lutador e instrutor de Jiu-Jitsu Joaquim Valente: “Acho que há dias mais fáceis do que outros, e eu só posso controlar o que faço. Onde meu coração está agora é onde eu estou agora. Estou vivendo minha verdade, e não estou me desculpando por isso”. 

100 escolas

O governador Tarcísio de Freitas pretende construir 100 escolas no estado de São Paulo por meio de APPs. Ou seja, três vezes o número previsto para o primeiro leilão de projetos, marcada para 25 de setembro. A licitação prevê a concessão de 33 colégios do ensino médio e fundamental II, da construção à gestão e operação. O investidor privado vai tomar conta do business e o estado, do conteúdo pedagógico e da contratação de professores. Há quem diga que Tarcísio enxerga atrás da lousa. Esse é o típico projeto que, se der certo, vira um dos pilares à sua possível candidatura à Presidência em 2026.

Única saída

Analistas de plantão acham que a rinha entre Judiciário e Legislativo está transbordando para os blocos variados do aparelho do Estado. As Forças Armadas acompanham a disputa entre poderes, que se tornou mais renhida nos últimos dias. José Múcio (Defesa) tem mantido Lula informado sobre o clima de preocupação no meio militar. É um ambiente diferente dos tempos de Jair Bolsonaro. O consenso é que somente Lula, nesse momento, poderia gravitar (e parece já ter iniciado essa única saída) entre os dois lados com seu jeito peculiar de conciliador. A perspectiva, ao contrário do passado, é que o presidente atue entre Judiciário e Legislativo. Ele tem mais trânsito entre os togados do que junto à “República de Arthur Lira”.

Pérola

“Espero que meu sucessor não seja julgado pela camisa que usou ao votar”, 

de Roberto Campos Neto, que deixa a presidência do BC em dezembro, lembrando ter sido criticado por votar com camisa da seleção, símbolo da campanha de Bolsonaro.

EMPODERADO

De certa forma, a crise empoderou Lula. Arthur Lira, presidente da Câmara, pediu a Rui Costa (Casa Civil) que falasse com o presidente para interceder junto a Flávio Dino (STF). Aí Lula, com uma postura cautelosa, chegou a dizer que o Congresso “sequestrou” o orçamento, para logo depois falar da necessidade de negociar com o Legislativo um “acordo razoável” em relação às emendas. Os mais veteranos reconhecem esse método de “morde e assopra” de Lula. E tenta ganhar tempo e alguns poucos líderes políticos enxergam sua capacidade de identificar o timing certo das coisas. Os militares acompanham, desde que seja bem de longe.

Supostamente atrasados

Ainda a crise de emendas: a Comissão Mista do Orçamento rejeitou crédito de R$ 1,3 bilhão ao Judiciário para pagar auxílios supostamente atrasados de 2017 e 2019. O Supremo chancelou por unanimidade a decisão de Flávio Dino, atual ministro do STF de suspender as emendas impositivas. Até a sucessão de Rodrigo Pacheco no Senado e Arthur Lira na Câmara viraram munição na Praça dos Três Poderes. O deputado José Medeiros (PL-MT) resolveu comentar: “Não recebi a decisão do ministro Barroso, presidente do Supremo, como uma afronta. Afronta é quando você briga de igual para igual. Eles não brigam, eles batem”. E os parlamentares só voltarão à reforma tributária no final de agosto.

“Candidato dos sonhos”, não

O ex-presidente Jair Bolsonaro acaba de gravar um vídeo no qual reforça que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, é o único candidato apoiado por ele e pelo seu partido – e não é bem assim. Quatro dias antes, Bolsonaro havia afirmado que o chefe do Executivo paulistano “não é o candidato dos sonhos”. E elogiou Pablo Marçal (PRTB), em entrevista numa rádio de Natal. Nunes e o ex-coach, dono de uma fortuna de mais de R$ 190 milhões, disputam a mesma fatia do eleitorado. A declaração do ex-presidente de apoio a Ricardo Nunes gerou uma insatisfação dos aliados porque o prefeito acabara de gravar um vídeo ao lado de Joice Hasselmann, candidata a vereadora. O clã odeia a ex-deputada.

Também streaming

No primeiro dia útil após a morte de seu pai, Silvio Santos, Daniela Abravanel Beyruti, vice-presidente do SBT, anunciou em carta aos funcionários mudanças na emissora criada pelo empresário há 43 anos. O comunicado foi lido por Michelle Barros no programa Chega Mais, onde ela conclama os funcionários a perpetuarem o legado do pai. Daniela anunciou mudanças na emissora que vai concretizar um antigo sonho de Silvio: ter a própria plataforma de streaming, que será acessível a todos os brasileiros. E proclamou: “Nasce o “S”, o +SBT”.

FICA  OU  MUDA

Um dos primeiros assuntos que está sendo debatido pela apresentadora Patrícia Abravanel depois da morte do pai com o pessoal da produção e direção de seu Programa Silvio Santos, nome do apresentador mantido enquanto ele permanecesse no comando da sala de sua casa. Ela acha que a atração deverá, doravante, ter seu nome e seu criador ganharia o rótulo de “maior apresentador do país”, distante da atração. Alguns produtores temem pela mudança rápida. Patrícia defende “a rapidez”.

Mistura Fina

O PLENÁRIO  virtual do STF, no qual os ministros não aparecem para defender suas posições, avalizou a decisão monocrática de Flávio Dino para restabelecer o poder do seu chefe, o presidente Lula, de liberar (ou não) emendas parlamentares. Agora, como nos dois primeiros governos, o petista poderá manter parlamentares “a pão e água”, a menos que votem favoravelmente a matérias de interesse do Planalto.

O MINISTRO Luís Roberto Barroso, presidente do STF, está lançando novo livro: Inteligência Artificial, Plataformas Digitais e Democracia: Direito e Tecnologia no Mundo Atual. Apesar de otimista com a nova revolução tecnológica, Barroso alerta para o risco e abusos que podem desfiá-los da rota ética desejável. O que já começa a ser visualizada – e sentida.

A ATRIZ Juliana Paes, que recusou voltar ao elenco da novela Renascer (já fez dois filmes inéditos pela Disney+), agora abre o jogo e diz que enfrenta fortes crises de ansiedade e procura ajuda: “Chego a ficar sem ar”. Juliana explica que lidava com a doença antes da pandemia, mas o período fez a situação se intensificar. “A própria vida, lidar com a internet (ela não gosta de computador), dar conta do trabalho, ter de conversar com as pessoas online. Muita coisa! Fui ficando sem ar. Eu deitava na cama e o coração não parava de bater”. (há quem diga que era arritmia coronária). Hoje faz terapia e malha para ajudar.

É UM novo casal que ainda vai ganhar medalha de Ouro, embora a competição foi no olho no olho – e rápida. O técnico da seleção masculina de vôlei, Bernardinho acaba de engatar um namoro com a apresentadora e jornalista Ana Paulo Araújo, da Globo.

AFINTECH Dock estaria prospectando novas aquisições no México. O alvo seriam startups focadas nas áreas de crédito e pagamentos, o que permitiria aumentar o seu ecossistema de produtos no país. Em 2021, a companhia comprou a mexicana Cacao, desenvolvedora de soluções em processamento de cartões. A Dock é uma instituição do século XXI nascida da costela de uma instituição do século XX, a antiga Conductor, processadora de cartões de crédito. A fintech entrou para o clube dos unicórnios em 2022, quando recebeu um aporte de capital de US$ 150 milhões e foi avaliada em US$ 1,5 bilhão.

In - Detetive de dados

Out - Analista de infraestrutura

*Colaborou Paula Rodrigues

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Cláudio Humberto

"Ora, se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros"

Ministro Carlos Fávaro (Agricultura) sugere que o Carrefour não venda carnes no Brasil

24/11/2024 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Oposição não vê chance de arquivamento da anistia

Tirando alguns gatos pingados do PT, poucos na Câmara acreditam que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), dê ouvidos aos apelos de Gleisi Hoffmann (PT-PR) para arquivar o projeto anistia os presos pelo 8 de janeiro de 2023. O pedido é visto como oportunista e sem chance real de prosperar. “A base do governo Lula quer fazer terrorismo porque sabe que o projeto tem voto pela aprovação”, declarou à coluna Evair de Melo (PP-ES). “Na hora que entrar na casa, com certeza terá aprovação”. 

Sem credibilidade

Evair garante que o indiciamento de Jair Bolsonaro não muda o humor na Casa. Vê o processo “cheio de vícios constitucionais e de origem”.

Homem de palavra

Lira é conhecido como “cumpridor de acordos” e o projeto da anistia está na mesa de apoio a Hugo Motta (Rep-PB) como sucessor do alagoano.

É prioridade

Deputados alinhados a Bolsonaro têm o projeto da anistia no topo das prioridades e deixaram isso bem claro a Lira ao fechar com Hugo Motta.

Chance nula

A oposição duvida que Lira vá se indispor com a base bolsonarista e abrir mão da vitória por W.O apenas para atender ao pedido do PT.

Proibição de bets e não de loterias ainda intriga

Nem mesmo a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), das “empresas operadoras de jogos e loterias legais”, comenta a proibição da turma do Bolsa Família apostar nas “bets” e não nas loterias da Caixa, que passou o rodo em R$23,4 bilhões em 2023 e sequer sabe quanto disso vem dos bolsos dos beneficiários do programa. Procurada, a ANJL não respondeu a questionamentos. Caso da Caixa, que nem possui estudo dando números aos bilhões do Bolsa Família em suas loterias.

Ninguém fala

O governo Lula também não explica se tem planos para proibir que beneficiários do programa federal apostem nas loterias da Caixa.

Caixa preta

Nem o Banco Central, autor do estudo que apontou bilhões dos bolsistas apostados num mês nas bets, tem estudo semelhante sobre loterias.

Mínimo incongruente

Especialistas na regulamentação de jogos apontam incongruências na decisão do STF e do governo Lula de proibir beneficiários de apostarem.

Malddad e o Fundeb

Findada mais uma semana, nada de Fernando Haddad (Fazenda) aparecer com o corte de gastos. A coluna soube que o ministro “Malddad” ainda não fechou a tesourada que vai dar no Fundeb.

Me engana que eu gosto

Entre os tais “37 acordos fechados pelo governo Lula” com a enorme comitiva chinesa que viajou a Brasília, 24 são “memorandos de entendimento”, sem detalhes, nem valores, meras cartas de intenção.

Número atualizado

O pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes acumulou 1,56 milhão de assinaturas na plataforma Change.org até a última sexta-feira (22).

Manobra

Ministério de Minas e Energia deve ajudar o governo Lula a fechar 2024 sem estourar a meta da inflação. O MME pediu distribuição do bônus de R$1,3 bilhão da Itaipu, isso deve reduzir o preço da tarifa em dezembro.

Ignorante irresponsável

Para Lucas Redecker (PSDB-RS), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, é irresponsável, coisa de quem ignora o mercado, o boicote do Carrefour da França à carne produzida no Mercosul.

Corte só teórico

O plano corte de gastos públicos prometido pelo governo Lula foi adiado novamente pelo ministro Fernando “Malddad”. Ficou para a próxima terça-feira (26), mas ninguém acredita. Nem no Ministério da Fazenda.

Internet devagar

Assinado o “memorando de entendimento” (que não é contrato) entre os governos da China e do Brasil, esta semana, a suposta rival de Elon Musk talvez ofereça acesso à internet daqui a dois anos em diante.

História muito recente

Há nove anos, o então PMDB (atual MDB) desembarcava em massa do governo Dilma, após o pedido de impeachment contra a presidente petista ser aceito pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Pergunta no precedente

Se decretarem a prisão do ex-presidente, ele pode antes se esconder no sindicato do ABC?

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Pistolão no PT

O então ministro do Planejamento, Guilherme Dias, surpreendia assessores pela paciência e simplicidade no relacionamento com o cidadão comum. Certa vez recebeu carta desaforada de um servidor, simpatizante do PT, e não só a respondeu, surpreendendo o missivista, como resolveu o problema relatado. Em outra carta, dessa vez amável, o servidor federal agradeceu as providências e avisou: “Vou pedir ao Lula para manter o senhor no ministério.” Assim o ministro ganhou o seu primeiro “pistolão” no PT. 
 

ARTIGOS

Valorizar o agro é valorizar o Brasil

23/11/2024 07h45

Arquivo

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Não é de hoje que venho criticando a falta de reconhecimento do agro do Brasil como protagonista na mitigação de desafios globais, como a mudança climática, a transição energética e a segurança alimentar.

O recente imbróglio envolvendo a Danone e os produtores de soja brasileiros nos alerta sobre quão frágil 
e equivocada está a imagem do agronegócio brasileiro fora da sua bolha. E motivos para esse protagonismo não faltam.

Recentemente, li uma entrevista do ex-ministro Roberto Rodrigues, a quem tenho uma admiração imensa, que exprime exatamente o que penso. Nele me inspirei e selecionei alguns dados para analisar neste texto.

Não é uma questão de narrativa, é fato. Desde os anos 1990 até hoje, a área cultivada com grãos no Brasil aumentou 111%, enquanto a produção cresceu expressivamente (445%).

Nesse processo, poupamos cerca de 115 milhões de hectares e conseguimos produzir duas safras por ano – em algumas regiões até três. Cultivamos em uma área de 62 milhões de hectares que, considerando as duas safras, equivale a aproximadamente 80 milhões de hectares.

Na área florestal, preservamos 6,5 milhões de hectares de mata nativa, fora outros 10 milhões 
de hectares de florestas plantadas, em grande parte destinadas a atividades como produção de lenha, papel e celulose.

Na contabilidade para o ranking de descarbonização, não leva-se em conta as nossas captações de CO2, só contabilizam as nossas emissões. Não somos vilões, somos um exemplo de sustentabilidade e preservação ambiental para o mundo. Sei que temos ainda como melhorar, pois o aquecimento global e as mudanças climáticas são uma realidade, e estamos trabalhando para isso.

Outro aspecto relevante e que comprova o que estou argumentando é a matriz energética brasileira, que é 48% renovável, em comparação aos 15% do mundo. Isso significa que a nossa participação de energia renovável é três vezes maior que a média global.

Embora essa informação seja amplamente conhecida, poucos sabem que aproximadamente 25% da matriz energética brasileira vem diretamente da agricultura. Ou seja, a contribuição da agricultura para a matriz energética do País é porcentualmente maior do que toda a participação das fontes renováveis no mundo.

O combustível fóssil, principalmente diesel e gasolina, são os grandes vilões nessa busca por descarbonização, porém, mesmo assim, a produção de petróleo continua aumentando no mundo. 

E quem acha que os carros elétricos são a solução para esse problema está engando, pois temos que levar em consideração qual energia está sendo utilizada para recarregar as baterias. São de fontes renováveis ou não? Se a resposta for não, o problema não foi resolvido. Sem contar os problemas que evolvem o descarte dessas baterias, que é motivo para outro artigo.

Outro mito que tem que ser derrubado é a confusão em relação ao desmatamento. O desmatamento ilegal deve ser combatido urgentemente. Ele só atrapalha e é crime. Embora seja difícil ter dimensão exata desse problema, é evidente que práticas como desmatamento ilegal, incêndios criminosos, invasão de terras e mineração irregular precisam ser interrompidas imediatamente.

Mas o que não dá para aceitar é que, principalmente no âmbito internacional, essas práticas são associadas ao produtor rural. É um equívoco, uma distorção da realidade, mas de tanto falar acaba se tornando verdade dentro de alguns nichos que não conhecem de fato o trabalho do agro brasileiro. Muitos consumidores globais têm dificuldade até em localizar o País ou entender a complexidade da Amazônia.

Não dá para misturar o desmatamento ilegal com o legal. Vamos ser honestos, não existe nada no Brasil que não foi feito em terra desmatada. 

Se fôssemos punir o desmatamento legal também, todas as cidades brasileiras teriam que ser erradicadas, as terras produtivas com diversas culturas também. Por esse motivo, a implementação do Código Florestal, a mais rigorosa legislação ambiental existente no mundo, foi essencial para combater o desmatamento ilegal e fortalecer a imagem sustentável do agro brasileiro no mercado externo, mas ainda está em passos lentos.

Um esforço conjunto dos governos federal e estadual é necessário para validar o Cadastro Ambiental Rural e coibir práticas ilegais, enfatizando que os estados de SP e MT estão mais avançados nesse quesito. Cabe ao governo federal intensificar a fiscalização, fazer valer de vez o Código Florestal em todas as regiões e promover a regularização fundiária em vários assentamentos de famílias que continuam sobrevivendo de forma irregular, abrindo espaço para oportunistas agirem.

Em 2000, o agro brasileiro exportou US$ 20 bilhões. Em 2023, esse valor saltou para US$ 166 bilhões. Já neste ano devemos superar essa marca. Ao fazer isso, naturalmente ocupamos espaços que antes pertenciam a outros mercados, o que desagrada concorrentes que ficaram de fora.

Eles, por sua vez, tentam barrar nosso avanço com desinformação e diversas ações, como legislações contra o desmatamento aprovadas na Europa – uma clara medida defensiva. Portanto, precisamos intensificar nossos esforços para eliminar qualquer obstáculo que possa gerar desconfiança sobre a nossa agricultura e afetar a confiança dos compradores.

O Brasil está bem-posicionado com tecnologia e terra disponíveis para aumentar a produção de alimentos em 30% nos próximos 10 anos. A lição de casa da porteira para dentro estamos fazendo muito bem.

Dela para fora, vejo muita gente empenhada, mas falta um pouco de visão estratégica, principalmente na parte de comunicação e diplomacia. Os acordos comerciais com grandes consumidores precisam ser melhor amarrados.

O governo federal tem que se mostrar de fato parceiro do agro, que é fundamental para o País, se aproximar dos agricultores e investir em uma campanha de comunicação estratégica para valorizar o setor.

Passou da hora de descermos do palanque, esquecermos a politização partidária e acabarmos de vez com essa polarização que só vem fazendo estragos no agro e nos mais diversos setores da economia e da vida.

Isso não constrói. E pelo bem da soberania nacional, quem tem que ceder é o mais forte – e o mais forte é o governo. Afinal, valorizar o agro, em sua essência, é valorizar o Brasil.

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