A Polícia Civil prendeu sete pessoas da mesma família acusados de envolvimento no caso do assassinato do investigador Dirceu Rodrigues dos Santos, 38, e tentativa de homicídio do colega dele Osmar Ferreira, 39, na noite de ontem. Os dois policiais atuam na Delegacia Especializada na repressão de Roubos e Furtos (Derf) e investigavam o furto de uma corrente avaliada em R$ 80 mil.
Em coletiva à imprensa nesta tarde, os delegados Fabiano Nagata e Fábio Peró, da Derf e João Reis, da Depac Piratininga, informaram que os irmãos Alexandro Gonçalves Rocha, 21, travesti Natália, e Alexandre Gonçalves Rocha, 19, e um adolescente de 15 anos estão diretamente envolvidos na morte, sendo que ainda será apurado quem efetuou os disparos.
Estão presos ainda: Cléber Ferreira Alves, 36, Lúcia Helena Barbosa Gonçalves, 50, Renato Ferreira Alves, 21 e Geovane Oliveira Andrade, 18. Todos eles possuem passagens pela polícia por crimes como roubos e tráfico de drogas. Outras oito pessoas chegaram a ser detidas, mas foram liberadas.
Presos foram encaminhados para a delegacia nesta manhã - Fotos: Bruno Henrique / Correio do Estado
A polícia ainda não esclareceu como foi a atuação dos investigadores no caso. Segundo informações, a polícia recebeu a denúncia de que uma quadrilha estava vendendo joias por um preço muito inferior ao de mercado. Os investigadores passaram a atuar no caso.
Osmar ligou para um dos criminosos e negociou a compra da peça. Ontem à noite, o policial foi até uma residência no Bairro Jardim Bálsamo, em Campo Grande, para finalizar a negociação, enquanto seu colega Dirceu permaneceu do lado de fora do imóvel. O investigador, porém, foi reconhecido por um dos bandidos.
Osmar teria sido agredido de surpresa, enquanto seu colega foi rendido pela quadrilha. Dirceu resistiu e entrou em luta corporal com os bandidos, ocasião em que foi baleado na barriga. Mesmo ferido, ele continuou lutando, mas logo foi dominado.
Ainda conforme informações, Dirceu foi obrigado a se ajoelhar diante da quadrilha, ocasião em que foi executado com um tiro no pescoço e outro na testa.
Já o policial Osmar foi socorrido e chegou na Santa Casa às 6h. Ele passou por consulta geral na unidade hospitalar e foi liberado em seguida.
Heróis
Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol), Alexandre Barbosa, os investigadores são heróis porque mesmo diante de toda a falta de efetivo e de estrutura de trabalho não hesitaram em investigar o caso.
“Eles são exemplo porque estavam trabalhando fora de expediente para solucionar um crime. Para eles, o trabalho não tem dia, nem hora e, por conta da falta de efetivo foram só os dois”, comentou.
Secretário alerta policiais
O secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Wantuir Jacini, alertou que os policiais não podem subestimar a inteligência dos criminosos e que as investigações têm que ser feitas com o máximo de cautela para garantir a segurança da equipe.
Quanto ao déficit de policiais, o secretário explicou que a falta de efetivo ideal não é um problema que ocorre somente no Estado, mas em todas as policiais do Brasil e do exterior.
“Sabemos que temos que trabalhar com o efetivo existente, mas muitas vezes, o policial acha que está no controle de uma situação, mas não está.. Ele, por natureza, é audacioso”, comentou o secretário, explicando que nenhuma polícia tem o efetivo necessário, mas que ainda assim todas elas se esforçam para atuar.
Velório
O corpo de Dirceu foi velado na Capela Campo Grande e foi sepultado, às 16h30min, no cemitério Jardim das Palmeiras, na avenida Tamandaré, ao lado da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).
Velório de Dirceu, realizado nesta tarde - Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado