O contador Tércio Brandino, preso por falsidade documental na segunda-feira, durante a Operação Caduceu - desdobramento da Operação Lama-Asfáltica - deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), será investigado pela Polícia Civil. A suspeita é de que tenha manipulado notas fiscais falsas em nome de uma empresa prestadora de serviços, a fim de lavar dinheiro de propina e desvio de recursos públicos. O esquema envolvia também outras empresas para as quais os serviços haviam sido supostamente prestados. Estas, no caso, podem ter sido usadas sem consentimento.
O caso está a cargo do delegado Maercio Alves Barbosa, da Delegacia Especializada de Defraudações e Crimes Fazendários (Dedfaz). Durante as investigações da Lama-Asfáltica, o Gaeco descobriu que Brandino supostamente estaria por traz da simulação das notas que envolviam registro de serviços e vendas de diversos produtos que iam desde produtos de limpeza, produtos químicos e estruturas metálicas. Ele teria acesso ao certificado digital de uma empresa onde trabalhava como contador. Deste modo, pagava até mesmo o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a fim de legitimar os recursos ilegais e driblar o fisco.
As empresas que supostamente teriam contratados os serviços, conforme apurado preliminarmente, nunca haviam sequer feito contato com a prestadora. Por este motivo, o delegado Maercio deve fazer uma devassa junto à Secretaria de Estado de Fazenda para descobrir a situação legal das pessoas jurídicas investigadas, se existiam, de fato, e se os valores declarados condizem com a estrutura. “É um trabalho muito extenso e complexo para ser feito. Vamos analisar os documentos enviados pelo Ministério Público e abrir inquérito. Esta investigação é um caso à parte daquilo o que foi descoberto pelo Gaeco durante a Lama-Asfáltica e a Caduceu”, disse Maercio.
O dinheiro sujo, muito provavelmente, pode estar ligado ao desvio R$ 200 milhões em contratos fraudulentos de obras em Mato Grosso do Sul, esquema que já culminou na prisão de 15 pessoas em aproximadamente um ano e meio, no âmbito da Lama Asfáltica. Durante a Caduceu, o Gaeco cumpriu mandado de busca e apreensão em escritório de contabilidade no cruzamento da Rua Vitório Zeolla, com a Rua Abricó do Pará, no Carandá Bosque. O escritório prestava serviços para a Proteco Construções, propriedade do empreiteiro João Amorim, citado pelo Gaeco como líder dos desvios. Outras pessoas são investigadas.