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Ação aponta elo de Delcídio com "fortuna" bloqueada em paraíso fiscal

O ex-senador de MS é citado na ação que pede a renovação do bloqueio de quase 400 mil dólares depositados em banco de Liechtenstein

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Um Procedimento Administrativo publicado no diário oficial do Ministério Público Estadual (MPE) desta terça-feira (4) releva que o ex-senador Delcídio do Amaral aparece em uma ação judicial que pede a prorrogação do bloqueio de US$ 393.994,15 depositados em uma conta bancária no pequeno país europeu de Liechtenstein. 

Pela cotação atual, o valor que está bloqueado ultrapassa os R$ 2 milhões e está depositado em nome da offshore Barrios Advisors Corporation, cujo beneficiário principal é o engenheiro Cezar de Souza Tavares. 

E, de acordo com as investigações da operação Lava Jato, o recurso seria procedente da propina de 15 milhões de dólares que altos funcionários e políticos teriam recebido pela compra e venda da refinaria de Pasadena.

Esta refinaria foi comprada em 2006 pela Petrobrás, quando Delcídio era senador, por um valor total de 1,2 bilhão de dólares e anos depois foi vendida por 467 mlhões de dólares, gerando prejuízo à estatal brasileira e levantando suspeita de que ocorrera corrupção no negócio. 

Na ação penal que tramita na Justiça, o nome de Delcídio do Amaral aparece como um dos réus e por conta disso as autoridades do judiciário federal no Paraná solicitaram ao promotor eleitoral de Mato Grosso do Sul, Estéfano Rocha Rodrigues, para que ele se manifestasse sobre a necessidade ou não de manutenção do bloqueio desta “pequena fortuna”. 

PRESTES A SER LIBERADO

Caso não haja pedido formal para que as autoridades de Liechtenstein mantenham o bloqueio, o dinheiro pode ser sacado a partir do dia 4 de outubro de 2024. O responsável pela conta, conforme investigações da Lava Jato, é Cezar de Souza Tavares, que à época era um dos diretores da Petrobras e participou das negociações da refinaria do Texas. 

Porém, o promtor eleitoral do MPE de Mato Grosso do Sul já deixou claro, no Procedimento Administrativo publicado nesta terça-feira (4) que é contrário à liberação, uma vez que existe a possibilidade de o dinheiro ser devolvido à Petrobras ou ser revertido para alguma entidade pública brasileira. 

O caso foi remetido à Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul porque existia a suspeita de que dinheiro supostamente procedente de propina tivesse sido utilizado nas campanhas eleitorais de Delcídio do Amaral. A Justiça eleitoral de Mato Grosso do Sul, porém, arquivou o caso.

 

 Mas, até agora ainda pairam dúvidas sobre a origem e sobre os reais proprietários do dinheiro que está depositado no banco do pequeno país de cerca de 40 mil habitantes e que é um dos paraísos fiscais prediletos de políticos ou executivos corruptos de grandes empresas. 

CARREIRA DE DELCÍDIO

Natural de Corumbá, Delcídio do Amaral foi senador por Mato Grosso do Sul por dois mandatos, sendo eleito pela primeira vez em 2002, pelo PT. Antes disso, ocupou cargos de comando na Petrobras e chegou a ser ministro na administração de Itamar Franco. 

Foi candidato ao governo do Estado em duas eleições, mas perdeu para André Puccinelli, em 2006, e para Reinaldo Azambuja, em 2014. Na segunda tantativa chegou ao segundo turno e inicialmente as pesquisas apontavam que era o grande favorito na disputa. 

Um ano depois, em novembro de 2015, em meio às investigações da operação Lava Jato, acabou sendo preso sob a acusação de obstrução da Justiça. Um filho de Nestor Cerveró gravou Delcídio supostamente oferecendo R$ 50 mil mensais para que Cerveró não fizesse delação premiada. 
 

Nestor Cerveró chegou a acusar Delcídio de ter recebido propinas de 10 milhões de dólares durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso, quando era diretor da Petrobras. Além disso, teria sido um dos beneficiários dos 15 milhões de dólares desviados das negociações de Pasadena. 

Em maio de 2016 teve o mandato de Senador cassado por 74 votos a favor, uma abstenção, nenhum voto contrário, tornando-o inelegível por 11 anos. Em julho de 2018, porém, foi absolvido pela Justiça Federal, e tentou voltar para a política.

Registrou sua candidatura a uma vaga ao senado. No entanto, ficou em sétimo lugar, com quase 110 mil votos, na disputa que levou Nelsinho Trad e Soraya Tronicke ao cargo de oito anos em Brasília. 

 

'ESTOU DE VOLTA'

Em dezembro do ano passado, o juiz Fábio Nunes de Martino, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), obedecendo a uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral, devolveu a ação penal ajuizada pela Lava Jato contra Delcídio para a Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul. 

Em decisão de 10 de dezembro, o magistrado ordenou o encaminhamento dos autos. Com isso, indeferiu as alegações finais apresentadas pelo Ministério Público Federal, apesar de já existir ordem de Corte Superior afastando a competência da Justiça Federal. 

Na época, Delcídio afirmou a o Correio do Estado, que "finalmente se fez justiça. Tentaram de todas as formas me incriminar. Agora, a justiça do Paraná resgatou aquilo que me era devido. Tornando o caso Pasadena um caso único e exclusivamente eleitoral. E, portanto, agora eu vou em busca de recuperar tudo aquilo que me tiraram na mão grande, injustamente. Numa grande articulação política que foi montada. Para me tirar do jogo. Eu estou de volta, eu estou de volta e não vou ficar por aí, vou acionar devidamente a União e aqueles que causaram todos esses males para mim e para minha família, para os meus amigos e amigas. E para o povo de Mato Grosso do Sul que sempre acreditou no meu trabalho”. 

 

O OUTRO LADO

O ex-senador Delcídio do Amaral enviou a seguinte nota à redação: 

Delcídio do Amaral vem, por meio da presente nota, manifestar-se a respeito da recente publicação feita pelo jornal Correio do Estado a seu respeito.

Referida matéria falta com a verdade quando alega que existe um “elo” entre Delcídio com uma fortuna bloqueada em paraíso fiscal. Trata-se de publicação jornalística capciosa e que induz o leitor a erro, eis que o texto ventila a equivocada tese de que Delcídio do Amaral teria alguma relação com os valores que estariam bloqueados em Liechtenstein.

Ao contrário do que a matéria leva a crer, os valores bloqueados em Liechtenstein não possuem qualquer relação com Delcídio do Amaral, sendo que o proprietário do dinheiro indisponibilizado não é o ex-senador, mas sim um outro denunciado.

Tanto é verdade o que aqui se afirma que a própria denúncia oferecida pela finada Força Tarefa da Operação Lava Jato em nenhum momento aponta que os valores bloqueados em Liechtenstein teriam qualquer relação com Delcídio do Amaral.

A matéria, como dito anteriormente, é enganosa e tenta ligar Delcídio do Amaral a valores bloqueados no exterior que não possuem nenhuma ligação com o ex-senador, sendo que a Defesa deste último tomará todas as medidas cíveis e criminais cabíveis contra o Correio do Estado e o jornalista que publicou a referida “notícia”.

 

Era o que cabia esclarecer

 

Atualizada às 17h

 

Não é Não

Projeto propõe instalação de "tendas" em eventos para atender vítimas de assédio sexual

A matéria apresentada na ALEMS sugere a criação de um espaço em eventos públicos, como shows, para acolhimento, orientação e apoio no andamento da ocorrência em casos de importunação sexual

06/03/2025 17h15

Credito: Pagu / Arquivo Correio do Estado

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Com o objetivo de fortalecer ações de prevenção ao assédio contra a mulher, foi apresentado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) o Projeto de Lei 48/2024, que propõe a criação de um espaço de amparo para eventuais vítimas em eventos públicos no Estado.

O PL, de autoria do deputado estadual Pedro Kemp (PT),  submetido na semana que faz alusão ao Dia da Mulher, em 8 de março, data que simboliza a luta das mulheres por igualdade e contra a discriminação de gênero.

Conforme o texto do projeto, caso seja aprovado, nos eventos com mais de 10 mil pessoas serão criadas as chamadas “Tendas Lilás”, que consistem em espaços com profissionais capacitados para lidar com mulheres que tenham sido vítimas de importunação sexual.

Além disso, a medida prevê a capacitação de gestores e profissionais que atuam nos eventos para que compreendam como proceder em casos de suspeita de abuso, assédio ou importunação sexual.

Outro ponto trata do rigor desde o momento da denúncia até o encaminhamento, com todo o levantamento dos fatos, para os órgãos competentes, garantindo que os responsáveis sejam devidamente punidos pela Justiça.

Também está prevista a circulação de campanhas educativas de conscientização para a prevenção da violência sexual, que deverão ser veiculadas em propagandas de televisão, rádio e outras mídias, em linguagem de fácil compreensão para alcançar o maior número de pessoas.

Tramitação


A matéria segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), onde pode receber emendas e, somente então, será encaminhada para apreciação dos parlamentares.

Como justificativa, o deputado apresentou a Lei Federal 13.718/18, que tipifica o crime de importunação sexual:

“O projeto busca garantir que, nos grandes eventos, exista um espaço destinado a recepcionar e orientar as vítimas de importunação ou outro tipo de assédio sexual, com colaboradores capacitados para o cumprimento do protocolo ‘Não é Não’, instituído pela Lei 14.786/23”, disse Kemp, e completou:

“O ponto de apoio ‘Tenda Lilás’ nos grandes eventos consiste em uma forma concreta de coibir a prática do crime de assédio sexual e de apoiar eventuais vítimas.”

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REFORMA MINISTERIAL

Ministra de MS no governo Lula estaria com prazo de validade vencido no cargo

Titular no Ministério das Mulheres, Cida Gonçalves deve ser a próxima troca do presidente da República no seu 1º escalão

06/03/2025 08h00

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, pode perder o cargo na reforma ministerial do presidente

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, pode perder o cargo na reforma ministerial do presidente Foto: Fabio Rodrigues-Pozzenom/Agência Brasil

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Na semana passada, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iniciou a reforma ministerial, e conforme apurado pelo Correio do Estado, o próximo nome da lista é o da sul-mato-grossense Cida Gonçalves, que estaria com prazo de validade vencido no comando do Ministério das Mulheres.

No Palácio do Planalto, a saída dela seria considerada certa, pois há descontentamento quanto à gestão da Pasta, já que na semana passada, por exemplo, a Comissão de Ética da Presidência arquivou um processo que investigava uma suposta demissão de uma ex-secretária propondo verba para apoiá-la em candidatura e uma acusação de racismo.

Mesmo com os arquivamentos, os casos provocaram desgaste interno, assim como uma gravação revelada pelo jornal O Estado de São Paulo na semana passada. Na conversa, a ministra diz a interlocutores que interrompe suas agendas imediatamente para atender à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.

Os únicos no governo que recebem o mesmo tratamento, segundo ela, são o presidente Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ela afirmou ainda que consegue “enrolar” Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, e Alexandre Padilha, da Secretaria das Relações Institucionais.

Caso a saída da ministra seja confirmada, Lula estuda duas alternativas: nomear a senadora Teresa Leitão (PT-PE) ou deslocar Luciana Santos (PCdoB) do Ministério de Ciência e Tecnologia para o Ministério das Mulheres. 

Na segunda alternativa, seria possível contemplar a bancada do PSD na Câmara dos Deputados com a pasta de Ciência e Tecnologia. A sigla está insatisfeita e considera que o Ministério da Pesca, que tem André de Paula como titular, não é compatível com o tamanho do partido.

REPERCUSSÃO

Procurada pelo Correio do Estado, a ministra Cida Gonçalves afirmou que “a prerrogativa sobre o cargo e de todos os demais ministros e ministras é do presidente da República”. 

Quanto às acusações, conforme a sul-mato-grossense, elas foram feitas pela matéria publicada no site Alma Preta, em 21 de outubro de 2024.

“Até a publicação da matéria que dá início a uma campanha difamatória, não havia denúncia formalizada a qualquer órgão da administração pública federal. Apenas no dia seguinte à publicação da matéria é que foi formulada uma denúncia com o mesmo conteúdo”, explicou.

Sobre as acusações de racismo feitas à Secretaria-Executiva da Pasta, Cida explicou que a Controladoria-Geral da União (CGU) descartou veementemente qualquer tipo de conduta imprópria.

“Nenhuma denúncia de racismo específica havia sido formalizada no Ministério das Mulheres. No dia 24 de fevereiro de 2025, a Comissão de Ética da Presidência da República arquivou o processo contra mim por falta de indícios”, argumentou.

Em relação aos áudios publicadas pelo Estadão, a ministra disse que não teve acesso.

“Na posição de ministra de Estado, jamais deixei de atender a qualquer outro ministério. O Ministério das Mulheres tem articulação institucional com todas as outras pastas do governo, até por conta da transversalidade dos temas tratados”, assegurou.

Naturalmente, conforme a sul-mato-grossense, algumas pautas são mais complexas do que outras, e as atinentes à Secretaria-Geral da Presidência e à Secretaria de Relações Institucionais são mais extensas e demandam tempo, por envolver, respectivamente, a articulação com entidades da sociedade civil e a relação com o Congresso Nacional.

“Quanto à primeira-dama Janja, é importante destacar que tenho uma relação pessoal e profissional com ela e que antecede à eleição do presidente Lula e à minha indicação ao Ministério das Mulheres”, lembrou.

Cida prosseguiu, dizendo que “a primeira-dama tem um extenso histórico de articulação política no campo dos direitos das mulheres e, por isso, oferece um rico diálogo e fundamentais contribuições para as pautas da igualdade de gênero”. 

“No entanto, é óbvio que não existe qualquer hierarquia ou prioridade em relação a qualquer ministro (a), substancialmente porque os temas tratados são extremamente distintos”, afirmou.

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