Projeto de recuperação da erosão na bacia do rio está sendo executado pelo Instituto Taquari Vivo; governo do Estado tenta verba maior com o BID
Alguns dos projetos que fazem parte do Pacto Pantanal apresentados na semana passada já estão em andamento em Mato Grosso do Sul, como é o caso da recuperação da erosão na Bacia do Rio Taquari. O investimento total é de R$ 10 milhões, mas o governo do Estado tenta conseguir mais recursos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) .
Conforme matéria do Correio do Estado, o objetivo do projeto, aprovado em fevereiro deste ano, é combater a erosão e o assoreamento que impactam o Cerrado, o Pantanal e as comunidades locais.
A recuperação será feita por meio do projeto Caminhos das Nascentes: Restauração Ambiental na Bacia do Taquari, aprovado pelo Edital Floresta Viva – Corredores de Biodiversidade, que será executado pelo Instituto Taquari Vivo, em parceria com a SOS Pantanal, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a prefeitura de Alcinópolis.
O projeto restaurará áreas estratégicas da Bacia do Rio Taquari no Estado, incluindo o Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari e o Monumento Natural Municipal Serra do Bom Jardim, nos municípios de Costa Rica e Alcinópolis.
Segundo o diretor-executivo do Instituto Taquari Vivo, Renato Roscoe, que é o responsável pelo projeto, a primeira etapa da recuperação da erosão já está em andamento, porém, a medida deverá ser intensificada agora que entrou no bojo do Pacto Pantanal. Para que isso ocorra, o governo deverá buscar recursos de fora.
“O projeto já tem uma etapa em andamento, com investimento de R$ 10 milhões no Taquari e de R$ 1,2 milhão na Bacia do Rio Miranda. Com o Pacto [Pantanal], essas ações poderão ser intensificadas, com mais recursos para as atividades de restauração e melhoria nos sistemas produtivos. Já estamos atuando com os recursos aportados. Os recursos provavelmente virão do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID]. O pacto trará uma intensificação das ações, com investimentos até 2030”, explicou Roscoe ao Correio do Estado.
A iniciativa, no entanto, não atuará diretamente no trabalho de desassoreamento do rio, que há anos vive um grande desastre ambiental. Ela visa apenas a contribuir para evitar que mais sedimentos sejam depositados no curso da bacia.
“Dentro do Pacto Pantanal tem R$ 10 milhões para o Instituto Taquari Vivo, para que ele faça todo o ordenamento sobre curva de nível das principais propriedades acima de Coxim que levam ao assoreamento ao rio”, explicou Jaime Verruck, titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
Conforme anunciado quando o projeto foi aprovado, a iniciativa também vai beneficiar cerca de 160 produtores rurais, que passarão por capacitações e receberão incentivos para práticas sustentáveis, fomentando o uso responsável do solo e a geração de empregos.
O projeto também fortalecerá a cadeia produtiva da restauração ecológica, com expectativa de aumento da demanda por sementes e mudas nativas.
“O Pacto atuará tanto buscando a contínua redução dos processos erosivos nas cabeceiras do Rio Taquari e seus afluentes como no suporte a ações de mitigação dos impactos às populações e aos produtores na planície pantaneira, onde houve grande assoreamento”, completou Roscoe.
ASSOREAMENTO
O assoreamento do Rio Taquari é considerado como o maior desastre ambiental no Pantanal. Várias soluções já foram debatidas, inclusive com apoio do governo federal, porém, nenhum projeto eficiente foi colocado em prática.
O acúmulo de problemas na região começou a se formar na década de 1970, quando houve colonização mais intensa e perda de vegetação arbustiva de áreas secas.
Segundo levantamento do MapBiomas, de 2000 a 2020, a Bacia do Alto Taquari perdeu 851 km² de formações florestais (quase 15% do que existia) e 1.565 km² de formações savânicas (quase 30%).
A tragédia ambiental tem mais de 40 anos, e a erosão e a deposição de sedimentos transformaram o Rio Taquari em um sistema instável e ramificado, cujo maior problema identificado foi a inundação permanente de mais de 1,3 milhão de hectares no Pantanal.
SAIBA - Pacto Pantanal
Lançado na semana passada pelo governo do Estado, o Pacto Pantanal prevê o investimento de R$ 1,4 bilhão em diversos eixos de atuação, sendo um dos principais o pagamento por serviços ambientais (PSA) no Pantanal, que deve sair do papel no segundo semestre deste ano.
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