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Especialistas divergem sobre uso de usinas nucleares no Brasil

Especialistas divergem sobre uso de usinas nucleares no Brasil

r7

17/04/2011 - 13h02
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Uma fonte de energia barata e que polui pouco a atmosfera. Os defensores das usinas nucleares não se cansam de enumerar as várias vantagens de uma alternativa que ainda tem um grande potencial a oferecer.

Do outro lado, porém, técnicos e ambientalistas chamam a atenção para os riscos embutidos na manipulação de material nuclear, como a contaminação de pessoas, rios e do solo, além do alto volume de investimento necessário para construir as centrais atômicas.

O acidente ocorrido em Fukushima, no Japão, inaugurou um novo debate e colocou em xeque a utilização de reatores nucleares para gerar energia elétrica. Os ecos dessa discussão chegaram ao Brasil, onde há hoje duas usinas em operação, responsáveis por 3% da energia produzida em território nacional, e a pretensão de construir pelo menos mais cinco nas próximas décadas.

O R7 ouviu especialistas para apontar os prós e os contras da energia nuclear. Afinal, nosso país precisa dessa alternativa para complementar sua matriz - baseada no sistema hidráulico (água) - e suprir a demanda de eletricidade que surgirá no futuro?

O supervisor de novos empreendimentos da Eletronuclear, Drauzio Atalla, lembra que o Brasil, onde vivem 200 milhões de pessoas, ainda tem um consumo baixo de energia por habitante. Para sustentar o crescimento da economia nos próximos anos - e a consequente melhora de vida da população - o país certamente terá de ampliar a capacidade de geração.

- A eletricidade é parte das fundações da qualidade de vida. Consumimos 25% da eletricidade que é consumida por um cidadão americano, por um inglês ou um francês, em média. Se quisermos nos aproximar dos índices de primeiro mundo, precisamos aumentar a oferta para a população. Precisamos de novas fontes, e aí entra a discussão.

O presidente da Aben (Associação Brasileira de Energia Nuclear), Edson Kuramoto, faz um alerta. Segundo ele, o potencial do sistema hidráulico brasileiro, responsável por mais de 90% de toda a eletricidade produzida, deve entrar em declínio na próxima década, o que forçará a busca por alternativas para complementá-lo.

- Nosso potencial hidráulico é limitado, a partir de 2025 se reduz muito. O Brasil precisará de uma fonte alternativa que gere energia em grande escala e que seja competitiva. Ainda mais considerando que, devido ao problema do aquecimento global, as térmicas que usam combustível fóssil (como gás e carvão) terão mais dificuldade.

Ao lado da matriz eólica (vento) e da hidráulica (água), a nuclear está entre as menos poluentes. Ao operar, uma usina nuclear emite baixas quantidades de gases causadores do efeito estufa, como o CO2.

Embora reconheça a importância da geração nuclear, o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP (Universidade de São Paulo), Ildo Sauer, argumenta que o Brasil, por dispor de uma ampla variedade de opções, com possibilidade de gerar energia a partir da água, do sol e dos ventos, não deve considerar a construção de novas usinas como uma prioridade.

- A humanidade não pode renunciar à energia disponibilizada no campo nuclear. Agora, tem de ser usada à medida que se confronta essa alternativa com as outras possibilidades de produzir energia. No caso do Brasil, não me parece ser uma prioridade a geração de energia nuclear no momento.

De acordo com o especialista, que é doutor em engenharia nuclear pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology, nos EUA), bastaria ao país racionalizar o consumo de energia e modernizar a estrutura já existente para dar conta do 1,1 bilhão de MWh (megawatt/hora) necessários para cobrir a demanda prevista para a década de 2040.

- Se nós usarmos 70% do potencial hidráulico hoje disponível no Brasil, mais 50% da eólica, isso nos permitiria gerar 1,4 bilhão de MWh por ano. Portanto, sobrariam 300 milhões de MWh.

Sauer chama a atenção também para o custo envolvido na construção de uma usina nuclear, bastante elevado. Apenas para erguer Angra 3, o governo brasileiro pretende investir R$ 10 bilhões até 2015.

- A estimativa é que essas quatro novas usinas nucleares (previstas para 2030, mas que ainda não saíram do papel), mais Angra 3, custarão R$ 40 bilhões. Outras opções terão um custo inferior a R$ 20 bilhões. A pergunta é: por que gastar 40 se você pode obter a mesma energia por 20?

Atalla reconhece que um dos grandes obstáculos à expansão do programa nuclear é mesmo o dinheiro necessário para implantar uma central. Ele afirma, no entanto, que se trata de um negócio rentável. Em pouco tempo, diz o especialista, a usina nuclear consegue se pagar.

- Ela representa um risco financeiro significativo, mas tem capacidade de, dentro de 15 anos, devido a sua grande geração de receita quando começa a funcionar, amortizar o capital investido. Além disso, uma usina demora cinco, seis anos para ser construída, mas depois opera por 50, 60, 80 anos. É um ativo que vai ficar em produção durante quase um século.

Se, por um lado, levantar uma usina exige muitos recursos, o supervisor de novos empreendimentos da Eletronuclear ressalta que, em compensação, o combustível usado nas usinas, obtido do urânio, é barato. O Brasil, além disso, é rico em urânio - tem a sétima reserva do mundo com apenas 25% do território nacional mapeado.

Segurança

O risco de acidentes e a necessidade de guardar os chamados rejeitos - restos do material nuclear processado dentro das usinas - são dois fatores negativos sempre apontados pelos opositores da energia nuclear. Kuramoto, presidente da Aben, contesta os críticos e lembra que qualquer unidade industrial está sujeita a problemas e imprevistos.

- A busca por segurança nas usinas é incessante. Sempre há um risco, e o que se faz é reduzir o máximo possível esse risco. E, mesmo que ocorra um acidente, para que não impacte o meio ambiente nem afete a saúde das pessoas.

Quanto ao armazenamento dos rejeitos, que necessitam ser monitorados por centenas ou até milhares de anos, Atalla explica que as soluções que existem hoje já são suficientes. Segundo ele, não há motivos para temor.

- A solução técnica é suficiente para décadas, e uma solução definitiva está sendo implantada em alguns países, mas o público espera um dia poder abrir o jornal e ler uma manchete dizendo que o problema do rejeito nuclear foi resolvido.

Kuramoto afirma que já existem estudos em curso no exterior que permitiram reduzir o período de armazenamento dos rejeitos nucleares significativamente.

- Já existe, em caráter experimental, um modelo de usina, que se chama de usina híbrida, que além de gerar energia incinera o rejeito de alta atividade. Com isso, é possível reduzir o período de armazenamento para 500 ou até 100 anos.

Deportação

Juíza determina que governo Trump tome medidas para retorno de homem deportado por engano

O cidadão salvadorenho tinha uma ordem do tribunal de imigração impedindo sua deportação ao país de origem

11/04/2025 22h00

Reprodução redes sociais

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Uma juíza federal ordenou ao governo Trump que "tome todas as medidas disponíveis para facilitar o retorno" de um homem de Maryland, nos Estados Unidos, que foi deportado por engano para uma prisão em El Salvador, e marcou uma audiência de acompanhamento para sexta-feira, 11.

A ordem da juíza distrital dos EUA Paula Xinis foi emitida após a Suprema Corte dos EUA afirmar, na quinta-feira, 10, que o governo Trump deve trabalhar para trazer Kilmar Abrego Garcia de volta, rejeitando o apelo emergencial do governo contra a ordem da juíza emitida em 4 de abril determinando seu retorno.

O cidadão salvadorenho tinha uma ordem do tribunal de imigração impedindo sua deportação ao país de origem, por temores de que enfrentaria perseguição por gangues locais. Após a decisão da Suprema Corte, Xinis determinou que o governo apresentasse, até a manhã de sexta-feira, uma declaração informando a localização e o status de custódia de Abrego Garcia, além das ações tomadas e a serem tomadas para facilitar seu retorno. A audiência presencial foi marcada para a tarde desta sexta, horário local.

A Suprema Corte emitiu uma série de decisões em sua pauta emergencial, nas quais a maioria conservadora tem, ao menos parcialmente, apoiado Trump em meio a uma onda de decisões de tribunais inferiores que dificultam sua agenda.

No caso de quinta-feira, o tribunal afirmou que a ordem de Xinis precisa ser esclarecida para garantir que não interfira no poder do Executivo sobre assuntos externos, já que Abrego Garcia está detido fora do país.

"A ordem exige adequadamente que o governo facilite a libertação de Abrego Garcia da custódia em El Salvador e assegure que seu caso seja tratado como teria sido caso ele não tivesse sido enviado indevidamente para El Salvador", afirmou o tribunal em uma decisão não assinada e sem dissidências registradas.

O governo afirma que Abrego Garcia é membro da gangue MS-13, embora ele nunca tenha sido acusado ou condenado por nenhum crime. Seus advogados dizem que não há nenhuma evidência de que ele tenha pertencido à MS-13.

O próprio governo admitiu que cometeu um erro ao enviá-lo para El Salvador, mas alegou que não poderia mais fazer nada a respeito. Os ministros liberais da Corte disseram que o governo deveria ter se apressado para corrigir "seu erro gritante" e que estava "claramente errado" ao sugerir que não poderia trazê-lo de volta.

"Montanha-russa emocional"

A esposa de Abrego Garcia, Jennifer Vasquez Sura, afirmou que a situação tem sido uma "montanha-russa emocional" para sua família e para toda a comunidade. "Estou ansiosa esperando por Kilmar aqui em meus braços, em nossa casa, colocando nossos filhos para dormir, sabendo que esse pesadelo está quase no fim. Continuarei lutando até meu marido estar em casa", disse ela.

A ordem de Xinis, de 4 de abril, afirmou que a decisão do governo de prender e deportar Abrego Garcia para El Salvador parecia ser "totalmente ilegal". "Há pouca ou nenhuma evidência que sustente uma acusação vaga e não corroborada de que Abrego Garcia tenha feito parte da gangue de rua MS-13", escreveu a juíza.

Abrego Garcia, de 29 anos, foi detido por agentes de imigração e deportado no mês passado. Ele possuía uma permissão do Departamento de Segurança Interna (Homeland Security) para trabalhar legalmente nos EUA e trabalhava como aprendiz de caldeireiro, buscando uma licença de profissional certificado, segundo seu advogado. Sua esposa é cidadã norte-americana.

Cidades

Justiça garante matrícula de aluno superdotado de 4 anos no ensino fundamental

Com QI 132, Miguel Luciano de Souza foi considerado apto para avançar na escola em município de Mato Grosso do Sul

11/04/2025 18h22

Miguel de Souza tem 132 de QI e mora em Guia Lopes da Laguna

Miguel de Souza tem 132 de QI e mora em Guia Lopes da Laguna Crédito: Defensoria Pública

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O pequeno Miguel Luciano de Souza, de 4 anos, considerado um prodígio por ter altas habilidades, conseguiu na Justiça o direito de ser matriculado no 1º ano do ensino fundamental.

Caso seguisse o processo escolar padrão, reservado a estudantes com desenvolvimento regular, conforme determinado pelo Ministério da Educação (MEC), ele ingressaria apenas em 2027.

Miguelzinho, como é chamado pela família, estuda na Escola Municipal Basílio Barbosa, em Guia Lopes da Laguna (MS).

Um atestado neuropsicológico indicou que ele exibe capacidade intelectual significativamente superior à média, com QI (quociente de inteligência) estimado em 132 pontos, além de apresentar indicadores compatíveis com o diagnóstico de superdotação.

Com base nos laudos neuropsicológico e psicológico, a defensora pública Andréa Pereira Nardon, da 2ª Defensoria Pública de Jardim, entendeu que o menino estava apto a avançar no percurso escolar.

Antes de recorrer à Justiça, a defensora tentou resolver a situação administrativamente e enviou um ofício à prefeitura. A resposta foi negativa: a matrícula não foi feita porque Miguel não tinha a idade mínima exigida pelo MEC.

Segundo as regras do Ministério da Educação, a criança deve ter 6 anos para ingressar no 1º ano do ensino fundamental.

Diante da negativa da prefeitura de Guia Lopes da Laguna, a defensora acionou a Justiça com o argumento de que "não se pode excluir da criança seu direito de alcançar níveis mais elevados de ensino, sobretudo quando comprovada maturidade neuropsicológica adequada para avançar de série".

A ação foi fundamentada no artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que estabelece: "é dever do Estado assegurar acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um" e não apenas conforme a idade.

Avanço na escola

A mãe do aluno, Walquíria de Souza dos Santos Silva, agradeceu o trabalho da Defensoria Pública e o acolhimento oferecido à família.

"A Defensoria prestou um serviço de excelência, garantindo não apenas os direitos legais do Miguel, mas também respeitando suas necessidades pedagógicas e emocionais. A defensora Andréa Nardon, junto à equipe, sempre nos atendeu com atenção, respeito e sensibilidade. Acreditaram no potencial do nosso filho e lutaram pelo direito que ele tem", afirmou Walquíria.

A mãe de Miguel é professora da rede pública, e o pai, Rogério Luciano da Silva, é bancário.

"O Miguel está plenamente adaptado. Apaixonado pela escola desde a mudança! Ele tem vários amigos e gosta das aulas de matemática, inglês e educação física", relatou a mãe.

Embora seja um desafio para um município com cerca de 10 mil habitantes incluir uma criança de 4 anos no ensino fundamental, Walquíria destaca que os professores têm sido atenciosos e dedicados.

"A aceleração de série foi essencial! Ele está mais motivado, se desenvolvendo bem e se sentindo parte do grupo. Realmente impactou a vida acadêmica dele, e nós, pais, ficamos bastante satisfeitos", completou.

 

Miguel de Souza tem 132 de QI e mora em Guia Lopes da LagunaCrédito: Defensoria Pública

Classificação de QI segundo a Tabela de Terman

  • Acima de 140 pontos Inteligência genial
  • De 120 a 140 pontos Inteligência muito superior
  • De 110 a 120 pontos Inteligência superior
  • De 90 a 110 pontos Inteligência média

Prodígio

"Com eficiência intelectual muito alta e habilidades cognitivas avançadas, que se traduzem em facilidade para aprender e aplicar conhecimentos de maneira inovadora, superando a maioria de seus pares", descreve o laudo neuropsicológico.

Com esse perfil, Miguel foi aceito como membro do Mensa, a mais antiga e renomada sociedade internacional de pessoas com alto QI.

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