Política

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Detalhes de uma luta sangrenta

Detalhes de uma luta sangrenta

Redação

07/03/2010 - 07h38
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A Alemanha de 1945 em nenhum momento lembrava o país que tradicionalmente é associado ao conceito de organização. Naquele ano, o derradeiro da 2ª Guerra Mundial, a desordem imperava em cada esquina: infraestrutura destruída, administração pública em colapso, violência crescente, imenso fluxo de refugiados e milhares de soldados da tropa de ocupação chegando a cada dia. O regime nazista, apesar do discurso encorajador de Adolf Hitler no primeiro dia do ano, tombava em definitivo. É um retrato devastador da nação derrotada no conflito o que oferece o historiador inglês Richard Bessel em “Alemanha, 1945” (tradução de Berilo Vargas, 488 páginas), recentemente lançado pela Companhia das Letras. “Depois que a Alemanha nazista submeteu povos, em todo o continente europeu, a uma violência terrível, os próprios alemães, sobretudo nos últimos estágios da guerra, foram expostos à barbárie”, comenta. “O país tinha sido alvo de uma campanha de bombardeios sem precedentes em seu poder de destruição, que atingiu o auge no começo de 1945 e matou meio milhão de pessoas”. Foi uma derrota total e sem precedentes na história moderna, pois nunca um país sofreu tantas perdas como a Alemanha naquele ano, como enumera Bessel: sua soberania foi extinta, a economia esmagada, as cidades reduzidas a entulho; além disso, a maioria da população estava faminta e desabrigada, as Forças Armadas desfeitas e os sobreviventes em campos de prisioneiros de guerra. “A Alemanha tornara-se o país da morte”, comenta. “Quando a Wehrmacht (exército nazista alemão) se rendeu em maio de 1945, metade da população perdera pelo menos uma pessoa da família”. De fato, embora seja impossível cravar um número preciso, o total de alemães mortos durante o conflito deve se aproximar dos 6,5 milhões. Em seu livro, Bessel detalha o horror a que foi submetida a população naquele ano. Com as defesas aéreas incapazes de oferecer proteção eficaz, uma tonelagem maior de bombas era lançada a cada mês – nesse momento, toda a Alemanha estava ao alcance dos aviões aliados. Assim, além da destruição de casas e prédios, a rede de comunicações entrou em falência e a distribuição de combustível e alimentos começou a ser prejudicada. Tal cataclismo abalou a “inconsciente autoconfiança” de milhões de alemães, ou seja, além de pôr abaixo as construções e de colocar em movimento milhões de cidadãos que deixaram suas residências destruídas, o final da guerra arrasou relações profissionais e malhas sociais. Foi esse o panorama encontrado pelos soldados aliados. “Quando chegaram à Alemanha naquele ano, os aliados esperavam enfrentar forças de resistência, como Goebbels (ministro da Propaganda de Adolf Hitler) havia predito”, afirma Bessel à reportagem, em entrevista por e-mail. “Mas isso nunca se materializou. Ao contrário, os alemães revelaram-se incrivelmente passivos”. Na verdade, reinava o caos. Insensíveis aos apelos do agonizante governo nazista, que ainda exigia a mesma fibra da raça ariana do início da guerra mesmo com a derrota iminente, os cidadãos tinham poucas alternativas. A mais radical era o suicídio – famílias inteiras deram cabo da vida, temerosas do tratamento que receberiam como prisioneiras. Quem optava pela sobrevivência, era obrigado a enfrentar a severa escassez de alimentos e a onipresente ameaça de crime, personificada principalmente nos vencedores da guerra. “Como o (presidente americano) Eisenhower deixou claro, os aliados chegaram não como libertadores, mas como vitoriosos”, escreve Bessel. “Um povo alemão abatido, exausto, desiludido e empobrecido viu-se diante do poder esmagador de milhões de soldados das tropas aliadas, que não estavam dispostos a tolerar resistência alguma ao seu mando”. Apesar de os americanos distribuírem gomas de mascar e chocolate para as crianças, e cigarros e meias de náilon para as mulheres, a brutalidade imperava. Os soviéticos foram acusados de praticarem um grande número de estupros, enquanto uma mórbida tática foi adotada para intimidar os derrotados: corpos dos mortos eram deixados aos montes nas esquinas e calçadas para servir de alerta para qualquer um que se sentisse tentado a resistir à ocupação. A morte, dessa forma, tornou-se, como nunca, parte integrante do cotidiano. E não apenas os restos físicos dos defuntos assombravam os sobreviventes. “Números imensos de soldados constavam como ‘desaparecidos em combate’; milhões de parentes tinham sido separados durante a fuga à frente do Exército Vermelho no começo de 1945; homens, mulheres e crianças tinham sido arrebentados ou queimados a ponto de se tornarem irreconhecíveis durante os bombardeios”, relata Bessel. A cidade de Cottbus, por exemplo, localizada no nordeste da Alemanha, tinha 51 mil habitantes antes da guerra – terminado o conflito, restavam menos de 8 mil. A totalidade da derrota deu substância à ideia de “hora zero”, termo considerado controverso por certos historiadores pois, se para alguns denota o grau de completa destruição e serve para justificar a reconstrução integral, para outros é um artifício alemão para se esquecer um passado manchado e nada edificante. Sem entrar em julgamentos, Bessel prefere a primeira opção. “Afinal, ao contrário de Japão e Itália, a Alemanha foi dividida e seus habitantes iniciaram a reconstrução sempre assombrados pelo horror do regime nazista”.

eleições 2024

Quem não votou no primeiro turno pode votar normalmente no segundo

Em Mato Grosso do Sul, Campo Grande é a única cidade a qual haverá segundo turno

23/10/2024 08h20

Urna eletrônica

Urna eletrônica ARQUIVO/CORREIO DO ESTADO

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Pessoas que não votaram no primeiro turno das eleições municipais, realizado em 6 de outubro, poderão votar normalmente no segundo, que acontece neste domingo (27).

Mato Grosso do Sul teve aproximadamente 25% de abstenção nestas eleições, levando em consideração que algumas pessoas não puderam votar pois estavam viajando ou por quaisquer outros motivos de força maior.

No Estado, Campo Grande é a única cidade a qual haverá segundo turno. Mas, quem não votou no primeiro turno e deseja votar no segundo, deve estar em dia com a Justiça Eleitoral.

Por isso, é necessário justificar a ausência no primeiro turno, até 5 de dezembro de 2024. Quem não vai votar no segundo turno poderá justificar a falta até 7 de janeiro de 2025.

Cada justificativa é válida somente para o turno o qual a pessoa não votou. O eleitor pode justificar a ausência do voto quantas vezes forem necessárias.

O voto é obrigatório para pessoas alfabetizadas, com idade entre 18 e 69 anos. Pessoas que fizeram ou farão 70 anos até a data da eleição não são mais obrigadas a votarem. Neste caso, não é necessário justificar a ausência.

2º TURNO

Em Campo Grande, neste domingo (27), 646.216 eleitores irão votar em seis zonas eleitorais (8ª, 35ª, 36ª, 44ª, 53ª e 54ª) distribuídas em 235 locais de votação e 2.238 seções. Ao todo, 2.278 urnas eletrônicas serão disponibilizadas para votação

Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União) disputarão o segundo turno das eleições municipais em Campo Grande, no dia 27 de outubro.

A prefeita Adriane Lopes obteve 140.913 votos (31,67%) dos votos, enquanto Rose Modesto alcançou 131.525 votos (29,56%).

Beto Pereira atingiu 115.516 votos (25,96%), a petista Camila Jara fez 41.966 votos (9,43%), o representante do Novo, Beto Figueiró, somou 10.885 votos (2,45%), o candidato do PSOL, Luso Queiroz, chegou a 3.108 votos (0,7%) e o do DC, Ubirajara Martins, ficou com 1.067 votos (0,24%).

MARTELO BATIDO

PSDB define prefeito de Itaquiraí para concorrer à presidência da Assomasul

Thalles Henrique Tomazelli pretende buscar a formação de uma chapa única para o comando da associação em 2025

23/10/2024 08h00

Presidente estadual do PSDB, Reinaldo Azambuja fez o anúncio em reunião nesta segunda-feira

Presidente estadual do PSDB, Reinaldo Azambuja fez o anúncio em reunião nesta segunda-feira Foto: Divulgação

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Como o Correio do Estado já tinha adiantado no dia 16, o prefeito reeleito de Itaquiraí, Thalles Henrique Tomazelli (PSDB), foi confirmado ontem como o candidato tucano à presidência da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul) para o biênio 2025-2026, cuja eleição será realizada na segunda quinzena de janeiro do próximo ano.

Após reunião da executiva estadual do PSDB com os 44 prefeitos eleitos e reeleitos do partido no fim da manhã de ontem, o ex-governador Reinaldo Azambuja, presidente estadual da legenda, anunciou a definição pelo nome de Tomazelli.

“Estou muito feliz, porque em uma reunião com os prefeitos do PSDB ficou acertado o nome do Thalles. Nós tínhamos sete prefeitos que pleiteavam a presidência da Assomasul. Depois dessa reunião, os outros seis abriram mão e hoje [ontem] o candidato do PSDB à presidência [da associação] é o Thales”, reforçou Azambuja.

O ex-governador disse que ficou muito contente pelo entendimento e pela grandeza dos prefeitos do partido de escolherem um nome de consenso.

“Agora, nós vamos falar com os outros partidos, para que a gente busque o entendimento para, se possível, uma candidatura única que represente o municipalismo e, principalmente, as pautas municipalistas”, argumentou.

Já o prefeito de Itaquiraí complementou que não pretende presidir a Assomasul sozinho. “Nós temos o nosso espaço construído pelo PSDB, porém, a gente vai procurar todos os amigos dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, sempre olhando e estendendo a mão para a formação de uma chapa única para presidir a Assomasul”, afirmou.

Ele salientou que, como o PSDB tem 44 prefeitos, a sigla poderia perfeitamente bater chapa com os interessados de outros partidos, mas essa não é a intenção da legenda.

“Até dezembro espero buscar o entendimento da melhor forma possível para a formação de uma chapa única. Vamos falar com os prefeitos do PP, do PL, do MDB e do PSB, que compõem a base do governo estadual”, adiantou.

Tomazelli revelou ao Correio do Estado que vai levar em consideração o gênero dos próximos componentes da chapa, optando por representantes femininas.

“Pela primeira vez na história de Mato Grosso do Sul, teremos 13 prefeitas, e isso será levado em consideração na composição da nossa chapa. Entendemos que a representatividade feminina é essencial, bem como termos prefeitos das quatro regiões do Estado”, pontuou.
 

ENTENDA

Na semana passada, em visita ao Correio do Estado, o prefeito reeleito de Itaquiraí revelou que já tinha recebido o aval do governador Eduardo Riedel (PSDB) e do ex-governador Reinaldo Azambuja para buscar ser o nome de consenso dentro do ninho tucano.

Dessa forma, caberá ao PSDB eleger o próximo prefeito da Assomasul, que hoje é presidida pelo prefeito de Nioaque, Valdir Júnior (PSDB) – o qual, por já ser um prefeito reeleito, não concorreu nas eleições municipais deste ano e deixa o cargo no dia 1º de janeiro de 2025.

“Não sou o único interessado no cargo, mas é natural que se tenha outras candidaturas também. Porém, como o PSDB fez 44 prefeitos, [a sigla] precisa estar nessa disputa sadia pela presidência da Assomasul”, ressaltou, destacando que a legenda saiu gigante das eleições municipais deste ano.

Tomazelli contou que quando foi eleito prefeito em 2020 o presidente da Assomasul já era Valdir Jr. e que, na época, assumiu a secretaria-geral da associação. Posteriormente, no segundo biênio, passou a ocupar o cargo de tesoureiro-geral.

“Por isso, para mim, a briga pela presidência acaba sendo natural. Caso seja possível concretizar esse processo, vou atuar para fortalecer ainda mais a instituição”, assegurou.

Além dele, dentro do PSDB também estão interessados na presidência da Assomasul os prefeitos reeleitos Josmail Rodrigues (Bonito) e Marcelo Pé (Antônio João).

“O meu intuito é ser o nome de consenso dentro do PSDB, e para isso conto com os apoios do Reinaldo e do Riedel. Depois de obter o consenso dentro do partido, vou trabalhar para montar uma chapa de forma democrática, com as participações das outras legendas, como o PP, o MDB e o PL”, elencou Tomazelli.

O prefeito de Itaquiraí ressaltou que é primordial para a vitória uma junção de forças. “Primeiro, partindo de dentro do PSDB. Quando você tem o apoio do governador e do presidente do partido, já pode conversar com as demais lideranças da sigla para chegar a um consenso interno. Dessa forma, não sai fortalecido o candidato, sai fortalecido o partido, sai fortalecida a entidade, que está acima de todos nós”, argumentou.

PROJETOS

Caso seja o nome de consenso dentro do PSDB e consiga aglutinar os demais partidos para ser o novo presidente da Assomasul, Tomazelli afirmou que sua principal meta será dar continuidade ao processo de fortalecimento da entidade e, depois, focar em novos horizontes que precisam ser trilhados.

“Nós temos grandes pautas que precisam ser defendidas pela Assomasul, por exemplo a implantação do sistema 1Doc, ou seja, voltado às prefeituras resolverem processos 10 vezes mais rápido e com zero uso de papel. Eu já implantei na prefeitura de Itaquiraí, e a quantidade de papel que nós reduzimos é espantosa, agora está tudo digital”, afirmou.

Ele acrescentou que, caso seja eleito, vai apresentar para os demais municípios do Estado esse sistema.

“Dessa forma, vamos fortalecer as prefeituras, deixando tudo mais barato e conseguindo dar mais transparência em todos os aspectos. Em um clique você resolve tudo”, detalhou, pontuando que é preciso levar a Assomasul “para o século 21”.

Outra bandeira apresentada pelo prefeito é melhorar a questão da capacitação técnica dos servidores, pois, segundo ele, “os municípios só terão a ganhar”.

“O próprio governador Riedel falou que o Estado tem ajudado, tem estendido a mão para as prefeituras, mas os prefeitos também têm de fazer a parte deles melhorando a administração pública”, disse.

ROTATIVIDADE

Ainda durante a entrevista ao Correio do Estado, Tomazelli defendeu a rotatividade de prefeitos de várias regiões de MS à frente do comando da Assamasul.

“Nós precisamos ter uma rotatividade de representatividade na entidade. Hoje nós estamos com o Valdir Jr., que é prefeito de Nioaque, ou seja, ele defende os interesses daquela região toda, que conta ainda com Jardim, Guia Lopes da Laguna, Bonito, entre outros”, exemplificou, adicionando que essa região já esteve no roteiro por quatro anos.

Agora, conforme ele, chegou a vez de o presidente da Assomasul ser da região sul do Estado, onde estão os municípios de Itaquiraí, Naviraí, Eldorado, Iguatemi, Mundo Novo, entre outros.

“Antes da região de Nioaque, tivemos na presidência o agora deputado estadual Pedro Caravina [PSDB], que era prefeito de Bataguassu e que também trabalhou para a região dele. Agora tem de ser a vez do sul”, defendeu.

Porém, segundo o prefeito de Itaquiraí, o seu interesse é somar.

“Entretanto, quero sair do meu partido como nome de consenso. Uma vez obtendo isso, vamos para a próxima etapa, ou seja, falar com os prefeitos de outros partidos que também foram reeleitos, como é o caso de Costa Rica, onde foi reeleito Delegado Cleverson [PP], e de Camapuã, onde foi reeleito Manoel Nery [PP]. Tem ainda o prefeito de Rio Brilhante, Lucas Foroni [MDB], com quem tenho muito contato. Então, é necessária essa conversa para termos uma Assomasul pluralista e acima dos interesses individuais”, concluiu.

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