Política

ELEIÇÕES 2026

Com Tereza cotada a vice, centro-direita quer induzir Bolsonaro a apoiar Tarcísio

PP, União Brasil, Republicanos, MDB e PSD pressionam ex-presidente a abrir mão logo da própria candidatura

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As lideranças nacionais dos partidos de centro-direita iniciaram uma campanha de persuasão para que o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) abra mão da tentativa de anular a inelegibilidade na Justiça Federal e declare logo apoio à pré-candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a presidente nas eleições de 2026.

O Correio do Estado apurou que, com a senadora Tereza Cristina (PP) cotada para ser a pré-candidata a vice-presidente na possível chapa encabeçada por Tarcísio de Freitas, os caciques do PP, do União Brasil, do Republicanos, de parte do MDB e até do PSD começaram, na semana passada, a se movimentar para construir logo essa candidatura presidencial, com receio de que a demora na definição de um candidato de centro-direita dê tempo ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para recuperar sua popularidade.

No caso da federação União Progressista, formada por PP e União Brasil, além do favoritismo de Tereza Cristina, ainda há o nome do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e o de alguém a ser definido pelo presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, que não tem favoritos, mas avalia que, pelo tamanho da legenda, não é possível que a sigla seja ignorada em uma chapa presidencial.

Entretanto, o fato de a senadora de Mato Grosso do Sul ter sido ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo de Bolsonaro pode fazer com que o ex-presidente aceite a possibilidade de uma chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, afinal, ela chegou a ser cotada para ser a vice dele em 2022 – foi preterida em favor do general do Exército Braga Netto (PL) – e é amiga íntima do casal Bolsonaro, que a chama carinhosamente de Tetê.

Os acenos a Tarcísio também têm sido intensificados pelo Republicanos, obviamente, pela parte do MDB ligada ao ex-presidente da República Michel Temer e ao atual prefeito de São Paulo (SP), Ricardo Nunes, e pelo PSD, de Gilberto Kassab, pois esses dois últimos partidos têm o interesse de herdar o cargo de governador de São Paulo, ao participar do pleito do próximo ano.

Por outro lado, essa movimentação dos partidos de centro-direita tem desagradado à família de Bolsonaro, especialmente o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por exemplo, que já criticou indiretamente Tarcísio e o classificou como “direita permitida”.

No entanto, os partidos de centro-direita têm um antídoto para essa revolta da família do ex-presidente, que seria abrir mão da indicação de um nome para ser vice na chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, deixando o caminho aberto para o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, definir entre a ex-primeira-dama do Brasil Michelle Bolsonaro ou outro filho de Bolsonaro, no caso, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Até o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), já teria se colocado à disposição do partido para retirar sua pré-candidatura a presidente da República para que algum nome da família de Bolsonaro seja o indicado.

“O importante para nós dos partidos de centro-direita é que possamos caminhar juntos nas eleições do próximo ano sem o risco de dividir os votos e, desta forma, derrotar um possível governo Lula 4”, declarou ao Correio do Estado a senadora Tereza Cristina, que teme pela falta de celeridade de Bolsonaro em declarar logo o apoio a Tarcísio de Freitas e, desta forma, permitir que o governo atual petista, que já está morto, possa ressuscitar com algum plano mirabolante capaz de quebrar ainda mais o País.

O ARTICULADOR

Um dos escalados para tentar construir uma unidade dos partidos de centro-direita para 2026 é o ex-presidente Michel Temer, pois o emedebista já procurou todos os que mostraram interesse em disputar o Palácio do Planalto, inclusive Tarcísio, e provocou insatisfação no bolsonarismo por falar que a candidatura presidencial poderia ser construída sem a participação de Bolsonaro.

Apesar disso, o atrito não foi o suficiente para romper a relação entre Temer e Bolsonaro, já que ambos chegaram a conversar recentemente, ocasião em que o emedebista influenciou o tom que Bolsonaro usou durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista.

Bolsonaro tem insistido em dizer que é candidato mesmo inelegível e resiste a apoiar alguém. Desconfiado dos partidos e sem querer perder o controle sobre o futuro da direita e da oposição a Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente avalia insistir em se lançar candidato e, caso seja barrado, apresentar o nome de Eduardo Bolsonaro, do senador Flávio Bolsonaro ou da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Os partidos de centro-direita buscam evitar esse cenário e dizem que Bolsonaro erra ao não apontar logo um sucessor. Para os dirigentes desses partidos, o ideal seria o ex-presidente definir quem vai apoiar já neste segundo semestre. Essa avaliação já foi externada pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e pelo vice-presidente do partido, ACM Neto.

Ciro Nogueira e o líder do PP na Câmara dos Deputados, Doutor Luizinho (RJ), foram outros que já mostraram discordar da estratégia de insistir na candidatura mesmo inelegível. Um nome ligado à centro-direita para formar a chapa, na visão desses políticos, seria importante até mesmo para ajudar na articulação política em caso de vitória eleitoral de Tarcísio.

Aliados de Bolsonaro estão incomodados com a pressão para que o governador de São Paulo seja apontado o quanto antes como alternativa presidencial. Como forma de conter esse movimento, nomes alinhados ao ex-presidente agora falam mais livremente sobre as opções, mas dando ênfase aos familiares de Bolsonaro.

Neste cenário, os nomes de Eduardo, Flávio e Michelle já são testados em pesquisas. Os próprios filhos do ex-presidente mencionam a hipótese.

“Fico feliz de saber que qualquer nome apoiado por Jair Bolsonaro é competitivo contra Lula. O povo se sensibiliza com quem é perseguido injustamente, e a cada dia Bolsonaro fica mais forte”, disse Flávio Bolsonaro.

O senador, no entanto, evitou atender ao pedido dos partidos de centro-direita para adiantar quem será o herdeiro do ex-presidente e disse que “a única certeza é que a direita derrotará Lula”.

FAVORITO

Da mesma forma, Eduardo publicou na semana passada um texto em que ele é apontado como o nome favorito do entorno do presidente americano, Donald Trump, para concorrer contra Lula em 2026. 

Ele também publicou um vídeo nas redes sociais em que reclama diretamente da pressão para que Bolsonaro apoie um nome para 2026.

“Quando tira o Bolsonaro e coloca qualquer um de direita, seja eu, Michelle, Tarcísio ou qualquer pessoa que não seja da esquerda, melhor dizendo, você consegue perceber que, com o apoio do Bolsonaro, qualquer desses nomes segue muito bem na disputa. E aí vem a pergunta que eu queria fazer: a quem então interessa você querer acelerar para que o Bolsonaro diga quem será o sucessor dele? Será que isso é determinante para o sucesso eleitoral de quem quer que seja apoiado pelo Bolsonaro ano que vem? Se você ligar os pontos, vai perceber muita coisa que está acontecendo neste momento”, escreveu nas suas redes sociais.

Como forma de manter seu nome relevante no jogo para 2026, Bolsonaro também tem apostado em atos com apoiadores. Um dos atos ocorreu ontem, e os vídeos de divulgação estavam centrados na figura do ex-presidente e de familiares, sem citar Tarcísio.

Ao mesmo tempo que é alvo de críticas por parte dos bolsonaristas, por não se envolver de maneira enfática na defesa de Bolsonaro no caso da trama golpista, o governador tem procurado demonstrar lealdade ao ex-chefe e não tem feito movimentos ostensivos para se apresentar como alternativa nacional. Procurado, Tarcísio disse, via assessoria, que seu candidato a presidente em 2026 é Bolsonaro.

Ainda assim, o governador tem atraído a atenção dos partidos, que nos bastidores têm reclamado que Bolsonaro erra ao insistir na candidatura própria mesmo inelegível. Na visão deles, o governador é um nome considerado agregador na direita e no centro, bem como no mercado financeiro.

“Não sendo Bolsonaro o candidato, será um desses governadores: Tarcísio, Ratinho [Jr.], [Ronaldo] Caiado, [Romeu] Zema ou a [senadora] Tereza Cristina, mas tem que esperar o que vai acontecer”, disse o coordenador da bancada ruralista no Congresso Nacional, deputado federal Pedro Lupion (PP-RS). 

O parlamentar também declarou que o ideal seria Bolsonaro nomear logo um sucessor, mas ressaltou que é preciso esperar “o timing” do ex-presidente. Em meio às conversas de integrantes de partidos de centro, parlamentares da base do governo avaliam que há uma tentativa de unificar forças, envolvendo PP, União Brasil, MDB, PSD e Republicanos, para construir uma candidatura de oposição ao PT.

Na visão deles, isso tem contribuído para o clima de conflagração no Congresso, com influência sobre os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

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Política

Mesa da Câmara decide cassar Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem

Decisão foi tomada por conta de faltas de Eduardo e da condenação de Ramagem pelo STF

18/12/2025 17h09

Alexandre Ramagem

Alexandre Ramagem Foto: Câmara dos Deputados

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A Mesa diretora da Câmara dos Deputados decidiu cassar os deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ). A informação foi confirmada ao Estadão/Broadcast por integrantes da direção da casa legislativa.

Os dois deputados estão fora do País. Eduardo Bolsonaro está autoexilado nos Estados Unidos. Alexandre Ramagem, condenado pelo Supremo Tribunal Federal, está foragido, também nos EUA.

O líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcanti (RJ), manifestou contrariedade com a decisão. Ele relatou que às 16h40 recebeu uma ligação do presidente da Câmara, Hugo Motta, comunicando a decisão da Mesa pela cassação dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sóstenes disse lamentar a medida e sustentou que ela “representa mais um passo no esvaziamento da soberania do Parlamento”.

“Não se trata de um ato administrativo rotineiro. É uma decisão política que retira do plenário o direito de deliberar e transforma a Mesa em instrumento de validação automática de pressões externas. Quando mandatos são cassados sem o voto dos deputados, o Parlamento deixa de ser Poder e passa a ser tutelado”, escreveu, no X.

O ato oficial da cassação foi publicado no Diário Oficial da Câmara no final da tarde desta quinta-feira.

De acordo com relatos, os membros da Mesa Diretora realizaram a votação nesta quinta-feira, 18, após a apresentação de dois relatórios favoráveis à cassação, de autoria do 1º secretário, deputado Carlos Veras (PT-PE).

O petista fundamentou a defesa da cassação de Eduardo com base no número de faltas e de Ramagem está vinculada à condenação pelo STF por tentativa de golpe de Estado. O ato que oficializou a decisão de cassação de Ramagem cita que ele não terá condições de comparecer às sessões da Câmara, numa referência à condenação do STF. Nesta quarta-feira, 17, o prazo para a apresentação das defesas dos dois parlamentares se encerrou.

Ramagem foi condenado pelo STF a 16 anos e 1 mês de reclusão por participação na trama golpista. Ele estava proibido de sair do País, mas fugiu para os EUA.

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Política

Fraude no INSS: "Se tiver filho meu nisso, será investigado", diz Lula

Presidente defendeu que todos os envolvidos sejam investigados

18/12/2025 16h27

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva FOTO: CanalGov/Reprodução

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira (18), que todas as pessoas envolvidas, mesmo que indiretamente, no esquema de descontos ilegais de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) sejam investigadas, inclusive, seus familiares. “Quem tiver envolvido vai pagar o preço”, disse em entrevista à imprensa, no Palácio do Planalto.O presidente da República, Luiz Inácio Lula da SilvaO presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva

“É importante que haja seriedade para que a gente possa investigar todas as pessoas que estão envolvidas, todas as pessoas. Ninguém ficará livre. Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado”, afirmou Lula.

O nome de filho do presidente, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, apareceu em depoimento de testemunha ligada ao empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS. Antônio atuava em nome de associações e entidades de servidores, intermediando a autorização dos descontos e recebia percentuais desses valores por meio de empresas de sua propriedade.

O irmão de Lula, José Ferreira da Silva, o Frei Chico, também é citado nas investigações. Ele é diretor vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, Sindinapi, uma das entidades investigadas pelos desvios indevidos.

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã de hoje, nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga o esquema fraudulento no INSS. Entre os presos está Romeu Carvalho Antunes, filho do Careca do INSS.

A operação da PF mira um esquema nacional de descontos de mensalidades associativas não autorizadas entre 2019 e 2024.

Questionado sobre a demora para o início, de fato, da operação, deflagrada em abril deste ano, Lula afirmou que o governo queria investigar com seriedade e não queria fazer pirotecnia. “Seria muito fácil você fazer uma denúncia e não apurar”, disse. Segundo ele, a Controladoria-Geral da União levou “praticamente” dois anos fazendo investigação.

O Congresso Nacional também instalou uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para apurar o caso. “Eu não sou da CPI, eu não sou delegado da Polícia Federal e não sou ministro da Suprema Corte. O que eu posso dizer para você é que naquilo que depender da Presidência da República, tudo será feito para que a gente dê uma lição a esse país”, afirmou Lula.

“Não é possível você admitir num país em que milhões de aposentados ganham um salário mínimo, você ter alguém tentando se apropriar, expropriar o dinheiro do aposentado com promessas falsas”, acrescentou.

O presidente recebeu jornalistas para um café da manhã, no Palácio do Planalto, seguido de coletiva de imprensa. Ele estava acompanhando dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Casa Civil, Rui Costa; das Relações Exteriores, Mauro Vieira; e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

Ressarcimento

Após a repercussão da Operação Sem Desconto, o governo federal estabeleceu um acordo de ressarcimento com os segurados que foram vítimas das fraudes.

De acordo com o INSS, até a semana passada, R$ 2,74 bilhões foram pagos no acordo a 4 milhões de aposentados e pensionistas. O pagamento é feito diretamente na conta do benefício, com correção pela inflação, sem necessidade de ação judicial.

A contestação dos descontos indevidos pode ser feita até 14 de fevereiro de 2026 pelo aplicativo Meu INSS, Central 135 ou nas agências dos Correios. Mesmo após essa data, a adesão ao acordo de ressarcimento continuará disponível para quem tiver direito.

O ressarcimento custará R$ 3,3 bilhões ao governo em créditos abertos por medida provisória. Por se tratar de créditos extraordinários, o dinheiro está fora do arcabouço fiscal e não contará para o cumprimento das metas de resultado primário nem de limite de gastos do governo.

A Advocacia-Geral da União já entrou com ações judiciais contra associações e empresas investigadas para buscar a recuperação do dinheiro descontado irregularmente dos aposentados e pensionistas.

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