Os 400 quilômetros de fronteira seca com Bolívia e Paraguai, países produtores de cocaína e maconha respectivamente, fazem de Mato Grosso do Sul passagem de armas e drogas que chegam até os grandes centros. Os traficantes adquirem seus produtos em cidades paraguaias e bolivianas que ficam próximas às sul-mato-grossenses Ponta Porã, Bela Vista e Mundo Novo. Entram no Brasil por estes municípios e por via terrestre, principalmente, chegam até São Paulo e Rio de Janeiro.
Para fazer os produtos chegarem até o destino, os traficantes utilizam diversos trajetos. “Não existe rota específica. Eles utilizam as rodovias oficiais, vias vicinais e às vezes passam até pelo meio do mato”, disse o inspetor Airton Motti Júnior, chefe do Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo o inspetor, a droga vai direto para o local de destino e, em algumas vezes, para na Capital para mudar a camuflagem. “Se eles (os traficantes) não estão tão seguros que vai passar pela fiscalização, param em Campo Grande. Caso contrário, vão direto”, declarou Júnior.
A maioria das apreensões de maconha acontece em rodovias que dão acesso ao Paraguai e de cocaína, naquelas que chegam à Bolívia. No entanto, os traficantes têm usado rotas por território paraguaio para escoar o “pó branco” e, consequentemente, a droga é apreendida fora do trajeto principal.
Meios
As drogas e armas são levadas para os grandes centros em caminhões, carros, ônibus e até bicicletas. Neste último, cada “ciclista” chega a transportar 70 quilos de droga em determinados períodos da fronteira até Dourados ou Campo Grande, onde são colocados em outros veículos.
No caso de caminhões e carros, são camuflados em meio a cargas de soja, por exemplo, ou em fundos falsos dos carros de passeio, como por exemplo os 104 quilos de maconha apreendidos na madrugada de ontem, na BR-163, em Jaraguari, pela PRF. O veículo Gol era dirigido por um homem de 38 anos, que disse estar “viajando” pelo tráfico pela primeira vez.
Para mandar a droga por ônibus, os traficantes contratam pessoas comuns. As “mulas” levam os produtos nas bagagens, engolem o entorpecente ou colam ao corpo. Uma dessas pessoas contratadas pelo narcotráfico é um rapaz de 28 anos preso na noite de domingo pela PRF, na BR-163, em Jaraguari. Ele foi pego com pasta-base de cocaína e maconha em um ônibus que saiu de Campo Grande com destino a Cuiabá (MT). (NC e KC)