Cidades

40 anos de lida e leads

A menina que "lia" pensamentos

Garota de 12 anos ficou conhecida como "Dorygeller", em alusão a israelense que dizia ser paranormal

FAUSTO BRITES

31/08/2015 - 08h52
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Chegamos a Rondonópolis naquele 12 de março de 1977, depois de uma viagem no Cyborguinho (Fusca de tantas viagens), pilotado pelo Gerson Menezes. O fotógrafo Sílvio Inácio abriu um sorriso e disse:
– Agora, ou vai ou racha.

Nossa missão para o jornal Correio do Estado: encontrar e entrevistar a menina que “lia” pensamentos, atrasava ou adiantava relógios e entortava talheres.

O caso veio à tona, na imprensa nacional, principalmente porque, naquela época, estava no auge o israelense Uri Geller, que se dizia paranormal e praticava feitos semelhantes nos canais de TV (anos depois foi considerado um charlatão).

Na praça da cidade, perguntei a uma pessoa se ela sabia onde morava a “garota que lia pensamento”. A resposta positiva veio no ato e, em poucos minutos, estávamos na residência da moradora mais famosa, naquela época, da simpática Rondonópolis, cidade na região norte de Mato Grosso (o Estado não havia sido dividido).

Fomos recebidos por Celso e Maria Weigert, pais da garota, um casal muito simpático. Ele, terceiro sargento da Polícia Militar, e ela, costureira.
– Doroty vem cá! – Celso chamou a filha.

Surgiu, então, a famosa menina. Seu nome: Maria Doroty Weigert, a já chamada “Dorygeller”, em alusão ao israelense. Com 12 anos de idade, era muito tímida, porém vaidosa. 

Como estava lavando roupas, ficou envergonhada e pediu licença para colocar algo “mais elegante”, voltando com um vestido longo tomara que caia.
Perguntei a seus pais se autorizavam Doroty a fazer algumas demonstrações.

– Com certeza. Vocês verão o que ela é capaz de fazer. É uma coisa que a gente não sabe explicar – disse Celso.

FAÇANHAS
Pedi que ela ficasse na sala com seus pais, o Sílvio e o Gerson, e eu me dirigi, sozinho, para outro cômodo da casa, onde desenhei um olho num pedaço de papel.

– Pronto. Vê se você adivinha o que desenhei – solicitei a ela.

Voltei para a sala assim que ela disse ter concluído a tarefa.

Lá estava sua obra: um círculo e, no meio, uma pequena esfera como se fosse uma órbita.

O desenho era semelhante a um olho.

Voltei para o cômodo e desenhei um peixe.

Na sala ela me mostrou o seu desenho: traços que lembravam um peixe. Dos 10 desenhos feitos, sete ela conseguiu reproduzir e, os demais, fez traços semelhantes. Todos com certa rapidez.

– Toma meu relógio. Vê o que você faz com ele – pedi. Marquei o horário: 15h25min.
Doroty encostou o relógio na testa e, depois de alguns segundos de concentração, me devolveu. Resultado: o relógio marcava 15h13min. Atrasou 12 minutos e ficou travado (levei ao conserto, mas nunca mais funcionou).

Partimos para a experiência com os talheres. Entortou todos os cinco, esfregando-os por alguns segundo. Para ela, algo tão normal, uma vez que diariamente aparecia em sua casa ao menos 40 pessoas para que fizesse a demonstração. Uma situação que, conforme confessou, a irritava e, por isso, seus pais decidiram limitar a exposição de seus feitos.

Celso e Maria proibiram, por exemplo, a filha de fazer as demonstrações na escola. Eles também chegaram a receber a oferta de um fabricante de bonecos que queria lançar produtos com as feições de Doroty. Não aceitaram, assim como recusaram outras ofertas financeiras. O pai justificou que não queria expor a garota em demasia e nem ser considerado um explorador da própria filha, como forma de “enriquecer”.

Convidei Doroty e as irmãs – Marisel e Celma – para tomar um sorvete a fim de continuar a entrevista. Os irmãos – o Celso Júnior e o Rommel – preferiram ficar em casa com os pais. No caminho, dentro do carro, ela pegou um garfo e o entortou, também com tranquilidade. Na entrevista que prosseguiu na sorveteria, falou do sonho de ser médica, das “mancadinhas” que dava em algumas ocasiões quando tentava os feitos considerados paranormais, de que não sentia nada de diferente e nem nenhuma vaidade quando fazia isso.

No dia 16 de março, o jornal Correio do Estado publicou a reportagem de uma página com o título: “Dorygeller, um fenômeno parapsicológico; é cuiabana e atração turística de Rondonópolis”. A repercussão foi grande e ela participou de vários programas de TV, como o “Almoço com as Estrelas”, apresentado por Airton e Lolita Rodrigues, que foram a Rondonópolis para entrevistá-la.

Hoje
Maria Doroty não se formou em Medicina e, sim, em Letras. É servidora pública de carreira na Câmara Municipal de Rondonópolis. Casada há 30 anos com Valdeir Rosa Durte, tem duas filhas: Patrícia, fisioterapeuta, e Priscila, enfermeira padrão – e um filho, o advogado Eduardo, secretário de Governo da prefeitura de Rondonópolis.

Até hoje, segundo ela, as pessoas se recordam de seu tempo de “Dorygeller”. Ela entende que seus pais agiram certo ao protegê-la naquela época. Explicações sobre seus feitos?
– Não sei o que acontecia. Não tive orientação sobre isso. Acho que faltou isso – disse ela, em contato telefônico.
– Você ainda entorta talheres, adivinha desenhos e atrasa relógio?  
– Não. Nunca mais fiz e nem tentei – respondeu.

Nova data

"Enem dos concursos" será divulgado em fevereiro de 2025; 33,9 mil inscritos são de MS

Mudança ocorreu em virtude de uma decisão judicial que determinou reintegração de candidatos eliminados por falhas

21/11/2024 17h10

Divulgação foi adiada após falhas nas orientações dadas durante o exame

Divulgação foi adiada após falhas nas orientações dadas durante o exame Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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A divulgação dos resultados finais do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), conhecido como “Enem dos Concursos”, prevista para esta quinta-feira (21) foi adiada para 11 de fevereiro de 2025 pelo Governo Federal.

O adiamento ocorreu em virtude de uma decisão judicial que determinou a reintegração de candidatos anteriormente eliminados por falhas no preenchimento de informações no cartão de respostas. Ao todo, 33.909 mil pessoas se inscreveram em Mato Grosso do Sul.

O concurso, aplicado em 18 de agosto, oferta 6.640 vagas em 21 órgãos públicos. A Justiça Federal acatou ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que apontou inconsistências nas orientações dadas durante o exame.

“O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos informa que a divulgação dos resultados finais do CPNU, inicialmente prevista em edital para o dia 21 de novembro, será ajustada. Um novo cronograma será divulgado amanhã (dia 21 de novembro)”, informou a pasta.

De acordo com o coordenador-geral de logística do CPNU, Alexandre Retamal, o novo cronograma terá um impacto financeiro adicional de cerca de 3,5% sobre o valor global do concurso, que foi de R$ 130 milhões, somada a repactuação realizada em razão das chuvas no Rio Grande do Sul em maio.

Segundo o MPF, fiscais informaram apenas a necessidade de transcrever uma frase da capa do caderno de questões, sem destacar a obrigatoriedade de marcar o número correspondente ao caderno de provas, entretanto, o edital previa eliminação apenas para quem não cumprisse ambas as exigências, o que, segundo o juiz Adelmar Aires Pimenta da Silva, do TRF1 do Tocantins,  fator que impossibilitaria justificar exclusões.

A União argumenta que as eliminações seguiram as regras do edital. Em agosto, a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, afirmou que a marcação do caderno de provas não seria motivo de desclassificação.

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Cidades

Coronel que comandou pelotão de MS é indiciado pela PF por tentativa de golpe

Vale destacar que o Coronel já havia sido preso durante a Operação Tempus Veritatis, em 2024

21/11/2024 16h50

Romão Corrêa na passagem de Comando do 10º R C Mec, em dezembro de 2019

Romão Corrêa na passagem de Comando do 10º R C Mec, em dezembro de 2019 Divulgação Redes Sociais

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Nesta quinta-feira (21), a Polícia Federal (PF) indiciou 37 pessoas no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os indiciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e o Coronel Bernardo Romão Corrêa Neto.

Os indiciados foram acusados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. O relatório das investigações foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Vale destacar que o Coronel Bernardo Romão já havia sido preso durante a Operação Tempus Veritatis, em 2024. Comandou também o 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado (10º R C Mec) em Bela Vista e permaneceu no cargo até 12 de janeiro de 2022, quando passou o comando.

Em fevereiro deste ano, o Coronel, que estava em Washington (EUA) para participar de um curso de defesa, foi alvo de uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

Apesar da prisão estar prevista para 8 de janeiro, ela só foi realizada em 11 de fevereiro, quando ele retornou ao Brasil. Detido em Brasília, foi entregue à Polícia do Exército e permanece preso no Batalhão da Guarda Presidencial.

Romão, que atua como assistente do Comando Militar do Sul, em Goiás, é integrante dos Black Kids, um pelotão de elite do Exército Brasileiro, também esteve presente na reunião ocorrida em 28 de outubro, em Brasília, logo após o segundo turno das eleições, onde foram discutidos planos para um possível golpe.

As investigações da PF abordaram dois eixos principais: a tentativa de golpe de Estado e a abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Além disso, identificaram a disseminação de notícias falsas sobre supostas fraudes nas eleições presidenciais, com o objetivo de legitimar uma eventual intervenção militar.

Os investigadores também encontraram indícios de envolvimento de Romão na chamada "milícia digital", conhecida popularmente como "gabinete do ódio", grupo responsável pela propagação de desinformação e discursos antidemocráticos.

Veja a lista completa dos indiciados, por ordem alfabética:

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
  3. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin)
  4. Almir Garnier Santos; ex-comandante da Marinha
  5. Amauri Feres Saad
  6. Anderson Lima de Moura
  7. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
  8. Angelo Martins Denicoli
  9. Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
  10. Bernardo Romão Correa Netto
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  12. Carlos Giovani Delevati Pasini
  13. Cleverson Ney Magalhães
  14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  15. Fabricio Moreira de Bastos
  16. Fernando Cerimedo
  17. Filipe Garcia Martins
  18. Giancarlo Gomes Rodrigues
  19. Guilherme Marques de Almeida
  20. Helio Ferreira Lima
  21. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
  22. José Eduardo de Oliveira e Silva
  23. Laercio Vergilio
  24. Marcelo Bormevet
  25. Marcelo Costa Câmara
  26. Mario Fernandes
  27. Mauro Cid, tenente-coronel do Exército ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
  28. Nilton Diniz Rodrigues
  29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  31. Rafael Martins de Oliveira
  32. Ronald Ferreira de Araujo Júnior
  33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  34. Tércio Arnaud Tomaz
  35. Valdemar Costa Neto, presidente do PL
  36. Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa
  37. Wladimir Matos Soares

Ramão Neto

O coronel, que comandou o 10º R C Mec, em Bela Vista, é apontado pela investigação como braço direito do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Romão Netto aparece como suspeito nas investigações como figura que articulava e incitava os militares a aderir ao golpe.

A reunião ocorreu por intermédio de Corrêa Neto, e contou com a presença de assistentes dos generais que supostamente seriam favoráveis ao golpe, assim como oficiais. Conforme trocas de mensagens trocadas, localizadas no celular de Mauro Cid, foram selecionados apelas militares que fazem parte das forças especiais (Kids Pretos).

No documento da polícia federal ele compunha o núcleo que tinha como objetivo que os militares aderissem ao golpe de estado.

Romão Corrêa na passagem de Comando do 10º R C Mec, em dezembro de 2019

Além disso, Romão Neto aparece dentro do âmbito do 'gabinete do ódio' estimulando que integrantes das Forças Armadas disseminassem notícias falsas, por meio das redes sociais, questionando lisura do processo eleitoral do país. Em conversas com Cid, a investigação aponta que a sugestão de medidas que atentam contra a democracia.

"Nesse sentido, observa-se a atuação do investigado BERNARDO ROMÃO CORREA NETO nas medidas direcionadas à disseminação de notícias falsas por integrantes das Forças Armadas em associação com outros membros do grupo criminoso para desacreditar o processo eleitoral".

Mensagens sobre a reunião para discutir o golpe:

Romão Corrêa na passagem de Comando do 10º R C Mec, em dezembro de 2019 Romão Corrêa na passagem de Comando do 10º R C Mec, em dezembro de 2019

Após a reunião com as Forças Especiais (FE) uma carta foi elaborada para ser encaminhada ao comandante do exército Freire Gomes com intuito de pressioná-lo a aderir ao golpe, intitulada como "Carta ao Comandante do Exército de Oficias Superiores da Ativa do Exército Brasileiro".

No "apagar" das luzes do governo do presidente Bolsonaro, precisamente no dia 30 de dezembro de 2022, foi enviado para fazer um curso até julho de 2025, o que levantou suspeita por parte da investigação de que teria sido uma tentativa de escapar de eventuais investigações. 

"Ressaltem-se, ainda, as considerações da autoridade no sentido de que BERNARDO ROMÃO CORREA NETO: foi designado para exercer missão no Estados Unidos - com ônus total para o Comando do Exército - na cidade de Washington, D.C. até junho de 2025. A permanência do investigado em solo estrangeiro por pelo menos mais um ano e meio, somada as circunstâncias da designação da missão, que somente foi publicada no fim do governo anterior (30.12.2022), demonstram fortes indícios de que o investigado agiu para se furtar ao alcance de investigações e consequentemente da aplicação da lei penal, fatos estes que justificam a decretação da prisão preventiva".

***Colaborou Laura Brasil***

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