Política

Deputados e senadores

Congresso derruba vetos, cria despesas para o governo e manda fatura ao consumidor

Decisão restabelece benefícios a setores como energia, fundos de investimento e agrotóxicos, com impacto bilionário e risco de aumento na conta de luz

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O Congresso Nacional derrubou, na terça-feira, 17, um total de 12 vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), restabelecendo dispositivos que haviam sido barrados pelo Executivo. Com a decisão, os itens excluídos por Lula voltam a ter força de lei.

Entre os vetos derrubados, destaca-se o que havia rejeitado integralmente o projeto de indenização para crianças com microcefalia causada pelo Zika vírus. A proposta garante o pagamento de R$ 50 mil e uma pensão vitalícia com valor equivalente ao teto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualmente de R$ 7.786,02. O governo justificou o veto alegando que a medida criaria despesa obrigatória contínua, sem estimativa de impacto orçamentário e financeiro.

Outro veto revertido trata da criação da Taxa de Avaliação e de Registro para agrotóxicos. Com a derrubada, a taxa passará a existir e caberá ao Executivo definir sua regulamentação. Os recursos arrecadados serão destinados ao Fundo Federal Agropecuário (FFAP), que tem como objetivo estimular o setor e que hoje não possui previsão de recursos no Orçamento.

Também foi derrubado o veto que barrava dispositivos sobre o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Na prática, a decisão pode encarecer a conta de luz, ao permitir a prorrogação de contratos de compra de energia e outras medidas que impactam a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), custeada por todos os consumidores.

Além disso, o Congresso restabeleceu a obrigatoriedade de contratação de capacidade e energia associada de hidrelétricas, de energia gerada a partir de hidrogênio líquido e de eólicas, além de permitir o adiamento da contratação de energia e a compensação de montantes inicialmente previstos.

No campo tributário, o Congresso derrubou o veto que impedia benefícios fiscais para os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagros), Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) e fundos patrimoniais.

Com a decisão, esses fundos permanecerão isentos do pagamento do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS), apesar de o governo considerar a isenção inconstitucional.

Conta de luz

No setor de energia, o Congresso também analisou itens do veto ao marco regulatório das eólicas offshore. O presidente Lula havia vetado 25 itens, dos quais oito foram agora derrubados, beneficiando, entre outros, as pequenas centrais hidrelétricas.

Quanto à transição energética, os parlamentares rejeitaram vetos que impediam a concessão de benefícios tributários para empresas fabricantes de baterias, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays (Padis).

Também foram retomados os incentivos do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), voltados à produção de veículos movidos a biometano, biogás, etanol e gás natural.

Outra decisão relevante foi a derrubada do veto sobre o Fundo Partidário na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025. O governo havia vetado o trecho que previa a atualização do fundo com base na inflação acumulada pelo IPCA desde 2016, por considerar que a medida poderia comprometer o orçamento da Justiça Eleitoral. A derrubada do veto aumenta o fundo partidário em R$ 164,8 milhões.

Em relação à nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos, o Congresso rejeitou parte do veto de Lula, restabelecendo a possibilidade de repasse integral em parcela única de valores de convênios e acordos celebrados pela administração pública.

Na área da saúde, os parlamentares derrubaram dois dispositivos vetados da lei que regulamenta a pesquisa clínica com seres humanos. Um dos trechos agora restabelecidos exige a comunicação ao Ministério Público quando houver participação de indígenas em pesquisas.

Outro ponto prevê que medicamentos experimentais deverão ser fornecidos aos participantes por um período de cinco anos após o término da pesquisa, e não de forma indefinida como previa o governo.

Por fim, na legislação que regulamenta as atividades espaciais brasileiras, o Congresso derrubou o veto que tratava das regras e prazos para o licenciamento ambiental de operações espaciais. O texto aprovado prevê que o processo siga normas técnicas e ambientais, com conclusão em até 60 dias, prorrogáveis por mais 60.

Ao todo, 30 vetos tiveram a análise adiada. Entre eles estão temas como a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, o contingenciamento de emendas parlamentares não impositivas, pontos adicionais do marco das eólicas offshore e a renegociação das dívidas dos Estados.

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, deu prazo de 25 dias para que o governo e os parlamentares cheguem a um acordo sobre esses vetos pendentes. Caso não haja consenso, os itens serão votados até 17 de julho.

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Política

Avaliações positiva e negativa do STF crescem e mostram divisão da percepção da população

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano; percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%

19/12/2025 22h00

Supremo Tribunal Federal (STF)

Supremo Tribunal Federal (STF) Crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

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Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira, 19, mostra que cresceram as avaliações positivas e negativas sobre o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF), mostrando uma divisão da percepção da população brasileira sobre a atuação da Corte.

O porcentual de brasileiros que avaliam positivamente o trabalho do STF subiu de 23% para 33% entre julho e dezembro deste ano. No mesmo período, a percepção negativa, que segue predominante, avançou de 32% para 36%. Já a avaliação regular recuou de 34% para 24%.

No intervalo entre os dois levantamentos, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União.

Entre as duas edições da pesquisa, também houve mudança no comando da Corte. O ministro Edson Fachin assumiu a presidência do tribunal e o ministro Luís Roberto Barroso se aposentou. Fachin adota um perfil mais discreto e defende a chamada "autocontenção" do Judiciário, em contraste com o antecessor, que sustentava que o Supremo deveria exercer um "papel iluminista" e atuar de forma mais protagonista na definição de direitos.

No mesmo período, o secretário de Estado do governo Donald Trump, Marco Rubio, revogou o visto do ministro Alexandre de Moraes e de seus familiares, além de outros sete integrantes do STF. O governo dos Estados Unidos também aplicou sanções a Moraes com base na Lei Magnitsky, norma criada para punir violadores graves de direitos humanos. Foi a primeira vez que uma autoridade de um país democrático foi alvo das medidas previstas na legislação. Neste mês, o presidente Donald Trump retirou o nome do ministro da lista de sancionados.

Outros poderes

A pesquisa também avaliou os demais Poderes. No Legislativo, a percepção varia conforme a Casa. No Senado Federal, a maior parcela dos entrevistados (34%) classifica o desempenho como regular, porcentual que empata, dentro da margem de erro (2 p p), com a avaliação negativa, de 33%. A avaliação positiva soma 22%, enquanto 11% não souberam ou não quiseram responder.

Na Câmara dos Deputados, a avaliação negativa predomina: 36% consideram o trabalho ruim ou péssimo. A percepção, porém, está tecnicamente empatada com a avaliação regular, que alcança 35%. A avaliação positiva é de 20%, e 9% não responderam.

A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas presenciais entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2025. O levantamento tem nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos porcentuais. Os entrevistados puderam classificar cada Poder como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo, com os resultados consolidados nas categorias positiva, regular e negativa.

Governo Lula

Em relação ao Executivo federal, 38% dos brasileiros avaliam que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz um trabalho ruim ou péssimo. Outros 34% consideram a gestão boa ou ótima, enquanto 25% a classificam como regular. Já 3% não souberam ou não responderam.

Política

Ministro do Paraguai fala em disposição construtiva para avançar em acordo Mercosul-UE efetivo

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

19/12/2025 21h00

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais

Segundo Rubén Ramírez Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais Foto: Divulgação

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O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, reafirmou a "disposição construtiva" para avançar na concretização efetiva do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), durante a 67ª reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul, órgão decisório de nível ministerial do bloco, nesta sexta-feira, 19, segundo nota do Ministério de Relações Exteriores do país.

"Em particular, o Paraguai confia que os mecanismos de salvaguarda serão abordados e aplicados de maneira compatível com respeito ao negociado e acordado, e também de acordo com as normas multilaterais preservando o equilíbrio de direitos e obrigações das partes", disse Lezcano.

O chanceler também afirmou que "o Paraguai acredita e aposta em um Mercosul que funcione para todos, capaz de traduzir seus princípios em resultados concretos e de responder com pragmatismo e visão aos desafios estruturais que ainda persistem" na região.

Segundo Lezcano, um dos desafios centrais para o Paraguai é a superação das assimetrias estruturais entre os Estados Parte do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, mais recentemente em 2024, Bolívia). "Não se trata de uma noção abstrata, mas de uma realidade econômica e geográfica que limita nosso desenvolvimento e condiciona nossa competitividade", disse, frisando que a condição mediterrânea do país impõe custos adicionais que encarecem as exportações e restringem a participação nas cadeias regionais de valor.

A reunião do CMC, em Foz do Iguaçu, nesta sexta-feira, foi majoritariamente fechada à imprensa.

No sábado, 20, o Brasil deve passar o bastão da Presidência Pro Tempore do bloco ao Paraguai, durante a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, também em Foz do Iguaçu. 

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