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Pente-fino do INSS: o que esperar?

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Este ano marca mais uma etapa do chamado pente-fino do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), voltado à revisão de benefícios por incapacidade. 

A iniciativa, que tem o objetivo de coibir fraudes e garantir a correta destinação de recursos públicos, levanta também dúvidas e inseguranças entre milhares de beneficiários. Afinal, em tempos de crise econômica e enfraquecimento das redes de proteção social, como distinguir a legítima fiscalização do que se torna, na prática, um mecanismo de exclusão e desamparo?

Ao todo, mais de 600 mil benefícios poderão ser suspensos neste ano. A revisão foca especialmente três grupos: beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) com cadastro desatualizado, segurados que recebem auxílio-doença há mais de dois anos sem nova perícia e aposentados por invalidez há muito tempo sem avaliação médica. A mensagem oficial é de que o governo está apenas “colocando a casa em ordem”, mas os impactos dessa política merecem uma análise mais crítica.

A primeira questão que se impõe é de natureza jurídica e constitucional: o benefício previdenciário não pode ser tratado como uma concessão graciosa do Estado, mas sim como um direito adquirido a partir de contribuições ou do cumprimento de critérios legais – no caso do BPC, por exemplo, a renda per capita da família e a condição de deficiência. Ao colocar todos os segurados sob suspeita, o Estado inverte a lógica do direito, partindo da presunção de fraude para só então admitir a possibilidade de manutenção do benefício.

Outro ponto preocupante é a forma como ocorrem as convocações. Embora o INSS utilize diversos canais – SMS, Correios, extratos bancários e o portal Meu INSS –, muitos segurados, especialmente os mais vulneráveis, não recebem ou nem sequer compreendem essas notificações.

A exclusão digital e o baixo letramento funcional ainda são realidade para grande parte da população brasileira, sobretudo idosos e pessoas com deficiência. Quando não compreendem a comunicação ou não têm acesso aos canais de agendamento, acabam tendo seus benefícios suspensos por ausência de resposta – o que configura, muitas vezes, como uma penalização por desinformação.

Além disso, há um ônus emocional pouco debatido. Ser convocado a provar novamente a própria incapacidade é, para muitos, um processo humilhante e angustiante. É como se o Estado colocasse o cidadão sob permanente escrutínio, obrigando-o a reviver traumas e a justificar, a cada dois anos, aquilo que os laudos médicos muitas vezes já confirmaram de forma categórica: a impossibilidade de retorno ao trabalho. 

A reavaliação periódica tem base legal, é verdade, mas precisa ser aplicada com razoabilidade e humanidade.
É importante destacar que existem critérios de isenção: pessoas com mais de 60 anos, indivíduos com mais de 55 e com 15 anos de benefício e portadores de HIV/Aids estão fora do alcance do pente-fino.

Contudo, a aplicação desses critérios nem sempre é automática e há registros de beneficiários isentos sendo convocados, o que leva a recursos administrativos e, não raro, à judicialização. A jurisprudência tem reiterado que o corte de benefício sem notificação adequada é ilegal. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por exemplo, já decidiu nesse sentido, garantindo o princípio do devido processo legal.

Por fim, se o benefício for suspenso de forma indevida, o cidadão pode recorrer administrativamente e, caso necessário, ingressar com ação judicial. Ter laudos médicos atualizados e específicos sobre a incapacidade laboral é essencial. Como se diz no meio jurídico: “O que gera o direito ao benefício não é a doença, mas a incapacidade para o trabalho”.

Não se discute aqui a importância de combater fraudes. O problema está em fazer disso uma política de gestão fiscal, mirando indistintamente a todos, inclusive os mais frágeis, como se a economia de recursos justificasse o sacrifício de direitos. É preciso garantir que o pente-fino não se transforme em um rolo compressor, passando por cima da dignidade de quem mais precisa da proteção do Estado.

A revisão de benefícios deve ser feita com critério, transparência e, acima de tudo, respeito. O Estado brasileiro não pode agir como se estivesse em guerra com seus próprios cidadãos, sobretudo aqueles que mais dependem da sua atuação para sobreviver com um mínimo de dignidade.

CLAÚDIO HUMBERTO

"Estamos diante de uma tragédia anunciada"

Carlos Bolsonaro ao mostrar as crises de soluço do pai, Jair Bolsonaro

13/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Enel deve escapar outra vez de perder concessão

Seria longo o caminho, como cogitou a Aneel, até decretar a caducidade contrato da Enel, subsidiária da estatal italiana de energia que atua em São Paulo. O mais provável é que tudo acabe em pizza, multas pesadas e recursos intermináveis da Enel, como nas outras vezes, segundo os especialistas no setor. Tudo depende de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia de Lula (PT), que jamais atenderia Tarcísio de Freitas (Rep) para intervir na Enel. Quer mais é usar o episódio para desgastar o governador paulista, seu adversário mais temido depois de Bolsonaro.

Até Aneel resiste

A primeira dificuldade para fazer caducar a concessão é a proposta ser aprovada na diretoria colegiada da Aneel, que resiste a medidas assim.

Exemplo prático

Há dias, o diretor da Aneel Fernando Mósna propôs não renovar a concessão da Coelba, na Bahia, entregue a Neoenergia. Foi derrotado.

Multas, no máximo

Especialistas em energia, que monitoram a Aneel, acham mais provável aplicar multas pesadas, como em outras vezes, sem cassar a concessão.

Não tem gente

Ainda há uma dificuldade adicional: se a Aneel expulsar a Enel, não tem quem assuma a operação em São Paulo até que se realize nova licitação

Remoção da Magnitsky é ponto para a ‘química’

A remoção do ministro do STF Alexandre de Moraes da lista de sancionados da Lei Global Magnitsky foi interpretada até na oposição como vitória do governo Lula (PT) e principalmente do Supremo. Mesmo após semanas de tiroteio de denúncias envolvendo governo, Congresso e STF, incluindo a revelação do contrato de R$129 milhões do escritório de Viviane de Moraes, esposa do ministro, com o enroladíssimo Banco Master, foi encerrada a única pressão de fato que havia sobre a Corte.

Lamentável

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse ter recebido a notícia com “pesar” e que lamentava a decisão, apesar de agradecer o apoio de Trump.

Ex-violador?

Para Carlos Jordy (PL-RJ), Trump é “decepção” e banalizou a Lei Magnitsky: “Não existe ‘ex-violador de direitos humanos’”.

Sensação cara

“O sentimento, não escondamos, é de traição. Certamente o preço cobrado por Trump não foi baixo”, diz Maurício Marcon (Pode-RS).

Investigação aberta

Parecer técnico do TCU identificou possível uso pessoal da comunicação do órgão público ABDI pelo seu presidente, Ricardo Cappelli. O contrato de R$8 milhões teria sido usado para promoção eleitoral do político filiado ao PSB do ministro da Indústria (e vice) Geraldo Alckmin.

Intermitência perene

O Bradesco deixou na mão os 110 milhões de clientes, sexta (12), sem serviços de internet banking, app e até caixas eletrônicos. O banco disse que foi “problema no ambiente de infraestrutura interno do banco”.

Tarifaço mexicano

A CNI aperta o governo brasileiro para negociar acordo bilateral com o México. O governo mexicano resolveu mexer nas tarifas de importação. Análise preliminar prevê impacto negativo de US$1,7 bilhão.

O mundo capota

Ex-ministro de Lula condenado a dez anos no Mensalão e a 23 anos na Lava Jato (corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa), cuja pena o STF anulou, Zé Dirceu lançou canal oficial eleitoral no whatsapp.

Engorda no TCU

A turma da ONG República.org e outras seis entidades enviaram a Lula pedido para vetar um penduricalho no TCU que é considerada uma invenção malandra para engordar salários já obesos no tribunal.

Estabilidade

Pesquisa Real Time Big Data mostra equilíbrio na avaliação do governo de Raquel Lira (PSD) em Pernambuco. A aprovação é superior, soma 50%. A reprovação bate em 47%. Não sabe/Não respondeu são 3%.

À imagem e semelhança

Em “homenagem” a Lula (PT), foi batizado de Brachycephalus lulai, um minisapo descoberto em Santa Catarina. O animal laranja já nasce sapo (nunca é girino), só existe no Brasil e tem... número reduzido de dedos.

Greve petroleira

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) começa greve nacional nesta segunda-feira (15). Petistas rebeldes reclamam que negociações com a Petrobras não avançam. Dizem que a greve é por tempo indeterminado.

Pergunta no PT

Empresa de energia que não fornece energia é vítima do cliente que quer ligar a luz?

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Suplicy e a corda

Certa vez, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi conhecer o Círio de Nazaré, em Belém (PA). Na época ainda fazia pose de atleta e se meteu a puxar a corda, ao lado de milhares de fiéis. E se deu mal, muito mal. O então deputado Babá (Psol-PA) contou a cena com graça: “Suplicy foi ejetado em minutos. A força na corda é descomunal!” Não por acaso, anos depois, quando soube que a colega Heloísa Helena iria ao Círio, o cavalheiro Suplicy advertiu: “Cuidado com a corda...”

CLÁUDIO HUMBERTO

"Um tumultuador contumaz"

Deputado Bibo Nunes (PL-RS), sobre o barraqueiro Glauber Braga (Psol-RJ) na Câmara

12/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Governo escala Otto para atrasar dosimetria na CCJ

Já começou a entrar água no acordo dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Rep-PB), e Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), fechados com a oposição, para as Casas votarem o projeto da dosimetria, que reduz pena de presos pelo 8 de janeiro. Na Câmara, foi vendido aos deputados que a proposta seria imediatamente votada pelos senadores no plenário, mas não foi o que aconteceu. Aliado de Lula, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Otto Alencar (PSD-BA), criou dificuldades.

Caminho

Otto cobrou de Alcolumbre que o texto passasse pela CCJ, atrasando a tramitação do projeto, que tem tudo para ficar para 2026.

Volta da anistia

Para consolar a oposição, Otto designou relator o senador Esperidião Amin (PP-SC), que anda falando até em substituir dosimetria por anistia.

Sessão relâmpago

O governo teme derrota no plenário e quer resolver na CCJ. O plano é abrir reunião com quórum mínimo governista e aplicar o rolo compressor.

Mata no início

Nesse plano, que dificilmente consegue prosperar, o Planalto precisa de 14 senadores para abrir a sessão e apenas 7 votos pela rejeição.

Lula gasta mais que candidatos no DF nas redes

Entre setembro e dezembro, o governo Lula (PT) torrou R$230 mil com “impulsionamentos” no Facebook e Instagram direcionados a internautas do Distrito Federal, onde sempre perde nas eleições. Ranking do Meta Ads dos maiores gastadores aponta que o Planalto gastou quatro vezes mais que o governo do DF (R$62 mil), que informa sobre escolas, obras e outros temas relevantes da comunidade. Despesas de pré-candidatos para 2026 também chamam atenção; José Roberto Arruda e Ricardo Cappelli gastaram mais de R$58 mil cada só em anúncios nas redes.

Gastador nº1

Arruda lidera entre indivíduos que mais gastam com anúncios da Meta (Facebook e Instagram) entre setembro e dezembro, no DF: R$58,7 mil.

Dados abertos

Cappelli (PSB), presidente de uma ABDI (Desenvolvimento Industrial), é o segundo que mais gasta com “impulsionamentos” no DF: R$58,5 mil.

Top five

O deputado federal Rafael Prudente (MDB) fecha o top 5 de maiores despesas com anúncios nas redes do grupo Meta, no DF: R$55,5 mil.

Nem adianta

Ao prometer veto à dosimetria, Lula (PT) nem sequer lembra que isso não tem a menor importância. Se a votação for expressiva no Senado como na Câmara, o veto seria derrubado com constrangedora facilidade.

Luzes, por favor

Se dependesse do governo paulista, Tarcísio de Freitas (Rep) já teria decretado intervenção na distribuidora de energia Enel. Mas a decisão é federal. “Intervenção funciona”, diz, “plano de contingência, não”.

Pressão política

Sóstenes Cavalcante (RJ) não escondeu o motivo de o projeto da anistia não andar no Congresso: pressão de ministros do Supremo Tribunal Federal. Ligam e mandam whatsapp, diz o líder do PL.

É do Brasil

Um brasileiro que vai comandar a gigante Coca-Cola. Henrique Braun tem 57 anos e será o CEO global da empresa a partir de 31 de março de 2026. Substituirá o empresário britânico James Quincey.

Tudo em paz

Nome do PL para disputar a Presidência, Flávio Bolsonaro avisou que não conseguirão cavar uma briga entre ele e Tarcísio de Freitas, sobre quem ressalta a lealdade e amizade com Jair Bolsonaro.

Tanto ódio faz mal

Impressiona a expressão de ódio que Lula fez ao afirmar que Bolsonaro “tem que pagar”. Aliados dizem que a prisão do ex-presidente que tanto o amedronta é a vingança pelos seus 500 dias de xilindró por corrupção.

Prejuízo só cresce

Além de capturar um navio tanqueiro, o governo Trump anunciou sanções a outros seis navios do país do ditador Nicolás Maduro. Cada um pode carregar mais de US$ 120 (R$660) milhões em petróleo.

Prejuízo bilionário

A Fecomércio ainda finaliza as contas, mas já se sabe que os dois dias de apagão em São Paulo arrasaram com o setor de comércio e serviços. A estimativa é de prejuízo superior a R$1,5 bilhão.

Pensando bem...

...“agenda secreta” com ditador amigo é “soberania”.

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Uma raposa em ação

Governador de Minas Gerais e já em campanha para presidente, Tancredo Neves fez um gesto de cortesia ao governo João Figueiredo: incluiu a ministra da Educação, Esther de Figueiredo Ferraz, entre os agraciados pela medalha da Inconfidência. No dia da solenidade, a ministra estranhou: “Não tenho qualquer das qualidades exigidas para merecer isso...” Em seu discurso, Tancredo justificou a reputação de raposa política: “A ministra está, realmente, fora do regime da medalha, ela tem muito mais virtudes que as exigidas...”

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