A alta contínua no número de casos de Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) em Dourados, cidade no sul de Mato Grosso do Sul, preocupa também os deputados estaduais. Parlamentares ouvidos pelo Correio do Estado avaliam que tanto a população como o Poder Público precisam atuar em conjunto contra a pandemia.
Para o deputado Renato Câmara (MDB), a prefeitura agiu no calor do momento quando surgiu os primeiros casos. “Antes veio a prevenção, mas não houve uma ação contundente”, comentou. Ao contrário de Campo Grande, que flexibilizou o retorno do comércio por etapas, Dourados autorizou a reabertura das maioria dos estabelecimentos, sob restrições sanitárias.
Câmara destacou a falta de insumos em unidades de saúde, fato constatado por sindicatos e conselhos da área. “Recebi a denúncia do Sindicato dos Enfermeiros [da Grande Dourados e Região, Sindenf] que não há a quantidade adequada de EPIs [Equipamento de Proteção Individual], como luvas e máscaras, e as equipes das unidades básicas não foram testadas”, relatou.
O deputado apresentou indicação na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul (Alems) para pedir providências à prefeitura e ao comitê de crise da pandemia. O emedebista cita na justificativa outros materiais que estão sendo insuficientes, como álcool em gel e até sacos de lixo.
Questionado sobre a situação dos povos indígenas e dos mais de R$ 305,5 milhões que a Missão Evangélica Caiuá recebeu para investir na saúde indígena, e ainda os R$ 202,6 milhões que deve receber até 2021 por meio de nove convênios, todos para o Estado, e das três aldeias que tem na cidade, Câmara disse que falta transparência. “O Conselho Municipal de Saúde não está participando, não tem presença no conselho [do Hospital e Maternidade Porta da Esperança]. Tem que haver mais diálogo e mais transparência”, apontou.
Mesma opinião tem o deputado Zé Teixeira (DEM). “A missão sempre recebeu esse montante absurdo e nunca explicou o que faz. Não sabemos quantos leitos tem. E ainda temos a falta de saneamento nas aldeias, muitas pessoas morando na mesma casa, tudo isso preocupa. Tem que haver fiscalização do Ministério Público [do Estado] e uma atenção especial da Funai [Fundação Nacional do Índio]”, explicou.
Para o democrata, a prefeitura tem feito o que pode. “Tínhamos uma prefeitura falida, o setor da saúde falido [há três anos]. Mas as pessoas não acreditam e não cumprem as medidas. Tem que usar máscara, lavar as mãos, manter o distanciamento. Eu faço minha parte e acredito que todos devem fazer”, finalizou.
AÇÕES
Medidas extremas como o lockdown devem ser consideradas com base nos números, apontou Câmara. “Precisamos discutir ações embasadas nos números. São eles que devem apontar se precisamos de lockdown”, avaliou.
Por outro lado, o deputado criticou a divulgação dos dados da doença pela prefeitura. “O boletim da prefeitura parece que é de outra cidade, nada acontece lá. Os números não refletem a situação. É preciso transparência e ampliar a testagem”, afirmou.