Um dos tipos mais letais da doença, o câncer de ovário atinge milhares de mulheres todos os anos ao redor do mundo. Um dos maiores problemas desta doença é que seu estágio precoce muitas vezes não apresenta quaisquer sintomas óbvios ou específicos, fazendo com que esse seja descoberto comumente já em uma fase avançada, tornando o tratamento mais complicado. Mas, de acordo com uma publicação do portal ‘IFL Science’, isso pode estar prestes a mudar. Os resultados de um teste recente dão alguns pontos muito encorajadores sobre o assunto.
Conforme descrito no Journal of Clinical Oncology, dos EUA, os cientistas descobriram que exames de sangue regulares para uma determinada proteína, conhecida como CA125, pode resultar na detecção de duas vezes mais casos de câncer de ovário em relação a testes convencionais. Ao observar as mudanças no nível desta proteína ao longo do tempo, uma equipe liderada pelo University College London foi capaz de usar a análise estatística para determinar uma previsão mais precisa do risco de uma mulher desenvolver o câncer.
“O câncer de ovário é particularmente difícil de ser detectado em sua fase inicial, por isso é vital que encontremos maneiras de diagnosticar o câncer mais cedo”, disse James Brenton, do Cancer Research UK. “Um exame de sangue para encontrar mulheres com risco de câncer de ovário é uma perspectiva animadora, mas este trabalho ainda precisa ser testado para ver se pode salvar vidas”.
O novo método foi capaz de detectar câncer em 86% das mulheres com a doença, o dobro do número detectado por técnicas normais. A pesquisa envolveu mais de 200 mil mulheres na pós-menopausa com idade acima de 50 anos, que receberam, de forma aleatória, diferentes técnicas de busca pelo câncer. Destas, 46 mil mulheres continuaram a ter seu sangue testado uma vez por ano, em busca dos níveis de CA125.
Apesar do fato de tumores ovarianos serem conhecidos por produzir a proteína por um tempo, o CA125 tradicionalmente tem sido visto como um alerta impreciso para o câncer. Isso porque os cientistas utilizam um limiar fixo de CA125 no sangue para identificar aquelas que estão em risco. Mas nem todo mundo tem o mesmo: algumas mulheres têm níveis muito mais elevados da proteína e não possuem o câncer, e outras, com níveis muito baixos, desenvolvem a doença.
“O CA125 como indicador biológico do câncer de ovário tem sido posto em xeque… o que é normal para uma mulher pode não ser para outra. É a alteração dos níveis desta proteína que é importante”, explicou o professor Ian Jacobs, da Universidade de New South Wales, Austrália, líder e coautor da abordagem estatística utilizada no estudo.
Armados com este conhecimento, os cientistas desenvolveram uma nova técnica estatística que levou em conta fatores como a idade da mulher, o nível de partida da proteína e como ela alterou ao longo do tempo. Isso permitiu que a equipe ampliasse consideravelmente a capacidade de prever o risco do câncer utilizando o CA125.
No entanto, os pesquisadores envolvidos no estudo alertam que, embora esses resultados sejam promissores, ainda é desconhecido se mais vidas serão salvas por esse aumento na detecção. No entanto, devemos saber mais sobre isso até o final do ano, quando os resultados sobre o impacto que o rastreio regular teve sobre as mortes por câncer de ovário devem ser liberados. Se os resultados forem positivos, então Patrick Maxwell, do Conselho de Pesquisa Médica, estará esperançoso de que “esses resultados iniciais emocionantes podem, eventualmente, passar a constituir a base de um programa nacional de rastreio do câncer de ovário”.