Apesar da recente retomada do mercado imobiliário residencial, nas áreas urbanas e rurais, de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul, as vendas e locações de imóveis comerciais continuam desaquecidas e sem perspectiva de recuperação. Segundo informações do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Sindimóveis/MS), nos últimos cinco anos, a procura por esta modalidade de imóveis apresentou queda de 50% na Capital.
“Neste mês de setembro, a procura por condomínios e casas novas está aumentando. Está começando a melhorar, a aquecer mais. Já na parte de imóveis para comércio, a situação continua bastante devagar, continua em queda”, analisa a presidente do Sindimóveis, Marta Recalde Lino.
As eleições de 2018 e a atual instabilidade política do País, aponta, seriam alguns dos motivos que travam as negociações para este tipo de empreendimento. “A gente espera que, passada as eleições, o dinheiro volte a circular e a situação seja revertida. Neste momento, os investidores e empresários estão com medo de investir em qualquer coisa, e estão preferindo deixar o dinheiro na poupança até passar esse período de incerteza”, complementa Lino.
A proprietária de uma imobiliária na Capital, Mônica Ourives Razuk, também está sentindo a crise no segmento, e diz que nunca vivenciou algo parecido. “Eu estou neste mercado há 42 anos, e sinceramente, nós nunca atravessamos uma crise tão esquisita de queda de procura para imóveis comerciais como a que estamos enfrentando agora”, afirma. “Em relação à locação, essa queda é gradativa e já vem de alguns anos. Parece existir um desânimo muito grande nessa área”, relata.
Para Razuk, além do cenário instável na política e na economia, outro fator que impede a retomada é a carga tributária. “O empresário está sobrecarregado. Se não houver mudança nessa parte, não vejo perspectiva de melhora”.
BAIRROS
Em julho, o Correio do Estado já havia noticiado a crise imobiliária na região central de Campo Grande. Por lá, apenas neste ano, são 211 imóveis comerciais de portas fechadas.
Segundo a presidente do Sindimóveis, Marta Recalde Lino, o centro realmente enfrenta um cenário pior que os bairros da cidade. “O fluxo de lojas nos bairros está melhor. Temos ruas como a Marquês de Pombal, Marquês de Lavradio e a Bom Pastor que ainda apresentam um movimento [de vendas e locação] mais aquecido”.
A proprietária de imobiliária na Capital, Mônica Razuk, acrescenta que bairros muito populosos, como o Moreninhas, apresentam preços mais vantajosos e tem um “direcionamento de comércio mais barato”, com muitos supermercados, açougues, etc.
Já em relação aos preços, Lino aponta que estão “dentro da normalidade”. “O que posso dizer é que não estão supervalorizados. É a lei da oferta e da procura. Agora, está melhor para quem compra do que para quem vende”, pontua. “Está havendo muita negociação de preço, justamente por conta dessa crise”, finaliza Razuk.
EM QUEDA
Segundo dados da FipeZap, que monitora os preços médios de venda e de aluguel de imóveis comerciais de quatro capitais brasileiras, os valores vêm recuando a cada mês de 2018. Apesar de focar em apenas quatro cidades, a pesquisa oferece um panorama do setor no País.
De acordo com o último levantamento divulgado, referente a julho, para venda, a queda foi de 0,35% em média, enquanto o aluguel recuou 0,33%. A inflação do mesmo período, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,33%.
O indicador acompanha preços de conjuntos e salas comerciais de até 200 metros quadrados nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte.
No ano, o valor da locação teve queda de 1,54%, acima do recuo de 0,44% acumulado para venda. Já a inflação acumulou alta de 2,94% de janeiro a julho.