Política

Revolta

Assembleia repudia reajuste da tarifa da CCR MSVia e promete tomar providências

Diretor-presidente da CCR, empresa responsável pela concessão, deve ser convocado a prestar esclarecimentos na Casa de Leis

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Na manhã desta terça-feira (15), durante sessão ordinára da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), deputados estaduais manifestaram surpresa e indignação ao reajuste de 16,82% na Tarifa Básica do Pedágio em nove trechos da rodovia BR-163.

A deputada Mara Caseiro (PSDB) expressou sentimento de revolta, e relembrou que, em março, a CCR MSVia, empresa responsável pela concessão da rodovia, havia anunciado que a tarifa do pedágio permaneceria congelada por mais dois anos.

"Novamente a gente é pego de surpresa com a notícia de que o pedágio na BR-163 sobe 16,8% a partir de sexta-feira. Essa é a notícia que saiu, e que nos deixa estarrecidos, porque havia, inclusive, o entendimento de que essa tarifa seria congelada por mais dois anos".

Além disso, Caseiro manifestou insatisfação com os serviços prestados pela concessionária, que quebrou o contrato, duplicando apenas 150 km dos 889,2 km de extensão da BR-163.

"Apenas 150 km das nossas rodovias foram duplicadas, e o compromisso era que 100% fossem duplicados, então já teve quebra do contrato. E agora, além de nós não termos a garantia de que serão feitos investimentos imediatos, emergenciais nestes trechos, vem a notícia que o pedágio irá aumentar 16,8%, quatro vezes a mais que a inflação. Eu acredito que a gente não possa permitir mais esse abuso das pessoas que usam a 163", completou a deputada.

O presidente da Alems, deputado Gerson Claro (PP), afirmou que a Casa de Leis irá encaminhar à concessionária um requerimento, solicitando informações sobre multa e o cronograma de investimentos no Estado.

“Uma multa aplicada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) à CCR MSVia, na ordem de R$ 600 milhões, teria sido retirada para que houvesse um investimento imediato pela própria concessionária. Além deste recurso, a empresa teria feito um compromisso de aporte”, ressaltou.

Junior Mochi (MDB) sugeriu que o diretor-presidente da CCR MSVia seja convocado para comparecer à Alems para esclarecer não apenas o reajuste, mas também as questões contratuais. 

"Nós estamos desde o primeiro semestre discutindo o não cumprimento da CCR MSVia do contrato de concessão. Temos que ir além, convocar o diretor-presidente para vir a esta casa esclarecer aos parlamentares não só sobre o reajuste, mas o contrato", comentou.

O deputado mencionou ainda a importância da participação da população e da bancada federal nos debates, já que se trata de uma concessão federal que não está sendo satisfatória.

"É importante que a bancada federal se una, precisamos fazer audiência pública aqui, convidando deputados federais e senadores, porque não dá mais", desabafou. "Temos que tomar providência, fica parecendo que a concessionária não tem satisfação nenhuma a dar para ninguém, nunca deu satisfação em nenhum pronunciamento", completou.

Concordando com Mochi, o deputado Pedrossian Neto (PSD) afirmou que irá formalizar um convite para convocar o presidente da CCR à Casa de Leis.

"Não é o caso ainda de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), mas nós precisamos chamar a CCR MSVia para que dê explicações. Assim, se os deputados concordarem, as coisas caminham, mas se não, essa Casa vai ter sim que elevar o tom e chamá-los para a responsabilidade", afirmou.

Roberto Hashioka (União) atribuiu a responsabilidade à ANTT, e garantiu que os requerimentos feitos na tribuna serão encaminhados.

"A CCR é uma empresa privada que visa lucro, quem tem que regulamentar, fiscalizar, quem estabelece as normas, é a ANTT, então tem que ser congresso nacional. A ANTT tem responsabilidade de estabelecer equílibrio entre a empresa, o interesse do serviço público e o consumidor, que paga a taxa. Há muitos interesses envolvidos e o único prejudicado é o sul-mato-grossense, isso é inadmissível e precisamos tomar providência", concluiu.

Entenda

A partir desta sexta-feira (18), o pedágio nas nove praças de cobrança da BR-163 em Mato Grosso do Sul devem sofrer reajuste de 16,82%, o que representa quatro vezes mais que a inflação dos últimos doze meses no País, que é de 3,99% (IPCA).

Em março deste ano, após audiências públicas para tratar sobre a concessão da BR-163, chegou a ser anunciado que a tarifa do pedágio ficaria congelada por até dois anos. 

Desse modo, a menor tarifa, em Mundo Novo, passa dos atuais R$ 5,10 para R$ 6,00 para carro de passeio. E a maior, em Campo Grande e Rio Verde, salta de R$ 7,80 para R$ 9,10.

A decisão foi publicada na edição do Diário Oficial da União desta terça-feira (15) pela Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT.

De acordo com a agência, o índice foi fixado com base na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período desde o último reajuste, 2021. 

A rodovia, de 845 quilômetros, corta 21 municípios de Mato Grosso do Sul, ligando Mundo Novo, na divisa com o Paraná, até Sonora, na divisa com Mato Grosso. Ela foi privatizada em 2014 com a promessa de que seria completamente duplicada, mas a CCR MSVia duplicou somente cerca de 150 quilômetros, suficientes para iniciar a cobrança de pedágios.

A empresa chegou a desistir da concessão, que em março deste ano foi prorrogada por mais dois anos, mas agora voltou a negociar com o o Governo Federal para se manter na exploração do serviço. 

Conforme balanço divulgado pela CCR MSVia, no primeiro trimestre de 2023 a empresa operou com prejuízo de R$ 59 milhões. O resultado, embora negativo, foi menos ruim que o desempenho da empresa no mesmo período de 2022, quando o primeiro trimestre acabou com R$ 71,9 milhões de prejuízo, conforme alega a empresa. A principal explicação para estes prejuízos são os juros que o grupo está pagando aos bancos.

Nos primeiros três meses do ano, o faturamento com a cobrança de pedágio a CCR MSVia faturou 42,35 milhões, o que representa aumento de 6,1% na compração com os R$ 39,9 milhões com igual período do ano passado.

Colaborou: Neri Kaspary

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Política

STF forma maioria de votos contra marco temporal de terras indígenas

Os seis votos foram dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli

17/12/2025 18h15

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento Dourados News/Clara Medeiros

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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quarta-feira (17) maioria de votos pela inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. 

Até o momento, a Corte tem placar de 6 votos a favor e nenhum contra a restrição às demarcações. A maioria foi formada pelos votos dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Ainda faltam quatro votos.

A votação virtual começou na segunda-feira (15) e fica aberta até quinta-feira (18), às 23h59.

Luta contra o marco temporal

Em 2023, o STF considerou a tese do marco temporal inconstitucional. Além disso, o marco também foi barrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou parte da Lei nº 14.701/2023, aprovada pelo Congresso Nacional. Contudo, os parlamentares derrubaram o veto presidencial e promulgaram a medida.

Dessa forma, voltou a prevalecer o entendimento de que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

Após a votação do veto presidencial, o PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Por outro lado, entidades que representam indígenas e partidos governistas também recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese.

É neste cenário de divergência que o Supremo voltou a analisar a matéria.

Em paralelo ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Senado aprovou, na semana passada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 48/2023, que insere a tese do marco temporal na Constituição Federal, em novo capítulo da briga entre Legislativo e Judiciário.

Mato Grosso do Sul

A decisão interessa, principalmente, o Estado de Mato Grosso do Sul, que possui a terceira maior população de indígenas do país. De acordo com último Censo, divulgado pelo IBGE em 2022, Mato Grosso do Sul saiu de 77.025 originários em 2010 para 116.346 mil. A população de MS fica atrás apenas do Amazonas (490,8 mil) e da Bahia (229,1 mil).

Os cinco maiores municípios de MS em população indígena são: Campo Grande (18.439), Dourados (12.054), Amambai (9.988), Aquidauana (9.428) e Miranda (8.866).

Do total de indígenas em MS, 68.534 mil pessoas moram em terras indígenas, e outros 47.812 residem fora.

A Terra Indígena Dourados tem a 6ª maior população residente indígena do País, com um total de 13.473 mil. 

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FAMÍLIA RAZUK

Um dia após ser condenado a perda do mandato, deputado Neno vota à distância na Assembleia

Com isso, não comparecendo à assembleia, Razuk não correu o risco de ser notificado da condenação ou da perda do mandato

17/12/2025 15h00

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira Marcelo Victor/Correio do Estado

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL) foi condenado ontem (16) pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande a 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado, por ser indicado como chefe de uma organização criminosa voltada ao jogo do bicho. 

No entanto, a condenação não impedia o deputado de comparecer à Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (17) para a última plenária do ano. Mesmo assim, o parlamentar não compareceu à Casa e participou da votação das cinco propostas aprovadas na ALEMS. 

Mesmo com a sentença, Razuk terá o direito de recorrer à decisão em liberdade. Ao Correio do Estado, o advogado André Borges, da defesa do parlamentar, afirmou que vai recorrer da sentença e que o "processo está longe de encerrar". 

Com o não comparecimento na Assembleia, o deputado não correu risco de ser notificado da condenação e nem prestar esclarecimentos à imprensa. 

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira O voto do deputado apareceu durante as deliberações das propostas na última sessão plenária da ALEMS de 2025 nesta quarta-feira (17) / Fonte: Reprodução

Sentença

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apontou que Neno Razuk seria o líder de uma organização criminosa que estaria praticando, de forma intensa, as práticas em Campo Grande após as prisões de Jamil Name e Jamil Name Filho durante a Operação Omertà, deflagradas em 2019 pelo MPMS contra as milícias armadas. 

Segundo as investigações, após as prisões, a família Name teria vendido seus pontos "na marra" e com uso de violência para um grupo de São Paulo, em uma tentativa de roubo a um malote do jogo do bicho que chamou a atenção das autoridades para investigar a situação. 

No documento que decretou 20 prisões preventivas de alvos da quarta fase da Operação Successione e 27 mandados de busca e apreensão, no mês passado, a família Razuk é "conhecida há décadas pela exploração ilegal do jogo do bicho e com expertise nas negociatas relacionadas ao ilícito". 

Além do crime da jogatina ilegal, também foram citados os de "assalto à mão armada e lavagem de dinheiro", especialmente na região de Dourados. 

Nas investigações da Gaeco, o clã da família Razuk tinha o plano de expandir a organização criminosa para o estado de Goiás. 

Segundo a averiguação dos fatos, o grupo realizava estudos com o apoio de organizações do estado goiano, como investidores e figuras influentes, para derrubar a liderança local da jogatina, que era comandado por Carlinhos Cachoeira, um bicheiro local.  

Com um financiamento de R$ 30 milhões de um investidor ainda não identificado, a missão era levar a uma "guerra pelo controle do jogo do bicho que atingiria ambos os Estados", como consta na investigação. 

As penas aplicadas pelo Judiciário somam mais de 100 anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), além da perda de mandato do deputado estadual Neno Razuk.

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