Rogério Ceni sabe que errou na escalação contra o Grêmio. Ele e toda a torcida do São Paulo sabem disso. Nem sempre a maioria tem razão, ou toda a torcida do Flamengo não o julgaria incompetente e pensaria o mesmo de Renato Gaúcho, apenas quatro meses depois.
Rogério ainda é o penúltimo campeão brasileiro.
Mas a demissão do Flamengo e a dificuldade para emplacar no São Paulo impõem a Ceni a necessidade de ter sucesso no Morumbi. Quatro anos depois de seu início de carreira como treinador, corre o risco de passar de promissor a infausto.
Não é igual à maioria. Jogadores que trabalharam na Europa reconhecem no treinador sua capacidade surpreendente nos treinos. Seus exercícios diários são desafiadores e propõem o que se encontrará nas partidas.
Treinador bom é assim. Dizia-se de José Mourinho, quando chegou ao Chelsea, que não havia um treino igual ao próximo. O mesmo com Guardiola.
Rogério também sabe enxergar o jogo com sabedoria na maioria das vezes.
Não conseguiu contra o Grêmio, ao escalar Gabriel Sara na ala direita. O mais talentoso do elenco precisa de liberdade para chegar ao ataque. Foi mal escalado também por ter de marcar o setor onde joga Ferreirinha, melhor atacante gremista.
Pior, Ceni disse que falta participação defensiva a Benítez e, três dias depois, montou quebra-cabeças para encaixá-lo. Deslocou Sara para a direita e escalou Benítez como titular. Ajudou o meia, atrapalhou a equipe.
Por outro lado, Rogério é vítima de um país que não tem grandes técnicos, porque não dá tempo para que sejam bons. Torcidas de norte a sul pediram as quedas de Guto Ferreira, Tiago Nunes, Sylvinho, Roger Machado, Renato e Abel Ferreira.
Até de Cuca. Em abril, foi criticado por um jogo com 55 cruzamentos, número excessivo. Era apenas seu sétimo compromisso como treinador do Atlético-MG, contra o Deportivo La Guaira.
Rogério vive no Brasil da intransigência e com a obrigação de acertar para se afirmar.
Se ganhasse do Grêmio, em Porto Alegre, teria duas finais pela vaga na Libertadores. Se vencesse também o Juventude nesta segunda (6), iria para confronto direto contra o América-MG para terminar em oitavo lugar.
Em vez disso, briga para terminar acima da 13ª posição e dos 50 pontos, para não configurar sua pior campanha nos pontos corridos.
O que se impõe a Rogério Ceni é a capacidade de liderar os departamentos que compõem um clube de futebol. Ser líder, não chefe. Há quatro anos, Rogério precisava deixar de ser jogador para ser técnico.
Seu extraordinário trabalho no Fortaleza contrasta com a crise na relação com jogadores do Cruzeiro e com o departamento de análise de desempenho no Flamengo.
O São Paulo é sua casa. Conhece o que há de bom e o que falta. Precisa apenas ter a medida certa, entre ser um dos líderes do processo e não se tornar o dono do CT.
O primeiro passo é bater o Juventude e evitar a pior campanha tricolor dos pontos corridos. Depois, montar um grande time para 2022. O São Paulo pode e precisa ter mais do que tem feito.
O Ambiente
Abel Ferreira diz que o melhor diretor com quem já trabalhou é Anderson Barros. Trata-se de entender a importância do ambiente.
Melhor cobrar um dirigente por como as pessoas trabalham felizes do que pelo número de contratações. Segredo do Palmeiras dos últimos dois anos.
Feliz 2022
A partida contra o Grêmio indica o Corinthians sofrendo quando pressionado. Sylvinho deve continuar, a vaga na Libertadores ajuda, mas precisa ser mais rápido na troca de passes. Foi apenas a quinta vez do quarteto começando jogos. Eram três vitórias e um empate.
A partida contra o Grêmio indica o Corinthians sofrendo quando pressionado. Sylvinho deve continuar, a vaga na Libertadores ajuda, mas precisa ser mais rápido na troca de passes. Foi apenas a quinta vez do quarteto começando jogos. Eram três vitórias e um empate.






