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Mercado queria nome técnico no Planejamento, mas vê Tebet com bons olhos

A possibilidade de turbinar a abrangência do ministério ainda está sendo discutida por Lula

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O nome de Simone Tebet (MDB-MS) para o cargo de ministra do Planejamento e Orçamento do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido com algum grau de otimismo pelo mercado financeiro, mas ainda longe de empolgar.

Nesta terça (27), Tebet decidiu aceitar o convite para comandar a pasta, que é responsável por formular as propostas de Orçamento do governo e coordenar as políticas de gestão.

A possibilidade de turbinar a abrangência do ministério ainda está sendo discutida por Lula, sobretudo em relação ao PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), importante canal de interação entre Estado e iniciativa privada.

No entanto, a informação de que a pasta não deve abrigar os bancos públicos, como vinha sendo cogitado, desanimou o setor financeiro. Na tarde desta terça, o dólar subia enquanto a Bolsa recuava.

"É difícil afirmar que esse seja o único fator, mas acredito que isso possa ter contribuído com essa virada de chave no mercado", diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.

Diferentemente das últimas indicações para a equipe econômica - que foram vistas com ressalvas por representantes do mercado-, o nome de Tebet conta com certa simpatia do setor financeiro.

Lucas de Aragão, sócio da Arko Advice, diz que a senadora é afeita ao diálogo e bem avaliada até mesmo por pessoas de diferentes colorações ideológicas.

"É um nome visto com otimismo moderado. O mercado talvez preferisse alguém do próprio mercado, porque foi criada a expectativa de que o ministro do Planejamento seria uma escolha do [Geraldo] Alckmin, um nome técnico", diz.

No entanto, ele diz, essa expectativa foi diminuindo nas últimas semanas, à medida que nomes do próprio PT passaram a ser ventilados para a pasta. "Dado a esse contexto, o nome dela não chega a ser um problema", diz. "Ficou no lucro."

Aragão lembra que a coordenadora do plano econômico de Tebet na disputa presidencial deste ano foi Elena Landau, que conta com certa admiração do mercado. O vínculo entre as duas daria à senadora uma credibilidade razoável, principalmente diante das preocupações com a responsabilidade fiscal do novo governo.

Outro ponto importante, diz Aragão, é que Tebet votou a favor de medidas defendidas pelo setor financeiro no Congresso, como a independência do Banco Central, o marco do saneamento e a reforma da Previdência.

"É um nome que não assusta o mercado." Na avaliação de Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, o nome de Tebet no Planejamento é uma ótima escolha, especialmente diante das indicações vistas como negativas, como foi o caso do ex-senador Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social).

Para ele, a gestão da emedebista deve seguir a direção de um ajuste de gastos, enquanto o Ministério da Fazenda dá indícios de que vai buscar aumentar a arrecadação para cobrir buracos no Orçamento.

"Mas ela não vai conseguir fazer o que esperamos em termos de ajuste fiscal, reforma administrativa. Não me parece que vá muito por esse caminho", pondera.

Segundo Vale, é positivo que o PPI fique sob a alçada de Tebet, caso o plano se confirme, embora isso seja insuficiente para mudar o tom da política econômica que o governo indica querer adotar.

"O mercado entendeu que, embora possa haver algum anúncio técnico, a tecnicidade não vai se sobrepor às questões políticas do PT", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

Segundo ela, a indicação de Tebet para o Planejamento é percebida como uma acomodação política, visto que a pasta não estava entre as primeiras opções da senadora. Um nome técnico, ela diz, seria visto de forma mais positiva. "Mas isso não descredibiliza o trabalho que ela pode vir a fazer", pondera.

Na avaliação de Fernanda De Negri, pesquisadora do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Simone Tebet é uma política experiente, conhece bem Brasília e já demonstrou ser competente em várias situações, inclusive na CPI da Covid.

De Negri lembra que a margem de manobra do Ministério do Planejamento em termos de definição de política econômica é limitada. No entanto, diz estar otimista com a condução da pasta, que ficará responsável pelo Ipea e pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"Vejo com bons olhos a indicação. O Ipea e o IBGE ficaram muito mal cuidados nesse período recente", diz.

DIVERGÊNCIAS ENTRE HADDAD E TEBET PODEM VIRAR BARREIRA

O nome de Tebet para o Planejamento vinha sofrendo resistência por parte do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sob o argumento de que os dois possuem visões diferentes sobre a condução da área econômica.

Na segunda-feira (26), Haddad chegou a conversar com integrantes do MDB e fazer um apelo para que o senador eleito Renan Filho (MDB-AL) assumisse a pasta.

Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, diz que o nome de Tebet no Planejamento sinaliza um maior equilíbrio entre os ministérios. Ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (Indústria), ela seria representante da ala liberal, mais ligada ao mercado, enquanto Haddad e Esther Dweck (Gestão) seguiriam uma linha desenvolvimentista.

"É um bom equilíbrio, pelo menos em teoria. A Tebet foi defensora do teto de gastos na campanha e da desestatização de alguns setores. É de fato um nome que agrada", diz.

No entanto, Pacheco diz não ter clareza sobre como ocorrerá a divisão dos trabalhos na economia, e se considera cético em relação à capacidade de conversa entre os ministérios.
Sérgio Vale, da MB Associados, acredita que Tebet pode fazer um contraponto interessante ao Ministério da Fazenda, com a emedebista tentando puxar a discussão para um lado mais racional do ponto de vista fiscal.

O problema, ele diz, é que os embates podem se tornar um problema para a senadora. "Ela vai ser praticamente uma voz isolada no meio de um conjunto de pessoas com visões bem parecidas entre si", diz.

"Isso pode gerar um clima permanente de conflito e prejudicá-la."
No entanto, ele destaca que tanto Tebet quanto Haddad são políticos afeitos ao diálogo e, num primeiro momento, é de se esperar que os dois avancem em pautas conjuntas.

"Vamos entender como vai ficar esse entrosamento só no próximo ano", afirma Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos.

Alternativa

Governo federal é acionado para ajudar a estancar colapso na Santa Casa de Campo Grande

Em contato direto com o ministro da Saúde Alexandre Padilha, senador solicitou apoio imediato do governo federal

23/12/2025 16h45

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O senador Nelsinho Trad (PSD) alertou para a gravidade da situação enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande e defendeu uma resposta imediata com auxílio do Governo Federal para estancar o colapso do sistema de saúde em Campo Grande e em todo o Estado. 

Em contato direto com o ministro da Saúde Alexandre Padilha, o parlamentar solicitou apoio imediato do governo federal para ajudar a estancar a crise na saúde estadual.

“Expliquei a importância da Santa Casa e a urgência do momento. É hora de estender a mão agora para evitar um colapso que, se acontecer, será muito mais difícil de reverter”, afirmou.

Segundo o parlamentar, tanto a prefeitura da Capital quanto o Governo do Estado estão com os repasses em dia, mas a dimensão da crise exige um esforço extraordinário.

“A Santa Casa é a quarta maior do Brasil. Se ela parar, estrangula o sistema de saúde, não só de Campo Grande, mas de todo o Estado”, destacou.

O parlamentar ressaltou que a solução passa pela união de esforços entre governo federal, estadual, prefeitura e a bancada federal. Em entrevista para Jota FM, comentou que outros parlamentares sul-mato-grossenses como a senadora Teresa Cristina (PP), Geraldo Resende (PSDB) e Vander Loubet (PT) já estão mobilizados.

“O horizonte é agir agora, de forma emergencial, para estabilizar a situação e, depois, buscar as soluções estruturais”, comparou.

Segundo o senador, o momento exige rapidez e responsabilidade. “É como um paciente com hemorragia: primeiro estanca o sangramento, depois trata a causa. O emergencial precisa vir antes de tudo”, disse o senador Nelsinho.

Se durante o primeiro dia de impacto nas atividades na Santa Casa os atendimentos e serviços foram 30% paralisados, agora, segundo confirmado pela unidade na manhã desta terça-feira (23), o efetivo que aderiu à paralisação em busca do 13° salário subiu para pelo menos metade. 

A presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, e o Terra, e responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (SIEMS), Lázaro Santana, reuniram a imprensa para tratar das manifestações de trabalhadores que se acumulavam em protesto na frente da unidade, na manhã de ontem (22).

Conforme repassado por Alir - e como bem abordado pelo Correio do Estado -, a paralisação inicialmente chegou a afetar 30% dos atendimentos/serviços, ou seja, com cerca de 70% do andamento da Santa Casa funcionando por tempo indeterminado ou até o pagamento integral do décimo terceiro.

Colapso iminente 

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) manifestou preocupação com a situação de desabastecimento de medicamentos essenciais e de insumos básicos nas unidades de urgência e emergência sob gestão da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), incluindo as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e os Centros Regionais de Saúde (CRSs).

Em vistorias realizadas junto à Santa Casa, o CRM verificou baixo estoque de medicamentos indispensáveis ao adequado funcionamento dos plantões de urgência, além da  falta de luvas, lençóis, cânulas e outros materiais essenciais à segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde.

Cabe destacar que em decreto recente, a administração suprimiu gratificações dos servidores da saúde, em especial dos médicos da rede municipal, medida que fragilizou as condições de trabalho no hospital.  

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Política

Soraya aconselha patriotas a doar Havaianas e "não rasgar dinheiro"

Senadora calçou seus chinelos customizados com onças, criticou o boicote à indústria brasileira e convidou quem "cansou" do chinelo a fazer uma doação

23/12/2025 15h22

Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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Após a propaganda gravada pela atriz Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro pelo filme Ainda Estou Aqui, enfurecer a direita, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) aconselhou a doação de Havaianas.

O vídeo foi publicado no Instagram da parlamentar, que fez questão de mostrar seu chinelo Havaianas customizado com onças, marca registrada desde o debate das eleições de 2022.

A fala que tornou a senadora conhecida nas redes sociais como “onça de Mato Grosso do Sul” ocorreu durante um embate contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Quero dizer ao candidato Jair Bolsonaro: não cutuque onça com a sua vara curta”, disse Soraya à época. A declaração viralizou no X (antigo Twitter).

 

 

 

Desta vez, o comercial em que Fernanda Torres aparece dizendo “não comece 2026 com o pé direito” revoltou setores da direita, incluindo o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS), que publicou em suas redes sociais um vídeo jogando seus chinelos no lixo.

Entrando na onda, a senadora aproveitou o momento para divulgar um projeto que idealizou, voltado à promoção de encontros de empreendedorismo, inovação, gastronomia e cultura.

Soraya também conclamou os “patriotas de verdade” a adquirirem chinelos customizados no Prospera MS, evento idealizado por ela, que ocorre entre os dias 5 e 8 de fevereiro e reúne empreendedorismo, cultura, inovação e gastronomia.

“Para você que é brasileiro e patriota de verdade, que sabe quanto vale o seu dinheiro e o suor do seu trabalho. Você não é bobo nem nada. Não rasgue as suas, doe quando não quiser mais”, disse a senadora.

 

 

O que diz a propaganda?

“Desculpas, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar que sorte não depende de você. Depende da sorte. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada. Os dois pés na jaca. Os dois pés onde você quiser vai com tudo. De corpo e alma, da cabeça aos pés. Havaianas, todo mundo usa", fala Fernanda Torres
 

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