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Lobotomia completa 75 anos hoje

Lobotomia completa 75 anos hoje

terra

15/11/2011 - 13h00
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Faz 75 anos que a primeira lobotomia foi feita nos Estados Unidos. Hoje tida como uma prática bárbara, a técnica, cujo nome mais apropriado é leucotomia, chegou a ser considerada uma cura milagrosa para doenças mentais como esquizofrenia e depressão.

O procedimento envolvia a inserção de um instrumento cortante no cérebro por meio de duas perfurações no crânio, uma de cada lado da cabeça. O médico então movia o instrumento de um lado para o outro, cortando as conexões entre os lobos frontais e o resto do cérebro.

Os "instrumentos cirúrgicos" usados pelo médico para o procedimento, duas estruturas afiadas de metal com 8 cm de comprimento conectadas a um cabo de madeira, são hoje objetos de curiosidade à disposição de visitantes nos arquivos da Wellcome Collection - centro cultural londrino dedicado à história e desenvolvimento da medicina no mundo.

"Essas coisas grotescas são instrumentos de lobotomia. Nada sofisticadas", diz um das responsáveis pelo arquivo, Lesley Hall.

Cura Milagrosa
Durante milênios, diversas culturas haviam adotado a prática de fazer furos no crânio para libertar o indivíduo de espíritos malévolos. Mas a ideia por trás da lobotomia era diferente. O neurologista português Egas Moniz acreditava que pacientes com comportamentos obsessivos tinham circuitos defeituosos no cérebro.

Em 1935, trabalhando em um hospital em Lisboa, ele achou que tinha encontrado a solução para o problema. "Decidi cortar as fibras que conectavam os neurônios em atividade", escreveu o médico em uma monografia detalhando o procedimento.

A técnica de Moniz foi adaptada por outros médicos, mas a ideia básica foi mantida. Moniz relatou ter observado melhorias dramáticas nos vinte primeiros pacientes tratados. O procedimento foi adotado com entusiasmo pelo neurologista americano Walter Freeman, que passou a ser um dos grandes defensores da prática.

Freeman realizou a primeira lobotomia nos Estados Unidos em 1936. A partir daí, a prática se alastrou por todo o globo. A partir do início da década de 1940, a técnica passou a ser vista como uma cura milagrosa também na Grã-Bretanha, onde o número de lobotomias realizadas foi proporcionalmente maior do que nos Estados Unidos.

Apesar da oposição de alguns profissionais, especialmente psicanalistas, a cirurgia tornou-se prática comum na psiquiatria britânica, com cerca de mil procedimentos sendo realizados anualmente para tratar transtornos compulsivos, esquizofrenia e depressão. A razão para a popularidade da técnica era simples: a alternativa era pior.

Encarceramento e Violência
Falando à BBC, o psiquiatra aposentado Jason Brice relata sua experiência ao visitar hospitais psiquiátricos no período. "Você via camisas de força, celas acolchoadas e era óbvio que alguns dos pacientes estavam sujeitos, sinto dizer, à violência física".

A chance de uma cura pela lobotomia parecia preferível quando a opção era uma sentença de encarceramento perpétuo em uma instituição. "Achávamos que seria uma saída, tínhamos esperança de que (a cirurgia) ajudaria (o paciente)", diz Brice.

Centros que realizavam lobotomias se alastraram por toda a Grã-Bretanha, mas o mais prolífico lobotomista do país e, possivelmente, do mundo, foi o neurocirurgião Wylie McKissock, que trabalhava no hospital Atkinson Morley, em Wimbledon, no sul de Londres. "Ele foi uma das grandes figuras da medicina no século 20", disse Terry Gould, anestesista de McKissock.

Gould calcula que o neurocirurgião tenha realizado cerca de 3 mil lobotomias, aperfeiçoando sua técnica para fazer a cirurgia em cada vez menos tempo. "Era um procedimento de cinco minutos, feito muito rapidamente", disse.

Além de operar no Atkinson Morley, McKissock também viajava pelo sul da Inglaterra nos fins de semana, operando pacientes em hospitais pequenos."Ele estava disposto a viajar para onde quer que ficasse o hospital em uma manhã de sábado para fazer três ou quatro leucotomias", diz Brice.

Desastre Irreversível
A dona de casa Eileen Davie desenvolveu depressão após o nascimento do seu segundo filho, em 1948. Tratamentos convencionais do período não foram capazes de ajudá-la e seu médico recomendou uma leucotomia.

Entrevistado para um documentário em 1976, o marido de Eileen, Sid, que assinou os formulários autorizando o procedimento, disse: "Tive a impressão de que (a operação) não era mais séria do que extrair um dente". Mas a realidade se revelou muito diferente. "Ela foi danificada irreversivelmente", disse o marido.

Eileen tornou-se apática e sem vida. Anos mais tarde, os médicos disseram que a primeira cirurgia havia fracassado e a paciente concordou em se submeter a uma segunda intervenção "psicocirúrgica". "Eu continuava achando que eram figuras eminentes e se (estes) estavam confiantes de que (a operação) seria um sucesso, seria um sucesso", disse Sid. "Foi um desastre". Em vez de curada, Eileen tornou-se mais apática e passou a sofrer de problemas graves de incontinência.

Casos de sucesso
Jason Brice conta que a cirurgia podia, em alguns casos, trazer benefícios dramáticos para alguns pacientes. Ele cita o caso de uma mulher que tinha medo de fogo.

"O curioso é que ela acabou muito melhor após a operação e comprou uma loja de fish & chips (tradicional prato britânico que consiste de peixe e batatas fritos em óleo extremamente quente)."

Entretanto, Brice tinha cada vez mais dúvidas sobre a lobotomia, especialmente em pacientes com esquizofrenia. O psiquiatra John Pippard fez o monitoramento pós-cirúrgico de vários dos pacientes de McKissock. Ele concluiu que cerca de um terço se beneficiou, um terço não foi afetado e um terço piorou após a intervenção. E embora ele próprio tivesse autorizado lobotomias, passou a desaprovar a prática.

"Não acho que nenhum de nós estava contente com a ideia de colocar uma agulha em um cérebro e mexer", diz. Em 1949, Moniz ganhou o Prêmio Nobel pela invenção da lobotomia. A cirurgia alcançou o pico de sua popularidade nesse período.

A partir de meados da década de 1950, no entanto, a técnica caiu rapidamente em desuso. Isso foi consequência, em parte, do grande número de operações fracassadas. Mas também foi resultado da introdução no mercado da primeira leva de drogas psiquiátricas efetivas.

Legado
Décadas mais tarde, trabalhando como enfermeiro psiquiátrico em uma instituição para pacientes com problemas mentais, o inglês Henry Marsh viu vários casos de pacientes que haviam sofrido lobotomias. "Eles tinham sido lobotomizados 30 ou 40 anos antes, eram esquizofrênicos crônicos e com frequência eram os pacientes mais apáticos, lentos e acabados".

Marsh, hoje um eminente neurocirurgião, diz que a lobotomia foi resultado de ciência mal feita. "Ela foi um reflexo de medicina e ciência ruins, porque está claro que os pacientes submetidos ao procedimento nunca foram monitorados apropriadamente".

"Se você via o paciente após a operação e ele parecia bem, andava, falava e dizia 'obrigado, doutor'", comenta Marsh, "o fato de que eles estavam completamente arruinados enquanto seres humanos provavelmente não era levado em consideração".

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Brasil fará primeiro lançamento comercial ao espaço em 10 dias, informa FAB

A atividade servirá para confirmar se satélites e experimentos interagem corretamente com o veículo lançador

12/11/2025 22h00

Brasil fará primeiro lançamento comercial ao espaço em 10 dias, informa FAB

Brasil fará primeiro lançamento comercial ao espaço em 10 dias, informa FAB Divulgação/Warley de Andrade/TV Brasil

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O Brasil fará seu primeiro lançamento comercial de um veículo espacial a partir do território nacional no próximo dia 22. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), o evento marca a entrada do Brasil no mercado global de lançamentos espaciais, abrindo novos caminhos para geração de renda e investimento no segmento.

Trata-se da Operação Spaceward 2025, responsável pelo lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão (MA).

A atividade servirá para confirmar se satélites e experimentos interagem corretamente com o veículo lançador, garantindo compatibilidade e segurança para o lançamento A integração das cargas úteis no foguete HANBIT-Nano, da Innospace, teve início na segunda-feira, 10, marcando uma das etapas decisivas antes do lançamento, durante a operação.

"Nessa fase, são realizados testes e verificações que asseguram uma conexão correta entre a carga útil - satélites e experimentos - e o veículo lançador, confirmando que cada equipamento está estabilizado e funcional para o momento do voo", explicou a FAB.

A missão para transportar cinco satélites e três experimentos, desenvolvidos por universidades e empresas nacionais e internacionais, simboliza, conforme a Força Aérea, a "entrada definitiva" do Brasil no mercado global de lançamentos espaciais, além de abrir novas oportunidades de geração de renda, inovação e atração de investimentos para o País.

"Essa etapa da operação é uma atribuição conduzida diretamente pela Innospace e pelos desenvolvedores dos satélites e experimentos. A FAB acompanha todo o processo no Prédio de Preparação de Propulsores, infraestrutura especializada disponibilizada pelo Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), o que reforça nosso compromisso em prover suporte técnico, coordenação e governança para que cada missão transcorra com integridade, transparência e alto padrão de confiabilidade", destacou em nota o coordenador-geral da operação, Coronel Engenheiro Rogério Moreira Cazo.

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Governo vai alterar prazo para adequação de big techs ao 'ECA digital'

As medidas entrariam em vigor um ano após a publicação da lei no Diário Oficial, mas prazo deverá ser reduzido para 180 dias

17/09/2025 22h00

Criança brincando com o celular

Criança brincando com o celular Foto: Reprodução/EPTV

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O governo federal vai editar uma Medida Provisória para reduzir o prazo para que as big techs coloquem em prática as normas fixadas pelo PL 2628, conhecido como ECA Digital. O projeto aprovado no Congresso estabelece regras para o uso de redes sociais por crianças e adolescentes. As medidas entrariam em vigor um ano após a publicação da lei no Diário Oficial. O governo, no entanto, considerou o prazo longo e decidiu reduzi-lo para 180 dias.

A MP está sendo liderada pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e deve ser editada nos próximos dias. Nesta quarta-feira, 17, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai sancionar o projeto em uma cerimônia no Palácio do Planalto. Ao alterar o prazo, o governo levou em conta, segundo fontes do Palácio do Planalto, o fato de que a lei entraria em vigor somente próximo da eleição, o que poderia elevar tensões durante o período eleitoral. Há uma visão de que qualquer debate relacionado às big techs está "entranhado" nas eleições de 2026

A aprovação do projeto de lei foi cercada de discussões e gerou reação de parte da oposição, que considerou o novo regramento uma espécie de censura às redes. O governo pesou ainda a possibilidade de que a demora para aplicar o ECA Digital transformasse a nova lei em "letra morta".

A nova direção do Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu retomar os planos de oferecer treinamento com as principais plataformas digitais para as suas lideranças. O objetivo é fortalecer a militância digital mirando as eleições de 2026 e a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O "ECA digital" foi aprovado no Congresso no mês passado após intenso debate sobre a exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais. A comoção da opinião pública sobre o tema foi motivada por um vídeo do youtuber "Felca" a respeito do que classificou como "adultização" de crianças. Na publicação, Felca explicou de que forma o algoritmo direciona a pedófilos os conteúdos que expõem menores de idade.

O projeto aprovado estabelece que conteúdos que violem direitos da criança e do adolescente devem ser removidos imediatamente após a empresa ser comunicada pela vítima, por responsáveis ou por autoridades. Estão incluídos nessa regra conteúdos de assédio, exploração sexual, incentivo à automutilação e uso de drogas; entre outros. Além disso, o texto prevê a implementação de ferramentas de supervisão para os pais e determina que as empresas possam ser sancionadas e multadas caso descumpram medidas determinadas pela lei.

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