Política

MATO GROSSO

Prefeita cumpre promessa e renuncia após posse de Lula na presidência

Bolsonarista, ela disse que deixa o segundo mandato por convicção política

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Lá em Mato Grosso, estado vizinho de Mato Grosso do Sul, a prefeita da cidade de Carlinda, Carmelinda Leal Martinês Coelho, do União Brasil, já em seu segundo mandato, que prega a ideia de que é bolsonarista por convicção e julga-se anti-Lula, avisou aos cerca de 11 mil habitantes do município que não quer ser mais prefeita e que vai abandonar o mandato no fim de janeiro.

Caso resolvido: ela mandou a carta de renúncia à Câmara Municipal nesta terça-feira (3) e o vice-prefeito, Fernando Ribeiro, do PSC, que é um pastor evangélico vai substituí-la. 

"Tenho certeza de que serei julgada. Uns, me absolverão, outros me condenarão", diz trecho da carta da prefeita, cujo salário mensal é de R$ 14,5 mil. 

A renúncia dela era aguardada desde novembro passado, quando disse que, "caso Lula [que já tinha sido eleito há uma semana] assumisse", ela deixaria o cargo.

Na campanha presidencial, ela apoiou com entusiasmo o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL. Contudo, mesmo reeleita com a maioria dos votos em 2020 - 4,6 mil votos (90% dos válidos) ante os 500 dos adversários - a vitória de Lula causou uma espécie de desencanto político na prefeita. A vitória esmagadora da reeleição nada influiu na decisão da prefeita.

"Minhas convicções políticas me colocaram na contramão da administração que se inicia no dia 01/01/2023 pelo novo presidente da República e, por isso, não tenho forças para continuar dando o melhor de mim a frente do poder executivo municipal", escreveu Carmelinda.

De acordo com a prefeita, "minhas lutas, incansáveis duradoras e vitoriosas, poderão se tornar doloridas e dotadas de consequências prejudiciais a toda população, justamente pelo desalinhamento que nutro com o novo presidente", afirmou Carmelinda (ver todo o comunicado logo abaixo)".


A Câmara Municipal de Carlinda é composta por 9 vereadores, apenas um não integra as legendas do União Brasil, da prefeita e o PSC, do vice. A cidade fica a uns mil quilômetros de Cuiabá.

No pleito que elegeu Lula, em Carlinda, Bolsonaro conquistou 3.357 votos, perto de 60% do eleitorado, que é de 5,9 mil votantes; já Lula obte 2.412 votos, cerca de 40% dos eleitores.

Ainda na carta da renúncia, a prefeita disse que larga o mandato no dia 31 para cumprir o rito da transição.
Bolsonaro viajou para o Estados Unidos da América dois dias antes da posse de Lula. Manifestantes favoráveis a ele que promoviam piquetes em frente aos quarteis do Exército em boa parte das capitais, por acreditarem que Lula não assumiria ao terceiro mandato, esvaziam os atos desde anteontem.

Carmelinda, em sua última eleição, em 2020, informou que seus bens somavam R$ 2,8 milhões. Ela revelou que, à época, que era dona de 566 cabeças de gado, o equivalente a metade da riqueza da prefeita.

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Política

STF forma maioria de votos contra marco temporal de terras indígenas

Os seis votos foram dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli

17/12/2025 18h15

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento Dourados News/Clara Medeiros

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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quarta-feira (17) maioria de votos pela inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. 

Até o momento, a Corte tem placar de 6 votos a favor e nenhum contra a restrição às demarcações. A maioria foi formada pelos votos dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Ainda faltam quatro votos.

A votação virtual começou na segunda-feira (15) e fica aberta até quinta-feira (18), às 23h59.

Luta contra o marco temporal

Em 2023, o STF considerou a tese do marco temporal inconstitucional. Além disso, o marco também foi barrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou parte da Lei nº 14.701/2023, aprovada pelo Congresso Nacional. Contudo, os parlamentares derrubaram o veto presidencial e promulgaram a medida.

Dessa forma, voltou a prevalecer o entendimento de que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

Após a votação do veto presidencial, o PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Por outro lado, entidades que representam indígenas e partidos governistas também recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese.

É neste cenário de divergência que o Supremo voltou a analisar a matéria.

Em paralelo ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Senado aprovou, na semana passada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 48/2023, que insere a tese do marco temporal na Constituição Federal, em novo capítulo da briga entre Legislativo e Judiciário.

Mato Grosso do Sul

A decisão interessa, principalmente, o Estado de Mato Grosso do Sul, que possui a terceira maior população de indígenas do país. De acordo com último Censo, divulgado pelo IBGE em 2022, Mato Grosso do Sul saiu de 77.025 originários em 2010 para 116.346 mil. A população de MS fica atrás apenas do Amazonas (490,8 mil) e da Bahia (229,1 mil).

Os cinco maiores municípios de MS em população indígena são: Campo Grande (18.439), Dourados (12.054), Amambai (9.988), Aquidauana (9.428) e Miranda (8.866).

Do total de indígenas em MS, 68.534 mil pessoas moram em terras indígenas, e outros 47.812 residem fora.

A Terra Indígena Dourados tem a 6ª maior população residente indígena do País, com um total de 13.473 mil. 

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FAMÍLIA RAZUK

Um dia após ser condenado a perda do mandato, deputado Neno vota à distância na Assembleia

Com isso, não comparecendo à assembleia, Razuk não correu o risco de ser notificado da condenação ou da perda do mandato

17/12/2025 15h00

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira Marcelo Victor/Correio do Estado

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL) foi condenado ontem (16) pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande a 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado, por ser indicado como chefe de uma organização criminosa voltada ao jogo do bicho. 

No entanto, a condenação não impedia o deputado de comparecer à Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (17) para a última plenária do ano. Mesmo assim, o parlamentar não compareceu à Casa e participou da votação das cinco propostas aprovadas na ALEMS. 

Mesmo com a sentença, Razuk terá o direito de recorrer à decisão em liberdade. Ao Correio do Estado, o advogado André Borges, da defesa do parlamentar, afirmou que vai recorrer da sentença e que o "processo está longe de encerrar". 

Com o não comparecimento na Assembleia, o deputado não correu risco de ser notificado da condenação e nem prestar esclarecimentos à imprensa. 

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira O voto do deputado apareceu durante as deliberações das propostas na última sessão plenária da ALEMS de 2025 nesta quarta-feira (17) / Fonte: Reprodução

Sentença

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apontou que Neno Razuk seria o líder de uma organização criminosa que estaria praticando, de forma intensa, as práticas em Campo Grande após as prisões de Jamil Name e Jamil Name Filho durante a Operação Omertà, deflagradas em 2019 pelo MPMS contra as milícias armadas. 

Segundo as investigações, após as prisões, a família Name teria vendido seus pontos "na marra" e com uso de violência para um grupo de São Paulo, em uma tentativa de roubo a um malote do jogo do bicho que chamou a atenção das autoridades para investigar a situação. 

No documento que decretou 20 prisões preventivas de alvos da quarta fase da Operação Successione e 27 mandados de busca e apreensão, no mês passado, a família Razuk é "conhecida há décadas pela exploração ilegal do jogo do bicho e com expertise nas negociatas relacionadas ao ilícito". 

Além do crime da jogatina ilegal, também foram citados os de "assalto à mão armada e lavagem de dinheiro", especialmente na região de Dourados. 

Nas investigações da Gaeco, o clã da família Razuk tinha o plano de expandir a organização criminosa para o estado de Goiás. 

Segundo a averiguação dos fatos, o grupo realizava estudos com o apoio de organizações do estado goiano, como investidores e figuras influentes, para derrubar a liderança local da jogatina, que era comandado por Carlinhos Cachoeira, um bicheiro local.  

Com um financiamento de R$ 30 milhões de um investidor ainda não identificado, a missão era levar a uma "guerra pelo controle do jogo do bicho que atingiria ambos os Estados", como consta na investigação. 

As penas aplicadas pelo Judiciário somam mais de 100 anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), além da perda de mandato do deputado estadual Neno Razuk.

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