Política

GENTE DE FORA

Controle de ponto não vai fiscalizar mais
da metade de servidores na Assembleia

Quem é contratado como assistente parlamentar vai ter outro regime de frequência

RODOLFO CÉSAR

03/12/2016 - 13h00
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As mudanças implantadas na Assembleia Legislativa com a exigência de ponto eletrônico não vão fiscalizar mais da metade dos funcionários da Casa. Quem é contratado na função de assistente parlamentar, que é uma cota que cada deputado tem direito, não está obrigado a "bater o ponto" digital.

A Casa tem ao todo 1.178 funcionários, de acordo com o site de transparência, e eles estão divididos entre comissionados e efetivos. Entre esses comissionados estão os assistentes parlamentares, que em geral atuam nas bases dos deputados, que ficam distribuídas pelo interior do Estado.

O primeiro secretário Zé Teixeira (DEM) explicou que como esses funcionários estão fora de Campo Grande, a fiscalização sobre o horário trabalhado ficará a cargo de cada um dos 24 parlamentares.

Esses assistentes são identificados com a sigla "Plap" e os vencimentos podem variar de R$ 392,02 a R$ 4.299,57. O trabalho deles varia desde receber problemas e demandas da população, como fazer transporte de pessoas para serviços de saúde, representar os deputados em eventos, visitar locais públicos para verificar condições de atendimento.

Levantamento no portal transparência indica que estão contratados pelo menos 640 pessoas na sigla Plap. Não há especificação individual dos salários desses funcionários, apenas uma tabela geral com as variações de vencimentos.

A partir desta segunda-feira (5), a empresa Seletiva RH Controle de Ponto e Acesso está prevista para começar o cadastramento do efetivo. Na quinta-feira (1º), o diretor Rodrigo Márcio reuniu-se com Zé Teixeira e diretores do departamento de recursos humanos e financeiro para informar detalhes do procedimento.

"Os efetivos da casa e os cargos comissionados terão de bater o ponto. Para os Plaps, cada um (deputado ou deputada) precisa fazer seu relatório. Os que trabalham nas bases dos deputados não vão bater ponto", reconheceu Zé Teixeira.

Foram adquiridos dois relógios de ponto ao custo de R$ 6 mil. Não foi divulgado quando efetivamente eles passam a operar. 

FANTASMAS

A Casa de Leis está envolvida em suspeita de ter funcionários fantasmas e há dois procedimentos em discussão para apurar esses casos.

Um deles foi proposto pelo deputado e prefeito eleito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), o outro envolve conversa que vazou revelando o deputado Paulo Corrêa (PR) orientando o colega Felipe Orro (PSDB) sobre a "maquiagem" na folha de ponto.

O procurador-geral de Justiça do Ministério Público Estadual, Paulo Passos, está investigando as suspeitas. O inquérito civil foi aberto no final de novembro e vai apurar eventual fraude ou ausência de sistema de controle de frequência dos servidores na Assembleia.

“Irei apurar a existência de servidores 'fantasmas', cedências passíveis de ilegalidade, controle de horário, quantidade de servidores por gabinetes e a existência de ato que regre, em conformidade com o ordenamento jurídico, a situação dos servidores", detalhou Passos anteriormente.

Política

STF forma maioria de votos contra marco temporal de terras indígenas

Os seis votos foram dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli

17/12/2025 18h15

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento Dourados News/Clara Medeiros

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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quarta-feira (17) maioria de votos pela inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. 

Até o momento, a Corte tem placar de 6 votos a favor e nenhum contra a restrição às demarcações. A maioria foi formada pelos votos dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Ainda faltam quatro votos.

A votação virtual começou na segunda-feira (15) e fica aberta até quinta-feira (18), às 23h59.

Luta contra o marco temporal

Em 2023, o STF considerou a tese do marco temporal inconstitucional. Além disso, o marco também foi barrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou parte da Lei nº 14.701/2023, aprovada pelo Congresso Nacional. Contudo, os parlamentares derrubaram o veto presidencial e promulgaram a medida.

Dessa forma, voltou a prevalecer o entendimento de que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

Após a votação do veto presidencial, o PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Por outro lado, entidades que representam indígenas e partidos governistas também recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese.

É neste cenário de divergência que o Supremo voltou a analisar a matéria.

Em paralelo ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Senado aprovou, na semana passada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 48/2023, que insere a tese do marco temporal na Constituição Federal, em novo capítulo da briga entre Legislativo e Judiciário.

Mato Grosso do Sul

A decisão interessa, principalmente, o Estado de Mato Grosso do Sul, que possui a terceira maior população de indígenas do país. De acordo com último Censo, divulgado pelo IBGE em 2022, Mato Grosso do Sul saiu de 77.025 originários em 2010 para 116.346 mil. A população de MS fica atrás apenas do Amazonas (490,8 mil) e da Bahia (229,1 mil).

Os cinco maiores municípios de MS em população indígena são: Campo Grande (18.439), Dourados (12.054), Amambai (9.988), Aquidauana (9.428) e Miranda (8.866).

Do total de indígenas em MS, 68.534 mil pessoas moram em terras indígenas, e outros 47.812 residem fora.

A Terra Indígena Dourados tem a 6ª maior população residente indígena do País, com um total de 13.473 mil. 

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FAMÍLIA RAZUK

Um dia após ser condenado a perda do mandato, deputado Neno vota à distância na Assembleia

Com isso, não comparecendo à assembleia, Razuk não correu o risco de ser notificado da condenação ou da perda do mandato

17/12/2025 15h00

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira Marcelo Victor/Correio do Estado

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL) foi condenado ontem (16) pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande a 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado, por ser indicado como chefe de uma organização criminosa voltada ao jogo do bicho. 

No entanto, a condenação não impedia o deputado de comparecer à Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (17) para a última plenária do ano. Mesmo assim, o parlamentar não compareceu à Casa e participou da votação das cinco propostas aprovadas na ALEMS. 

Mesmo com a sentença, Razuk terá o direito de recorrer à decisão em liberdade. Ao Correio do Estado, o advogado André Borges, da defesa do parlamentar, afirmou que vai recorrer da sentença e que o "processo está longe de encerrar". 

Com o não comparecimento na Assembleia, o deputado não correu risco de ser notificado da condenação e nem prestar esclarecimentos à imprensa. 

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira O voto do deputado apareceu durante as deliberações das propostas na última sessão plenária da ALEMS de 2025 nesta quarta-feira (17) / Fonte: Reprodução

Sentença

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apontou que Neno Razuk seria o líder de uma organização criminosa que estaria praticando, de forma intensa, as práticas em Campo Grande após as prisões de Jamil Name e Jamil Name Filho durante a Operação Omertà, deflagradas em 2019 pelo MPMS contra as milícias armadas. 

Segundo as investigações, após as prisões, a família Name teria vendido seus pontos "na marra" e com uso de violência para um grupo de São Paulo, em uma tentativa de roubo a um malote do jogo do bicho que chamou a atenção das autoridades para investigar a situação. 

No documento que decretou 20 prisões preventivas de alvos da quarta fase da Operação Successione e 27 mandados de busca e apreensão, no mês passado, a família Razuk é "conhecida há décadas pela exploração ilegal do jogo do bicho e com expertise nas negociatas relacionadas ao ilícito". 

Além do crime da jogatina ilegal, também foram citados os de "assalto à mão armada e lavagem de dinheiro", especialmente na região de Dourados. 

Nas investigações da Gaeco, o clã da família Razuk tinha o plano de expandir a organização criminosa para o estado de Goiás. 

Segundo a averiguação dos fatos, o grupo realizava estudos com o apoio de organizações do estado goiano, como investidores e figuras influentes, para derrubar a liderança local da jogatina, que era comandado por Carlinhos Cachoeira, um bicheiro local.  

Com um financiamento de R$ 30 milhões de um investidor ainda não identificado, a missão era levar a uma "guerra pelo controle do jogo do bicho que atingiria ambos os Estados", como consta na investigação. 

As penas aplicadas pelo Judiciário somam mais de 100 anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), além da perda de mandato do deputado estadual Neno Razuk.

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